Rollback
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Rollback ('reversão') em ciência política, é uma estratégia geopolítica que consiste em forçar uma mudança nas principais políticas de um Estado, geralmente, substituindo o regime vigente. Contrasta com o termo contenção, que significa evitar a expansão daquele Estado, e com détente, que corresponde a uma relação de trabalho com aquele Estado. A maior parte das discussões de rollback na literatura acadêmica refere-se à política externa dos Estados Unidos em relação aos países comunistas durante a Guerra Fria. A estratégia de rollback foi tentada na Guerra da Coreia (1950) e em Cuba, na Invasão da Baía dos Porcos (1961), sem sucesso, mas teve êxito no episódio da invasão de Granada, em 1983. Na Segunda Guerra Mundial, o rollback de governos considerados hostis aos EUA também foi usado, em 1943, contra a Itália fascista e, em 1945, contra a Alemanha Nazista e o Império do Japão.[1][2] Em 2001, a mesma estratégia foi usada no Afeganistão (contra o Taliban) e, 2003, no Iraque (contra Saddam Hussein). Quando usado contra um governo estabelecido, o rollback é, às vezes, denominado "mudança de regime".[3] Rollback na Guerra FriaNa linguagem estratégica militar estadunidense, a estratégia de rollback significa destruir o exército inimigo e ocupar o país, tal como foi feito na Guerra Civil Americana (no setor dos Confederados) e na Segunda Guerra Mundial, contra a Alemanha e o Japão. A noção de rollback militar contra a União Soviética foi proposta pelo estrategista conservador James Burnham[4] e outros estrategistas, no pós-guerra (final da década de 1940), e pela administração Truman, contra a Coreia do Norte, durante a Guerra da Coreia (ver: Doutrina Truman). Em 7 de Maio de 1945 (véspera da Dia da Vitória na Europa) em conferência na Áustria com Robert P. Patterson, futuro secretário da guerra,[5] O general George Patton declarou:
O governo dos Estados Unidos também chegou a considerar o rollback, durante a Revolta de 1953 na Alemanha Oriental e na Revolução Húngara de 1956, mas descartou essa possibilidade, considerando o risco de um conflito direto com a União Soviética.[7][8] Afinal, em vez de um rollback militar ostensivo, os Estados Unidos se concentraram principalmente na guerra psicológica de longo prazo e na assistência militar, aberta ou clandestina, para deslegitimar regimes pró-comunistas e ajudar os insurgentes. Essas iniciativas começaram já em 1945 na Europa Oriental, e incluíram o fornecimento de armas aos combatentes pela independência, nos Estados bálticos e na Ucrânia. Outro iniciativa precoce foi contra a Albânia, em 1949, após a derrota das forças comunistas na Guerra Civil Grega, naquele ano. Nesse caso, um grupo de agentes foi enviado pelos britânicos e pelos americanos para tentar provocar uma guerra de guerrilha, mas a operação foi denunciada aos soviéticos pelo agente duplo britânico Kim Philby, o que levou à captura ou morte imediata dos agentes.[9] CoreiaNa Guerra da Coreia, os Estados Unidos e a Organização das Nações Unidas endossaram oficialmente uma política de rollback do regime norte-coreano, e forças da ONU cruzaram o paralelo 38.[10] O governo chinês reagiu, e as forças da ONU foram obrigadas a recuar de volta ao paralelo 38. O fracasso da estratégia de rollback contribuiu para a decisão dos EUA de voltar à estratégia alternativa de contenção, apesar de sua defesa pelo general Douglas MacArthur, mudou o compromisso dos Estados Unidos com a détente sem rollback.[11][12] ChinaUm esforço mais ambicioso foi feito em novembro de 1950, na chamada Operação Paper,[13] que incluía o fornecimento de armamento às tropas chinesas nacionalistas, no leste da Birmânia, para a Divisão 93 sob o comando do general Li Mi, com o objetivo de invadir a província chinesa de Yunnan. Todas as curtas investidas de Li Mi contra a China foram rapidamente repelidas, e depois de mais um fracasso, em agosto de 1952, os Estados Unidos começaram a reduzir seu apoio.[14] Administração ReaganVer artigo principal: Política externa do governo Ronald Reagan
A estratégia de rollback ganhou significativo espaço nos Estados Unidos, durante a década de 1980. O governo Reagan, instado pela Heritage Foundation e outros conservadores estadounidenses influentes a armar movimentos como os Mujahedin, no Afeganistão, os Contras, na Nicarágua, e outros, em Angola e no Camboja. Os Estados Unidos invadiram a ilha de Granada em 1983, para, alegadamente, proteger cidadão americanos que ali viviam e restaurar o governo constitucional, derrubado por um golpe.[15][16] A invasão se deu apesar de a Carta da ONU proibir o uso da força pelos Estados membros, exceto em casos de autodefesa ou quando autorizado pelo Conselho de Segurança da ONU. O Conselho de Segurança da ONU não havia autorizado a invasão.[17][18][19][20] Da mesma forma, a Assembléia Geral das Nações Unidas adotou a Resolução 38/7 da Assembléia Geral (por 108 votos a 9, com 27 abstenções), que "lamenta profundamente a intervenção armada em Granada, que constitui uma flagrante violação do direito internacional".[21] Uma resolução semelhante no Conselho de Segurança das Nações Unidas recebeu amplo apoio, mas foi vetada pelos Estados Unidos.[22][23] A prática dessas intervenções no Terceiro Mundo, por parte do governo Reagan, visando fazer frente à influência global da União Soviética, no final da Guerra Fria, foi a marca da chamada Doutrina Reagan.[24] Seus críticos argumentam que a Doutrina Reagan levou a uma intensificação desnecessária dos conflitos em países periféricos, além de provocar efeitos de blowback (consequências indesejadas de uma operação de rollback).[25] Assim, ao facilitar a transferência de grandes quantidades de armas para várias partir do mundo e treinar líderes militares nessas regiões, a Doutrina Reagan acabou por fortalecer alguns movimentos políticos e militares que acabaram por se virar contra os Estados Unidos, a exemplo da Al-Qaeda no Afeganistão. Por outro lado, a União Soviética acabou por abandonar a guerra do Afeganistão. O apoio americano aos rebeldes ajudou a drenar os cofres soviéticos e a esgotar seus recursos humanos, contribuindo para a crise geral da nação e, finalmente, para sua desintegração.[26][27] Ver também
Referências
Leitura adicional
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