Expurgo (português brasileiro) ou purga (português europeu) é o processo de expurgar, expelir, expulsar, exilar ou eliminar algo, no sentido de desfazer-se de um problema e colocar para fora um objeto com conotação negativa.[1]
Em política, a palavra descreve recursos utilizados por entidades (principalmente partidos políticos, sindicatos e movimentos) para remover de seus quadros os militantes que firam as regras ou os princípios do grupo, que tenham ferido normas internas ou que contrariem a orientação coletiva. Às vezes, mas não por via de regra, os expurgos podem resultar de perseguições e injustiças cometidas por líderes políticos contra seus adversários ou dissidentes. Muitos militantes e teóricos contestam a legitimidade do expurgo como forma de garantir a coesão interna do partido, principalmente aqueles prejudicados por este processo. Para estes críticos, o expurgo é uma tática violenta para reprimir a oposição interna. Para os defensores deste recurso, no entanto, o expurgo é necessário para punir traidores e renovar os quadros do partido. Embora rara, a restauração (às vezes póstuma) da legitimidade de pessoas expurgadas pode ocorrer e é um processo conhecido como reabilitação.
História
O termo ganhou uso disseminado para se referir ao Grande Expurgo, o processo de reforma interna realizado pelo Partido Comunista da União Soviética entre 1936 e 1937. Na ocasião, foram expulsos do Partido e do país vários militantes da chamada "Velha Guarda Bolchevique", revolucionários pioneiros e militantes ativos e, após processos judiciais (reunidos nos chamados Processos de Moscou), vários foram condenados a penas severas como exílio, trabalho forçado, prisão perpétua e morte.[2]
Um dos mais famosos expurgos da História, no entanto, foi o chamado período do Terror, vigente na França após a Revolução de 1792 e ocorrido durante o governo de Robespierre e da facção jacobina. Na ocasião, o expurgo (simbolizado pelo uso intensivo da guilhotina para execução de condenados) atingiu centenas de nobres, aristocratas, burgueses mas também cidadãos comuns que discordavam da violência estatal.[3]
Na China também houve expurgos após a revolução de 1949, afastando do poder os elementos ligados ao regime do Kuomintang. O mesmo voltou a ocorrer após os distúrbios de 1989 na Praça da Paz Celestial, com o afastamento de Zhao Ziyang, que tentara tomar o poder usando os manifestantes.[4]
Ainda na esfera socialista, houve expurgos em vários países do Leste Europeu no período entre 1945 e 1956 (desde o fim da Segunda Guerra e a ascensão dos partidos comunistas até a desestalinização de Khruschov). Na Hungria, líderes não-comunistas ou mesmo comunistas como Rajk e Kádár foram expurgados no governo de Rákosi. Na Iugoslávia, por outro lado, houve expurgo de stalinistas e dissidentes de direita, como Milovan Djilas. Muitos deles foram enviados como prisioneiros para a ilha de Goli Otok.
Ver também
Referências