Disputas judiciais marcaram o primeiro semestre deste que foi o ano mais tumultuado na conturbada história da RKO.[1] No ano anterior, o roteiristaPaul Jarrico caíra nas malhas do Macartismo e negara-se a informar se era ou havia sido membro do Partido Comunista. Howard Hughes, invocando uma cláusula do contrato, demitira-o imediatamente e retirou seu nome dos créditos de The Las Vegas Story, razão pela qual Jarrico processou a companhia. Hughes transformou esse caso, corriqueiro em Hollywood, em guerra não só contra Jarrico mas contra todos que ousassem desafiar sua autoridade.[1][2] O sindicato da categoria, Screen Writers Guild, posicionou-se a favor do roteirista e, com isso, tornou-se o inimigo seguinte. Hughes exortou o sindicato a procurar comunistas em suas fileiras e prosseguiu sua guerra contra o "perigo vermelho" ao criar um "escritório de segurança" dentro do estúdio. A função do escritório era policiar todos os empregados, à cata de inclinações subversivas.[1]
O embate entre Hughes e Jarrico só terminou dois anos mais tarde, com decisão favorável à RKO. Já a disputa judicial entre o estúdio e Jean Simmons, iniciada em junho, terminou em acordo algumas semanas depois.[1] Logo em seguida, porém, o advogado da atriz entrou com seu próprio processo, acusando Hughes, a RKO e uma firma de publicidade de calúnia durante a ação penal de sua cliente.[1][2]
Em setembro, diante de tantos problemas, Hughes e Ned Depinet, presidente da corporação, venderam suas ações para um grupo de Chicago. No entanto, apenas quinze dias depois da posse, três dos adquirentes foram acusados pelo Wall Street Journal de falcatruas pelo reembolso postal, esquemas de jogatina e associação com o mafiosoFrank Costello.[1][2] Eles foram afastados e os membros remanescentes tentaram reorganizar as atividades da empresa, mas desistiram em novembro. Ao mesmo tempo, acionistas minoritários moveram um processo em que pediam a nomeação de um curador provisório.[1][2] Pelo fim do ano, a RKO estava totalmente esquecida: ninguém se apresentou para resgatar a companhia das mãos de seus donos caídos em desgraça e somente um filme, Split Second, havia sido iniciado nos cinco meses precendentes.[1][2] Enquanto isso, os "whiz kids" Jerry Wald e Norman Krasna aproveitaram o momento e conseguiram rescindir seus contratos. Assim, eles desapareceram do estúdio para sempre.