Um grande abalo abateu-se sobre a RKO em maio, quando Howard Hughes comprou 929.000 ações da corporação por quase 9 milhões de dólares.[1] O episódio, conhecido como a maior transação da indústria cinematográfica desde que a 20th Century-Fox assumiu a Fox Films,[1] provocou uma série de rumores, o que levou Dore Schary a declarar à imprensa que ele deveria continuar como chefe de produção. Enquanto isso, na tentativa de acalmar os corredores, N. Peter Rathvon garantiu que ninguém seria despedido. Logo depois, contudo, 75% dos empregados foram mandados embora e a produção baixou ao mínimo absoluto.[1][2] Schary, por sua vez, acabou por sair em julho, devido a interferência de Hughes. Rathvon, então, reassumiu as rédeas da produção, porém demitiu-se em menos de duas semanas.
Bicknell Lockhart, C. J. Tevlin e o veterano Sid Rogell tornaram-se os operadores do estúdio em julho, enquanto Ned E. Depinet assumiu a presidência em setembro. Como a quantidade de novas produções foi drasticamente reduzida, eles tiveram de enfrentar problemas com o cumprimento dos contratos com os 25 atores com quem a companhia tinha acordos. Esses contratos estipulavam a realização de 43 filmes, a maioria com cláusulas que asseguravam que os astros receberiam mesmo se não trabalhassem.[1][2]
Apesar de filmes já prontos assegurarem a regularidade dos lançamentos, o estúdio fazia questão de enfatizar a todo momento que as atividades logo voltariam aos níveis pré-Hughes. Entretanto, um comunicado a toda a Hollywood dizendo que a RKO não mais contrataria roteiristas pôs um fim a esses pronunciamentos.
Em meio a tudo isso, estourou o escândalo da prisão de Robert Mitchum, pego fumando maconha. A RKO decidiu não demiti-lo, apesar de toda a propaganda negativa e dos protestos recebidos em forma de cartas indignadas. Declarado culpado, Mitchum passou 60 dias atrás das grades e 2 anos em prisão domiciliar,[1][2] o que, surpreendentemente, não acabou com sua carreira. Pelo contrário, a fama que o episódio lhe trouxe deve tê-lo ajudado a tornar-se o astro mais importante do estúdio no fim da década.[1][2]
A contabilidade registrou um lucro final de $504.044, já descontadas perdas de $3.357.371, referentes a "investimentos em produções, roteiros e continuidades".[1]
Prêmios Oscar
Vigésima-primeira cerimônia, com os filmes exibidos em Los Angeles no ano de 1948.
Walter Wanger: Oscar Honorário, "pelo notável serviço prestado ao fortalecer a estatura moral da indústria [cinematográfica] perante a comunidade mundial, graças à produção do filme Joan of Arc."[1] (Wanger recusou o prêmio por julgar que o filme merecia ter recebido, pelo menos, a indicação de Melhor Filme).[3]