Caldas da Rainha
Caldas da Rainha DmTE é uma cidade da região Oeste portuguesa, situada na província histórica da Estremadura, e do distrito de Leiria com cerca de 30 400 habitantes no seu perímetro urbano (2021)[1]. Integrando atualmente a NUTII do Oeste e Vale do Tejo.[2] É sede de município com 255,69 km² de área[1] e 50 917 habitantes (2021),[3] subdividido em 12 freguesias.[4] O município é limitado a nordeste pelo município de Alcobaça, a leste por Rio Maior, a sul pelo Cadaval, a oeste pelo Bombarral e por Óbidos e a noroeste pelo Oceano Atlântico. Na Praça da República, conhecida popularmente como "Praça da Fruta", realiza-se todos os dias de manhã, ao ar livre, o único mercado diário horto-frutícola do país, praticamente inalterável desde o final do século XIX.[5] Ainda hoje, a cidade de Caldas da Rainha mantém como armas o brasão da sua fundadora, a Rainha D. Leonor, ladeado à direita pelo seu próprio emblema (o camaroeiro) e à esquerda pelo emblema de D. João II (o pelicano). Ao manter estas armas, a cidade é das poucas povoações do país a utilizar um brasão anterior à normalização da heráldica municipal levada a cabo em meados do século XX, não estando de acordo com a legislação em vigor.[6] A cidade está localizada a norte de Lisboa (93,5 km via A8) e a sudoeste de Coimbra (128 km via A1 / IC36 / A8). HistóriaA história da cidade está intimamente ligada aos seus recursos hidro-termais. Acredita-se que, em 1484, durante uma viagem de Óbidos à Batalha, a rainha D. Leonor, esposa de João II de Portugal, e a sua corte, tenham passado por um local onde várias pessoas do povo se banhavam em águas de odor intenso. Fazendo alto, a rainha indagou-lhes por que razão o faziam, uma vez que, naquele tempo, o banho não era comum, muito menos em águas de odor tão acentuado, sendo-lhe respondido que eram doentes, e que aquelas águas possuíam poderes curativos. A rainha quis comprovar a veracidade da informação e banhou-se também naquelas águas, de vez que também ela era doente (não existe unanimidade entre os autores com relação à natureza do mal: alguns autores afirmam que a rainha padecia de uma úlcera no peito, outros, problemas de pele, e outros ainda, que tinha apenas uma ferida no braço). De qualquer modo, de acordo com a lenda, a soberana curou-se e, no ano seguinte, determinou erguer naquele lugar um hospital termal para atender todos aqueles que nele se quisessem tratar. Para apoiá-lo, a rainha fundou uma pequena povoação com trinta moradores, dando-lhes benefícios como não terem de pagar os seguintes impostos: jugada (antigo tributo que recaía em terras lavradias), oitavos, siza e portagem, privilégios que também se estendiam aos mercadores que viessem de fora para comprar ou vender. O desenvolvimento das Caldas da Rainha iniciou-se com Afonso VI de Portugal, que fez reconstruir e ampliar o hospital. Durante treze anos, até ao fim da sua vida, ele, a família real e a corte usufruíram anualmente das águas termais, o que permitiu à vila desenvolver-se. Caldas da Rainha atingiu o estatuto de vila em 1511. Apesar do desenvolvimento e prosperidade que conheceu na passagem da Idade Média para a Idade Moderna, o Concelho das Caldas da Rainha foi criado apenas em 1821. Foi durante o século XIX que a vila conheceu o seu maior esplendor, com a moda das estâncias termais, passando a ser frequentada pelas classes mais abastadas que aqui buscavam as águas sulfurosas para tratamentos. Complementarmente, a abundância de argila na região, permitiu que se desenvolvessem numerosas fábricas de cerâmica, que converteram a então vila num dos principais centros produtores do país, com destaque para as criações de Rafael Bordalo Pinheiro iniciadas na Fábrica de Faianças das Caldas da Rainha, entre 1884 e 1907. O crescimento demográfico vivido no século XIX prosseguiu no século XX, com a elevação da vila à categoria de cidade em 1927. Ao longo do tempo, outras artes além da cerâmica aqui prosperaram, como a pintura e a escultura, fazendo das Caldas da Rainha um centro de artes plásticas, onde se destacaram nomes como os de José Malhoa, António Duarte e João Fragoso. A 26 de Abril de 1919 foram feitas Dama da Antiga e Muito Nobre Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito.[7] O malogrado "Levantamento das Caldas", em 16 de Março de 1974, foi precursor da Revolução dos Cravos. GeografiaFreguesiasO município das Caldas da Rainha está dividido em 12 freguesias:
GovernoA Câmara Municipal é o braço executivo do governo municipal.[8] É composta pelo presidente da câmara municipal e e mais seis outros membros, os vereadores, em conformidade com a legislação portuguesa, que toma por base o número de eleitores registrados no município. [9] Vitor Marques (IND) serve como presidente da câmara, e Joaquim Beato (IND) serve como vice-presidente. Os outros membros são: Conceição Henriques (IND), Luís Patacho (PS), Fernando Tinta Ferreira (PSD), Hugo Oliveira (PSD) e Maria João Domingos. (PSD).[10] A Assembleia Municipal é o braço deliberativo do governo municipal.[8] A Assembleia tem 33 membros.[11] Os presidentes de cada uma das juntas de freguesia servem na Assembleia. Eleições autárquicas [12]
Eleições legislativas
Evolução da População do Município(resultados definitivos dos censos oficiais INE)
(Obs.: Número de habitantes "residentes", ou seja, que tinham a residência oficial neste município à data em que os censos se realizaram.)
(Obs: De 1900 a 1950 os dados referem-se à população "de facto", ou seja, que estava presente no município à data em que os censos se realizaram. Daí que se registem algumas diferenças relativamente à designada população residente) Património
CulturaMuseus
Centro Cultural e de Congressos das Caldas da RainhaO Centro Cultural e de Congressos de Caldas da Rainha é uma infra-estrutura destinada à realização de eventos culturais e de congressos. Arquitetura religiosa
CerâmicaA atividade desenvolveu-se historicamente na região a partir dos solos ricos em argila, o que é indicado, por exemplo, na toponímia da vizinha Bombarral, onde "barral" (ou "barreiro") designa um local de onde se tira barro. A primeira fase da cerâmica caldense iniciou-se na década de 1820, com a produção de D. Maria dos Cacos, caracterizada pela monocromia verde-cobre ou castanho-manganês de peças de tipo utilitário (funcionalista) de gosto popular. Um segundo momento é marcado, em meados do século, pela renovação introduzida por Manuel Cipriano Gomes Mafra, mais tarde conduzida ao seu ápice por Rafael Bordalo Pinheiro e discípulos seus, como por exemplo Francisco Elias. As peças produzidas a partir de então caracterizam-se pela profusão de modelos formais, assim como por uma diversificada abordagem de temas decorativos. Os principais tipos da chamada "louça das Caldas" são:
A louça caricatural originariamente apresentava profissões (padres, pescadores, agricultores) estereotipadas de maneira sarcástica e depreciativa. Atualmente as figuras representam políticos ou celebridades, embora a mais popular tradicionalmente seja, sem dúvida, a do "Zé Povinho".[18] Este personagem, criado por Rafael Bordalo Pinheiro para "A Lanterna Mágica", afirmou-se desde a sua criação como estereótipo, sendo utilizado como símbolo de Portugal e do povo português. Em 2014 foi inaugurada a Rota Bordaliana, um percurso artístico e cultural com 18 figuras de cerâmica, construídas à escala humana, que homenageia Rafael Bordalo Pinheiro e a tradição da cerâmica na cidade.[19] As 18 peças de cerâmica distribuídas pela cidade são: Rãs de Boca Aberta e Rã Gigante; Vespa; Zé Povinho; Padre-Cura; Lobo; Gato a Caçar; Andorinhas; Gato Assanhado; Sardões; Ama das Caldas; Policia Civil; Tartaruga; Caracol; Grupo de Cogumelos; Sardão e Folha de Couve[20] BordadosOs bordados tradicionais das Caldas da Rainha eram feitos em sua origem com fios de linho tingidos de cor amarelo dousado por processos artesanais. Pensa-se terem origem em Espanha, e coloca-se ainda a possibilidade dos temas residirem nos quadros de naturezas-mortas da pintora seiscentista Josefa de Óbidos. Atualmente empregam fio de linho de canela, sendo a simetria a sua marca. Aplicados em toalhas e colchas, os motivos são tão diversos como "aranhiços", espirais, ângulos e corações. Os pontos usados nos bordados podem ser:
E os recortes podem ser:
GastronomiaA cidade destaca-se na doçaria, representada pelas trouxas de ovos, as cavacas, as lampreias de ovos, os beijinhos . EventosAnualmente sucedem-se diversos eventos, entre os quais destacam-se:
DesportoDurante longos anos, Caldas da Rainha foi uma cidade mais virada para o futebol. Contudo, muito devido aos resultados mais recentes nas mais variadas modalidades, a cidade tem vindo a sofrer uma dispersão de gostos, pelo que neste momento vingam várias modalidades como são exemplo o futsal, o atletismo e o Voleibol, recentemente promovidas a modalidades de topo na cidade. O histórico Caldas Sport Clube não caiu no esquecimento, sendo ainda o clube de maior expressão no município, e o número de praticantes nas camadas de formação das modalidades tem vindo a aumentar substancialmente. No entanto, o ténis de mesa também passou a ser uma modalidade bastante praticada na cidade, sendo o Sporting Clube das Caldas um clube com uma organização ímpar nos torneios de ténis de mesa. Por causa da excelência organizacional da equipa, a cidade foi escolhida para acolher os Jogos Ibero-americanos por duas vezes, e outras duas para organizar os Campeonatos Internacionais de Portugal. Já no ano de 2012, o Centro de Alto Rendimento (CAR) para o badminton acolheu o jogo internacional de ténis de mesa Portugal/Espanha, no ano em que Portugal se sagrou campeão europeu da modalidade, na classe de Seniores masculinos. A cidade foi palco ainda da realização de campeonatos nacionais em todas as categorias e classes. Também em badminton, desde a década de 90, a Federação Portuguesa da modalidade organiza nesta cidade os seus campeonatos internacionais e os campeonatos europeus, em todas as classes. De referir que a Federação Portuguesa desta modalidade está sediada na cidade, assim como o CAR, que entretanto também já recebeu provas de ténis de mesa. Também a Federação Portuguesa de Pentatlo Moderno escolheu Caldas da Rainha para acolher a sua sede, tendo já organizado em instalações desportivas da cidade alguns campeonatos do mundo, tanto na classe de Seniores como de Juniores e torneio de qualificação olímpica. Desde 2010, no mês de dezembro, é organizada na cidade a Corrida Pela Vida, prova de atletismo solidária que conta com a presença de cerca de cinco centenas de participantes, sendo já um dos eventos mais marcantes da cidade. AndebolClubes
AtletismoClubes
Figuras
FutebolClubes
FigurasSaraiva defesa central do tempo em que o Caldas Sport Clube disputou a divisão principal e que posteriormente foi transferido para o S. L. Benfica. Francisco Vital jogou na equipa de juvenis do clube, tendo sido transferido para o S. L. Benfica, foi jogador do Futebol Clube do Porto como sénior e internacional A. Como treinador treinou a equipa sénior do Caldas Sport Clube e mais tarde pertenceu à equipa técnica do Sporting Clube de Portugal. É filho do antigo avançado do Caldas de seu nome Vital e sobrinho de Dinis Vital, guarda redes que defendeu as cores do Lusitano de Évora e do Vitória de Setúbal. João Grilo, jogador da equipa de juvenis do Caldas foi transferido para o Sporting Clube de Portugal onde atingiu o estatuto de internacional Junior, fazendo parte da equipa que disputou o Mundial no Japão. António Louro, como juvenil também se transferiu para o Sporting Clube de Portugal onde foi campeão nacional nos escalões de formação. Ricardo Campos Guarda redes dos escalões de formação do Caldas, transferiu-se para a equipa de Juniores do Benfica tendo como atleta sénior atingido o estatuto de internacional A por Moçambique. FutsalClubes
Figuras
HóqueiClubesKartingClubesPatinagem ArtísticaClubesVoleibolClubes
FigurasJoão Margarido, Vítor Bernardo, João Mateus. Ténis de MesaClubes
Figuras
CulturismoFiguras
Infra-estruturaEspaços públicos
EscolasAs Caldas da Rainha contam com um variado leque de estabelecimentos de ensino básico e secundário - públicos e privados - entre os quais se destacam:
No âmbito do ensino superior: Quanto ao ensino profissional, assinalam-se:
TransportesAutocarrosCaldas da Rainha é servida por diversas carreiras, nas modalidades Expresso, Rápidas e Interurbanas. A ligação a Lisboa é feita pela “Rápida Verde” (da Rodoviária do Tejo até 2015, posteriormente da Rodoviária do Oeste) com terminal no Campo Grande; a duração da viagem é de 1h15, com elevada frequência. A cidade conta com uma central de camionagem clássica, construída para a Empresa Capristanos pelo arquiteto Camilo Korrodi em 1949 e profundamente remodelada já no séc. XXI.[22] A nível municipal, a população é atendida pela Rocaldas (30 carreiras suburbanas) e pelo TOMA (alusão ao manguito do Zé Povinho), projeto atendido por três autocarros de 29 lugares que percorrem três rotas distintas — a verde, a laranja e a azul — dentro da cidade, no corpo do dia; ambos serviços da Rodoviária do Oeste. ComboioCaldas da Rainha dispõe de uma estação ferroviária integrada na Linha do Oeste: A linha segue para Lisboa a sul e para Leiria, Coimbra e Figueira da Foz a norte. As ligações de passageiros, de tipo Regional e InterRegional, da CP, são efetuadas por automotoras do tipo 0450; o tempo de viagem entre Caldas e Lisboa é de mais de 2 horas, com 7-8 circulações diárias em cada sentido.[23] EstradasCaldas da Rainha é servida por uma excelente rede viária:
Caldenses notáveis
GeminaçõesO município de Caldas da Rainha é geminado com as seguintes cidades:[24][25][26]
Desde 2022, o Município preparou uma geminação com a cidade italiana de Deruta, devido à grande tradição de cerâmica nas duas cidades.[27] As cidades tornaram-se irmãs em março de 2024.[28] Referências
Ligações externas
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