Concentrando serviços educacionais, financeiros e de saúde, é a principal cidade da Serra Catarinense,[6] região turística do estado amplamente procurada durante o inverno devido à ocorrência de neve. É o maior município do estado de Santa Catarina em extensão territorial e o 8º maior em população.
Sua primeira denominação foi Campos de Lajes. Lages recebeu esse nome porque havia muita pedra laje (arenito) na região.[13] A denominação religiosa de Lages foi Vila de Nossa Senhora dos Prazeres de Lajes.[13] Esse nome homenageia a santa por quem Correia Pinto tinha veneração.[13] Em 1960, recebeu o nome de Lages. O atual nome é escrito com a letra g.[13][nota 1]
História
Em 1728, durante a abertura de uma picada denominada "Estrada dos Conventos" ou de "Araranguá", eixo de ligação entre o litoral de Santa Catarina e a região de Lages, foi encontrado, por Francisco de Souza Faria, construtor da referida estrada, muito gado selvagem. Francisco de Souza Faria observou também uma grande quantidade de cruzes, levantadas provavelmente pelos padres jesuítas. Certamente fazia parte do rebanho que se encontrava na região dos Campos de Vacaria, no Rio Grande do Sul. O gado selvagem, que restou das criações dos jesuítas, também era visto nos extensos campos do limítrofe estado sul-brasileiro.[14]
O tropeiro Cristóvão Pereira de Abreu viajava em 1732 no mesmo caminho de Souza Faria, mudando a picada em diversos pontos. Esses fatos ocorreram nos primeiros tempos do século XVIII, quando os primeiros homens se estabeleceram no município, no entanto sem ter uma data precisa.[14]
A certeza histórica é que, durante a chegada do bandeirante paulista (português vindo para o Brasil durante a infância), António Correia Pinto, que fundou Lages, em 22 de novembro de 1766, existia nesses campos, de forma esparsa, fazendeiros, que vieram do Rio Grande do Sul. Aliás, na época, no estado do Rio Grande do Sul, defendia-se a ideia de que fosse o rio Canoas o limite com Santa Catarina e não o rio Pelotas.[14]
Correia Pinto, que enriqueceu com a venda de muares levados pelos tropeiros entre o Rio Grande do Sul e as feiras de Sorocaba, já era conhecedor da região de Lages, quando recebeu instruções para a fundação de uma vila naquele local.[14]
Lages, sob a proteção da padroeira Nossa Senhora dos Prazeres, começou no local Taipas, no qual havia uma igreja dos tropeiros. Logo foi abandonado aquele sítio, iniciando-se um núcleo de povoamento próximo ao rio Canoas, mas as águas das enchentes levaram tudo. E somente em 22 de maio de 1771 foi fundada Lages no atual lugar onde é atualmente encontrada, estando à frente o ilustre Correia Pinto.[14]
Por uma série de razões, a começar pela falta de comunicações, a localidade demorou a se desenvolver. Diante dos incessantes ataques dos indígenas, Correia construiu uma represa no riacho, no meio da povoação, no qual as mulheres podiam lavar as roupas, ao evitar dessa forma que, afastadas e divididas de suas casas, fossem expostas aos ataques dos indígenas.[14]
Em 1787-1790, o alferes Antonio José da Costa construiu uma rota de Desterro (atual Florianópolis) até Lages, que seria um dos motivos para que, no ano de 1820, Lages deixasse de ser controlada pela Capitania de São Paulo e fosse jurisdicionado ao governo com sede na ilha de Santa Catarina.[14]
O município foi palco de uma grande quantidade de fatos históricos. Além dos já mencionados, foi participante ativo da Guerra dos Farrapos, chegando os lageanos (em sua quase totalidade partidária dos farroupilhas) a serem os autores da proclamação da República em sua terra. Foi teatro, também, de fatos sanguinários, no tempo da Guerra do Contestado.[14]
Lages também caracteriza-se por ter altitude elevada, que varia de 884 a 1260 metros (Morro do Tributo) acima do nível do mar. O terreno do perímetro urbano de Lages é bastante acidentado, com a zona central sita a 916 m. Os bairros mais altos estão localizados na região denominada "Cidade Alta", que permite vista panorâmica da cidade.[carece de fontes?]
O município localiza-se na Bacia do rio Canoas, cujos principais rios são Pelotas, Canoas, Lava-Tudo, Da Divisa, Vacas Gordas, Pelotinhas, Dos Macacos, Do Pessegueiro, Caveiras, Piurras, Dois Irmãos e Limitão. O principal curso de água urbano é o Rio Carahá.[carece de fontes?]
Vegetação
Quanto à vegetação, o município de Lages esta inserido no bioma Mata Atlântica, mais especificamente na formação da Floresta Ombrófila Mista, popularmente conhecida como Mata com Araucárias. Nesta região este tipo vegetacional forma mosaicos de campos nativos e florestas. A transição entre estas formações tão distintas é muitas vezes abrupta e o contato do campo com a floresta ocorre tanto em bordas de florestas contínuas, quanto em florestas ripárias ou em capões de mato (manchas florestais insulares inseridas em uma matriz campestre).[15]
Clima
O clima é temperado subtropical, com temperatura média de 16 °C. Durante o inverno, o clima é frio, quando as temperaturas podem chegar a -4 °C e sensação térmica de -10 °C. Na região ocorrem fortes geadas e também queda de neve. Já no verão, o clima varia de agradável a quente, as temperaturas podem chegar a 30 °C, podendo haver secas.[carece de fontes?]
Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), referentes ao período de 1961 a 2017, a menor temperatura registrada em Lages (estação convencional) foi de −6 °C em 14 de julho de 2000,[16] e a maior atingiu 34,5 °C em 9 de janeiro de 2006.[17] O maior acumulado de precipitação em 24 horas foi de 177 mm em 1º de outubro de 2001. Outros grandes acumulados foram 122 mm em 22 de outubro de 1979 e 117,2 mm em 16 de abril de 1971.[18] O mês de maior precipitação foi julho de 1983, com 671,4 mm.[19]
A economia lageana é basicamente sustentada pela pecuária, agricultura (com destaque para a vinicultura), indústria madeireira (com destaque na produção de papel e celulose) e turismo rural. A economia de Lages sofreu um forte declínio com a redução sistemática da pujança do ciclo da madeira, que teve seu auge até a década de 1950. O município, outrora o maior e mais rico do Estado, teve sua fatia do produto interno bruto estadual bastante reduzida. Novos projetos industriais, desenvolvimento regional sustentável e investimentos no município têm contribuído para que a arrecadação volte a crescer.[carece de fontes?]
Indústria
O parque industrial de Lages consiste, em grande parte, de empreendimentos ligados à cadeia produtiva da madeira, como madeireiras, fábricas de grampos, fábricas de portas, soleiras, batentes e congêneres. Todavia, empresas ligadas ao setor metal-mecânico têm papel importante na geração de emprego e renda do município, especificamente no ramo de peças de tratores e outros veículos terrestres. Ademais, algumas grandes indústrias têm filiais no município, tais como AmBev, Vossko e Klabin. Empresas do ramo têxtil (ramos variados como cortinas, uniformes e roupa íntima) começaram recentemente a instalar-se na cidade, por falta de mão de obra no litoral e Vale do Itajaí.[carece de fontes?]
Setores comercial e de serviços
Lages também é um centro regional de comércio. A população de muitos municípios vizinhos encontra um ambiente propício para compras e negócios na cidade, que está sendo alavancado pelo projeto "Centro Lages - Compras e Lazer", que encontra-se em processo de implantação gradual e prevê revitalização da região central da cidade, com padronização de fachadas e humanização dos espaços públicos, priorizando o pedestre, além da implantação de fiação subterrânea. A cidade possui um centro de compras, "Lages Garden Shopping", inaugurado em novembro de 2014, com presença de salas de cinema. No inverno, o comércio é bastante fortalecido com o turismo rural e com a Festa Nacional do Pinhão, o segundo maior evento gastronômico e cultural de Santa Catarina, atrás da Oktoberfest de Blumenau.[carece de fontes?]
Turismo rural
Por ter sido o primeiro município com estabelecimentos turísticos desse tipo, passou a ser chamada de "Capital Nacional do Turismo Rural".[21][22]O turismo rural em Lages iniciou no ano de 1984, na Fazenda Pedras Brancas, pioneira da modalidade no Brasil. Fazendas centenárias da região começaram a adaptar-se para receber visitantes e turistas que queriam conhecer o estilo de vida campesino, com ordenhas, plantios, gastronomia "serrana", etc.[carece de fontes?]
Similares pelo contato com a natureza, também são visitados o "Parque Ecológico Municipal" (com 2,3 milhões de metros quadrados, estabelecido em 1997 no perímetro urbano, onde se pode encontrar espécies ameaçadas de extinção como a gralha-azul, além de 14 espécies migratórias) e o "Salto do Rio Caveiras".[carece de fontes?]
Infraestrutura
A cidade possui uma extensa malha viária, com mais de 600 quilômetros de vias, porém sendo cerca de 50% sem pavimentação. O sistema viário é regular, em formato de grelha, com várias avenidas interligando todos os pontos da cidade. A avenida Belizário Ramos é a principal da cidade, às margens do Rio Carahá, contornando a região central e estendendo-se às áreas periféricas da cidade. A BR-282 (que liga a cidade à BR-101 e ao oeste do estado) foi rebaixada, e as avenidas que cruzam esta rodovia agora percorrem viadutos. Outras rodovias incluem a BR-116 (liga a cidade ao Paraná e ao Rio Grande do Sul; cruza a cidade na região chamada "Cidade Alta", onde se localiza o "Distrito Industrial", sendo então muito utilizada pelas indústrias para escoar a produção) e a SC-114 (antiga SC-438, que liga o município à São Joaquim, e antiga SC-425, que liga o município à BR-470). Em 2014, a frota veicular de Lages já ultrapassava a marca de 95 000 veículos circulando nas ruas.[carece de fontes?]
Por ferrovia, a cidade dispõe do Tronco Principal Sul (TPS) da Rede Ferroviária Federal (RFFSA), que liga o município à Mafra e à Roca Sales, no Rio Grande do Sul, de grande importância no transporte de insumos industriais e agrícolas. Encontra-se atualmente concedido à Rumo Logística.[23]
Transporte coletivo
Atualmente conta com uma empresa de transporte coletivo urbano, a Transul, que opera em 30 linhas na cidade, distribuídas através de um terminal no bairro Centro. Diariamente são transportadas cerca de 25 mil pessoas, em aproximadamente 60 veículos disponibilizados pela empresa.[carece de fontes?]
Dispõe do "Terminal Rodoviário Dom Honorato Piazera", localizado no bairro Universitário. Possui cerca de 20 plataformas, e opera dezenas de linhas para várias regiões do Brasil. O terminal foi inaugurado em 1992, substituindo o antigo terminal rodoviário da década de 1950, ao lado.[carece de fontes?]
Também dispõe da Estação Ferroviária de Lages, construída pelo 1º Batalhão Ferroviário do Exército Brasileiro e inaugurada em 1965 pela Rede Ferroviária Federal (RFFSA), estando localizada no bairro Ferrovia. Possui uma extensa plataforma, de onde se realizava uma ligação diária para a cidade de Mafra. No entanto, não mais atende passageiros desde o início da década de 1980, estando cedida apenas como parada de trens cargueiros da Rumo Logística e de ocasionais trens turísticos da Associação Brasileira de Preservação Ferroviária (ABPF).[26][27][28][29]
Saúde
O município é um dos principais centros clínicos de Santa Catarina. Além da Serra Catarinense, a estrutura de saúde de Lages atende pacientes do Oeste, Meio-Oeste e do Alto Vale do Itajaí. É composta por 30 unidades de atendimento do SUS (sendo 25 na área urbana e 5 rurais), 5 hospitais (sendo 3 públicos e 2 privados), 1 policlínica municipal e 1 pronto-atendimento municipal.[carece de fontes?]
A cidade se desenvolveu em torno de um eixo entre o adro da Catedral Diocesana de Lages e o "Tanque" (agora denominado de "Parque Jonas Ramos"), este último edificado em 1771 por ordem de Correia Pinto, que mandou cercar de taipas a fonte de água do local para proteger as lavadeiras da vila do ataque de índios e animais. À época a fonte era chamada de "Minas de Água", e hoje existe um chafariz nas proximidades. Em torno do adro se localizam a Catedral Diocesana Nossa Senhora dos Prazeres (concluída em 1922 pelos padres franciscanos com blocos de pedra arenito, típica da região) e a sede da prefeitura municipal de Lages, inaugurada em janeiro de 1901 — o prédio segue a arquitetura italiana e também foi construído com blocos de pedra-laje de arenito. Ao longo deste eixo se encontra o Grupo Escolar Vidal Ramos ("Colégio Rosa"), inaugurado em 1912 como o quarto colégio instituído pelo governo catarinense. Atualmente é patrimônio estadual tombado, não exercendo mais suas atividades escolares desde 2011, quando foi desativado. A edificação foi restaurada e presentemente abriga um centro cultural e o Memorial Nereu Ramos.[carece de fontes?]
A maioria da população é cristã católica, expressa pela Catedral e pelo Morro da Cruz, que possui uma escadaria com 500 degraus, construída em homenagem aos 500 anos do Brasil. No alto do morro há uma gruta para orações, que à noite é iluminada, juntamente com a escadaria. No período pascoal, ocorrem romarias pela escadaria em direção à gruta. A despeito da maioria católica, há uma mesquita, mantida pela Sociedade Islâmica de Lages, fundada em 1977. Foi a primeira a ser construída em Santa Catarina e a quinta no Brasil, visando a comunidade de imigrantes do Líbano, Palestina, Jordânia e Síria.[carece de fontes?]
Dentre os museus se destaca o Museu Histórico Thiago de Castro, contendo o maior acervo documental particular de Santa Catarina. Fundado em 1943, iniciou suas atividades em 1960, dispondo de aproximadamente 1 900 objetos, 15 000 documentos e 2 000 fotografias dos séculos XVIII e XIX, bem como de armas usadas em guerras e lutas regionais. O principal teatro da cidade é o Teatro Marajoara, iniciado em 1947 e inaugurado em 1948 com a denominação de "Cine Teatro Marajoara". Caracteriza-se pelo estilo arquitetônico art déco.[carece de fontes?]
↑Lima, Valéria Maria de Souza; Marafon, Glaucio José (2020). Turismo rural: o exemplo do Brasil(PDF). Patrimônio, território e turismo no Brasil, Costa Rica e Itália. Rio de Janeiro: Eduerj. pp. 221–238. ISBN978-65-00-03032-7. Consultado em 3 de novembro de 2023
↑«1º BFv e ABPF avivam Memória Ferroviária». Forças Terrestres - Exércitos, Indústria de Defesa e Segurança, Geopolítica e Geoestratégia. 27 de agosto de 2018. Consultado em 19 de abril de 2022