Tentativa de golpe de Estado na Somália em 1978

Tentativa de golpe de Estado na Somália em 1978
Guerra Fria

Localização da Somália dentro da União Africana.
Data 9 de Abril de 1978
Local Mogadíscio, República Democrática da Somália
Desfecho Tentativa de golpe falha
Beligerantes
Governo da Somália Facção militar

Suposto apoio:

Comandantes
Siad Barre Mohamed Osman Irro
Abdullahi Yusuf Ahmed
Forças
  24 oficiais[1]
2.000 soldados[1]
65 tanques[1]
17 golpistas executados.

A tentativa de golpe de Estado na Somália em 1978 foi uma violenta tentativa de golpe militar ocorrida na Somália (então República Democrática da Somália) em 9 de abril de 1978 [2] contra o regime do presidente Siad Barre. A Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos estimou que o golpe, liderado pelo coronel Mohamed Osman Irro, envolveu cerca de 24 oficiais, 2.000 soldados e 65 tanques. Após o golpe fracassado, 17 supostos líderes, incluindo Osman, foram sumariamente executados por um pelotão de fuzilamento.

Antecedentes

A tentativa de golpe foi encenada por um grupo de oficiais do Exército descontentes, liderados pelo coronel Mohamed Osman Irro, na sequência da desastrosa Guerra de Ogaden contra a Etiópia (então governada pelo Derg liderado por Mengistu Haile Mariam). A guerra foi iniciada por Siad Barre, que assumiu o poder uma década antes, no golpe de Estado de 1969. [3]

Um memorando da Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos (CIA) escrito no mês seguinte especulou que o golpe ocorreu em resposta à ordem de Barre para a prisão e execução de oficiais que participaram da Guerra de Ogaden. Os oficiais acreditavam que Barre tinha intencionalmente usado tropas de outros clãs como "bucha de canhão", enquanto oficiais de seu próprio clã Marehan recebiam ordens mais seguras. O relatório concluiu que os oficiais envolvidos no golpe "foram motivados pelo menos tanto por animosidades étnicas de longa data em relação a Barre quanto pelo desencanto com seu regime após o fiasco de Ogaden". [1]

Golpe

Siad Barre por volta de 1970

O golpe foi lançado em 9 de abril de 1978. [3] A maior parte do combate terminou no mesmo dia. [1]

Um tiroteio eclodiu no vilarejo de Afgoy, ao sul da capital Mogadíscio, e disparos de armas de fogo pequenas e explosões foram ouvidas nos arredores da capital. [3] O golpe foi originalmente planejado para começar em Hargeisa, porém Barre provavelmente teve conhecimento do complô com antecedência e foi capaz de interromper o golpe antes de ser lançado, bem como posicionar forças leais a si na capital. [1]

A CIA estimou que o golpe envolveu cerca de 24 oficiais, 2.000 soldados e 65 tanques. [1]

Resultado

Após o golpe fracassado, 17 supostos líderes, incluindo Osman, foram sumariamente executados por um pelotão de fuzilamento. [4] Todos, menos um dos executados, eram membros do clã Majeerteen, que reside principalmente no nordeste da Somália. Barre usou o golpe como justificativa para expurgar os membros dos clãs envolvidos no golpe do governo e de posições militares. [1]

Um dos conspiradores, o tenente-coronel Abdullahi Yusuf Ahmed, fugiu para a Etiópia [5] e fundou uma organização anti-Siad Barre inicialmente chamada de Frente de Salvação Somali (FSS; posteriormente, Frente Democrática da Salvação Somali, FDSS), [6] iniciando a Rebelião Somali (1986–1992) e, posteriormente, levando a eclosão da Guerra Civil Somali.

Alegação de envolvimento do Bloco Oriental

Barre atribuiu a tentativa de golpe ao Bloco Oriental, nomeadamente União Soviética e Cuba, países que apoiaram a Etiópia na Guerra de Ogaden, chamando-os de "novos imperialistas". [3] A CIA determinou que a União Soviética não estava por trás da tentativa de golpe, mas estava tentando remover Barre. [1] Imediatamente após o golpe, a Somália começou a receber ajuda estrangeira da República Popular da China. [7]

Referências

  1. a b c d e f g h i «The Coup Attempt in Somalia: Background» (PDF). cia.gov. Central Intelligence Agency. 8 de Maio de 1978 
  2. «Coup in Ethiopia Seems to Be a Failure, Diplomats Say». The Washington Post. 10 de Abril de 1978 
  3. a b c d «SOMALI REGIME SAYS IT CRUSHED A REVOLT BY MILITARY OFFICERS». The New York Times. 10 de Abril de 1978 
  4. «1978: Seventeen officers in Somalia». ExecutedToday.com. 26 de outubro de 2010 
  5. New People Media Centre (Nairobi, Kenya), New people, Issues 94–105, (New People Media Centre: Comboni Missionaries, 2005).
  6. Nina J. Fitzgerald, Somalia: issues, history, and bibliography, (Nova Publishers: 2002), p.25.
  7. «28. Somalia (1960–present)». uca.edu. University of Central Arkansas