Paraibana de Uiraúna, a professora Luiza Erundina assumiu interinamente o cargo de secretária municipal de Educação em Campina Grande em 1958, na administração do prefeito Elpídio Josué de Almeida.[3] Em 1966 formou-se assistente social na Universidade Federal da Paraíba, concluindo o mestrado em Ciências Sociais em 1969 na Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo.[4] Professora da Universidade Federal da Paraíba sob concurso público em 1970, foi impedida de assumir por ser considerada "subversiva". Mudou para São Paulo, foi aprovada num concurso para assistente social em 1971 e dois anos depois tornou-se professora nas Faculdades Metropolitanas Unidas, onde permaneceu nove anos. Nesse intervalo de tempo ajudou a reativar a Associação Profissional dos Assistentes Sociais de São Paulo, presidindo-a por três anos a contar de 1978.[4] Membro do PT na década seguinte, foi eleita vereadora na capital paulista em 1982 e candidata a vice-prefeita na chapa de Eduardo Suplicy em 1985 antes de eleger-se deputada estadual em 1986 e prefeita de São Paulo em 1988.[5][nota 2]
Nascido em São Paulo, o advogado Luiz Eduardo Greenhalgh formou-se pela Universidade de São Paulo em 1973.[6] Filiado ao MDB no ano seguinte, notabilizou-se por ser um dos fundadores do Comitê Brasileiro pela Anistia e coordenar o projeto Brasil: Nunca Mais, destinado a expor os crimes e as violações de direitos humanos ao longo do Regime Militar de 1964.[7] Eleito suplente de deputado federal pelo PT em 1986 e vice-prefeito da capital paulista na chapa de Luiza Erundina em 1988, assumiu o cargo de secretário municipal dos Negócios Extraordinários e foi efetivado deputado federal em 17 de setembro de 1990, mediante a renúncia de Plínio de Arruda Sampaio.[6][8][nota 3]
Campanha
Panorama geral
Naquele ano, o prefeito era o ex-presidente da República Jânio Quadros, eleito em 1985 pela coligação PTB-PFL, que tinha se desligado do mesmo.
Outro fato que marcou a eleição daquele ano foi a indefinição de Jânio sobre quem ele apoiaria, já que estava afastado do PTB e estava sem partido. Inicialmente, especulava-se que apoiaria Marco Antônio Mastrobuono (PTB), seu secretário de planejamento, ou João Mellão Neto (PL), secretário de Imprensa, e até mesmo Paulo Maluf (PDS). Mas Jânio decidiu apoiar o ex-secretário de habitação paulista, João Leiva (PMDB), tendo em vista uma possível candidatura presidencial no ano seguinte.
Na primeira eleição majoritária do PSDB, André Franco Montoro tinha sido escolhido o candidato da legenda. Como era o nome mais forte do partido na época, aparecia tecnicamente empatado com Maluf. No mês de agosto, porém, Montoro adoeceu e abandonou a corrida municipal. Houve uma sucessiva discussão de vários nomes para substituí-lo, como o então senador Covas. O então deputado José Serra, vice na sua chapa, tornou-se seu substituto. Para ocupar a vice, foi escolhida a deputada estadual Guiomar Namo de Mello, também do PSDB.
Outro fato que marcou aquela eleição foi a renúncia do ex-deputado Airton Soares (PDT), o que favoreceu a petista Luiza Erundina, a vencedora daquele pleito. Porém, seu nome continuou nas cédulas, já que a desistência aconteceu a uma semana da eleição e as cédulas haviam sido impressas 45 dias antes. Com isso, os votos do pedetista foram considerados válidos. Soares ficou em penúltimo lugar, com um pouco mais de 3,3 mil votos, à frente apenas do último colocado, Walter Zigrossi (PSP), com 2,2 mil votos.
Para a Câmara Municipal paulistana, a Coligação Partidos do Povo (PT, PCdoB e PCB) elegeu 18 candidatos, o maior número de vereadores, seguido pelo PMDB, com 9 eleitos e o PDS, com 8 eleitos. A Coligação Tucano - Seriedade e Democracia (PSDB, PTR, PSC, PCN e PV) e o PTB elegeria 5 vereadores cada, o PFL elegeria 4 vereadores, o PL elegeria 3 e o PDT, apenas um vereador.
Candidaturas anuladas
Aldo Colassurdo (PMC): sua tese de candidatura própria foi derrotada pelo apoio a Paulo Maluf (PDS). Nos últimos dias do horário gratuito de TV, porém, Colassurdo aparece no programa do seu partido divulgando imagens de candidatos a vereador da sigla com o nome de João Leiva (PMDB) na parte superior da tela, sinalizando um apoio informal da legenda ao peemedebista.
Ivo Noal (PRP): embora o TRE-SP tenha aceito seu registro de candidatura, Noal renunciou ao posto, fazendo com que seu partido (presidido por Ademar de Barros Filho na época), apoiasse Paulo Maluf - em especial, por causa do fanatismo ademarista do ex-prefeito.
Antônio Martins (PAS): teve a candidatura negada pela Justiça Eleitoral porque seu partido sequer tinha registro provisório no TSE.
Resultado da eleição para prefeito
Foram apurados 4.172.534 votos nominais (81,13%), 663.384 votos em branco (12,90%) e 306.884 votos nulos (5,97%), resultando no comparecimento de 5.142.802 eleitores.
↑Como o processo eleitoral foi deflagrado antes da Constituição de 1988, não foram observados os dois turnos, além disso a Carta Magna criou o estado do Tocantins e elevou os territórios federais do Amapá e Roraima à condição de estados, além de conceder ao Distrito Federal o direito de eleger o seu governador e extinguiu o Território Federal de Fernando de Noronha.
↑Para assumir como prefeita de São Paulo, Luiza Erundina renunciou à sua cadeira na Assembleia Legislativa em favor de Francisco Carlos de Souza.
↑Além dos 5.142.802 eleitores (93,02%) que foram às urnas, 385.602 (6,98%) abstiveram-se, resultando em 5.528.404 eleitores aptos a votar na cidade de São Paulo.