Luís Alves Leite de Oliveira Belo (II)

Luís Alves Leite de Oliveira Belo
Nascimento 5 de março de 1849
Ingá
Morte 23 de maio de 1915 (66 anos)
Rio de Janeiro
Nacionalidade  Brasileiro
Ocupação Advogado, político

Luís Alves Leite de Oliveira Belo (II) (Ingá, 5 de março de 1849[1]Rio de Janeiro, 23 de maio de 1915) foi um advogado e político brasileiro. Era filho de Luís Alves Leite de Oliveira Belo (I) e de Eulália Pulquéria de Oliveira Bulhões. Casou-se com Leoncia de Souza Breves, teve oito filhos.

Vida

Bacharel em direito pela Faculdade de Direito de São Paulo.[2] Filiado ao Partido Liberal, exerceu diversos mandatos como deputado na Assembleia Legislativa Provincial do Rio de Janeiro.

Foi presidente das províncias de Sergipe, de 1880 a 1881; do Paraná, de 3 de setembro de 1883 a 5 de junho de 1884 e de Santa Catarina, nomeado por carta imperial de 15 de junho de 1889, presidindo a província a partir de 19 de julho de 1889. Devido à proclamação da república, em 15 de novembro de 1889, entregou o cargo em 17 de novembro à junta governativa catarinense de 1889. Como presidente da província do Paraná, há registros de sua preocupação com o ensino público, propondo, em 1883, reforma no Regulamento Orgânico de 1877, sob inspiração dos ideais positivistas e escolanovistas. Ocupou-se também com o recenseamento dos alunos que frequentavam as escolas, permitindo a contagem dos alunos matriculados, após a instituição do ensino obrigatório, perfazendo um total de 4 mil matrículas na província do Paraná.[3][4] Em seus relatórios, registrava ainda a subvenção de escolas públicas noturnas, sendo duas na capital, reconhecendo que a precariedade de vida da população determinava problemas de frequência escolar.[5]

Foi eleito deputado federal pelo estado do Rio de Janeiro em 1900, exercendo mandato na Câmara dos Deputados, entre 1900 e 1902. Atuou como presidente da Sociedade Nacional de Agricultura, diretor do Diário Oficial e foi membro integrante do Conselho de Instrução Pública na cidade de Niterói.

Em Porto Alegre, foi membro da Sociedade Partenon Literário, escreveu diversas vezes na revista da sociedade, é o autor do romance Os Farrapos, datado de 1877, sendo um dos primeiros romancistas gaúchos com abordagem temática de cunho regional, depois de Caldre e Fião,[2] que publicara A Divina Pastora e O Corsário, e Apolinário Porto Alegre, que escrevera O Vaqueano.[6] Também escreveu Discursos na maçonaria em São Paulo (1872), A Igreja perante a história (1873), A educação nacional (1873) e O espírito do século XIX (1874), Política geral – discurso na Assembleia do Rio de Janeiro (1874) e Ensaio da tribuna popular (1875).[7]

O seu romance Os Farrapos foi publicado, inicialmente, na forma de folhetim pelo jornal "A Reforma", com sede no Rio de Janeiro, empregando o termo gaúcho com gentílico para o rio-grandense, teve a sua edição em livro no ano seguinte.[8][9] "Pela defesa e exaltação que faz do episódio farroupilha, e na intenção de valorizar a propaganda republicana no país, o autor associa aos rio-grandenses postura política de vanguarda, que se manifesta na partilha dos mais nobres ideais de justiça e liberdade. Pela via literária, o Rio Grande do Sul e seu povo tornavam-se assim próceres da renovação política do país".[10] O romance insere-se na linhagem laudatória, que exalta as qualidades míticas do habitante do pampa - o monarca das coxilhas - que fora delineada por José de Alencar, em O Gaúcho, e que creditava ao peão em tempo de paz e soldado em tempo de guerra qualidades como força, coragem, brio, altivez, pundonor, nobreza, transformando-o no homem "puro e casto" em contraposição ao europeu, tido como um representante degradado da espécie humana na ótica romântica.[11][12]

Referências

  1. Segundo Spalding, op.cit., teria nascido em Porto Alegre, em 1851.
  2. a b SPALDING, Walter. Itinerário da literatura Sul-rio-grandense, in Enciclopédia Rio-Grandense. Porto Alegre, 1956.
  3. HOFF, Sandino. A expansão da manufatura ervateira no planalto paranaense no século xix e suas repercussões sociais e  educacionais. HISTEDBR. Grupo de Estudos e Pesquisa História, Sociedade e Educação no Brasil. Disponível em http://www.histedbr.fe.unicamp.br/acer_histedbr/seminario/seminario4/trabalhos.htm 10 de fevereiro de 2019.
  4. Barbosa, Etienne Baldez Louzada (27 de abril de 2017). «"Inspecionar, instruir e dirigir": a configuração da inspeção da instrução pública na província do Paraná (1854-1889)». Revista Linhas. 18 (36): 152–177. ISSN 1984-7238 
  5. VILLA, Vivian; MIGUEL, Maria Elisabeth B. Aulas noturnas na Província do Paraná.(1853-1889). Disponível em www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File 11 de fevereiro de 2019
  6. ZILBERMAN, Regina. A literatura no Rio Grande do Sul. 3.ed. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1992.
  7. FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS. CPDOC. Belo, Oliveira. Disponível em https://cpdoc.fgv.br/sites/default/files/verbetes/primeira-republica/BELO,%20Oliveira.pdf 11 de fevereiro de 2019
  8. «Literatura farroupilha». Literatura farroupilha. Consultado em 10 de fevereiro de 2019 
  9. ESTEVES, Antonio R. O romance histórico brasileiro contemporâneo (1975-2000). São Paulo: EdUNESP, 2000. online.
  10. PESAVENTO, Sandra Jatahy. "Uma certa Revolução Farroupilha". IN: KRINBERG, Keila; SALLES, Ricardo. O Brasil Imperial vol II. 1831-1870. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2009. Disponível em http://sandrapesavento.org/pdfs/LOTE-10/2009_Uma%20certa%20Revoluc%CC%A7a%CC%83o%20Farroupilha.pdf 10 de fevereiro de 2019.
  11. ZILBERMAN, Regina. Literatura Gaúcha: temas e figuras da ficção e da poesia do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: LP&M, 1985.
  12. CHAVES, Flávio Loureiro. "Um caso ideológico". IN: CHAVES, Flávio Loureiro. Literatura e História. 3.ed. Porto Alegre: EdUFRGS, 1999.


Precedido por
Teófilo Fernandes dos Santos
Presidente da província de Sergipe
1880 — 1881
Sucedido por
João Batista Guimarães Serne
Precedido por
Antônio Alves de Araújo
Presidente da província do Paraná
1883 — 1884
Sucedido por
Brasílio Augusto Machado de Oliveira
Precedido por
Abdon Batista
Presidente da província de Santa Catarina
1889
Sucedido por
Junta governativa catarinense de 1889