As línguas charruanas formaram um grupo já extinto de línguas que já foram faladas no Uruguai e na província de Entre Ríos na Argentina. Há vestígios da antiga existência dos idiomas charuanos na campanha do Rio Grande do Sul, Brasil.
Línguas
Quatro línguas foram identificadas como fazendo parte dessa família linguística, conforme o livro “Classification of South American Indian Languages” escrito por Čestmír Loukotka da UCLA Latin American Center, 1968:
- Balomar
- Chaná
- Charrua
- Güenoa
Há ainda várias outras línguas ainda não confirmadas como pertencentes ao grupo, mas supostas:
- Bohane - falada em Maldonado, Uruguai
- Calchine - falada em Santa Fé, Argentina, ao longo do Rio Salado, Argentina
- Caracañá - falada ao longo do Rio Caracaña, Santa Fe
- Chaná-Mbegua ou Begua - falada ao longo do Rio Paraná entre Crespo e Vitória, na província de Entre Rios
- Colastiné - falada na província Santa Fé próximo a Colastiné
- Corondá - falada um Coronda, Santa Fé.
- Guaiquiaré - falada em Entre Rios, no Arroio Guaiquiraré
- Mocoreta ou Macurendá ou Mocolete - falada ao longo do Rio Mocoretá em Entre Rios
- Pairindi - falada em Entre Rios desde Corrientes até o Rio Feliciano.
- Timbu - falada in Gaboto, Santa Fé
- Yaro - falada no Uruguai entre o Rio Negro e o rio San Salvador.
Relações genéticas
Morris Swadesh inclui o Charruano junto com as línguas matacoanas, as guaicuruanas e as mascoianas dentro de um grupo “Macro-Mapuche”.
Kaufman (1990) prefere incluir as guaicuruanas, matacoanas, charruanas e mascoianas num grupo a ser mais investigado, o das “Macro-Guaicuruanas”.
Livros de Terrence Kaufman:
- “history in South America: What we know and how to know more” – 1990;
- “Amazonian linguistics: Studies in lowland South American languages” – Payne – D.L. Austin, Texas
- “Atlas of the world's languages” 1994 – Mosley C. Asher, London
Comparação lexical
Há pouquíssimos registros das línguas charruanas, porém algum vocabulário foi levantado e está no quadro comparativo:
Português
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Charrua
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Chaná
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Guenoa
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olho
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i-xou
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ouvido
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i-mau
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mão
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guar
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mbó
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água
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hué
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sol
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dioi
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cão
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samayoí
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lochan
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árvore
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huok
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um
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yú
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ugil
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yut
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dois
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sam
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usan
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três
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detí
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detit
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Vocabulário charrua
Vocabulários da língua charrua em Barrios Pintos (1991):[1][2]
Palavras do "sargento mayor" Benito Silva, e recolhidas pelo Dr. Teodoro Miguel Vilardebó, em novembro de 1841. Benito Silva estivera refugiado entre os charruas e que os comandara como chefe militar durante cinco meses. Logo voltou a encontrar um grupo reduzido em 1840, no Rio Grande do Sul, permanecendo alguns dias em seus toldos.
Charrua |
Português
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yú |
um
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sam |
dois
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deti |
três
|
betum |
quatro
|
betum yú |
cinco
|
betum sam |
seis
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betim detí |
sete
|
betum arrasam |
oito
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baquiú |
nove
|
guaroj |
dez
|
guamanaí |
cunhado
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inchalá |
irmão
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sepé |
lábio
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quícan |
aguardente, cachaça
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sisi |
mistura de pó de osso e de tabaco que os charruas mascavam
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na |
traz
|
lai |
bolas
|
lai sam |
boleadeira de duas bolas, para bolear avestruzes
|
lai detí |
boleadeira de três bolas, para bolear cavalos
|
tinú |
faca
|
babulaí |
boleado
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Orações (do "sargento mayor" Benito Silva):
Charrua |
Português
|
misiajalaná |
fique quieto
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andó diabun |
vamos dormir
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As três palavras recolhidas pelo religioso jesuíta Florian Paucke S.J., em meados do séc. XVIII:
Charrua |
Português
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bilu |
belo, formoso
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godgororoy |
presumivelmente uma onomatopéia do grito do ganso silvestre
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lojan |
cachorro
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Palavras de uma moça do oficial Manuel Arias, e recolhidas pelo Dr. Teodoro Miguel Vilardebó, em novembro de 1842.
Charrua |
Português
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i-u |
um
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saú |
dois
|
datit |
três
|
betum |
quatro
|
betum iú |
cinco
|
ej |
boca
|
isbaj |
braço
|
is |
cabeça
|
guar |
mão
|
ibar |
nariz
|
ijou |
olho
|
imau |
orelha
|
itaj |
cabelo
|
atit |
pé
|
berá |
avestruz
|
jual |
cavalo
|
mautiblá |
mula
|
beluá |
vaca
|
hué |
água
|
it |
fogo
|
guidaí |
lua
|
itojmau |
rapaz
|
chalouá |
moça
|
lajau |
"ombú"
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bajiná |
caminhar
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ilabun |
dormir
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basqüade |
levantar-se
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aú |
matar
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Ver também
Referências
- ↑ BARRIOS PINTOS, Aníbal. Los aborígenes del Uruguay: del hombre primitivo a los últimos charrúas. Montevideo: Librería Linardi y Risso, 1991. p. 62-64.
- ↑ Vocabulário charrua. Site Línguas Indígenas Brasileiras, de Renato Nicolai.
Ligações externas