A agremiação foi fundada em 10 de novembro de 1955 por Sílvio Trindade, Renato da Silva, Djalma Rosa, Olímpio Bonifácio (Bronquinha), Ary de Lima, Jorge Avelino da Silva , Orozimbo de Oliveira (Seu Orozimbo), Garibaldi F. Lima, Felipe de Souza (Pavão), José Pereira da Silva (Mestre André) e Alfredo Briggs, tendo iniciado a partir do grupo que que compunha o time de futebol amador da época, o Independente Futebol Clube.[14] Com um início sem tantos recursos e mais focado na qualidade percussiva de seus ritmistas, a Mocidade vai passar pela década de 60 mais conhecida por sua bateria. [9]No entanto seu crescimento passaria por uma grande virada, quando no fim de 1973, ela passou a ser patrocinada pelo bicheiro Castor de Andrade, seu grande torcedor.
Com um apelido que em nada invoca sutileza, “Maracanã do samba” é o título da maior quadra da Mocidade Independente de Padre Miguel, inaugurada oficialmente à beira da Avenida Brasil. Conquistada no dia 1 de setembro de 2012, a nova quadra da Mocidade é moderna e tem 33 mil metros quadrados, e capacidade para receber cerca de 12 mil pessoas. São quase 1.700 metros quadrados só de térreo, além de 28 camarotes no segundo andar, o maior deles com 32 metros quadrados e com capacidade para até 50 pessoas. Fora as duas mil vagas de estacionamento e das vagas exclusivas para convidados Vips (com acesso direto aos camarotes). Sendo assim, a Mocidade fica também com o título de maior quadra entre todas as escolas de samba do Rio de Janeiro.[15][16] Em 2022, a Mocidade foi declarada como patrimônio cultural de natureza imaterial do Estado do Rio de Janeiro.[17] Em 2024, a bateria da escola também foi declarada patrimônio cultural imaterial do estado.[18]
Lugar de origem
Padre Miguel, na Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro, é o lugar de origem da Mocidade Independente, que tem o bairro gravado em seu nome.[19][20] As terras correspondentes ao bairro faziam parte da Fazenda Água Branca, pertencente à família Barata, que obteve vastas sesmarias que chegavam até a base do Maciço de Gericinó.[20][21] Com o passar do tempo, a fazenda de Água Branca foi desmembrada, dando origem a vários loteamentos, atravessados pela Avenida Brasil.[21]
A agremiação também tem forte ligação com a favela de Vila Vintém, localizada entre os bairros de Realengo e Padre Miguel.[20][22] São recorrentes nos sambas da Mocidade, citações ao bairro de Padre Miguel e à favela de Vila Vintém, como nos sambas de 1990 ("Sou Independente / Sou raiz também / Sou Padre Miguel / Sou Vila Vintém"); de 2010 ("Luz independente, me leva pro céu / Sou Mocidade, sou Padre Miguel"); de 2017 ("Vem pro Marrocos, meu bem / Vem minha Vila Vintém / Sonha Mocidade"); entre outros.[2]
Antecedentes
Independente Futebol Clube
No dia 2 de março de 1952, um grupo de amigos fundou o time de futebol de várzea Independente Futebol Clube (IFC).[5] Parte de seus jogadores residia no Conjunto Residencial Cardeal Dom Jaime Câmara (Na época, chamado IAPI de Padre Miguel).[3] Por conta de suas cores - verde e branco - o time foi apelidado de "arroz com couve", apelido herdado, mais tarde, pela escola de samba.[3][5] Em pouco tempo, o clube já disputava diversos campeonatos pela cidade.[23] Cresceu a ponto de ter três categorias: primeiro quadro, segundo quadro e juvenil.[5] Após as partidas, era comum os jogadores se reunirem numa roda de samba improvisada.[3] O lugar preferido para a confraternização era no Ponto Chic, local que abriga bares e lojas de comércio em geral, além de palco para festas e manifestações culturais.[19] Técnico do Independente, José Pereira da Silva (mais tarde conhecido como Mestre André), compôs o grito de guerra do time ("Oh, minha gente, acaba de chegar / O Independente saudando o povo do lugar / Não é marra não, nem é bafo de boca / O Independente chegou / Deixando a moçada com água na boca").[5][22]
Mocidade do Independente
Um ano após a fundação do time, os integrantes decidiram criar um bloco de carnaval. Em 1953, foi fundado o Bloco Carnavalesco Mocidade do Independente.[5] No mesmo ano, realizou o seu primeiro desfile, com um enredo em homenagem ao bairro de Padre Miguel e samba composto por Tião Marino, goleiro do Independente.[22] O primeiro mestre de bateria do bloco foi Ivan Bojudo, irmão de Ivo Lavadeira, um dos fundadores do time de futebol.[5] Mestre André era o mestre-sala (na época, chamava-se baliza) do bloco.[5] No carnaval de 1954, um dos sambas cantados foi "Perdi meu amor", também de Tião Marino.[22] Em 1955, um fato culminou na fundação da escola de samba. Os blocos Mocidade do Independente e Unidos de Padre Miguel (mais tarde também escola de samba) disputavam o título de melhor bloco da região.[22] De cores vermelho e branco, o Unidos de Padre Miguel era conhecido como Boi Vermelho, e tinha grande rivalidade com a Mocidade.[5] No momento de anunciar o bloco vencedor, o político Waldemar Vianna de Carvalho, ciente da popularidade dos dois blocos e tentando agradar a todos os foliões, anunciou o Unidos de Padre Miguel como melhor bloco e a Mocidade do Independentes como melhor escola de samba da região.[5][24] Naquele ano, a Mocidade desfilou com um enredo sobre Getúlio Vargas, e mais um samba composto por Tião Marino.[22]
Fundação
A Escola de Samba Mocidade Independente de Padre Miguel foi oficialmente fundada em 10 de novembro de 1955.[1][25] Entre seus fundadores estão Silvio Trindade (Tio Vivinho), Ivo Lavadeira, José Pereira da Silva (Mestre André), Tião Marino, Renato da Silva, Djalma Rosa, Alfredo Briggs Filho, Olímpio Bonifácio (Bronquinha), Orozimbo de Oliveira (Seu Orozimbo), Altamiro Menezes (Cambalhota), Geraldo de Souza (Prego), Garibaldi Faria Lima, entre outros.[1][25] Sílvio Trindade, conhecido como Tio Vivinho foi eleito o primeiro presidente da agremiação. Também foram escolhidos: Renato Ferreira da Silva como vice-presidente; Djalma Rosa Pereira como secretário geral; e Olímpio Bonifácio como tesoureiro.[1][5]
Nome, cores, símbolo e apadrinhamento
O nome da escola foi adaptado do Bloco Mocidade do Independente. Foram mantidas as cores verde e branco do Bloco. O símbolo da Mocidade é uma estrela de cinco pontas. Por isso, a escola é apelidada de "estrela-guia da Zona Oeste".[5] Não se sabe o motivo ou quem escolheu o símbolo. Diversos sambas da escola fazem referência ao símbolo e às cores da agremiação, como, por exemplo, os sambas de 1990 ("Meu ziriguidum fez brilhar no céu / A estrela guia de Padre Miguel"); 1997 ("Nos teus olhos vejo minha estrela brilhar"); 2006 ("Sou a onda que te leva nesta folia / Um verde e branco mar de energia"); 2007 ("Da emoção eu faço a arte / Em verde e branco, com a Mocidade"); entre outros.[2]
A escola-madrinha da Mocidade é a Beija-Flor de Nilópolis.[3] A festa de batizado foi realizada em 20 de janeiro de 1957, na quadra da Mocidade. No livro de atas da escola, consta um relato sobre o apadrinhamento ("A Escola de Samba Mocidade Independente de Padre Miguel se sente honrada em receber a Beija-Flor, a quem mui amigavelmente convidamos para ser nossa madrinha [...] Seja, pois, esta data um forte elo, o que nos envaidece". A ligação entre as duas escolas foi intermediada pelo compositor Ari de Lima. Frequentador da Beija-Flor, Ari foi levado, por Tio Vivinho, para a Mocidade, onde escreveu os primeiros enredos da escola.[4]
Bandeira
A bandeira, ou pavilhão, da escola possui dezesseis raios intercalados (oito verdes e oito brancos), partindo de duas circunferências concêntricas centrais (uma branca e outra amarelo-ouro) em direção às extremidades da bandeira. Na circunferência branca, a inscrição "Mocidade Independente de Padre Miguel", com letras de cor verde. Dentro da circunferência branca, uma outra circunferência, de cor amarelo-ouro, onde está o símbolo da escola, uma estrela de cinco pontas na cor verde. Dentro da estrela, um círculo central, de cor branca, com a inscrição "G.R.E.S." (Grêmio Recreativo Escola de Samba), em letras verdes. Abaixo das circunferências, no raio inferior central, fica inscrito o ano de confecção do pavilhão. A bandeira pode sofrer pequenas variações a cada ano, como por exemplo, as cores das circunferências e as disposições de cores dos raios. Desde 2014, quando Rogério Andrade (sobrinho de Castor de Andrade), assumiu a agremiação, a bandeira da escola apresenta o desenho de um pequeno castor, na cor preta. A estrela de 5 pontas foi desenhada pelo artista Gilberto Arantes, hoje falecido.
História
Em 1956, apresentou o enredo "Castro Alves", novamente num desfile local.
Em 1957, na Praça Onze, participou pela primeira vez do desfile oficial no Rio de Janeiro, com o enredo "O Baile das Rosas" conquistando o 5° lugar no grupo de acesso. Em 1958, foi campeã do grupo de acesso com o enredo "Apoteose ao Samba", mas o que realmente marcou esse carnaval foi que nele foi realizado, pela primeira vez sob o comando de Mestre André, a célebre "paradinha da bateria" em frente à comissão julgadora. O povo então foi ao delírio, mais tarde, a acompanhar a tal "bossa" com o grito de "Olé". Durante este período, a Mocidade era conhecida como "uma bateria que carregava a escola nas costas", pois a bateria era mais conhecida do que a própria escola, só alguns anos depois teve condições de competir com as grandes da época (Portela, Mangueira, Salgueiro, e Império Serrano). A partir da "paradinha" feita por Mestre André, a "paradinha" foi aderida anos depois pelas outras escolas de samba, e hoje em dia todas as baterias das escolas de samba do Rio de Janeiro e do Brasil a fazem.
No ano de 1974, com o carnavalesco Arlindo Rodrigues, apresentou o enredo "A festa do Divino", tirando um 5° lugar. Mas neste ano ela poderia ter ganhado o campeonato, se não tirasse uma nota 4 em fantasia - o que foi considerado um escândalo, na época, visto que Arlindo era conhecido e consagrado pelo bom gosto e requinte nas fantasias. A campeã Salgueiro teve apenas 4 pontos a mais que a Mocidade, ou seja, um simples 8 em fantasias daria o título à Padre Miguel, visto que no quesito de desempate, bateria, o Salgueiro tinha 9 e a Mocidade 10.
Desde então, a escola deixava de ser conhecida apenas por sua bateria, para impor-se como grande escola de samba. Em 1975, a Mocidade vence pela primeira vez as "quatro grandes", num desfile realizado em outubro durante o congresso da ASTA - American Society of Travel Agents, no Rio de Janeiro, em que as escolas do grupo principal realizaram um desfile competitivo, a Mocidade foi campeã.[26][27]
Em 1976, por ironia, a Mocidade empatou em segundo lugar, com a Mangueira, e perdeu o desempate por ter um ponto a menos na nota da tão famosa bateria nota 10. Em 1979, ainda com Arlindo Rodrigues, a Mocidade conquista o seu primeiro campeonato com "O Descobrimento do Brasil". No ano seguinte, assumiu o carnaval Fernando Pinto, produzindo desfiles considerados pela crítica como excepcionais, projetando-se assim como um dos mais criativos e inventivos carnavalescos já conhecidos.[28]
No primeiro ano de Fernando Pinto na Mocidade, em 1980, a escola conquistou um segundo lugar com o enredo "Tropicália Maravilha". Em 1983, a Mocidade recebe o Estandarte de Ouro de melhor comunicação com o público com o enredo "Como era verde o meu Xingu". Fernando permaneceu na escola até 1987, ano de sua morte, e fez grandes carnavais na Mocidade na década de 1980: além de "Tupinicópolis", deu à escola o título de 1985, com "Ziriguidum 2001". Nesse carnaval, a Mocidade entraria na Avenida com um enredo futurista, projetando o carnaval do próximo século.[28]
Década de 1990
Na década de 1990, a Mocidade passaria ao comando de Renato Lage, que consagrou a escola em três anos: em 1990, contando sua própria história ("Vira Virou, a Mocidade Chegou"); em 1991, falando sobre a água ("Chuê, Chuá… As Águas Vão Rolar"); e em 1996, com um enredo sobre a relação entre o homem e Deus ("Criador e Criatura").
Em 1997, após ser vice-campeã com o enredo "De corpo e alma na avenida", a Mocidade perdeu seu patrono, Castor de Andrade. Dois anos depois, a escola fez um desfile em homenagem a Villa-Lobos, com o enredo "Villa-Lobos e a Apoteose Brasileira". O público vibrou com o desfile. Porém, neste ano, uma decepção aconteceu: a Mocidade, que sempre se concentrou ao lado dos Correios, precisou se concentrar em frente ao edifício conhecido como "Balança Mas Não Cai", perto do qual há um viaduto que frequentemente atrapalha as alegorias das escolas que ali se concentram. No caso da Mocidade, a escola demorou demais a por os destaques nos grandes carros alegóricos e abriu um enorme buraco entre os setores 1 e 3, logo no começo da passarela. Apesar da grande falha, certamente foi a campeã para muita gente que viu e se emocionou com aquele belíssimo desfile.[carece de fontes?]
Década de 2000
Em 2000, a escola desfilou predominantemente com as cores do Brasil, no Carnaval comemorativo dos 500 anos de descobrimento do país. No ano seguinte, foi contratado o cantor David do Pandeiro, que estava na Tijuca, para substituir o intérprete do ano anterior, Paulo Henrique. Com o enredo sobre a paz e a harmonia, trouxe a bateria vestida de Gandhi e conquistou o Estandarte de Ouro de Melhor Bateria. Mesmo assim, acabou em 7° lugar, ficando fora do desfile campeãs.
Em 2002, a escola recontratou o intérprete Wander Pires, para cantar "O Grande Circo Místico". O desfile agradou ao público. Com problemas nos quesitos harmonia musical e conjunto, terminou em quarto lugar. Após o carnaval de 2002, Renato Lage deixou a escola.
Em 2003 e 2004, assumiu o carnavalesco Chico Spinoza, que levou para a avenida enredos de cunho social, como doação de órgãos e educação no trânsito, com os quais a escola obteve, respectivamente, o 5° e 8° lugar. Em 2005, com a mudança da diretoria, a Mocidade contratou um carnavalesco de característica clássica: Paulo Menezes. Seu carnaval fez lembrar as formas de Arlindo Rodrigues, porém a escola terminou na 9ª colocação . Em 2006, entra no comando da Bateria Mestre Jonas e Mauro Quintaes, com o carnaval sobre os 50 anos da escola, que novamente não obteve uma boa colocação
2006: "A Vida Que Pedi a Deus"
Ainda em 2006, em 8 de outubro, a bateria e alguns integrantes da agremiação encerraram o show do grupo pop mexicano RBD no estádio do Maracanã, show este em que a banda mexicana sambou junto com os componentes da escola de samba, incluindo Viviane Araújo.[29] O show foi posteriormente lançado em DVD, sob o título Live in Rio
2007: "O futuro no pretérito - uma história feita à mão"
No ano de 2007 entra outro carnavalesco, Alex de Souza, que contou a história do artesanato terminando na pior colocação desde a era Castor de Andrade, na 11º colocação. Em 2007, os ritmistas da Mocidade batem recorde de tempo em paradinha. A bateria desfilou fantasiada de bonecos de barro do mestre Vitalino e fazem alusão às feiras nordestinas. Mestre Jonas congela na Avenida durante 15 segundos.[30] A escola amargou um dos piores resultados de sua história, ocupando a décima primeira colocação após a leitura das notas na apuração[31], sendo essa a primeira vez que a escola veria essa posição atrelada ao seu nome no pós carnaval (essa colocação se repetiria ainda em 2009, 2013 e 2023).[32]
2008: "O Quinto Império: de Portugal ao Brasil, uma utopia na história"
Para o carnaval de 2008, a escola trocou outra vez de carnavalesco, trazendo dessa vez o campeoníssimo Cid Carvalho, que nesse ponto já havia vencido os carnavais pela Beija-Flor de Nilópolis em 1998, 2003, 2004 e 2005[33]. Bruno Ribas seguiu como intérprete da agremiação[34], e assumindo a direção da comissão de frente, o coreógrafo Fábio de Mello, que naquele ponto já era o maior nome que do quesito, acumulando nada menos que 5 estandartes de ouro (1993, 1995, 1997, 2000 e 2006, sendo todos pela Imperatriz Leopoldinense)[35]. Rogerinho Dornelles, Mestre-sala conhecidíssimo por seus carnavais na escola (1995 a 2001 e 2005)[36], chegou para fazer dupla com a Porta-Bandeira Marcella Alves, que seguia para seu terceiro ano consecutivo. Mestre Jonas, por fim, manteve-se pelo terceiro dos quatro anos em que capitaneou a bateria "Não Existe Mais Quente".[37] A rainha Thatiana Pagung por sua vez, manteve seu reinado pelo segundo ano consecutivo[38], enquanto José Luiz Azevedo assumiu como Diretor de Carnaval e o trio Alcides de Oliveira, Roberto Reis e Beto Manfredo ocuparam o cargo de direção de harmonia. Com um enredo temático sobre os 200 anos da chegada da Família Real Portuguesa ao Brasil, a escola encerrou esse carnaval na oitava colocação[39].[40]
2009: "O futuro no pretérito - uma história feita à mão"
Para 2009 a escola trouxe de volta Wander Pires como sua voz oficial. Além disso, o carnavalesco Cláudio Cebola, que fazia parte da comissão de carnaval, foi promovido a carnavalesco oficial.[41] O enredo, a princípio seria uma homenagem ao centenário da morte do escritor Machado de Assis, mas foi posteriormente alterado, com a inclusão também de Guimarães Rosa no tema. Última escola do Grupo Especial a definir seu samba para 2009, a Mocidade enfrentou algumas polêmicas nesse processo, quando escolheu um samba com características pouco convencionais e que era preferido pela maioria da comunidade.
Década de 2010
2010: "Do paraíso de Deus ao paraíso da loucura, cada um sabe o que procura"
Com o perigoso resultado do carnaval de 2009 que quase a rebaixou,[42] a gestão da escola providenciou uma reestruturação dos quesitos objetivando a melhora do resultado para o ano seguinte. Comandando o projeto artístico, foi trazido novamente o carnavalesco Cid Carvalho, enquanto que no carro de som, David do Pandeiro dividiria o posto de intérprete com o premiado Nêgo[43]. Na esteira das mudanças, o mestre Bêreco fez sua estreia como Mestre de Bateria,[44] enquanto que o casal Cristiane Caldas e Fabrício Pires assumiam a defesa do pavilhão no cargo de Porta Bandeira e Mestre Sala.[45] Nesse ano a escola defendeu o enredo "Do paraíso de Deus ao paraíso da loucura, cada um sabe o que procura",[46][47] melhorando consideravelmente seu resultado e alcançando a 7ª colocação. O enredo em questão apresentava uma divisão narrativa, com a primeira parte retratando o paraíso bíblico e seus personagens característicos, a exemplo de Adão, Eva e a serpente. Já o segundo momento buscava retratar outro tipo de paraíso, mais "mundano" e "terreno", destacando a relação humana com os diversos "paraísos" possíveis de se obter com dinheiro, ou que então o envolviam.[48]
2011: "A Parábola dos Divinos Semeadores"
No ano de 2011, a Mocidade continuou com Cid Carvalho como carnavalesco, Nêgo como cantor oficial, junto com Rixxah[49] e falou sobre a história da agricultura e da agropecuária, com o enredo A Parábola dos Divinos Semeadores. O enredo foi de difícil interpretação, além de não ser bem desenvolvido durante o desfile. Rogério Andrade, filho de Castor, se tornou o presidente de honra da escola. tendo sua mulher Andréa, como rainha de bateria. Mesmo com alegorias e fantasias superiores aos últimos anos, a escola não mostrou bom nível de desfile, ficando aquém das outras agremiações,[50][51] em 7° lugar, não desfilando nas Campeãs.
2012: "Por Ti, Portinari, Rompendo a Tela, a Realidade"
Paulo Vianna foi reeleito para seu terceiro mandato consecutivo como presidente da Mocidade.[52] Para o carnaval de 2012, a escola reformulou toda a sua equipe, contratando o carnavalesco Alexandre Louzada, campeão do carnaval de 2011 no Rio de Janeiro e em São Paulo; o intérprete Luizinho Andanças;[53] o casal de mestre-sala e porta-bandeira Robson Sensação e Ana Paula;[54] o coreógrafo Renato Vieira para a comissão de frente;[55] e formou uma Superdireção de Bateria com Mestre Bereco, Andrezinho (filho de Mestre André) e Mestre Dudu (filho de Mestre Coé).[56] A atriz Antônia Fontenelle assumiu o posto de rainha de bateria.[9] Quarta escola a desfilar na primeira noite do Grupo Especial de 2012, a Mocidade apresentou um enredo sobre o pintor brasileiro Cândido Portinari, morto cinquenta anos antes, em 1962.[57] O carro abre-alas, com 22 metros de comprimento e uma grande escultura de Portinari, perdeu o controle e acertou a grade lateral da pista de desfile. Integrantes da escola conseguiram centralizar o carro na pista, mas, momentos depois, a alegoria ficou presa na dispersão, impedindo que as alas posteriores saíssem da Sapucaí, prejudicando a evolução da escola, que ficou parada enquanto integrantes faziam esforço para manobrar a alegoria. Participaram do desfile, personalidades como Elza Soares, Regina Casé, Marcos Frota, Dill Costa e João Candido Portinari, filho do pintor homenageado.[58][59] A escola encerrou sua apresentação recebendo gritos de "é campeã" do público presente no sambódromo.[60] No julgamento oficial, apenas quatro dos quarenta julgadores deram nota máxima para a escola. Perdendo muitos décimos em todos os quesitos, a Mocidade se classificou em nono lugar.[61] A escola recebeu o Troféu Gato de Prata de melhor enredo e o Troféu Sambario de melhor bateria.[62][63]
2013: "Eu Vou de Mocidade com Samba e Rock in Rio, Por Um Mundo Melhor"
A Mocidade promoveu algumas trocas em sua equipe. O coreógrafo Jaime Arôxa assumiu o comando da comissão de frente.[64] Feliciano Júnior e Squel Jorgea formaram o novo casal de mestre-sala e porta-bandeira. Squel estava na Grande Rio nos onze carnavais anteriores, enquanto Feliciano era o segundo mestre-sala da Mocidade.[65] A paulistana Camila Silva assumiu o posto de rainha de bateria.[66] A Mocidade escolheu seu tema para o carnaval de 2013 com bastante antecedência. A escola anunciou o enredo sobre o Rock in Rio no dia 14 de setembro de 2011, numa coletiva de imprensa na Cidade do Rock, com a presença de Roberto Medina, idealizador do festival de música.[67] Durante a coletiva, o presidente da Mocidade, Paulo Vianna, lembrou que a escola se apresentou, junto com o cantor Pepeu Gomes, no Rock in Rio de 1985.[68] A Mocidade foi a quinta escola a se apresentar na primeira noite do Grupo Especial de 2013. Com alegorias e fantasias simples, as limitações financeiras foram fator principal de um projeto mais restrito e com variedade de material alternativo. O cantor Serguei participou da comissão de frente, enquanto Evandro Mesquita desfilou tocando guitarra no meio da bateria.[69][70] Também participaram do desfile, Elza Soares, Paula Toller, Marcelo Yuka, Di Ferrero, Ivo Meirelles, George Israel, Roberto Medina, Roberta Medina, entre outros.[71] No julgamento oficial, apenas dois dos quarenta julgadores deram nota máxima para a escola: um em bateria, outro em fantasia. Perdendo muitos décimos nos demais quesitos, a Mocidade se classificou em penúltimo lugar, repetindo a pior colocação de sua história, 11.º lugar, também atingidos em 2007 e 2009.[72] A escola recebeu o prêmio Tamborim de Ouro de melhor bateria do ano.[73] O intérprete Luizinho Andanças recebeu os prêmios SRzd, Troféu Apoteose e Troféu Tupi.[74][75][76]
2014: "Pernambucópolis"
A Mocidade reformulou toda a sua equipe para o carnaval de 2014, contratando Paulo Menezes como carnavalesco,[77] Rogerinho e Lucinha Nobre como mestre-sala e porta-bandeira,[78] Sérgio Lobato para a comissão de frente,[79] Anderson Abreu para a direção de carnaval,[80] e Almir Frutuoso para a direção de harmonia.[81] Musa da escola, Ana Paula Evangelista assumiu o posto de rainha de bateria.[82] A Mocidade também trocou de intérprete, dispensando Luizinho Andanças e contratando Bruno Ribas. A troca de intérpretes foi anunciada três dias após a final da disputa de samba da agremiação, na véspera da gravação da faixa para o álbum oficial.[83] Pela primeira vez o cantor Dudu Nobre, torcedor da escola, assinou um samba da agremiação. Após a disputa, Dudu foi convidado para gravar o samba no álbum e cantar no desfile.[84] Próximo ao carnaval, o presidente da escola, Paulo Vianna, foi denunciado por falsidade ideológica, sendo acusado de mandar falsificar as assinaturas de dez associados da agremiação em uma assembleia da qual eles não participaram. A Justiça acatou uma ação de diretores que teriam sido impedidos de frequentar a sede e o barracão da agremiação, e determinou o afastamento de Vianna da presidência.[85] O vice-presidente da escola, Wandyr Trindade, mais conhecido como Macumba, assumiu o comando provisório da agremiação. Além da crise administrativa, a Mocidade também enfrentava uma crise financeira. Faltando pouco para o carnaval, os trabalhos no barracão da escola estavam atrasados por falta de pagamento dos funcionários. Nesse momento, surgiu Rogério Andrade, sobrinho e herdeiro do histórico patrono Castor de Andrade. Rogério expulsou Paulo Vianna, que renunciou definitivamente a presidência da escola.[86] O novo patrono também colocou o salário dos funcionários em dia e trocou a rainha de bateria, substituindo Ana Paula Evangelista pela atriz Mariana Rios.[87] Com os trabalhos atrasados, a Mocidade teve ajuda de um mutirão de torcedores e trabalhadores de outras escolas para finalizar seu desfile a tempo.[88] Abrindo a segunda noite do Grupo Especial de 2014, a Mocidade desfilou com o enredo "Pernambucópolis", sobre a obra do carnavalesco Fernando Pinto e sua terra natal, Pernambuco.[89] O título do enredo faz referência a "Tupinicópolis", de 1987, histórico carnaval de Fernando Pinto na Mocidade.[90] Em 2014, a escola realizou um desfile simples e criativo.[91] A agremiação inovou ao convidar o público das frisas do sambódromo para interagir com a comissão de frente na pista de desfile. Histórica ex rainha de bateria da escola, Monique Evans desfilou no carro abre-alas. Muitos componentes chegaram ao fim do desfile chorando, emocionados após as dificuldades enfrentadas no pré-carnaval.[92] A Mocidade se classificou em nono lugar, atingindo a pontuação máxima apenas no quesito samba-enredo, perdendo décimos em todos os demais quesitos.[93] A escola recebeu os prêmios SRzd e S@mba-Net de melhor samba-enredo do ano.[94][95]
2015: "Se o Mundo Fosse Acabar, Me Diz o que Você Faria Se Só Lhe Restasse Um Dia?"
Para o carnaval de 2015, a Mocidade novamente reformulou sua equipe. A escola contratou o carnavalesco Paulo Barros, campeão do carnaval de 2014 pela Unidos da Tijuca, por um salário de 2,5 milhões de reais, tornando ele o profissional mais bem pago do carnaval.[96] Barros também teve liberdade para criar o enredo que quisesse, sem imposição da diretoria, como ocorria na Tijuca.[97] A escola também contratou Jorge Texeira e Saulo Finelon, que estavam na Grande Rio, para comandarem a comissão de frente.[98] Formando par com Lucinha Nobre, Diogo Jesus assumiu o posto de primeiro mestre-sala, substituindo Rogerinho.[99] A cantora Claudia Leitte assumiu o posto de rainha de bateria.[100] Também houve troca na direção de carnaval e de harmonia. O enredo de 2015 foi inspirado na música "O Último Dia" de Billy Brandão e Paulinho Moska, sobre o que fazer caso o mundo fosse acabar e só restasse mais um dia de existência.[101] A Mocidade foi a terceira escola a se apresentar na primeira noite do Grupo Especial de 2015. Desfilando sob chuva, a escola apresentou um desfile repleto de efeitos visuais e tecnológicos, além das alegorias coreografadas, marca do carnavalesco Paulo Barros. A comissão de frente interagiu com o casal de mestre-sala e porta-bandeira. Um efeito especial possibilitou que a roupa dos integrantes da comissão e a saia da porta-bandeira Lucinha Nobre pegassem fogo. As roupas foram montadas com papéis importados da Austrália, que pegavam fogo, mas, após o contato com as chamas, desapareciam sem deixar resquícios.[102] A agremiação inovou com um desfile legendado, em que as alegorias exibiam textos evidenciando o significado do enredo, além de balões textuais que antecipavam as alas, também contextualizando a narrativa. O carnavalesco também explorou a sensualidade. Em uma das alegorias, dezenas de camas surgiam nas laterais com casais e trisais de todos os gêneros debaixo do edredom. Em outra alegoria, componentes usavam apenas um tapa-sexo.[103] Um dos compositores da música que inspirou o desfile, Paulinho Moska acompanhou o intérprete Bruno Ribas no carro de som.[104][105] A Mocidade conquistou a pontuação máxima nos quesitos Harmonia, Alegorias e Enredo, perdendo décimos nos demais quesitos. A interação entre casal e comissão de frente não agradou o júri. Os dois quesitos foram os mais penalizados da escola. A agremiação se classificou em sétimo lugar, ficando de fora do Desfile das Campeãs.[106] Após o carnaval, Paulo Barros se desligou da Mocidade, se transferindo para a Portela.[107]
2016: "O Brasil de La Mancha - Sou Miguel, Padre Miguel. Sou Cervantes, Sou Quixote Cavaleiro, Pixote Brasileiro"
No dia seguinte ao pedido de demissão de Paulo Barros, a Mocidade anunciou a contratação dos carnavalescos Alexandre Louzada (que estava na Portela) e Edson Pereira (carnavalesco da Unidos de Padre Miguel, no acesso).[108] Para o carnaval de 2016, à princípio, a escola divulgou um enredo autoral de Louzada, "#alémdaimaginação", sobre tudo o que a humanidade buscou encontrar e descobriu ser uma lenda.[109] Meses depois, a agremiação anunciou a troca do seu enredo. No novo enredo, Dom Quixote conhece as mazelas brasileiras e aponta na literatura a solução para os problemas enfrentados pela população.[110] "O Brasil de La Mancha: Sou Miguel, Padre Miguel. Sou Cervantes, Sou Quixote Cavaleiro, Pixote Brasileiro" foi assinado por André Luís da Silva Junior, com desenvolvimento de Louzada e Pereira.[111] A Mocidade extinguiu a superdireção de sua bateria, promovendo Mestre Dudu a único diretor da Não Existe Mais Quente.[112] Formando par com Diogo Jesus, Cristiane Caldas assumiu o posto de primeira porta-bandeira, substituindo Lucinha Nobre.[113] A Mocidade foi a penúltima escola a se apresentar na primeira noite do Grupo Especial. O desfile fez referências a diversas mazelas enfrentadas ao longo da história do Brasil como a corrupção, a seca no Nordeste e a escravidão.[114][115] Na comissão de frente, Dom Quixote e Sancho Pança enfrentavam um moinho de vento na forma de uma torre de petróleo e prendiam seres engravatados, sendo um, vestido de vermelho, numa referência a presidente do Brasil, Dilma Rousseff e ao escândalo de corrupção na Petrobrás. A última alegoria do desfile, intitulada "O Lava-Jato da Felicidade", teve dificuldade para entrar na avenida e passou sem algumas partes, retiradas às pressas, e sem alguns destaques. Além da última alegoria, o samba-enredo da escola também fez referência a Operação Lava Jato.[116] A Mocidade recebeu apenas uma nota máxima (no quesito mestre-sala e porta-bandeira), perdendo décimos de todos os demais julgadores, se classificando em décimo lugar.[117]
2017: "As Mil e Uma Noites de Uma 'Mocidade' pra Lá de Marrakesh"
O intérprete Wander Pires voltou para a Mocidade, substituindo Bruno Ribas.[118] O carnavalesco Edson Pereira se desligou da escola, que seguiu apenas com Alexandre Louzada.[119] Para o carnaval de 2017, Louzada desenvolveu, junto com o professor André Luís Junior, um enredo sobre o Marrocos.[120] A Mocidade foi a terceira escola a se apresentar na segunda noite do Grupo Especial. Um dos destaques da apresentação foi a comissão de frente, coreografada por Jorge Teixeira e Saulo Finelon, que utilizou um aeromodelo adaptado com uma folha de papelão impressa com a imagem de Aladim voando sobre um tapete, além de beduínos carregando cestos de onde surgiam odaliscas.[121][122] Foi a Comissão de Frente mais premiada do ano, recebendo prêmios como o Estrela do Carnaval,[123] SRzd,[124] S@mba-Net,[125] Tamborim de Ouro,[126] entre outros.
A Mocidade terminou a apuração das notas em segundo lugar, com um décimo a menos que a campeã, Portela. O resultado marcou o retorno da escola ao Desfile das Campeãs após treze anos fora da festa. Cerca de um mês após o desfile, a LIESA divulgou as justificativas dos julgadores para as notas dadas. Valmir Aleixo, do quesito Enredo, descontou um décimo da Mocidade pela falta de uma destaque de chão, que representaria "O Esplendor dos Sete Mares". A destaque seria Camila Silva, que foi promovida à Rainha de Bateria após a empresária angolana Carmen Mouro desistir de desfilar à frente dos ritmistas. A Mocidade rebateu a avaliação do julgador alegando que ele se baseou na versão antiga do livro abre-alas (roteiro do desfile) enviado pela agremiação. A escola alegou que enviou para a LIESA, dentro do prazo estipulado, uma versão retificada do livro abre-alas excluindo a presença de Camila Silva como destaque de chão. A LIESA, por sua vez, não teria repassado a nova versão ao julgador, ocasionando o desconto de um décimo.[127] A escola entrou com recurso na Liga contra o resultado e ameaçou procurar seus direitos na Justiça.[128] Em uma plenária realizada no dia 5 de abril de 2017, a LIESA decidiu dividir o título de campeã entre Portela e Mocidade. Foram sete votos a favor; cinco abstenções; e apenas a presidência da Portela votou contra a divisão de título.[129][130] Com a vitória, a Mocidade conquistou seu sexto título de campeã, quebrando o jejum de 21 anos sem conquistas.[131] Após a apuração, o mestre-sala Diogo Jesus anunciou em suas redes sociais seu desligamento da Mocidade. O contrato do mestre-sala se encerraria no domingo após o Desfile das Campeãs, mas a direção da escola não gostou do comunicado feito por Diogo e decidiu proibir o mestre-sala de desfilar nas 'Campeãs'.[132][133] Vinicius Antunes, da Unidos de Padre Miguel, foi convidado pela Mocidade para desfilar nas Campeãs junto com Cris Caldas. De cadeira de rodas, Jéssica Ferreira, porta-bandeira da UPM, desfilou junto com os dois. Naquele ano, Jéssica sofreu uma entorse no joelho durante sua apresentação, junto com Vinícius, na Série A.[134]
2018: "Namastê: a Estrela que Habita em Mim, Saúda a que Existe em Você"
Para tentar o bicampeonato, o carnavalesco Alexandre Louzada desenvolveu um enredo patrocinado, que retrataria de forma muito perspicaz as influências que a cultura da Índia exercia no Brasil. O patrocínio em questão foi realizado por empresas do país asiático.[137] Marcinho Siqueira assumiu o posto de primeiro mestre-sala após polêmica saída do seu antecessor.[138][139] O carnaval de 2018 teve um período de preparação conturbado.[140] Em junho de 2017, a Prefeitura do Rio anunciou o corte de 50% do repasse de verbas públicas para as escolas de samba.[141] A decisão gerou polêmica visto que, em sua campanha para a Prefeitura, Marcelo Crivella prometeu manter o patrocínio às escolas.[142] Bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus, Crivella também foi acusado de ser influenciado pela sua religião ao cortar parte da verba do carnaval.[143] A LIESA ameaçou cancelar os desfiles e sambistas organizaram protestos, mas o Prefeito manteve o corte.[144] Sem dinheiro, a LIESA cancelou os ensaios técnicos, após quinze anos bancando o evento.[145] Em outubro de 2017, faltando cerca de quatro meses para os desfiles, o Ministério do Trabalho interditou os barracões de todas as escolas na Cidade do Samba.[146] Os barracões foram liberados ao final de novembro, após as escolas cumprirem uma série de exigências visando melhores condições de trabalho.[147] A subvenção foi paga às escolas em janeiro de 2018, faltando menos de um mês para os desfiles.[148] A Mocidade encerrou a primeira noite de desfiles do Grupo Especial de 2018.[149][150] Na quarta-feira de cinzas, a escola liderava a apuração até a leitura do quesito Fantasias, onde perdeu pontos, caindo da liderança para a sexta colocação.[151] Um dos destaques do desfile, a bateria da escola, comandada por Mestre Dudu, foi a mais premiada do ano, recebendo os prêmios Estandarte de Ouro, Estrela do Carnaval, Gato de Prata e Sambario.[152][153][154] A escola também recebeu o Estandarte de Ouro de melhor samba-enredo.[155]
2019: "Eu Sou o Tempo. Tempo É Vida"
Para o carnaval de 2019, a Mocidade renovou com Alexandre Louzada, que desenvolveu um enredo sobre o tempo. Pelo segundo ano consecutivo, o prefeito Marcelo Crivella cortou 50% da verba destinada às escolas que desfilaram no Sambódromo.[156] Com dificuldades financeiras, a escola teve que pedir ajuda aos componentes para que comparecessem ao barracão com o objetivo de confeccionar alegorias e fantasias.[157] A Mocidade foi a última escola da segunda noite do Grupo Especial, encerrando o carnaval de 2019 com o dia claro.[158] A cantora Elza Soares desfilou no carro abre-alas. Especialistas elogiaram a apresentação, com destaque para a bateria.[159][160] Perdendo décimos em alegorias, harmonia e samba-enredo, a escola obteve o sexto lugar.[161] Coordenadora da ala de baianas e um dos maiores nomes contemporâneos vivos da escola, Tia Nilda recebeu o Estandarte de Ouro de personalidade.[162]
Década de 2020
2020: "Elza Deusa Soares"
Em abril de 2019, a Mocidade elegeu a chapa da situação com Flávio Santos para presidente e Rodrigo Pacheco para vice-presidente da escola.[163] Antes do desfile de 2019, a Mocidade já havia escolhido seu enredo para 2020 em homenagem a cantora Elza Soares, torcedora declarada da escola.[164] O carnavalesco Alexandre Louzada se desligou da agremiação, se transferindo para a Beija-Flor. Para desenvolver o enredo sobre Elza, a Mocidade contratou Jack Vasconcelos, que estava no Paraíso do Tuiuti.[165] A escola dispensou seu primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Marcinho Siqueira e Cristiane Caldas, que foram substituídos por Diogo Jesus e Bruna Santos. Diogo foi campeão com a escola em 2017 e Bruna era segunda porta-bandeira da agremiação.[166] A rainha de bateria Camila Silva deixou a escola, sendo substituída por Giovanna Angélica, personalidade nascida e criada na região de Padre Miguel e Bangu, Giovana é neta de uma ex-costureira da escola e já havia ocupado o cargo de musa da agremiação nos carnavais de 2017 e 2018.[167] Após dois anos cortando a verba pela metade, o prefeito Marcelo Crivella decidiu cortar integralmente a subvenção das escolas que desfilaram no Sambódromo.[168] A Mocidade foi a quinta e penúltima escola a se apresentar na segunda noite do Grupo Especial. Aos 89 anos de idade, Elza Soares participou do desfile, desfilando na última alegoria.[169][170] A escola conquistou a pontuação máxima na maioria dos quesitos, mas perdeu décimos em Fantasias e Bateria, ficando com o terceiro lugar do carnaval, dois décimos atrás da campeã Viradouro e da vice-campeã Grande Rio.[171] Elza recebeu o Estandarte de Ouro de personalidade.[172] O samba-enredo da escola, que tinha entre seus compositores Sandra de Sá, fazendo sua estreia no gênero, recebeu o Troféu Gato de Prata.[173][174]
2021/2022: "Batuque ao Caçador"
Após o carnaval de 2020, o carnavalesco Jack Vasconcelos se desligou da Mocidade, sendo substituído por Fábio Ricardo.[175] Por causa do avanço da Pandemia de COVID-19 em todo o mundo, o desfile das escolas de samba de 2021 foi cancelado, sendo a primeira vez, desde a criação do concurso, em 1932, que o evento não foi realizado.[176][177] Com o agravamento da pandemia, as escolas paralisaram as atividades presenciais nas quadras e barracões, mas seguiram se programando para o desfile futuro. Para o carnaval de 2022, Fábio Ricardo desenvolveu um enredo sobre Oxóssi e a bateria da Mocidade. O enredo era um pedido antigo da comunidade da escola, já que uma das marcas da Não Existe Mais Quente é o toque de caixa em homenagem à Oxóssi.[178][179] O concurso para escolher o samba-enredo da escola teve a participação de compositores famosos como Marcelo D2, Elza Soares, Sandra de Sá e Mariene de Castro.[180] Venceu a obra liderada por Carlinhos Brown, que pela primeira vez assinou um samba no carnaval carioca.[181] Com o retorno de Eduardo Paes à Prefeitura do Rio de Janeiro, a subvenção voltou a ser paga às agremiações.[182] No final de 2021, com a campanha de vacinação contra a COVID e a diminuição de mortes pela doença, as escolas retomaram os ensaios para o carnaval de 2022.[183] Em 20 de janeiro de 2022 morreu Elza Soares, homenageada pela escola em seu carnaval anterior.[184] Com o aumento dos casos de COVID no país devido ao avanço da variante Ómicron, o desfile das escolas de samba que ocorreriam no carnaval de 2022 foram adiados para abril do mesmo ano, durante o feriado de Tiradentes.[185] A Mocidade foi a terceira escola a se apresentar na segunda noite do Grupo Especial de 2022. Ritmistas da bateria desfilaram de cabeça raspada, repetindo o gesto realizado nos carnavais de 1976 e 2001.[186] A rainha da bateria, Giovana Angélica, também raspou a cabeça.[187] A escola teve problemas de evolução. Com dificuldade para se locomover, o carro abre-alas precisou ser desacoplado, o que gerou uma punição para a agremiação. O veículo chegou a bater na grade lateral da pista e precisou da força de vários integrantes para empurrá-lo.[188] O trono onde Elza Soares desfilaria, na última alegoria, passou vazio pela Sapucaí.[189] Com o desfile, a Mocidade obteve o oitavo lugar no carnaval, ficando de fora do Desfile das Campeãs pela primeira vez após quatro anos consecutivos.[190] O samba-enredo da escola recebeu diversos prêmios, a exemplo do Estandarte de Ouro, Gato de Prata, S@mba-Net e Sambario.[191][192][193][194]
2023: "Terra de Meu Céu, Estrelas de Meu Chão"
Para o carnaval de 2023, a Mocidade trocou o carnavalesco Fábio Ricardo por Marcus Ferreira (que estava na Viradouro).[196] O intérprete Wander Pires não chegou a um acordo com a escola, deixando a agremiação. Wander também era intérprete do carnaval de São Paulo e a Mocidade alegou que estava em busca de um cantor exclusivo para a escola.[197] Nino do Milênio (que estava no Tuiuti) foi contratado como novo intérprete da agremiação.[198] Com a saída dos coreógrafos Jorge Teixeira e Saulo Finelon da escola, Paulo Pinna foi contratado para coreografar a comissão de frente da agremiação.[199] Marcus Ferreira desenvolveu um enredo sobre os artesãos, discípulos de Mestre Vitalino, do Alto do Moura, bairro de Caruaru, em Pernambuco.[200] A situação financeira da escola gerou comentários durante todo o período do pré-carnaval, junto aos boatos de problemas no barracão, carros que poderiam ir à avenida mal-acabados, entre outros. Essas deficiências visuais acabaram se concretizando no domingo de carnaval, quando a escola entrou na avenida. As alegorias, em conjunto com uma evolução problemática, foram apontados como os pontos mais baixos da apresentação da agremiação.[201] A junção destes fatores deram à escola sua pior colocação em quatorze anos: um temido 11.º lugar. Durante alguns momentos da apuração, a Mocidade chegou a ocupar a parte mais baixa da tabela, conseguindo se salvar por pouco. Mesmo assim, em 27 de fevereiro, foi anunciado a renovação de Marcus Ferreira.
2024: "Pede Caju que Dou... Pé de Caju que Dá!"
A Mocidade promoveu mudanças em sua equipe para o carnaval de 2024. A escola dispensou o intérprete Nino do Milênio, contratando Zé Paulo Sierra, recém-saído da Viradouro.[202] Marquinho Marino deixou a direção de carnaval após seis anos, sendo substituído por uma comissão formada por Vânia Reis, Wilker Jorge e Marcelo Plácido, além do carnavalesco Marcus Ferreira. Sandro Menezes assumiu a direção de harmonia.[203] Fabíola de Andrade, esposa do presidente de honra da escola, Rogério Andrade, assumiu o posto de rainha de bateria.[204] A agremiação teria eleição presidencial em abril de 2023, mas uma decisão judicial suspendeu o processo eleitoral para apurar irregularidades no processo de recadastramento dos sócios ocorrido em 2022. A escola foi judicialmente impedida de realizar o lançamento de seu enredo para 2024, cancelando um evento previsto para a ocasião.[205] Cerca de um mês e meio depois, a escola conseguiu reverter a decisão judicial, e pode enfim divulgar seu enredo para 2024. Assinado pelo carnavalesco Marcus Ferreira, junto com o jornalista e escritor Fábio Fabato, "Pede Caju que Dou... Pé de Caju que Dá!" abordou as histórias, lendas e curiosidades sobre o caju.[206]
Trecho do samba-enredo de 2024 da Mocidade na voz de Zé Paulo Sierra.
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O samba-enredo do desfile, que tem entre seus compositores, Diego Nicolau, Paulinho Mocidade e Marcelo Adnet, fez sucesso, chegando ao topo da playlist Viral Rio de Janeiro, do Spotify, que seleciona os lançamentos mais populares entre os ouvintes da cidade do Rio de Janeiro.[207][208][209] Com letra fácil e bem humorada, o samba causou polêmica com o trecho "vou erguer um monumento para seu Luiz Inácio", que foi apontado pelo público como uma referência ao então presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, mas, segundo o enredo, fazia alusão a Luiz Inácio de Oliveira, pescador que plantou o maior cajueiro do mundo, segundo a tradição oral.[210] Pouco antes do carnaval, Zé Paulo e integrantes da Mocidade se apresentaram em um jantar para Lula, na casa do então prefeito do Rio, Eduardo Paes, onde cantaram o samba para o presidente.[211]
A Mocidade foi a primeira escola a se apresentar na segunda noite do Grupo Especial de 2024.[212][213] Especialistas elogiaram o desfile, mas apontaram problemas de evolução, especialmente por causa do carro abre-alas, que precisou ter o acoplamento serrado ao final do desfile para conseguir se locomover na área de dispersão. Enquanto diretores tentavam resolver o problema, a evolução da escola ficou travada. No final do desfile, componentes precisaram acelerar o ritmo para não ultrapassar o tempo máximo de apresentação.[214][215] Um dos destaques do desfile foi a comissão de frente de Paulo Pina, que inovou ao colocar uma componente, vestida de Carmem Miranda, na arquibancada, em meio ao público.[216] No julgamento oficial do carnaval, a Mocidade perdeu pontos em quase todos os quesitos, com exceção de Bateria e Mestre-Sala e Porta-Bandeira. O badalado samba-enredo perdeu um décimo; enquanto a Comissão de Frente perdeu dois. As maiores perdas foram em Evolução (seis décimos) e Enredo (oito décimos). A escola se classificou em décimo lugar.[217] A ala de passistas da agremiação recebeu os prêmios Estandarte de Ouro, S@mba-Net e Troféu Sambario.[218][219][220] Após o carnaval, a escola desligou o carnavalesco Marcus Ferreira e o coreógrafo Paulo Pinna.[221][222]
2025: "Voltando para o Futuro - Não Há Limites pra Sonhar"
Para o carnaval de 2025, a Mocidade anunciou o retorno dos carnavalescos Renato e Márcia Lage.[223]Marcelo Misailidis assumiu a Comissão de Frente e Mauro Amorim assumiu a direção de carnaval.[224][225] A coreógrafa dos casais da escola Vânia Reis, que no ano anterior havia ocupado cargo na comissão de carnaval, optou por seu desligamento após a dissolução da mesma.[226] Os demais quesitos foram mantidos. A Mocidade (através dos seus carnavalescos), optou por não levar para a avenida um enredo voltado para a temática afro, que será o caminho narrativo escolhido pela maior parte das agremiações do Grupo Especial para 2025.[227] O tema da escola é tido como uma viagem intergaláctica no qual se propõe a defesa de um manifesto pelo futuro da humanidade.[228][229]
"Mocidade Apresenta: Clube Literário Machado de Assis e Guimarães Rosa, Estrela em Poesia!" (Compositores do samba: Jefinho, Santana, Ricardo Simpatia, Marquinho Índio e Diego Rodrigues)
"Eu Vou de Mocidade com Samba e Rock in Rio, Por Um Mundo Melhor" (Compositores do samba: Domingos PS, Gustavo Henrique, Jefinho Rodrigues, Jorginho Medeiros, Marquinho Índio e Moleque Silveira)
"O Brasil de La Mancha - Sou Miguel, Padre Miguel. Sou Cervantes, Sou Quixote Cavaleiro, Pixote Brasileiro" (Compositores do samba: Domingos Pressão, J. Medeiros, Jonas Marques, Jefinho Rodrigues, Lauro Silva, Lero Pires, Marquinho Índio, Paulo Ferraz e Wander Pires)
"Namastê: a Estrela que Habita em Mim, Saúda a que Existe em Você" (Compositores do samba: Altay Veloso, Paulo César Feital, Zé Glória, J. Giovanni, Denilson do Rosário, Carlinhos da Chácara, Alex Saraiva e Leo Peres)
"Eu Sou o Tempo. Tempo É Vida" (Compositores do samba: Diego Nicolau, Jefinho Rodrigues, Marquinho Índio, Jonas Marques, Richard Valença, Roni Pit'sTop, Orlando Ambrosio e Cabeça do Ajax)
"Elza Deusa Soares" (Compositores do samba: Sandra de Sá, Igor Vianna, Dr. Márcio, Solano Santos, Renan Diniz, Jefferson Oliveira, Professor Laranjo e Telmo Augusto)
"Batuque ao Caçador" (Compositores do samba: Carlinhos Brown, Diego Nicolau, Richard Valença, Orlando Ambrosio, Gigi da Estiva, Nattan Lopes, J J Santos e Cabeça Do Ajax)
"Terra de Meu Céu, Estrelas de Meu Chão" (Compositores do samba: Diego Nicolau, Richard Valença, Orlando Ambrosio, Gigi da Estiva, W. Correa, Leandro Budegas e Cabeça do Ajax)
"Pede Caju que Dou... Pé de Caju que Dá!" (Compositores do samba: Diego Nicolau, Paulinho Mocidade, Marcelo Adnet, Richard Valença, Orlando Ambrosio, Gigi da Estiva, Lico Monteiro e Cabeça do Ajax)
"Voltando Para o Futuro - Não Há Limites pra Sonhar" (Compositores do samba: Paulo Cesar Feital, Cláudio Russo, Alex Saraiça, Denilson Rozario, Carlinhos da Chácara, Marcelo Casanossa, Rogerinho, Nito de Souza, Dr Castilho e Léo Peres)
A Mocidade é uma das maiores vencedoras do prêmio Estandarte de Ouro, considerado o "óscar do carnaval carioca". Também conquistou diversas premiações como Tamborim de Ouro, S@mba-Net, Estrela do Carnaval, Prêmio SRzd, entre outras. Em 2022, a Mocidade foi declarada como patrimônio cultural de natureza imaterial do Estado do Rio de Janeiro.[17] Em 2024, a bateria da escola também foi declarada patrimônio cultural imaterial do estado.[18]
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