Financeiramente, 1932 foi um dos piores anos para a RKO Pictures, mas, por outro lado, foi o ano em que foram feitas as melhores aquisições, no que se refere a talentos.[1] Graças à visão de David O. Selznick, foram contratados George Cukor, Merian C. Cooper e os futuros astros Fred Astaire e Katharine Hepburn.
Selznick, que chamava a si mesmo de Produtor Executivo (cargo do qual ele dizia ser o criador),[2] despediu a maioria dos diretores, considerados fracos, e concentrou-se na administração do estúdio, reduzindo despesas e tirando sangue dos parcos recursos disponíveis. Supervisionava somente as produções mais importantes, como as de Cukor e Gregory La Cava,[2] deixando as restantes para seus homens de confiança. Ele também separou completamente a RKO Pathé, que tornou-se apenas uma ala isolada da empresa, e decidiu alugar o estúdio de Culver City. A RKO sentiu o impacto das medidas impostas por Selznick e a qualidade de seus filmes começou a melhorar.[3] Foi graças à insistência dele que Cukor conseguiu driblar as suspeitas da diretoria e levar adiante A Bill of Divorcement, What Price Hollywood? e Little Women, três sucessos que tiveram a participação da novata Katharine Hepburn.[2]
Entretanto, mudanças nos altos escalões da companhia levaram a divergências irreconciliáveis entre Selznick e seus superiores, e ele deixou a empresa no início do ano seguinte, com destino à MGM. Uma de suas últimas medidas foi aprovar o teste com Fred Astaire, medida considerada imprudente tendo em vista a magreza, calvície e idade do artista. Estavam abertas, porém, as portas para os grandes musicais que reuniram o ator com Ginger Rogers.[2]
A Bill of Divorcement e What Price Hollywood? foram incluídos entre os dez melhores filmes do ano, tanto pelo Film Daily quanto pelo National Board of Review.[1]