Província de Santa CatarinaA Província de Santa Catarina foi uma província do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, e posteriormente do Império do Brasil, tendo sido criada em 28 de fevereiro de 1821 a partir da Capitania de Santa Catarina. CriaçãoProclamada a independência, a notícia chegou à capitania de Santa Catarina a 7 de outubro de 1822 e foi recebida com simpatia por parte das câmaras do Desterro (atual Florianópolis), Laguna, São Francisco do Sul e Lages. Santa Catarina, já com o título de província, aderiu ao movimento constitucional, elegendo seu representante às Cortes de Lisboa o Padre Lourenço Rodrigues de Andrade, que assinou a Constituição do Reino Unido em 1822. Em seguida cooperou a província com as demais no movimento da independência, elegendo deputado à constituinte brasileira, em 1823, Diogo Duarte Silva. Em decorrência da Carta Imperial de 1824, passou a ser governada por presidentes nomeados pelo poder central. Logo após a aceitação dessa constituição, instalou-se o Conselho Provincial e, até 1889, foram 39 os que ocuparam o executivo. Em 1834, o Ato Adicional transformou o Conselho em Assembleia Provincial, com poderes muito mais amplos. Mapa da Província
Imigração europeiaFoi em Santa Catarina que a imigração europeia produziu resultados mais promissores, quer o de iniciativa oficial, quer o particular. Do primeiro tipo foram: São Pedro de Alcântara, de alemães (1829); Itajaí, de nacionalidades diversas (1836); Piedade, de alemães (1847); Santa Tereza (1854), com soldados agricultores, destinada à ligação entre Lages e a capital; Teresópolis, de alemães (1860); Brusque, idem (1860); Angelina, de diversas nacionalidades (1862); Azambuja, de italianos (1877); Luís Alves, de diversas nacionalidades (1877). De iniciativa particular foram: Nova Itália, de italianos (1836); Flor da Silva, com elementos mistos (1844); Blumenau, com alemães (1850); D. Francisca, com alemães (1851), que deu origem à cidade de Joinville; Leopoldina, com nacionais, belgas, e alemães (1853); Príncipe D. Pedro, com irlandeses e americanos (1860); o Grão-Pará, com italianos, espanhóis, russos, polacos, franceses, ingleses e holandeses (1882). Referência especial merece a colônia de Saí (1842), tentativa malograda de concretização das ideias comunistas de Fourier, na baía da Babitonga. Desse núcleo surgiram outros, e o território ficou coberto por uma rede de colônias, no seio das quais foram surgindo cidades, vilas e povoados. A colônia de São Pedro de Alcântara localizou-se no caminho que levava do litoral a Lages, defendendo o percurso de ataques indígenas. República JulianaVer artigo principal: República Juliana
A República Juliana foi uma extensão da Revolução Farroupilha (1835-1845), iniciada na província vizinha de São Pedro do Rio Grande do Sul, onde havia sido proclamada a República Rio-Grandense (1836-1845). A República Juliana, proclamada por David Canabarro e Giuseppe Garibaldi, formou uma confederação com a república vizinha, porém, sem condições de expandir-se pela província de Santa Catarina, não conquistando Desterro, atual Florianópolis, sede da província. Em novembro do mesmo ano, quatro meses após sua fundação, propiciaram-se condições para que as forças do Império retomassem Laguna, cidade-sede do governo da República Juliana. No planalto catarinense, Lages aderiu à revolução, mas submeteu-se no começo de 1840. A guerra do ParaguaiA participação de Santa Catarina na Guerra do Paraguai (1865-1870) foi com o batalhão Voluntários da Pátria e a presença de 1500 homens, na maioria negros. Destacaram-se o coronel Fernando Machado e o tenente Álvaro Augusto de Carvalho. O principal marco da guerra foi a instalação de uma linha de telégrafo, que ligava Desterro a Laguna e a várias cidades no Rio Grande do Sul. IndustrializaçãoEm 1850, a abolição do tráfico de escravos e a Lei de Terras acarretaram carência de mão-de-obra e a regulamentação do acesso à terra para os colonos. Isto influenciou a imigração e a colonização. A industrialização foi possível com ajuda do imigrante europeu, proveniente das áreas urbanas e industriais do “velho mundo”. As indústrias tiveram origem na atividade artesanal que os imigrantes desenvolveram. No ano de 1873 a Estrada de Ferro D. Francisca ligou o litoral até a serra e ao norte, escoando a produção ervateira e outros produtos. A experiência dos imigrantes em indústria e artesanato na Alemanha e Itália ajudou o surgimento de empresas como a têxtil Büttener & Cia. Ltda, fundada por Eduardo Von Büttener, instalada em Brusque. Em 1898 aumentou seus negócios com uma fábrica de bordados finos. Mais tarde, produziu fios para a produção de artigos de cama e mesa. Outro exemplo foi a indústria de Carlos Renaux, que veio para o Brasil em 1882, dividida em dois ramos principais: Fábrica de Tecidos Carlos Renaux S.A e Indústria Têxtil Renaux S.A, utilizando imigrantes alemães com conhecimento em tecelagem. Podemos citar a firma que Carl Hoepcke ampliou para trabalhar com importação e exportação, com navios próprios ou fretados. Fundou também a Fábrica de Pregos Rita Maria (1896) e a Fábrica de Rendas e Bordados (1917), tendo sido criado também o Estaleiro Arataca. Merece destaque a Cia Hering, fundada por Hermann Hering, graduado em tecelagem na Alemanha. Após sua morte, ocorrida em 1918, seus descendentes ganharam reconhecimento no mercado nacional. Entre os anos de 1880 e 1889, foram instalados 86 estabelecimentos industriais, que representam 6,5% do total de 1.322 estabelecimentos fundados, nesta época, no Brasil. Presidentes de Santa CatarinaA tabela abaixo indica na primeira coluna o presidente da província, que era nomeado diretamente pelo imperador (de acordo com a constituição brasileira de 1824, artigo 165), aconselhado pelo partido que estivesse no poder (o Partido Conservador ou o Partido Liberal). O presidente da província não tinha um mandato, podendo ser exonerado ou pedir afastamento à revelia. Principalmente devido a esta possibilidade concreta de falta do dirigente diretamente subordinado ao imperador e seu ministério, eram escolhidos pela assembleia local seis vice-presidentes, teoricamente aptos a exercer interinamente o cargo vago, até que novo presidente fosse nomeado por Carta Imperial e assumisse o cargo.
Referências
Bibliografia
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