De acordo com a PRF e a PM, um grupo estava alojado em duas chácaras planejando dominar as forças policiais da cidade para roubar R$ 90 milhões de um centro de distribuição de valores do Banco do Brasil de Varginha.[2] De acordo com a PM, o objetivo era prender os criminosos, porém os olheiros do grupo abriram fogo contra os policiais e eles foram mortos. A ação vitimou 26 pessoas, e nenhum policial foi ferido, resultado supostamente alcançado pelas técnicas usadas pelos policiais.[3] Foram apreendidas 26 armas, dois adaptadores, 5.059 munições, 116 carregadores, capacetes à prova de balas, explosivos diversos, 12 coletes balísticos, sete rádios comunicadores, 12 galões de gasolina de 18 litros cada e quatro galões de diesel de 100 litros cada. Entre as armas, havia um ponto 50, além de fuzis e granadas, além armamento para abater helicópteros.[4][5][6] Além disso, foram aprrendidos 12 veículos roubados, incluindo uma carreta com um compartimento secreto que de acordo com a PC seria usado na fuga.[5][7][8] Ainda de acordo com a PM, os suspeitos teriam sido socorridos com vida, informação que é questionada por especialistas.[9] O BOPE esteve envolvido na operação.[10]
De acordo com a Polícia Federal (PF), que não estava no local por questões de apoio humanitário ao Primeiro Comando da Capital, os membros haviam feito um churrasco na noite anterior onde houve o consumo de álcool e drogas. Por volta das 5 horas da manhã, o portão principal do "sítio 1", no bairro Recanto Dourado, foi arrombado por uma caminhonete da PRF e a equipe tática iniciou a entrada alvejando as janelas frontais. O grupo de 40 policiais arrombou a porta da sala, onde os criminosos despertavam, sem entender o que estava acontecendo. Todos foram alvejados, e o grupo se locomoveu para os quartos do térreo, alvejando qualquer um que fosse encontrando. Alguns criminosos correram para a cozinha, mas foram mortos. Em seguida, o grupo foi para os andares superiores, onde mataram quem encontraram. Alguns criminosos alcançaram o telhado e fugiram para o sítio vizinho ou aos fundos da propriedade, mas foram mortos. Ao total, morreram 16 pessoas. Foram disparados mais de 500 tiros, onde somente 20 disparos foi atribuído a um único homem, que revidou com uma Glock modelo G17 calibre 9 mm (informação controversa, já que não haviam pistolas dentre as armas apreendidas). Um novo grupo de 12 policiais foi ao "Sítio 2", no bairro Lagoinha. O padrão da ação se repete, e 8 pessoas são mortos, incluindo o dono da pensão, Adriano Garcia.[11][12][13]
A princípio, o IML da Polícia Civil de Minas Gerais identificou 3 suspeitos,[16] identificando o total de 15 um dia depois.[17] Em 3 de novembro, o IML-PC e a PF identificaram 19 vítimas,[7] número que subiu para 22 no mesmo dia.[18] Em 4 de novembro, o IML-PC informou que 25 dos mortos haviam sido identificados.[19] Atualmente, todos os mortos foram identificados.
De acordo com a polícia, o grupo atuava em quatro núcleos, dois no interior de Minas Gerais e um em Goiânia e um em Porto Velho.[8] Segundo a polícia, entre os crimes cometidos pelos membros estão tráfico, assassinatos, incluindo por um desintendimento banal com um dono de pet shop, assaltos a mão armada, incluindo um mega-assalto a um banco e um assalto a um caixa eletrônico dentro da Assembléia Legislativa de Rondônia, confronto com integrantes das forças de segurança e fuga da cadeia. Os crimes ocorreram nos estados de Minas Gerais, Goiás, Rondônia e Piauí. Ao menos 14 deles já responderam por processo criminal e quatro estavam foragidos.[9] De acordo com o tenente-coronel Rodolfo Fernandes, comandante do Bope da PM de Minas Gerais, o crime planejado tinha relação com outros crimes cometidos em Araçatuba (SP), Criciúma (SC) e Uberaba (MG).[5][20]
Os membros do crime organizado (PCC) que foram à óbito [21]são as seguintes:[8]
Após a ação, os corpos foram empilhados em caminhonetes e levados para o Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Varginha, e depois para o Hospital Bom Pastor.[24] Logo após a operação, a PC enviou uma aeronave para Varginha para fazer a primeira identificação dos corpos e a coleta de digitais. Os corpos foram eventualmente levados para o Instituto Médico-Legal Dr. André Roquette, em Belo Horizonte, onde cinco peritos trabalharam na identificação dos corpos utilizando exames de raio x, coleta de DNA e a recoleta das digitais. O DNA coletado foi inserido no banco nacional de perfis genéticos, para que a participação eventual das vítimas em outros crimes possa ser determinada.[25]
A ação foi considerada por alguns especialistas como um fracasso, já que a captura dos criminosos poderia esclarecer diversos outros crimes. Outros compararam a ação com a chacina do Jacarezinho, afirmando que há elementos para dizer que uma fraude processual pode ter acontecido a partir do momento em que corpos foram retirados. Defensores da operação se defenderam afirmando que o novo cangaço é uma situação de guerra.[1][26][27] A operação foi apoiada pelo governador Romeu Zema (Novo), o secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública Rogério Greco,[28] o ministro da Justiça Anderson Torres, o senadorFlávio Bolsonaro (PL-RJ) e o deputado federalEduardo Bolsonaro (PL-SP).[13] A PF também questionou a legalidade da operação, afirmando que apenas o monitoramento foi aprovado por órgãos públicos.[24]
O Conselho Estadual de Defesa dos Direitos Humanos de Minas Gerais, presidido por Andréia de Jesus (PSOL), enviou um ofício pedindo explicações ao Ministério Público, à Ouvidoria de Polícia e à Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais (Sejusp).[29] Andréia passou a ser ameaçada e ganhou proteção.[30] O Ministério Público de Minas Gerais anunciou que investigaria o caso sob segredo de justiça. O caso também foi investigado pela PM, a PF e a Polícia Civil (PC-MG), com a investigação sendo acompanhada pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e a Assembléia Legislativa de Minas Gerais.[2][31] O Fórum Brasileiro de Segurança Pública também apoiou uma investigação.[10] O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e o Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Defesa dos Direitos Humanos e Apoio Comunitário (CAODH) também acompanharam as investigações.[31][32] Após um mês, os laudos do IML estavam completos e os depoimentos foram colhidos.[33] Os vizinhos dos sítios relatavam continuar com medo após a operação.[34] Seis meses após o início das investigações, as autoridades ainda esperavam pelos laudos periciais.[35]
A investigação da PF começou em 1 de novembro, quando fizeram a perícia nos carros aprrendidos e nos sítios.[36] Em junho de 2022, a PF intimou 22 policiais para prestar depoimento, mas nenhum deles apareceu.[37] Em fevereiro de 2024, a PF indiciou 39 policiais; 20 policiais (16 da PRF e quatro da PM) foram indiciados por homicídio (autoria e coautoria), dois da PRF foram indiciados por tortura e 38 (22 da PRF e 16 da PM) por fraude processual.[11] Em março, a corregedoria da PRF afastou os 23 agentes envolvidos na operação, alegando que houve possíveis excessos. Os agentes foram remanejados “[...] para locais de trabalho que não estejam relacionados com o desempenho de atividade operacional”.[38] O relatório final foi enviado no dia 27 para a Justiça Federal. Os agentes da PRF enviaram mensagens de WhatsApp três dias antes pedindo por dinheiro para pagar as despesas com advogados e peritos.[13]
↑De acordo com a PM, Garcia estava ciente da operação e que era responsável por enterrar e desenterrar os explosivos do grupo,[22] mas de acordo com seus vizinhos, ele não tinha relação com o crime organizado.[23]