Jerônimo Rodrigues
Jerônimo Rodrigues Souza (Aiquara, 3 de abril de 1965) é um professor universitário, engenheiro agrônomo e político brasileiro. Filiado ao Partido dos Trabalhadores (PT), é o 52º governador do estado da Bahia desde 2023. Nascido e criado no interior baiano, na década de 1990 formou-se em Engenharia Agronômica pela Universidade Federal da Bahia e foi professor da Universidade Estadual de Feira de Santana, ao mesmo tempo em que filiou-se ao PT e ingressou em movimentos estudantis e sociais. A partir de 2007, começou a integrar secretarias do estado, chegando a fazer parte do gabinete ministerial da presidente Dilma Rousseff, até assumir as pastas de Desenvolvimento Rural e da Educação da Bahia. Tornou-se governador em 2022, na primeira disputa eleitoral da qual participou. Origens, formação e carreira acadêmicaUm dos nove filhos da costureira Maria Cerqueira e do agricultor familiar Zeferino Rodrigues, Jerônimo Rodrigues nasceu em 3 de abril de 1965 no povoado de Palmeirinha, na cidade baiana de Aiquara. Na infância, morou em uma comunidade rural próxima ao rio de Contas, e aos nove anos mudou-se para Jequié, município banhado pelo rio, para iniciar os estudos em uma escola pública e morar com suas cinco irmãs — uma delas é Marta Rodrigues, que também é professora e vereadora de Salvador.[1][2][3][4] Após concluir o ensino médio, Jerônimo prestou na capital Salvador um vestibular para Engenharia Agronômica na Universidade Federal da Bahia (UFBA), tendo cursado a partir de 1987 no campus de Cruz das Almas; lá conheceu sua esposa, a também engenheira agrônoma e professora da Universidade Federal do Recôncavo Baiano Tatiana Velloso, com quem teve o filho João Gabriel. Formado em 1991, foi aprovado em um concurso público para professor efetivo na Universidade Estadual de Feira de Santana, onde lecionou diversas disciplinas e posteriormente tornou-se vice-diretor do Departamento de Ciências Sociais Aplicadas da instituição. Ao iniciar o mestrado em Ciências Agrônomas pela UFBA, retornou a Aiquara para dar aulas no Colégio Municipal Américo Souto e assumir a Secretaria Municipal de Agricultura na gestão do prefeito Moacyr Viana Júnior.[1][2] Carreira políticaEnquanto era universitário, Jerônimo filiou-se, na década de 1990, ao Partido dos Trabalhadores (PT), passando a atuar em movimentos estudantis e sociais. Em 2006, participou ativamente como militante da campanha do companheiro de partido Jaques Wagner a governador da Bahia, que foi eleito. Jerônimo foi convidado no primeiro ano de sua gestão para integrar a equipe da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação da Bahia, e em 2010, ingressou na Secretaria de Planejamento do estado. Com trabalho bem avaliado pelo governador, Jerônimo foi indicado por ele ao gabinete ministerial da presidente Dilma Rousseff, exercendo de 2011 a 2012 os cargos de secretário executivo adjunto e assessor especial do Ministério do Desenvolvimento Agrário, secretário nacional do Desenvolvimento Territorial, secretário executivo do Programa Pró Territórios - Cumbre Ibero-Americana e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável (CONDRAF).[1][5] Em 2015, Jerônimo ajudou na implantação e assumiu, na gestão de Rui Costa como governador da Bahia, a Secretaria de Desenvolvimento Rural. Coordenador da campanha de reeleição de Rui em 2018, foi nomeado em 2019 secretário da Educação.[2] Sua administração foi voltada à criação de milhares de vagas em cursos profissionalizantes através do programa Educar para Trabalhar, e na pandemia de COVID-19 implementou o Bolsa-Presença, que ofereceu auxílio mensal para famílias de estudantes da rede estadual de ensino, e o Mais Futuro, para manter jovens na universidade com apoio financeiro, além do vale-alimentação estudantil e do Mais Estudo.[1] No primeiro ano da gestão educacional, recebeu a Comenda 2 de Julho, a mais alta honraria concedida pela Assembleia Legislativa da Bahia,[6] e o Título de Cidadão de Salvador, da Câmara Municipal de Salvador.[7] Em 2022, Jerônimo candidatou-se a governador da Bahia representando a coligação Pela Bahia, Pelo Brasil com o então presidente da Câmara Municipal de Salvador Geraldo Júnior, do MDB, como vice.[8] Ele terminou o primeiro turno com 4 019 830 votos, equivalente a 49,45% do total de válidos, disputando o segundo turno com ACM Neto.[9] Jerônimo venceu a eleição com 4 480 464 votos, ou 52,75% dos válidos,[10] tornando-se o primeiro governador autodeclarado indígena do Brasil.[11] Desempenho eleitoral
ControvérsiasAprovação em massa de estudantesEm 27 de janeiro de 2024, a Secretaria de Educação da Bahia publicou no Diário Oficial a portaria N°190, que dispõe sobre a sistemática de avaliação para aprendizagem na Rede Estadual de Ensino.[12] Contendo, dentre os incisos, a possibilidade que estudantes avançarem de série mesmo reprovados em disciplinas e com faltas em aulas.[13] A medida gerou diversas críticas por parte do corpo docente de diversas instituições estaduais de ensino médio e de órgãos de representantes da classe de educadores do estado.[14] Em um evento na cidade de Feira de Santana em fevereiro de 2024, o governador Jerônimo Rodrigues afirmou que "não cabe aos professores decidirem sobre a aprovação dos alunos" e que a escola que reprova "é autoritária" e ainda reafirma sua defesa da aprovação em massa dos alunos.[15][16] O discurso gerou críticas de diversos sindicatos e associações educacionais em todo o estado, que declaram como ''injusta'' a posição do chefe do executivo.[15]
Prioridade à prefeituras da base aliadaNo dia 22 de abril de 2024, período pré-eleições municipais de 2024, em entrevista a veículos de imprensa locais, Jerônimo afirmou que a prioridade de seu governo é com as prefeituras de sua base aliada, mas que estará aberto para conversar com gestores municipais da oposição que forem eleitos para primeiro mandato ou tentarão a reeleição.[17][18]
Avanço da violência e das facções no estadoSegundo dados do Ministério da Justiça, de janeiro a outubro de 2023, a Bahia liderou os índices de homicídio doloso, morte por ação policial e lesão corporal seguida de morte no país, ultrapassando estados como Rio de Janeiro, Pernambuco e Ceará.[19] Os números se repetiram em relação ao ano de 2022, onde o estado da Bahia apresentou 5 mil registros de homicídios durante o ano. Com isso, em 10 meses do governo Jerônimo, os 3.895 homicídios chegaram perto da média registrada no ano anterior. A média mensal de assassinatos na Bahia em 2023 foi de 404 assassinatos.[20] Durante um evento de entrega de vans escolares, em Salvador, em maio de 2024, o governador afirmou, em declarações à imprensa sobre o avanço da atuação de facções criminosas na Bahia, que "não vai dar trégua a esse movimento" e que esse não seria "um problema apenas da Bahia'', chegando a fazer comparações com a segurança pública europeia e a declarar que seria uma movimentação "internacional".[21]
Caderninho dos ComportamentosNo dia 11 de Julho de 2024, durante a solenidade de início da emissão da nova carteira de identidade nacional, no Terminal Pituaçu, em Salvador, Jerônimo afirmou a existência de um ''Caderninho dos Comportamentos'' quando questionado sobre o apoio do Agir, partido de sua base aliada de governo ao prefeito de Salvador e pré-candidato à reeleição, Bruno Reis.[22][23] O embate se deu devido repercussão de uma foto do deputado estadual Júnior Muniz (PT), pai da presidente estadual do Agir Társsila Muniz, ao lado do prefeito de Salvador em suas redes sociais.
Líderes da Oposição, como o ex-prefeito de Salvador, ACM Neto (UNIÃO) criticaram a fala do chefe do executivo, Segundo Neto, o posicionamento do petista mostra o “lado dele de perseguição, de quem vai atrás dos políticos que eventualmente não rezarem na cartilha dele. Isso é inaceitável.”[24] A presidente estadual do Agir na Bahia, em meio à pressão da base governista, rebateu a fala do sobre possível apoio a candidatura de oposição, em Salvador. em nota, afirmou que os diretórios tem autonomia para definir as composições eleitorais de cada cidade, respeitando suas particularidades e as diretrizes previamente apresentadas pelo comando estadual, em sequência rebateu o argumento de que o deputado petista Júnior Muniz, pai de Társsila estaria envolvido nas negociações, "O deputado Júnior Muniz é muito querido pelo Agir, mas ele faz parte de outra agremiação, e essa decisão cabe apenas ao Agir”, finalizou Társsila.[25] Avenida Presidente Vargas - Vitória da ConquistaEm outubro de 2022, as vésperas da eleição para o cargo de governador, o então titular Rui Costa, anunciou o início das obras de duplicação do perímetro urbano da BA-265, de 3,2km, conhecida como Av. Presidente Vargas, até o lado leste do Anel Rodoviário na cidade de Vitória da Conquista, terceira maior cidade do estado, com previsão de conclusão da obra em 8 meses[26], entretanto, dois anos depois a vitória de Jerônimo, a obra continua inacabada e causando prejuízos para a população da cidade, dois óbitos no ano de 2024 foram registrados no local por acidentes automobilísticos.[27] No mês de agosto de 2024, com 1 ano e 2 meses de atraso da obra, veículos de imprensa locais entraram em contato com a Secretaria de Infraestrutura da Bahia afim de esclarecimentos sobre o atraso da obra, e foram informados que o atraso fora decorrente do movimento de veículos na região além do período chuvoso e que a obra seria entregue no final do ano de 2024.[28][29] No dia 24 de outubro de 2024, ocorreu a primeira das duas mortes registradas no local, uma das causas explícitas do acidente foi devido a faltada de iluminação e sinalização.[27] Populares caracterizam o ritmo da obra como "eleitoreira", haja visto o período de início e o período em que fora anunciado o novo prazo de entrega, além de que os recursos dos quais a obra é realizada são emendas articuladas pelo deputado estadual Zé Raimundo (PT) e do federal Waldenor Pereira (PT)[29], ambos correligionários de Jerônimo, este último ainda que fora derrotado na eleição municipal de 2024 local para a candidata da oposição e então prefeita Sheila Lemos (UNIÃO)[30][31], além do mais, a conclusão da obra esteve presente em vários momentos como plataforma de campanha de Waldenor, algo que é tido como uma das causas de sua derrota no pleito. Em novembro ocorreu mais uma morte devido a falta de iluminação e sinalização no trecho em obras da BA-265, novamente a resposta da SEINFRA do estado da Bahia para a imprensa local é que o atraso se deve ao tráfego de veículos no local, que segundo o órgão causam intercorrências nos serviços públicos,[32][33] dois dias após o registro do segundo óbito, o governador esteve presente no município para a culminância da 18ª Semana da Cultura Evangélica[34], sob vaias e protestos, o governador afirmou que não pode "arrancar" a empresa responsável pela obra por ela não cumprir com o prazo predestinado muito menos com a qualidade, e que cobraria mais uma vez seu secretariado.[35]
Antes da visita do governador, o poder público municipal notificou por três vezes a secretaria e a empresa responsável solicitando urgência no término da obra a qual ainda não apresentava sinais de avanço, em nota, a prefeitura municipal, por meio da secretaria municipal de infraestrutura urbana cobrou uma estimativa de tempo e urgência na conclusão dos trabalhos, e deixou claro que a demora coloca em risco a integridade física dos cidadãos que trafegam por aquele trecho.[36] Referências
Ligações externas |
Portal di Ensiklopedia Dunia