João GriloJoão Grilo é um personagem dos contos populares do Brasil e de Portugal. Apareceu com destaque na literatura de cordel brasileira e, na condição de pícaro invencível, reapareceu na obra Auto da Compadecida, escrita por Ariano Suassuna em 1957. Tornou-se ainda mais conhecido graças à versão cinematográfica da peça, dirigida por Guel Arraes e estrelada por Matheus Nachtergaele, lançada em 1999 no formato de minissérie exibida pela Rede Globo[1] e no ano seguinte nos cinemas.[2] João Grilo na tradição popularJoão Grilo figura como o protagonista nos contos portugueses, a exemplo de João Ratão (ou Grilo), dos Contos tradicionais do povo português, de [Teófilo Braga], e da História de João Grilo, dos Contos populares portugueses, de Consiglieri Pedroso. Outro grande etnógrafo português, Adolfo Coelho, incluiu em seus Contos nacionais para crianças o Doutor Grilo, ao passo que Francisco Xavier de Ataíde Oliveira, na obra Contos tradicionais do Algarve, coligiu o conto O adivinhão. Sem ser nominado, o personagem figura, ainda, nos Contos tradicionais do Brasil, de Luís da Câmara Cascudo, na história Adivinha, adivinhão. Na obra Antologia do Cordel Brasileiro, o pesquisador Marco Haurélio cita talvez a mais antiga aparição da personagem em uma obra literária: "a menção mais antiga que conheço é da introdução do Pentamerone, de Giambattista Basile (1634-36). Basile nos fala de passagem de certo Maestro Grillo, protagonista de uma obra cômica, Opera nuova piacevole da ridere de um villano lauratore nomato Grillo, quale volse douentar medico, in rima istoriata (Veneza, 1519). Grilo, fingindo-se de médico, faz com que uma princesa sisuda ria pela primeira vez. Angelo de Gubernatis, na Mitologia zoológica, segundo Teófilo Braga, afirma: “Na Itália, quando se propõe um enigma para ser adivinhado, ajunta-se ordinariamente como conclusão as palavras — Indovinala, grillo! (Adivinha, grilo!)”. Orientalista, Gubernatis, fazendo coro aos estudiosos de seu tempo, associa a expressão ao idiota fingido que acaba por revelar-se esperto, interpretando-o como o Sol que, mesmo envolvido na nuvem ou durante a noite, a tudo vê. Um evidente exagero. Mas a expressão popular vem ao encontro do João Grilo adivinhão que figura, além do folheto de Pedro Monteiro, na última parte das Proezas de João Grilo.” [3] João Grilo na Literatura de CordelA primeira aparição de João Grilo na literatura de cordel ocorreu num folheto de oito páginas, Palhaçadas de João Grilo, escrito por João Ferreira de Lima, em 1932.[4] Escrita em sextilhas, a obra foi ampliada em 1948 e rebatizada como Proezas de João Grilo, com a inserção de setilhas e mudança brusca de cenário (João Grilo desloca-se do sertão e vai até o Egito responder às perguntas de um sultão).
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Acarinhado pelos leitores por conta de sua identificação com as camadas populares das quais aparece como uma espécie de vingador, João Grilo figura em muitos outros folhetos de cordel:
Aparência físicaJoão Grilo é descrito como "amarelo" nos contos populares, nos cordéise e em Auto da Compadecida. João Ferreira de Lima, em Proezas de João Grilo, dá uma ideia mais clara da personagem:
Marco Haurélio, em Presepadas de Chicó e astúcias de João Grilo, demonstra que a falta de atributos físicos só reforça o as características ladinas da personagem:
Pedro Monteiro — em João Grilo, um presepeiro no palácio — reforça a descrição de João Ferreira de Lima:
Referências
Bibliografia
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