Os símbolos do PT são a bandeira vermelha com uma estrela branca ao centro (exceto no Rio Grande do Sul, onde a estrela na bandeira é amarela),[25] a estrela vermelha de cinco pontas, com a sigla PT inscrita ao centro, e o hino do partido. Seus filiados e simpatizantes são informalmente denominados "petistas". O PT possui, como os demais partidos políticos no Brasil, uma fundação de apoio. Denominada Fundação Perseu Abramo (FPA), foi instituída pelo Diretório Nacional em 1996 e tem por missão realizar debates, editar publicações, promover cursos de formação política e preservar o patrimônio histórico do partido — tarefa pela qual é responsável o Centro Sérgio Buarque de Holanda. A FPA substituiu uma fundação de apoio partidário anteriormente existente no PT, a Fundação Wilson Pinheiro, criada em 1981.
Em 2003, com a posse de Lula como Presidente da República, o partido passou a comandar pela primeira vez o Executivo brasileiro. Lula reelegeu-se em 2006, terminando seu mandato como o presidente mais bem aprovado de todos os tempos e com o recorde mundial de 87% de aprovação,[26] e foi sucedido em 2011 por Dilma Rousseff, sua ministra-chefe da Casa Civil.
Após o golpe de 1964, o Comando Geral dos Trabalhadores (CGT) — federação de trabalhadores que desde a Era Vargas reunia dirigentes sindicais tutelados pelo Ministério do Trabalho — foi dissolvido, e os sindicatos passaram a sofrer intervenção do regime militar. O surgimento de um movimento organizado de trabalhadores, notabilizado pelas greves lideradas por Lula no final da década de 1970, permitiu a reorganização de um movimento sindical independente do Estado, o que foi concretizado na criação da Conferência das Classes Trabalhadoras (CONCLAT), que viria ser o embrião da Central Única dos Trabalhadores (CUT).[33]
Originalmente, esse novo movimento trabalhista buscava fazer política exclusivamente na esfera sindical.[34] No entanto, a sobrevivência de um sindicalismo controlado pelo Estado (expresso na recriação da CGT, que reunia líderes conservadores como Joaquim dos Santos Andrade, conhecido como Joaquinzão,[35] e Luiz Antônio Medeiros), somada à persistente influência de partidos de esquerda tradicionais como o Partido Comunista Brasileiro sobre o movimento sindical, fizeram com que os trabalhadores do ABC, estimulados por lideranças de esquerda anti-stalinistas, procurassem identidade própria na criação de seu próprio partido político – uma estratégia diferente à realizada pelo Solidarność, na Polônia de então. Nos anos 1980, um encontro em Roma entre Walesa e Lula mostrou que suas visões políticas eram bastante diferentes. Walesa defendia o pluralismo na política enquanto Lula defendia a união dos sindicatos em uma única entidade.[36]
O PT surgiu, assim, rejeitando tanto as tradicionais lideranças do sindicalismo oficial, como também procurando colocar em prática uma nova forma de socialismo democrático,[32] recusando modelos já então em decadência, como o soviético e o chinês. Significou a confluência do sindicalismo basista da época com a intelectualidade de Esquerda antistalinista.[37]
Havendo após esse período as críticas da esquerda ao Governo do Presidente Lula e o reconhecimento público do Partido dos Trabalhadores como um partido reformista de centro-esquerda. Em 2006 com as eleições gerais, reafirmou-se o projeto petista de Brasil, havendo o desenvolvimento do Plano de Aceleração do Crescimento, o PAC.[40][41]
Neste governo ocorreu o escândalo conhecido como o mensalão, que teve como protagonistas alguns integrantes do governo do então presidente Lula, membros do Partido dos Trabalhadores (PT), Popular Socialista (PPS), Trabalhista Brasileiro (PTB), República (PR), Socialista Brasileiro (PSB), Republicano Progressista (PRP), e Partido Progressista (PP).[42][43]
Em outubro de 2010, o Brasil elege a primeira mulher a ocupar a chefia do Estado Brasileiro. Dilma Rousseff (natural de Belo Horizonte) tomou posse do cargo de Presidente da República Federativa do Brasil, prestando, assim como os demais presidentes eleitos na Nova República, juramento solene perante o Congresso Nacional em 1.º de janeiro de 2011. Dilma deu continuidade aos programas do governo Lula, tais como: o Luz para Todos, que beneficiou mais de 3 milhões de famílias até 2013; a segunda etapa do PAC, em que foram disponibilizados recursos na ordem de 1,59 trilhão de reais em uma série de investimentos, tais como transportes, energia, cultura, meio ambiente, saúde, área social e habitação,[44] e o programa Minha Casa, Minha Vida, que obteve investimentos na cifra de 34 bilhões de reais e através do qual foram construídas 1 milhão de moradias na sua primeira fase, e 2 milhões de moradias com investimentos de 125,7 bilhões de reais na sua segunda fase.[45][46]
Como efeito da enorme e crescente insatisfação popular com o governo, a base política da presidente foi deteriorada e um processo de impeachment contra a presidente é iniciado em dezembro do mesmo ano com base nas chamadas pedaladas fiscais cometidas em seu governo, que desrespeitaram a Lei de Responsabilidade Fiscal. O ato causou grande controvérsia e dividiu o país entre grupos antigovernistas (maioritariamente de direita) e pró-governo (majoritariamente de esquerda). Em 17 de abril de 2016, a Câmara dos Deputados aprova o início do processo, que posteriormente foi encaminhado para análise no Senado.[49] O impeachment foi aprovado em 31 de agosto de 2016, sendo Dilma definitivamente afastada do cargo de presidente, tendo contudo seus direitos políticos preservados, em votação separada.[50]
Durante os treze anos de governo petista sob Lula e Dilma, foi observada uma guinada populista na atuação partidária,[51][52][53] mais especificamente na forma de lulismo, uma nova forma de populismo de esquerda ou neopopulismo que constrói a imagem de Lula como um representante dos interesses das classes inferiores, em particular através de programas de distribuição de renda fortemente associados à figura de Lula, que promoveram benefícios sociais, mas restritos e de curto prazo, conservando hierarquias sociais, ao mesmo tempo em que promove políticas macroeconômicas neo-desenvolvimentistas que favorecem o acúmulo de capital de classes superiores, em particular do setor primário, como subsídios a empresas e ao agronegócio pelo BNDES, políticas essas permitidas por um ciclo de crescimento econômico impulsionado por fatores externos, em particular o boom do preço dos commodities. Em suma, essa forma de neopopulismo adotada pelo PT busca cativar na imagem de Lula o apoio "de baixo" através de políticas redistributivas não transformacionais, conservando a estrutura social para manter o apoio "de cima".[51][54]
Em 2017, Lula anunciou publicamente que seria novamente o candidato do PT à presidência da República. Em setembro daquele ano, saiu em caravana pelos estados do Brasil, começando por Minas Gerais, estado governado pelo seu aliado Fernando Pimentel.[56] Em 2018, ao atravessar a região Sul do país, a caravana petista foi recebida com protestos. No Paraná, o ônibus da comitiva foi atingido por tiros, e no Rio Grande do Sul, militantes pró-Lula foram atingidos por pedras.[57]
Mesmo após sua prisão em abril de 2018, o PT insistiu e manteve Lula como candidato do partido à presidência. Na pesquisa Ibope realizada em junho de 2018, Lula liderava com 33% das intenções de voto, mais que o dobro do segundo colocado, o deputado fluminense Jair Bolsonaro (PSL), que pontuava 15%.[58] De dentro da cadeia, o ex-presidente articulou uma aliança nacional com o PCdoB e alianças regionais com o PSB, contribuindo para isolar a candidatura de seu maior adversário no campo da esquerda, o ex-governador do Ceará Ciro Gomes.[59]
O PT oficializou a candidatura de Lula em 5 de agosto de 2018, em São Paulo. Na impossibilidade da presença física de Lula no local, uma carta sua foi lida para a plateia pelo ator Sérgio Mamberti. O vice indicado na chapa presidencial foi o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, que representará Lula em eventos e debates. Na provável inelegibilidade de Lula, Haddad assumiria a cabeça da chapa, tendo como vice a deputada gaúcha Manuela d'Ávila.[60] Em 16 de agosto, depois que a maioria dos ministros do TSE declarou que a "inelegibilidade [de Lula como candidato] é incontroversa",[61] a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, enviou uma impugnação contra a candidatura tendo como base a Lei da Ficha Limpa, que considera inelegíveis candidatos condenados em segunda instância.[62]
O comitê de Direitos Humanos da ONU recomendou, em 17 de agosto, que fosse assegurado a Lula o "acesso apropriado à imprensa e a integrantes de seu partido político". Segundo o texto, também foi solicitado que não lhe impedisse de "concorrer às eleições presidenciais de 2018 até que todos os recursos pendentes de revisão contra sua condenação [fossem] completos em um procedimento justo" em que "a condenação [fosse] final".[63] No entanto, em primeiro de setembro, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu por 6 votos a 1, que o ex-presidente não pode concorrer a um terceiro mandato com base na Lei da Ficha Limpa.[64][65] A defesa entrou com recurso, negado em 6 de setembro pelo relator Edson Fachin, o único que votou a favor de deferir a candidatura outrora.[66][67]
O Comitê da ONU fez nova manifestação[68] em 10 de setembro reafirmando a obrigação do governo brasileiro de cumprir a recomendação para garantir a candidatura de Lula.[69] No dia seguinte, o PT anunciou oficialmente que Fernando Haddad seria o novo candidato do partido nas eleições presidenciais de 2018.[70][71][72]
Segundo o cientista político Sérgio Abranches, o PT está com um "desgaste" político, isso explica a derrota do partido nas eleições de 2020 junto a Bolsonaro:[73]
Outro aspecto (observado nesta eleição) é que a rejeição ao PT continua muito forte.(...) Com toda a certeza o PT, Lula, Bolsonaro e seus seguidores foram os maiores derrotados nessa eleição. O PT tem que aprender a viver com novas lideranças dentro dele, tem que permitir a ascensão de novas lideranças. Não pode ficar preso eternamente ao Lula. E o próprio Lula tem que entender que o papel histórico dele mudou. Seu papel como presidente já se esgotou, e o papel histórico dele agora é ajudar o PT a encontrar um caminho novo. Em São Paulo, com o desgaste do PT e o desempenho pífio de Tatto (Jilmar Tatto, candidato do PT à capital paulista derrotado no primeiro turno, com menos de 9% dos votos), o PSOL passou a fazer o contraponto do PSDB à esquerda
Em 21 de julho de 2022, a FE Brasil realizou a convenção que oficializou o nome de Luiz Inácio Lula da Silva para disputar a presidência da República, em outubro.[80] O ex-presidente havia recuperado seus direitos políticos em março de 2021, com anulação de todas as suas condenações na Lava Jato pelo Supremo Tribunal Federal, tendo sido reconhecida a motivação política e a condução parcial do processo.[81][82][83]
Em 6 de agosto de 2022, a candidatura à presidência do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do ex-governador paulista Geraldo Alckmin (PSB) como vice foi formalmente registrada perante o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).[84] Além da FE Brasil, a candidatura contou com o apoio da federação PSOL-REDE, do PSB, do Solidariedade, do Avante, do Agir e do PROS, sendo a maior coligação da campanha presidencial e a que contava com o maior tempo de campanha em rede nacional de rádio e televisão.[84]
No primeiro turno, realizado no dia 2 de outubro de 2022, Lula recebeu 57 259 504 de votos (48,43% dos votos válidos), o que levou a eleição ao segundo turno.[29] A FE Brasil elegeu a segunda maior bancada da Câmara dos Deputados, com 81 cadeiras.[85]
O governo Lula assinou uma série de decretos e atos normativos na sua primeira semana de governo, popularmente conhecido como uma "desbolsonarização" da União, com exonerações em massa de servidores do segundo escalão, e retirou empresas como Petrobras e Correios do processo de privatização.[87]
O PT surgiu da organização sindical espontânea de operários paulistas no final da década de 1970, dentro do vácuo político criado pela repressão do regime militar aos partidos comunistas tradicionais e aos grupos armados de Esquerda então existentes. Desde a sua fundação, apresenta-se como um partido de Esquerda que defende o socialismo como forma de organização social. Contudo, diz ter objeções ao socialismo real implementado em alguns países, não o reconhecendo como o verdadeiro socialismo.[32]
A ideologia espontânea das bases sindicais do partido - e a ação pessoal de lideranças sindicais como as de Lula, Jair Meneguelli e outros, sempre se caracterizou por uma certa rejeição das ideologias em favor da ação sindical como fim em si mesma, e é bem conhecido o episódio em que Lula, questionado por seu adversário Fernando Collor quanto à filiação ideológica do PT, em debate televisionado ao vivo em 1989, respondeu textualmente que o PT "jamais declarou ser um partido marxista".[101]
Mesmo assim, o partido manteve, durante toda a década de 1980, relações amistosas com os partidos comunistas que então governavam países do "socialismo real" como a União Soviética, República Democrática Alemã, República Popular da China, e Cuba. Estas relações, no entanto, jamais se traduziram em qualquer espécie de organização interpartidária ou de unidade de ação e não sobreviveram à derrocada do mesmo socialismo real a partir de 1989, não obstante a manutenção de certa afinidade sentimental de algumas lideranças do PT com o governo de Fidel Castro - como no caso emblemático do ex-deputado José Dirceu, que na década de 1960 foi exilado em Cuba e lá recebeu treinamento à luta de guerrilha (de que jamais participou concretamente). A liderança do PT mantinha também boas relações com o governo de Hugo Chávez na Venezuela.[102][103][104]
O PT nasceu com uma postura crítica ao reformismo dos partidos políticos social-democratas. Nas palavras do seu programa original: "As correntes social-democratas não apresentam, hoje, nenhuma perspectiva real de superação histórica do capitalismo imperialista".[105] O PT organizou-se, no papel, a partir das formulações de intelectuais marxistas, mas também continha em seu bojo, desde o nascimento, ideologias espontâneas dos sindicalistas que constituíram o seu "núcleo duro" organizacional, ideologias estas que apontavam a uma aceitação da ordem burguesa, e cuja importância se tornou cada vez maior na medida em que o partido adquiria bases materiais como máquina burocrático-eleitoral.[106]
Francisco Alambert Junior e Maria Helena Capelato[108] afirmam que tais relações não se traduzem em qualquer espécie de unidade organizacional, ficando no nível da solidariedade política mútua em torno de certos objetivos comuns, como a luta pela unidade latino-americana e a oposição à penetração política estadunidense na América Latina.
Esses autores dizem que o que caracteriza o PT é uma certa adesão retórica ao socialismo, adesão essa que não se traduz em pressupostos ideológicos claros e consensualmente admitidos pela generalidade do partido. O ex-presidente do PT José Genoíno costumava afirmar que o socialismo e o marxismo tornaram-se, ao partido, mais "um sistema de valores" do que um conjunto de medidas para a transformação da sociedade.[109]
Outros, membros do partidos de direita e da grande mídia,[110][111] discordam, caracterizando o Foro de São Paulo como um traçado de políticas conjuntas e de fato que teria permitido a ascensão de Lula, de Hugo Chávez, de Evo Morales e da Frente Ampla. Argumenta-se que essas políticas conjuntas estão traçadas nas atas desses foros, e são prontamente executadas pelos participantes presentes em governo. Em sentido diverso, argumenta-se que as ideologias políticas dos partidos e movimentos participantes do Foro de São Paulo diferem consideravelmente entre si.[112]
Poder-se-ia dizer, ainda, que, no PT, o trabalho ideológico-teórico sempre foi levado à reboque das origens concretas do partido. A favor dessa afirmação, está o fato de que seu núcleo duro é composto por sindicalistas, o que explicaria a facilidade com que o partido, uma vez no poder, se adaptou a uma política econômica bastante ortodoxa. Já na década de 1990, prefeitos petistas como o futuro Ministro da Fazenda Antônio Palocci adotavam políticas de governo considerados inclusive pelos críticos dentro do partido como neoliberais (privatizações, cortes drásticos de gastos públicos).[113] Em julho de 2006, o próprio presidente Lula se declarou distante da esquerda, admitindo que, em um eventual segundo mandato, prosseguiria com políticas conservadoras.[114]
Deve-se lembrar, ainda, que a burocracia do PT, por conta das suas ligações com cúpulas sindicais como as da CUT, teve a oportunidade concreta[115] de desenvolver estratégias de acumulação de capital através da administração de fundos de pensão privados (cujo desenvolvimento o governo Lula tentaria estimular na Reforma da Previdência), estratégias essas que acabariam por desenvolver uma certa identidade de interesses entre a burocracia do partido e setores da burguesia brasileira.[116][117]
Base
O PT se originou no movimento sindical brasileiro e nas comunidades eclesiais de base da teologia da libertação, surgindo da desilusão com o "socialismo realmente existente", do modelo stalinista soviético e maoistachinês, e pretendia-se, na origem, fundamentalmente como aquilo que seu nome indicava: um partido de trabalhadores para trabalhadores, inclusive como uma alternativa deliberada ao Partido Comunista Brasileiro. Um fato emblemático para caracterizar essa posição diferenciada, como já dito, foi seu apoio ao sindicato independente Solidarność em sua luta por abertura política na Polônia comunista de então.[118][119]
O PT, em sua própria definição, sempre se pautou pela liberdade de opinião e pela disciplina partidária. A partir de sua base tradicional na classe operária urbana, o PT organizou-se mais como um aglomerado heterogêneo de núcleos temáticos, de forma antagônica a uma organização de base em células de tipo comunista, que tendiam a privilegiar a posição de classe dos filiados sobre seus interesses espontâneos ou afiliações não classistas (por exemplo, o pertencimento a movimentos homossexuais, ecológicos, de base étnica e/ou identitária). Casos emblemáticos disso foram a ligação do PT, desde muito cedo, com o movimento agrário-ecológico dos seringueiros do Acre pela instalação de reservas extrativistas na Amazônia, então dirigido pelo ativista Chico Mendes e o forte apoio dado por esse partido ao MST.[120][121]
Muitos estudiosos de Gramsci no Brasil são filiados e/ou simpáticos ao Partido dos Trabalhadores, colocando-se como intelectuais orgânicos de ideologiaproletária) e muitos deles foram, inclusive, nomes importantes na criação do partido. Há, contudo, uma maior diversidade ideológica entre os intelectuais petistas.[126][127][128]
No início da década de 1990, ocorreram os primeiros rachas e expulsões do partido. Essas primeiras expulsões tinham, como causa, a propositura, por parte algumas correntes trotskistas, do engajamento do partido em ações de cunho revolucionário contra o governo de Fernando Collor, seja através de uma ação direta contra o mesmo (proposta pela corrente Causa Operária), seja levantando-se a plataforma de agitação de eleições gerais como sequência ao impeachment de Collor (proposta pela corrente Convergência Socialista). Em 2003, membros do partido inconformados com as políticas econômicas próximas à economia neoclássica (ou mais exatamente à releitura de economia neoclássica conhecida como Consenso de Washington) do Governo Lula, foram expulsos após não seguirem as diretrizes partidárias na votação da Reforma da Previdência.[carece de fontes?]
Aproveitando-se do momento de crise por que o PT passava, esses membros, liderados por Heloísa Helena, pensaram ser o momento certo para a construção de um novo partido de esquerda a ser referência aos trabalhadores brasileiros. Assim nascia o Partido Socialismo e Liberdade (PSOL). Mais tarde, o PSOL tornar-se-ia apenas mais uma legenda dissidente do PT sem grande expressão eleitoral ou na base dos movimentos sociais. Posteriormente, ao serem derrotados no PED (Processo de Eleições Diretas), que decidiam as direções partidárias, com a candidatura de Plínio de Arruda Sampaio, outra tendência também migra ao PSOL, a Ação Popular Socialista (APS) de Ivan Valente.[carece de fontes?]
Apesar destas pequenas rupturas, o PT ainda consegue ser referência aos trabalhadores e trabalhadoras do campo e da cidade. Quadros importantes continuam no partido, como Raul Pont, Emir Sader e Valter Pomar, que preferiram disputar o comando do partido a romper com ele. O PT contém, ainda, uma fração que mantém uma afiliação doutrinária e de organização com o trotskismo internacional, a Democracia Socialista (DS), já foi ligada à chamada Quarta Internacional (Pós-reunificação) - corrente essa que teve, como seu mais importante dirigente histórico, o economista belga Ernest Mandel. Pertence, à DS, o ex-ministro do Desenvolvimento Agrário do primeiro governo de Lula, Miguel Rossetto.[129][130]
Observações: Os nomes marcados com o símbolo * foram (re)eleitos em 2022 por outros partidos. O nome marcado com símbolo + é vice em exercício ou efetivado.
Observações: Os nomes marcados com o símbolo * foram (re)eleitos em 2018 ou em 2022 por outros partidos. Nomes marcados com o símbolo + são suplentes em exercício ou efetivados.
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Presidentes nacionais
O primeiro presidente nacional do PT foi Luiz Inácio Lula da Silva, eleito no 1º Encontro Nacional do PT ocorrido em 9 de agosto de 1981,[131] sendo reeleito por instâncias do partido nos quatro anos seguintes.[132][133] Em janeiro de 1988, o Diretório Nacional elegeu o gaúcho Olívio Dutra ao cargo e em dezembro do mesmo ano elegeu o paulista Luiz Gushiken.[134] Lula retornou à direção da sigla em julho de 1990, sendo reeleito em 1992 e 1993.[135][136][137][138] Em 1994 foi eleito pelo Diretório Nacional o jornalista mineiro Rui Falcão.[139][140][141] Em 1995 foi eleito José Dirceu, sendo mantido no cargo até dezembro de 2002.[142][143][144][145] O cearense José Genoino foi eleito pelo Diretório Nacional em 7 de dezembro de 2002 para substituir José Dirceu, que assumiria a Casa Civil no primeiro governo Lula.[146][147]
Em 2005, o gaúcho Tarso Genro deixou o ministério para ocupar a presidência interina do Partido dos Trabalhadores, substituindo José Genoino.[148][149] Lançou-se, então, candidato à presidência nas eleições internas do partido, mas acabou retirando sua candidatura para apoiar o deputado federal Ricardo Berzoini.[150][151] Esse último venceu eleição interna em outubro de 2005,[152][152][153] mas em outubro de 2006 anunciou seu afastamento do cargo.[153]Marco Aurélio Garcia, por ser vice-presidente nacional da legenda, assumiu o cargo no seu lugar.[153][154]
Berzoini retornou do afastamento em fevereiro de 2007 e foi reeleito em dezembro.[155][155][156][157] O geólogo carioca José Eduardo Dutra foi confirmado no dia 25 novembro de 2009 como o próximo presidente nacional do PT.[158][159] Entre abril de 2011 e julho de 2017 o partido foi novamente presidido por Rui Falcão.[160][159][161][162] A paranaense Gleisi Hoffmann tornou-se a primeira mulher a presidir o partido em julho de 2017,[163][164] sendo reeleita em novembro de 2019.[165]
O PT foi o partido preferido de cerca de um quarto do eleitorado brasileiro em dezembro de 2009.[168] No entanto, em 2015, durante a crise político-econômica, a porcentagem de eleitores que declaram preferência ao PT oscilou entre 9% e 12%, enquanto 38% apontaram a legenda como aquela de que menos gostam (índice de rejeição ao partido).[169][170] Esse cenário mudou em 2018, quando, segundo levantamento do Ibope, o PT era o partido preferido de 29% dos brasileiros, sendo o partido mais bem quisto pelos brasileiros naquele ano.[171]
Esses números representam o início de cada legislatura, desconsiderando, por exemplo, parlamentares que tenham mudado de partido posteriormente. Entre os senadores, foram incluídos aqueles que não concorreram por ainda estarem na metade de seus mandatos.
No ano de 2005, o penúltimo ano da gestão do PT, membros do partido viram-se envolvidos em várias acusações de corrupção que passaram a ter grande repercussão após denúncias do então deputado federal e ex-presidente do PTB, Roberto Jefferson (envolvido em um escândalo de corrupção nos Correios), sobre um suposto esquema de pagamento de propina a parlamentares, que denominou "mensalão". As acusações do deputado no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados do Brasil culminaram no afastamento do então Ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, na instalação da CPMI dos Correios e em várias acusações em sequência, que provocaram a saída do presidente do PT José Genoíno e o pedido de licença de vários membros da cúpula do partido. Dentre esses, os principais nomes eram os de Silvio Pereira, que era secretário-geral nacional do PT e saiu por ter ganho um veículo de uma empresa privada que havia vencido uma licitação, e Delúbio Soares, ex-tesoureiro do partido, que foi expulso do partido. Após o escândalo do mensalão, o deputado federal José Dirceu teve seu mandato cassado pelo plenário da Câmara.[193][194] O relator da CPI concluiu: "Houve recebimento de vantagens indevidas por parlamentares e dirigentes partidários com periodicidade variável, mas constante em 2002 e em 2003. Chame-se a isso mensalão quem quiser; chame-se a isso quinzenão quem quiser; chame-se a isso semanão quem quiser",[195] citando o relatório final de Ibrahim Abi-Ackel (PP-MG).
O PT defende a tese de que o crime cometido foi o de caixa dois e não o da compra de deputados. A respeito disso, o Presidente Lula declarou, em entrevista na França, no mês de julho de 2005, que "O que o PT fez do ponto de vista eleitoral é o que é feito no Brasil sistematicamente. Eu acho que as pessoas não pensaram direito no que estavam fazendo, porque o PT tem, na ética, uma das suas marcas mais extraordinárias. E não é por causa do erro de um dirigente ou de outro que você pode dizer que o PT está envolvido em corrupção."[196]
Em setembro de 2006, surge um novo escândalo, chamado de "Crise do Dossiê", envolvendo pessoas próximas ao presidente Lula e ao senador Aloizio Mercadante, respectivamente candidatos à Presidência da República e ao governo de São Paulo, que pretendiam comprar, com 1,7 milhão de reais em dinheiro vivo, de origem duvidosa, um dossiê que supostamente vincularia o candidato José Serra com o escândalo das sanguessugas. No final, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) inocentou, por unanimidade, o presidente Lula. Também foram inocentados o ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos; o presidente nacional do PT, Ricardo Berzoini; o empresário Valdebran Padilha; o advogado Gedimar Passos; e o ex-assessor da Presidência Freud Godoy.[197][198] Por sua vez, o plenário do STF decidiu arquivar o inquérito contra o senador Aloizio Mercadante (PT-SP) por falta de provas.[199]
Outro escândalo envolve o ex-ministro Antonio Palocci, que, segundo a Folha de S.Paulo, aumentou seu patrimônio em 20 vezes em quatro anos, sendo que uma grande parcela do seu enriquecimento se deu nos dois meses subsequentes às eleições presidenciais de 2010. Acusado de tráfico de influência, viu-se muito próximo de sofrer a investigação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Senado, o que possivelmente causaria um grande abalo no governo de sua presidenta Dilma Rousseff. Palocci enviou explicações à evolução patrimonial[203] e, após analisar os documentos apresentados pelo ministro, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, determinou o arquivamento das representações, pedindo a abertura de inquérito para investigar a evolução patrimonial do ministro.[204] Palocci pediu afastamento do cargo em 7 de junho de 2011.[205] Em setembro de 2017, desfiliou-se do partido.[206]
Durante o governo do PT, houve uma concentração da grande mídia, privilegiando os empresários já estabelecidos, principalmente no ramo de radiodifusão.[207]
O esquema de propina e desvio de recursos da estatal foi investigado pela força-tarefa da Operação Lava Jato.[208][209] Em pesquisa de opinião sobre corrupção e política realizada em dezembro de 2015 pelo Datafolha, o Partido dos Trabalhadores foi considerado o partido com maior número de políticos corruptos. Enquanto 59% dos entrevistados consideraram que a maioria dos políticos do PT seriam corruptos, esse índice ficou em 44% ao PMDB e 38% ao PSDB.[210]
Em maio de 2018, após José Dirceu ser novamente preso, o trio (Lula, Palocci e Dirceu) do Partido dos Trabalhadores, que comandou o país no primeiro governo Lula está preso. Dirceu foi chefe da casa Civil de 2003 a 2005, e Palocci foi Ministro da Fazenda de 2003 a 2006. A época, Dirceu e Palocci eram cotados como possíveis sucessores de Lula.[211] Antonio Palocci, foi o responsável por pavimentar o caminho entre o governo e o mercado financeiro. Depois de sair incólume do processo do mensalão, foi atingido por suspeitas de corrupção. Já Dirceu, trabalhou na interlocução do Executivo com deputados e senadores em busca da aprovação de projetos e na garantia da governabilidade.[212]
Notas e referências
Notas
↑ abPor conta da filiação de Randolfe Rodrigues ao Partido dos Trabalhadores em julho de 2024, o partido voltou a contar com 9 parlamentares no Senado Federal.[17]
Oliveira, Merilyn Escobar de (2008). Sob o signo do "novo sindicalismo": das mudanças de identidade e de estratégia, na trajetória do PT e da CUT, à consolidação do populismo sindical no Governo Lula. São Paulo: Pontifícia Universidade Católica. pp. 28–31, 105
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↑ abDaniela Andrade (2020). «Populism from above and below: the path to regression in Brazil». The Journal of Peasant Studies. 47. 1470-1496. In some respects, petismo-lulismo represents a far purer populism [...] Populism can be politically and economically transformative, but it is socially conservative, reproducing rather than transcending social hierarchies and inequalities. The PT captivated the support ‘from below’ by promoting marginal income redistribution, innocuous for a transformation – much less an inversion – in power relations in society and the political system. Lula’s populism symbolically bent, but economically served the powers ‘from above’. [...] The PT’s 13-year period of governance prompted certain transformations in that direction [Lulism] [...] Lula did not attempt to dispute control over [...] accumulation within society. In his government, the dominant classes [...] benefited from structural macroeconomic policies, while the working class benefited from income redistribution measures with essential limits in scope, scale and sustainability, conditioned by the former. The benefits for the working class were short term, selective, restricted and assistentialist. The PT governed for large capital – for the already privileged and powerful. [...] As Anderson stresses, the image of a caretaker of the poor became Lula’s ‘most unshakeable political asset’ [...] Lula’s personal history and the social characteristics of the population he mobilized created a sense of a government ‘for and from below’. Lula promoted personal ties with the poor, but also catered to their real interests, enabling income redistribution that is a progressive and popular demand. This has been crucial to the way in which Lula and the PT secured and exerted power. However, Lula did not try to implement a model of accumulation from below. His populism therefore belongs to a new modality of populism of the left. [...] The extraordinary performance of agricultural exports – this time together with the extractive industry (oil, mining and gas) – partly explains the temporary lift of the policy incompatibility within the PT’s political formula. [...] This externally-driven growth cycle during Lula’s first administration unleashed a series of processes that led to a second and virtuous growth cycle [...] In this particular international context, primary commodity production and exports helped the state promote a concrete, albeit temporary and limited reversal between the neoliberal and neo-developmentalist policy effects on the economy and society, letting the latter stand out – the material basis of Lulism. However, they did not help transform the power asymmetries between the two essential classes in state decision-making, nor did they transform the inequalities in economic and social relations, which form the abstract basis supporting the argument for populism and the fetish of the neo-developmentalist project [...] state initiatives, such as the provision of subsidized loans from the National Development Bank (BNDES) to national corporations, or South-South investments and partnerships, targeted and boosted the primary sector.
↑Eduardo Porter (3 de maio de 2016). «Populist Policies Let Brazil's Tomorrow Slip Away». New York Times. Monica de Bolle [...] dates the populist shift to 2006, when President da Silva was hit with a vote-buying scandal known as “mensalão.” “After that he became much more populist,” she said. [...] The case for populism only intensified as Mr. da Silva fought to ensure the election of his anointed heir, Ms. Rousseff
↑Nacha Cattan, David Biller (31 de outubro de 2017). «These Elections Could Reshape Latin America». Bloomberg. In Brazil, where the populist Workers’ Party held sway for 13 years until 2016
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