Jaime Filipe da Fonseca
BiografiaCarreira político-militarFeito praça a 1930, é promovido a alferes em 1933, e a tenente em 1937. Como tenente de Cavalaria, foi membro dos "Viriatos", corpo português em apoio aos fascistas na Guerra Civil de Espanha,[2] recebendo a Cruz de Guerra espanhola, a Cruz del Mérito Militar con distintivo rojo (Cruz de Mérito Militar com distintivo vermelho) e a Medalla de la Campaña (Medalha da Campanha), primeira classe. Ascende a capitão em 1944, recebendo o Grau de Cavaleiro da Ordem Militar de Avis em 1942, e em 1945 o Grau de Oficial desta ordem .[3] É promovido a major em 1955 e a tenente-coronel em janeiro de 1961. Comanda durante dez anos a Polícia Militar da Administração Geral do Porto de Lisboa, até 31 de março de 1961, quando estaria nomeado para ser Governador de Timor, mas devido à necessidade de reorganizar governo na sequência da Intentona Botelho Moniz, acaba sim por suceder a Francisco da Costa Gomes como Subsecretário de Estado do Exército, nomeação efectiva a 13 de abril de 1961.[4] Possuía ainda a medalha de Serviços Distintos e a de Mérito Militar.[5] MorteNa madrugada de 1 de janeiro, é informado por telefone que estaria a decorrer uma tentativa de golpe em Beja, tendo sido tomado o Regimento de Infantaria n.º 3. Às 3h30m, de carro, desloca-se ao local com outros do seu gabinete. Pelo caminho, o excesso de velocidade em que o seu motorista se deslocava "quase ia provocando um acidente".[6][5] A cerca das 6h30m, sob a chuva torrencial, Jaime Filipe da Fonseca é, com o seu adjunto capitão Alves Ribeiro, um de dois homens à paisana que se aproximam a pé da porta do quartel. O vulto de da Fonseca é então atingido por "fogo amigo" dos nervosos sitiantes, a partir de uma torre, vindo o Tenente-Coronel de Cavalaria e Subsecretário de Estado do Exército a sucumbir aos ferimentos.[7][8] Narrativas e memóriaO regime hesita nos primeiros dias em divulgar uma narrativa coesa sobre os detalhes dos acontecimentos, jornais no dia noticiando que o subsecretário e o capitão Alves Ribeiro tinham sido simultaneamente alvo de fogo "do quartel" sitiado e também das próprias forças do regime, quando "completavam a ocupação daquele aquartelamento".[5] Assim, na Assembleia Nacional, a 3 de janeiro de 1962, o seu presidente Mário de Figueiredo não permite que se façam comentários aos acontecimentos de Beja, "por não poder haver (...) período de antes da ordem", ficando apenas declarado um voto de pesar[9]. Uma fonte tardia indicaria que teria sido Henrique Calapez Martins, o protagonista da defesa do regime nessa noite, a atingir o Jaime da Fonseca.[10] Outras, incluindo o capitão Alves Ribeiro que acompanhava Jaime, que, sendo de facto "fogo amigo", veio da Guarda Nacional Republicana, o que viria a ser admitido em tribunal por Manuel Stedlin Baptista, coronel 1.º Comandante do Regimento de Infantaria n.º 3 ausente durante a intentona, por pressão de Cunha Leal. Isto apesar de o regime tentar provar que o subsecretário teria sido vítima de uma "rajada traiçoeiramente disparada pelo inimigo", "bailas traiçoreiras disparadas por elementos criminosos" "de metralhadora, arma esta talvez de marca estrangeira, clandestinamente introduzida no País, como tantas outras, para liquidarem os portugueses de lei",[6][5] sendo retórica comum na propaganda isolacionista do regime o exagero no externar das causas dos problemas e dissidentes internos. Supervenientemente, o regime irá criar várias cerimónias de celebração à derrota da intentona, condecorando os seus protagonistas pelo regime, como Jaime da Fonseca, mas também Calapez e o adjunto de Jaime, Alves Ribeiro.[11][12][13] Da Fonseca receberia condecoração póstuma, "pela coragem (...) contra os insurrectos", de Grande-Oficial da Ordem Militar da Torre e Espada.[14][15] Tem o funeral com honras de Estado em Leiria[6], sua cidade natal, cujo munícipio em 1963 deu o seu nome ao parque da cidade Jardim Tenente Coronel Jaime Filipe da Fonseca,[16] nome que se manteve após a Revolução de 25 de Abril, revolução que muitos apontam ser sucessora da Revolta de Beja contra a qual Jaime da Fonseca se moveu.[nota 1] Vida pessoalFilho do Coronel Jaime Thomaz da Fonseca e de sua esposa Ermelinda Filipe. Irmão do doutor Álvaro Filipe da Fonseca, médico em Leiria.[5] Depois do liceu em Leiria, estudou na Escola de Guerra, de lema Dulce et Decorum est pro Pátria Mori (em português, "Doce e decoroso é pela Pátria morrer"). Casado com Maria Iolanda Martins d'Azevedo Zúquete (Leiria, 22 de março de 1910 - Lisboa, 2 de abril de 2000), em agosto de 1934, em Lisboa. Tiveram uma filha, Maria Iolanda Zúquete da Fonseca, nascida a 1937 em Leiria e, em 1940, em Lisboa, um filho que viria também a ser militar, Jaime Tomás Zuquete da Fonseca, na altura da morte do seu pai aspirante na Academia Militar, que viria a ascender a Coronel Piloto Aviador já em democracia, servindo na Base Aérea n.º2, e falecendo em 2021.[6][18][19][20][21] Jaime Tomás teve por filhos Jaime Filipe Gomes Cruz Zúquete da Fonseca e João Miguel Gomes Cruz Zúquete da Fonseca.[22] Notas
Referências
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