Zélia Cardoso de Mello
Zélia Maria Cardoso de Mello GOMM (São Paulo, 20 de setembro de 1953) é uma professora, acadêmica e economista brasileira. Foi ministra da Fazenda durante o Governo Collor. Entre 1991 e 1998, teve um relacionamento com o ator e humorista Chico Anysio, com quem teve seus dois filhos, Rodrigo e Vitória.[2] Em 1995, lançou junto com o marido a revista feminina Victoria. A família mudou-se em 1997 para Nova Iorque, onde Zélia atualmente reside com os filhos e trabalha prestando assessoria.[3] BiografiaFormada pela Universidade de São Paulo, na década de 70 trabalhou na Cecap (Caixa Estadual de Casas para o Povo) em São Paulo.[4] Em 1976-77 foi economista na Companhia Estadual de Casas Populares (CECAP). Foi analista senior do Banco Auxiliar de São Paulo (1977/78) e consultora da empresa Dummont Assessoria e Planejamento SC Ltda., (São Paulo, 1978). Em 1981/82 atuou como economista junto à Embaixada do Brasil em Londres. Integrou o Conselho Fiscal da Companhia Energética Paulista (CESP) (1983/1987) e assumiu a Diretoria Financeira administrativa da Companhia de Desenvolvimento Habitacional de São Paulo (1984/1986), ambos os cargos no governo Franco Montoro.[5] Em agosto de 1990, como ministra, Zélia foi admitida por Collor à Ordem do Mérito Militar no grau de Grande-Oficial especial.[1] Em 1995, Zélia foi absolvida pelo Supremo Tribunal Federal das acusações de crime contra a administração pública durante o Governo Collor, conforme decisão proferida no inquérito n. 785 de relatoria do Ministro Ilmar Galvão.[6] Foi casada com Chico Anysio entre 1992 e 1998. MinistraZélia foi empossada em 15 de março de 1990, na posse do presidente Fernando Collor na Presidência, já no dia seguinte, em uma coletiva tumultuada e confusa no auditório do Ministério da Fazenda em Brasília, a então ministra ao lado de seus assessores Antônio Kandir e Ibrahim Eris, anunciou o Plano Collor, “São medidas duras e profundas” falou ela,[7] inicialmente chamado de Plano Brasil Novo, mas depois o nome original foi abandonado por não ter "pegado" na população, os rumores sobre a divulgação de alguma medida de impacto começaram a circular quando, a pedido de Collor, o ainda presidente José Sarney decretou feriado bancário de três dias (14, 15 e 16 de março). ConfiscoPor meio da Medida Provisória 168, 15/3/1990, depois Lei nº 8.024, 12/4/1990, a medida mais controversa e conhecida, três dias antes, a própria Zélia havia descartado a possibilidade de um confisco, o bloqueio de saques de aplicações financeiras maiores do que 50 mil cruzados novos, o equivalente a algo como R$ 18 mil em 2020,[8] os valores em cruzados novos bloqueados ficariam recolhidos ao Banco Central por 18 meses, recebendo juros de 6% ao ano mais correção monetária e seriam liberados em 12 parcelas mensais a partir do 19º mês. O confisco que tinha como objetivo fazer um intenso corte no fluxo monetário na economia para frear a inflação[9] que estava em cerca de 80% ao mês, em um primeiro momento, o pacote econômico surtiu efeito, em março de 1990, apenas uma semana depois do anúncio, uma pesquisa do Instituto Datafolha, revelou que 81% dos entrevistados avaliaram o Plano Collor como "bom", de 84%, a inflação despencou para 3%, porém, em junho, subiu para 9% e, no mês seguinte, voltou para a casa dos dois dígitos, para 12%.[10] A própria Zélia contou em sua biografia, Zélia, uma paixão, o livro de Fernando Sabino, escrito a partir de informações dadas pela própria Zélia, traz que a poupança só foi incluída no bloqueio no último momento - a princípio, a medida atingiria apenas as aplicações do overnight - e o valor a ser confiscado só foi decidido na noite anterior ao anúncio, durante uma festa-surpresa no resort Academia de Tênis, às margens do Lago Paranoá, os valores de 20 mil e 70 mil também foram cogitado, o livro diz: "Sempre que tem um problema, Zélia gosta de dar uma trégua para se distrair, deixando o subconsciente trabalhar. Escreveu num papel os números 20, 50 e 70 e voltou à festa", escreveu Sabino. "Ao regressar, havia optado pelos 50 mil".[3] Outras medidas
Segundo o acadêmico Carlos Eduardo Carvalho, Professor do Departamento de Economia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, a medida política que ficou conhecida como confisco, não fazia parte, originalmente, do Plano Collor e tem origens num consenso entre os candidatos à presidência da época: Fernando Collor, Ulysses Guimarães e Luiz Inácio Lula da Silva.[11][9] Com Zélia Cardoso de Mello, o Brasil conheceu uma época de mudanças, marcando "uma revolução" [12] em vários níveis da administração pública e na macroeconomia: privatização, abrindo-se pela primeira vez às importações, modernização industrial e tecnológica, redução da dívida do setor público, controle da hiperinflação e uma explosão na demanda.[13][14] O Plano Collor foi seguido pelo governo sucessor como por exemplo na esfera das privatizações.[15]
Ela deixa o ministério em 10 de maio de 1991, sendo substituída pelo economista Marcílio Marques Moreira.[17] PublicaçõesÉ autora de inúmeros artigos publicados em revistas brasileiras e estrangeiras. Lançou em 1985 o livro Metamorfoses da Riqueza São Paulo 1845-1895.[5] Ver tambémReferências
Ligações externas
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