Ramal de Braga
O Ramal de Braga é um troço ferroviário português, que liga a Estação de Nine, na Linha do Minho, à cidade de Braga. Foi inaugurado em 21 de Maio de 1875,[1] tendo sido modernizado em 2004.[2] CaracterizaçãoO ramal tem cerca de 15 km em via dupla eletrificada e desenvolve-se paralelamente à margem direita do Rio Este. Permite a ligação entre as cidades de Braga e Porto (em conjunto com a Linha do Minho) contando com circulações de carga e dois serviços de passageiros:
A velocidade máxima permitida no ramal é de 130 km/h. HistóriaSéculo XIXPlaneamento, construção e inauguraçãoEm 1867, o governo propôs às Câmaras a construção de vários troços, ligando a cidade do Porto a Braga, à fronteira com Espanha pelo Minho, e ao Pinhão; devia ser utilizada a bitola ibérica, devido à sua aplicação nas Linhas do Norte e do Leste, e ao facto de ter sido adoptada oficialmente pelo Governo Espanhol.[3] Esta proposta foi aprovada, e convertida numa lei de 2 de Julho de 1867, que autorizava o estado a construir e explorar aqueles troços.[3] Não obstante o empenho demonstrado pelo governo e pelas populações, uma vez que estas ligações apresentavam uma elevada importância, só cerca de 5 anos depois, em 14 de Junho de 1872, é que foi decretada a construção da Linha do Minho, entre o Porto e a Galiza,[3] passando por Braga e por Viana do Castelo.[4] Os trabalhos iniciaram-se em 8 de Julho do mesmo ano,[3] tendo o troço da Linha do Minho até Nine e o Ramal até Braga sido inaugurados em 20 de Maio de 1875,[5] e aberto à exploração no dia seguinte.[3] Século XXDécada de 1900Em Setembro de 1903, este troço foi alvo de sabotagem, tendo o canal da via sido obstruído.[6] Década de 1920O Decreto n.º 12.559, publicado no Diário da República de 27 de Outubro de 1926, ordenou que se realizasse um estudo sobre a possível electrificação, entre outros troços, da linha entre Porto e Braga.[7] O Decreto 12.684, de 16 de Novembro do mesmo ano, autorizou o governo a abrir um concurso de arrendamento para os troços ferroviários então geridos pela operadora Caminhos de Ferro do Estado, incluindo o Ramal de Braga.[8][9][10] O concurso realizou-se em 7 de Janeiro de 1927, tendo a comissão reunida para analisar as propostas favorecido a Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses.[9] o contrato de arrendamento foi assinado em 11 de Março do mesmo ano, e entrou em vigor no dia 11 de Maio.[9] Décadas de 1930 e 1940O Decreto n.º 20.618, de 4 de Dezembro de 1931, apresentou o programa para os melhoramentos a realizar nas Linhas do Estado em 1932; nesse programa figuram, entre outras orientações, a renovação de via e de pontes entre Ermesinde e Braga.[8] Em 1934, a Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses iniciou obras de renovação da via entre Ermesinde e Braga,[11] que estavam quase concluídas em Abril do ano seguinte.[12] Nas décadas de 1930 e 1940, a Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses realizou um programa de renovação das pontes metálicas em várias linhas, incluindo o Ramal de Braga, onde foram substituídas por pontes de betão armado.[13] Devido ao deflagrar da Segunda Guerra Mundial, em Outubro de 1939 a CP suprimiu um grande número de comboios, incluindo no Ramal de Braga.[14] Em 5 de Fevereiro de 1949, entraram ao serviço novas carruagens nos comboios entre o Porto e Espinho e Braga, que foram fabricadas pela casa suíça Schindler.[15] Década de 1960No Plano de Investimentos, apresentado em 6 de Maio de 1967, estava prevista a electrificação do percurso entre Ermesinde e Braga.[16] Em 16 de Agosto de 1968, a Gazeta dos Caminhos de Ferro noticiou que a Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses estava a preparar um contrato para a renovação integral de várias vias férreas em Portugal, incluindo o Ramal de Braga, e que esta obra deveria ser executada por um consórcio formado pelas empresas nacionais SOMAFEL e Somapre, e pelas casas francesas A. Borie e A. Dehé.[17] Nesse ano, a empresa Groupement d'Étude et d'Electrification de Chemins de Fer en Monophase 50Hz foi destacada para estudar, fornecer e instalar as infraestruturas necessárias para a tracção eléctrica, além de novos equipamentos de sinalização e comunicação, no troço entre São Romão e Braga; este contrato, no valor de 64 milhões de escudos, tinha um prazo previsto de 4 anos para a conclusão.[18][19] O fabrico do novo material circulante, a utilizar após a modernização destes troços, foi entregue a um consórcio entre a SOREFAME e o Groupement; deviam ser construídas 24 automotoras, semelhantes às então empregues nos serviços suburbanos de Lisboa e do Porto.[18][19] O financiamento para ambos os contratos foi garantido pelo III Plano de Fomento, e por empréstimos da Sociedade Europeia para o Financiamento de Material Ferroviário, da qual a CP fazia parte.[18][19] Décadas de 1980 e 1990Em 15 de Maio de 1982, o papa João Paulo II viajou de comboio entre Lisboa e Braga, numa composição especial dos Caminhos de Ferro Portugueses.[20] Na década de 1980, iniciaram-se os primeiros esforços para a modernização das linhas férreas que serviam a zona metropolitana do Porto, no sentido de responder à crescente procura do caminho de ferro, e para criar novos suportes para o desenvolvimento da região.[21] Nesse sentido, o Decreto-Lei 347/86, de 15 de Outubro, criou o Gabinete do Nó Ferroviário do Porto, que tinha como principal finalidade o estudo e a coordenação das várias intervenções a realizar para a modernização da rede de caminhos de ferro.[21] O conjunto de intervenções do Gabinete do Nó Ferroviário do Porto foi dividido em dois grandes programas, sendo o segundo dedicado inteiramente a melhorar a qualidade do serviço e reduzir os tempos de percurso, especialmente nos comboios suburbanos.[22] Ao mesmo tempo, em Fevereiro de 1988, o governo aprovou o Plano de Modernização e Reconversão dos Caminhos de Ferro, que tinha como finalidade desenvolver o transporte ferroviário no território nacional, de forma a tentar recuperar alguma da sua importância, que lhe tinha sido retirada com a evolução dos outros meios de transporte, especialmente o rodoviário.[23] Este programa incidiu especialmente sobre o Eixo Norte - Sul, composto pelos vários lanços de via férrea entre Braga a Faro, que tinha uma grande importância devido ao facto de servir grande parte da faixa litoral entre Lisboa e Porto, onde se concentrava a maior densidade de procura dos caminhos de ferro.[23] Uma das intervenções que estavam previstas no Plano de Modernização era a modernização dos troços entre Porto e Braga.[23] No âmbito do Plano, a operadora Caminhos de Ferro Portugueses iniciou um estudo sobre o sistema ferroviário nacional, onde se destacou o Ramal de Braga, como parte do Eixo Norte - Sul.[24] Um dos fins dos programas de modernização era a criação de condições para estabelecer um serviço Intercidades neste corredor, especialmente no eixo entre Braga, Porto, Lisboa e Estação de Setúbal, com ligações ao Alto Minho, Douro Litoral e outras regiões.[25] Entretanto, em Novembro de 1988 realizou-se um serviço especial ao longo do Ramal de Braga, rebocado pela locomotiva CP a vapor 014.[26] Em 1995, os serviços regionais no ramal eram assegurados por automotoras da Série 0400.[27] Em 1996, já tinha sido concluída e aprovada a primeira fase do estudo para a modernização do percurso entre Porto e Braga, no âmbito do segundo programa do Gabinete do Nó Ferroviário do Porto, tendo-se identificado quais as intervenções a realizar naquele itinerário.[22] Assim, ficou prevista a renovação e electrificação dos lanços de via férrea entre Ermesinde e Braga, com algumas alterações no traçado, a remodelação das estações e apeadeiros, a supressão ou automatização das passagens de nível, com construção de passagens desniveladas, e a instalação de novos sistemas auxiliares de exploração, relativos às telecomunicações e sinalização.[22] Uma das principais finalidades desta intervenção era reduzir o tempo de viagem dos comboios entre o Porto e Braga, com os serviços Intercidades a fazerem aquele percurso em 36 minutos em vez de 1 hora e 15 minutos, enquanto que os suburbanos expressos passariam a demorar 48 minutos em vez de 1 hora e 25 minutos.[28] Também estava previsto um aumento na oferta, com a introdução dos comboios Intercidades, e de vários serviços suburbanos entre Porto - São Bento e Braga, incluindo um semi-rápido cadenciado que serviria todas as estações e apeadeiros no Ramal de Braga, um expresso fora dos horários de ponta com paragens em Campanhã, Ermesinde, Trofa e Famalicão, e um de maior frequência dentro das horas de ponta.[28] Em termos de procura, previa-se que até 2012 a procura iria aumentar em cerca de 200% no Ramal de Braga.[28] O custo total estimado para as obras no eixo entre Porto e Braga seria de 36 000 000 contos.[28] Século XXIModernizaçãoEm 21 de Abril de 2004, foram inauguradas as obras de modernização dos troços de Nine a Lousado e a Braga, inseridas no programa ferroviário entre Porto a Braga, no âmbito do Eixo Atlântico Braga/Faro.[29] Este plano teve como finalidade permitir a introdução dos serviços Alfa Pendular entre Braga e Faro, e melhorar as condições de conforto e serviço, de forma a aumentar a competitividade do caminho de ferro em relação ao transporte rodoviário.[29] No troço de Lousado a Braga, foram aumentados e uniformizados os patamares de velocidade, duplicada e electrificada a via, instalados equipamentos de comando e de controlo da circulação, suprimidas todas as passagens de nível, vedado o canal da via férrea, remodeladas as estações e apeadeiros, construído um terminal para mercadorias, e melhoradas as acessibilidades dos transportes privados e públicos.[29] Os trabalhos no Ramal foram concluídos em 31 de Março de 2004.[29] Esta intervenção contemplou todo o ramal de Braga, tendo sido introduzidas várias melhorias no traçado, destacando-se a variante entre os Km 43,225 e 43,500.[29] As velocidades planeadas variaram de 110 a 120 km/h, para comboios convencionais, a 120 a 130 km/h, para comboios pendulares.[29] Em relação às interfaces de passageiros, procurou-se melhorar as acessibilidades tanto do ponto de vista pedonal, através da construção de passagens desniveladas, como do rodoviário, com a instalação de parques de estacionamento.[29] Foram desenvolvidas as estações de Nine, Arentim, Tadim e Braga, e os apeadeiros de Couto de Cambeses, Ruilhe, Aveleda, Mazagão e Ferreiros, tendo as intervenções mais profundas sido em Nine e Braga.[29] Junto à estação de Tadim, foi construído um terminal de mercadorias, com ligação à Zona Industrial de Celeirós.[29] As obras de modernização no Ramal e na Linha do Minho até Lousado possibilitaram a operadora Comboios de Portugal a reestruturar completamente os seus serviços de passageiros até Braga, introduzindo novos comboios suburbanos[29] e os comboios Alfa Pendular ainda em 2004.[30] Ligações planeadas a outras linhasDurante a primeira metade do século XX, o governo procurou fundir as duas empresas que geriam linhas de via estreita na região do Minho, as Companhias da Guimarães e Póvoa, sendo uma das finalidades a criação de condições para construir mais linhas de via estreita, incluindo duas com origem em Braga, uma a terminar em Guimarães e outra em Monção.[31] Ambas as empresas foram fundidas na Companhia dos Caminhos de Ferro do Norte de Portugal, e em Janeiro de 1927 já se estava a estudar a linha de Guimarães a Braga.[31] Ver tambémReferências
Bibliografia
Leitura recomendada
Ligações externas
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