Desvenlafaxina

Desvenlafaxina
Alerta sobre risco à saúde
Nome IUPAC 4-[2-dimethylamino-1-(1-hydroxycyclohexyl)
ethyl]phenol
Outros nomes O-desmetilvenlafaxina, WY-45233
Acidez (pKa) pKa1 = 9.45 (amina); pKa2 = 10.66 (fenol)
SMILES
Identificadores
Número CAS 93413-62-8
PubChem 125017
DrugBank DB06700
ChemSpider 111300
KEGG D07793
ChEBI 83527
Código ATC N06AX23
SMILES
InChI
1S/C16H25NO2/c1-17(2)12-15(13-6-8-14(18)9-7-13)16(19)10-4-3-5-11-16/h6-9,15,18-19H,3-5,10-12H2,1-2H3
Propriedades
Fórmula química C16H25NO2
Massa molar 263.36 g mol-1
Farmacologia
Biodisponibilidade 80%
Metabolismo CYP2C19,[1] CYP3A4
Meia-vida biológica 11 horas
Ligação plasmática Baixa (30%)
Excreção 45% (excretada em forma inalterada na urina)
Classificação legal Prescription Only (S4) (AU)

? (CA)

-only (US)

Riscos na gravidez
e lactação
B2(AU)
Página de dados suplementares
Estrutura e propriedades n, εr, etc.
Dados termodinâmicos Phase behaviour
Solid, liquid, gas
Dados espectrais UV, IV, RMN, EM
Exceto onde denotado, os dados referem-se a
materiais sob condições normais de temperatura e pressão

Referências e avisos gerais sobre esta caixa.
Alerta sobre risco à saúde.

Desvenlafaxina (O-desmetilvenlafaxina, ODV; nomes comerciais: Pristiq, Ellefore, entre outros) é um medicamento utilizado no tratamento da depressão.[2] Sua eficácia em relação ao composto racêmico original (venlafaxina) é apontada como potencialmente menor em alguns estudos,[3] enquanto outros ensaios estabelecem uma eficácia comparável entre as drogas.[4] É um antidepressivo da classe dos inibidores da recaptação de serotonina e noradrenalina (ISRSN) e é tomado por via oral.[5]

Os efeitos colaterais mais comuns são náusea, insônia, sudorese, constipação, sonolência, ansiedade e disfunções sexuais. Efeitos colaterais graves incluem ideação suicida manifestada geralmente no início do tratamento, síndrome serotoninérgica, hemorragia, mania e hipertensão arterial. A síndrome de abstinência pode ocorrer se a dose for diminuída ou interrompida abruptamente. Neste último caso, há maior ocorrência de efeito rebote que costuma ser acompanhado por efeitos adversos mais severos quando comparado aos que incidem quando há diminuição gradual do fármaco. Não há consenso sobre a segurança do uso de desvenlafaxina durante gravidez ou amamentação.[6]

A desvenlafaxina atua inibindo a recaptação da serotonina e noradrenalina, evitando que estes neurotransmissores sejam levados de volta às células nervosas do cérebro. Ao bloquear sua recaptação, a desvenlafaxina aumenta a quantidade desses neurotransmissores nos espaços entre certas células nervosas, aumentando o nível de comunicação celular. O mecanismo de ação não é totalmente conhecido, mas como esses neurotransmissores estão envolvidos no controle do humor, supõe-se que o bloqueio de sua recaptação nas células nervosas melhore os sintomas da depressão.[7]

A desvenlafaxina foi aprovada para uso nos Estados Unidos pela Food and Drug Administration (FDA) em maio de 2008.[8] No Brasil, foi aprovada pela Anvisa em julho de 2008.[9] Na União Europeia, seu pedido de uso foi negado em 2009.[7] A desvenlafaxina foi sintetizada com o objetivo de reduzir os efeitos colaterais em pessoas que não conseguem metabolizar a venlafaxina para quebrá-la em desvenlafaxina.[7]

Mecanismo de ação

Tanto a venlafaxina como a desvenlafaxina inibem a recaptação neuronal da serotonina pelo seu transportador (SERT). Essas substâncias também inibem o transportador de norepinefrina (NET), mas de acordo com estudos in vitro a afinidade de ambos os fármacos é significativamente maior para o SERT em comparação com o NET, sendo esta proporção de 30:1 para a venlafaxina[10][11] e 14:1 para a desvenlafaxina.[11][12] Esta menor afinidade serotonérgica da desvenlafaxina, em comparação com a venlafaxina, tem sido associada ao seu menor perfil de efeitos colaterais.[carece de fontes?]

Em pacientes de metabolismo normal, aproximadamente 70% da dose ingerida de venlafaxina é metabolizada em desvenlafaxina.[13]

Embora esta hipótese não possa ser testada completamente até que um radioligante [en] seja desenvolvido, de modo que os estudos clínicos in vivo possam ser executados. Um exemplo não relacionado deste tipo de estudos são os estudos de PET que medem a ocupação do receptor D2 de dopamina e ​​correlacionam com a atividade antipsicótica.[carece de fontes?]

Já no caso da desvenlafaxina, a 50 mg / dia o fármaco inibe tanto a recaptação de serotonina como a recaptação de norepinefrina. A afinidade não parece alterar-se quando a dose é aumentada para 100 mg / dia.[14]

Uma revisão de ensaios clínicos concluiu que, embora a segurança e eficácia até 400 mg/dia tenha sido estabelecida, não foram demonstrados benefícios adicionais a doses diárias superiores a 50 mg. A ocorrência de efeitos adversos e descontinuação do tratamento, por outro lado, foi maior nas doses mais altas. No entanto, o estudo observa que não foram conduzidos ensaios de doses mais altas em pacientes que não responderam adequadamente à dose de 50mg/dia.[15]

Perfis de afinidade[11][12]
Alvos biológicos IC-50 (Nm) Ki (Nm
SERT 47.3 40.2
NET 531.3 558.4

Ver também

Referências

  1. «Desvenlafaxine Metabolic pathways». SMPBD. Consultado em 3 de fevereiro de 2022 
  2. «Desvenlafaxine Succinate Monograph for Professionals». Drugs.com (em inglês). American Society of Health-System Pharmacists. Consultado em 18 de março de 2019 
  3. «Desvenlafaxine Succinate Monograph for Professionals». Drugs.com (em inglês). American Society of Health-System Pharmacists. Consultado em 18 de março de 2019 
  4. Coleman, Kristina A.; Xavier, Vanessa Y.; Palmer, Trish L.; Meaney, James V.; Radalj, Libby M.; Canny, Louise M. (2012). «An indirect comparison of the efficacy and safety of desvenlafaxine and venlafaxine using placebo as the common comparator». CNS Spectrums. 17 (3): 131–141. ISSN 2165-6509. PMID 22883424. doi:10.1017/S1092852912000648. Consultado em 6 de novembro de 2019 
  5. «Desvenlafaxine Succinate Monograph for Professionals». Drugs.com (em inglês). American Society of Health-System Pharmacists. Consultado em 18 de março de 2019 
  6. «Desvenlafaxine Pregnancy and Breastfeeding Warnings». Drugs.com. Consultado em 19 de março de 2019 
  7. a b c «Withdrawal Assessment Report for Dessvenlafaxime» (PDF). EMA. p. 3. Consultado em 22 de março de 2019 
  8. «Pfizer's PRISTIQ® (desvenlafaxine) Demonstrates Low Potential For Sexual Dysfunction in Adults with Major Depressive Disorder | Pfizer: One of the world's premier biopharmaceutical companies». www.pfizer.com. Consultado em 18 de novembro de 2016 
  9. «Anvisa aprova Pristiq para tratamento da depressão». abp.org.br. Consultado em 18 de novembro de 2016 
  10. Bymaster, Frank P.; Dreshfield-Ahmad, Laura J.; Threlkeld, Penny G.; Shaw, Janice L.; Thompson, Linda; Nelson, David L.; Hemrick-Luecke, Susan K.; Wong, David T. (dezembro de 2001). «Comparative Affinity of Duloxetine and Venlafaxine for Serotonin and Norepinephrine Transporters in vitro and in vivo, Human Serotonin Receptor Subtypes, and Other Neuronal Receptors». Neuropsychopharmacology (em inglês). 25 (6): 871–880. ISSN 1740-634X. doi:10.1016/S0893-133X(01)00298-6 
  11. a b c Deecher, Darlene C.; Beyer, Chad E.; Johnston, Grace; Bray, Jenifer; Shah, S.; Abou-Gharbia, M.; Andree, Terrance H. (1 de agosto de 2006). «Desvenlafaxine Succinate: A New Serotonin and Norepinephrine Reuptake Inhibitor». Journal of Pharmacology and Experimental Therapeutics (em inglês). 318 (2): 657–665. ISSN 0022-3565. PMID 16675639. doi:10.1124/jpet.106.103382 
  12. a b «PDSP Database - UNC». pdsp.unc.edu. Consultado em 1 de outubro de 2019 
  13. Foye, William O.; Lemke, Thomas L.; Williams, David A., 1938- (2013). Foye's principles of medicinal chemistry 7th ed ed. Philadelphia: Wolters Kluwer Health/Lippincott Williams & Wilkins. ISBN 9781609133450. OCLC 748675182 
  14. «Venlafaxine and Desvenlafaxine: Differences and Similarities - Psychopharmacology Institute». psychopharmacologyinstitute.com. Consultado em 18 de novembro de 2016 
  15. Liebowitz, Michael R.; Tourian, Karen A. (2010). «Efficacy, Safety, and Tolerability of Desvenlafaxine 50 mg/d for the Treatment of Major Depressive Disorder:A Systematic Review of Clinical Trials». Primary Care Companion to The Journal of Clinical Psychiatry. 12 (3). ISSN 1523-5998. PMC 2947544Acessível livremente. PMID 20944767. doi:10.4088/PCC.09r00845blu