O Trem Urbano de Juiz de Fora, mais conhecido como Trem Xangai foi administrado em seus últimos anos pela RFFSA, atendia os municípios de Juiz de Fora e Matias Barbosa, possuía 7 estações e 5 paradas, contava com cerca de 36,5 km de extensão e chegou a transportar cerca de 1.400 usuários/dia.[1][2]
História
O trem urbano foi criado para atender Juiz de Fora como trem de subúrbios pela Estrada de Ferro Central do Brasil em 1923[3], através do desmembramento dos serviços suburbanos dos de longo percurso na região.[1]
Foi o um dos únicos sistemas de trens urbanos da época que não passou para a administração da CBTU, que apesar da considerável demanda, seu sistema era deficitário . Nos anos 1990 a Rede Ferroviária Federal (RFFSA) realizou investimentos no trem visando atender a demanda futura de passageiros e cargas da fábrica da Mercedes Benz que encontrava-se em implantação em Juiz de Fora. O Trem Urbano (chamado de "Xangai" pela população) foi reinaugurado pelo presidente Itamar Franco em dezembro de 1994. Além do trem urbano, foi recriado o serviço Expresso da Mantiqueira (realizados por automotrizes Budd).[2] Com o processo de privatização da malha da RFFSA ocorreram as primeiras ameaçadas de desativação do trem.[4] Em setembro 1996 o Tribunal de Contas da União recomendou ao governo federal que mantivesse a operação do trem urbano de Juiz de Fora:
"......apesar de ser deficitário, exerce importância para várias classes da sociedade, pois atende aos moradores ao longo da via que vão para as cidades, aos alunos do Colégio Militar de Juiz de Fora e tem compromisso com a fábrica da Mercedes-Benz, a ser implantada no local, para transportar seus funcionários até o Distrito Industrial. Também está contemplado no Plano de Transportes Urbanos de Juiz de Fora, que utilizará a mesma via para futura instalação do metrô de superfície da cidade.Por essas considerações, o trem Xangai deve ser mantido em circulação, operado pela RFFSA ou por terceiros (convênio com a Prefeitura ou com o Estado), conforme consta do Edital, pois sua retirada de circulação causará impacto social negativo..."
— Trecho da Decisão 559/1996, do ministro do TCU Fernando Gonçalves, parte do Processo 022.881/1992-1 do Tribunal de Contas da União[5]
Atrasos na implantação fábrica da Mercedes e a concessão da malha da RFFSA na região para a MRS Logística fizeram com que o trem fosse desativado, contrariando o TCU e sob protestos da população, em 31 de dezembro de 1997.[3]
Características do Sistema
Este sistema contava em seus últimos anos de operação com um total de 7 estações e 4 paradas e uma extensão total de 36,5 km formado em sua totalidade por vias em superfície. Os veículos deste sistema trafegavam a uma velocidade média de 30 km/h. A bitola da linha é de 1600 milímetros em via singela e o combustível dos trens era o diesel.[6]
Os primeiros trens dos subúrbios de Juiz de Fora eram formados por locomotivas à vapor do tipo 2-8-2 “Mikado” e carros de passageiros de madeira, principalmente de segunda classe (mais adequados para o transporte de subúrbios). Os carros de madeira operaram até meados da década de 1970 quando foram substituídos por carros de Aço cortenPidner puxados por locomotivas à diesel de manobras como a RS-1, RS3 e U5B (que substituíram a tração à vapor na década de 1950).[6][8][9]
A última alteração de frota se deu nos anos 1970 quando novas locomotivas diesel dos modelos U20C, U23C e SD18/38M e carros de passageiros de aço carbono “Santa Matilde”, construídos entre os anos 1950/1960. Em 1994 os carros Santa Matilde passaram por reforma e receberam janelas maiores (tipo Padron).[6][2]
↑ abFM Itataia (20 de julho de 2000). «trem Xangai». Acessa. Consultado em 14 de janeiro de 2020
↑Marcelo Moreira (20 de setembro de 1996). «Consórcio não plano para os passageiros». Jornal do Brasil, ano CVI, edição 165, página 25/ republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. Consultado em 14 de janeiro de 2020
↑«Decisão 559-1996». Tribunal de Contas da União. 4 de setembro de 1996. Consultado em 14 de janeiro de 2020
↑ abcdHugo Caramuru (1 de junho de 1993). «Xangai ainda resiste». Centro Oeste. Consultado em 14 de janeiro de 2020
↑Estrada de Ferro Central do Brasil (16 de setembro de 1950). «Novos horários da Central na cidade». Folha Mineira, ano XVI, edição 993, página 2/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. Consultado em 14 de janeiro de 2020
↑Rede Ferroviária Federal (1978). «Transporte ferroviário de passageiros:subúrbios (1973-1977)». Anuário Estatístico dos Transportes-Geipot/Memória Estatística do Brasil-Biblioteca do Ministério da Fazenda no Rio de Janeiro-republicado pelo Internet Archive. Consultado em 14 de janeiro de 2020
↑Rede Ferroviária Federal (1982). «Transporte ferroviário de passageiros:subúrbios (1977-1980)». Anuário Estatístico dos Transportes-Geipot/Memória Estatística do Brasil-Biblioteca do Ministério da Fazenda no Rio de Janeiro-republicado pelo Internet Archive. Consultado em 14 de janeiro de 2020
↑Rede Ferroviária Federal (1985). «Transporte ferroviário de passageiros:subúrbios (1980-1984)». Anuário Estatístico dos Transportes-Geipot/Memória Estatística do Brasil-Biblioteca do Ministério da Fazenda no Rio de Janeiro-republicado pelo Internet Archive. Consultado em 14 de janeiro de 2020
↑Rede Ferroviária Federal (1986). «Transporte Realizado-Passageiros:Subúrbio (1985)». Anuário Estatístico da RFFSA/Memória Estatística do Brasil-Biblioteca do Ministério da Fazenda no Rio de Janeiro-republicado pelo Internet Archive. Consultado em 14 de janeiro de 2020