Ilha de Luanda
A Ilha do Cabo,[1] mais conhecida por Ilha de Luanda,[2] é um cordão litoral, em Angola, composto por uma estreita língua de terra com 7 km de comprimento que, separando a cidade de Luanda do Oceano Atlântico, cria a Baía de Luanda. A Ilha de Luanda, ou simplesmente A Ilha como a chamam os habitantes de Luanda, encontra-se ligada à cidade por um pequeno istmo no sopé da Fortaleza de São Miguel. É por excelência o local de divertimento e lazer dos luandenses e das demais pessoas que desejam conhecer a ilha do cabo, podendo aqui encontrar-se uma grande variedade de equipamentos turísticos, dos bares aos restaurantes junto ao mar e das discotecas aos hotéis, sem esquecer os mercados de rua, as inevitáveis praias e a marina. Na ilha está localizada a Igreja da Nossa Senhora do Cabo, a mais antiga de Angola, fundada em 1575 pelos quarenta portugueses que viviam na ilha antes da mudança da cidade de Luanda para o continente, feita por Paulo Dias de Novais.[3] A Ilha de Luanda faz parte do município de Luanda, na província de mesmo nome, sendo administrativamente parte do bairro Da Ilha e do distrito urbano da Ingombota. Origem do nomeCerca de 1570, Duarte Lopes escreveu, na sua "Relação do Reino do Congo e das Terras Circunvizinhas", que o lugar chamava-se "Loanda, que quer dizer, naquela língua, terra rasa, sem montes e baixa", levando a concluir que o local se chamaria assim por ser um areal raso. No entanto, estudos etimológicos da palavra levam a outra conclusão. Seguindo o princípio da derivação das línguas bantas, o prefixo lu é aplicado em palavras que descrevem regiões alagadas, como ilhas, braços e bacias de rios etc., seguido da estilização ortográfica das características topológicas dessa região. Dessa forma, surge a palavra luando, que, por se referir a uma ilha, um vocábulo feminino, ao ser aportuguesada deu o actual "Luanda", vocábulo obtido através da aglutinação de lu + (nd)ando, onde ando é o étimo comprimido de ndandu, que significa "mercadorias", "objecto de comércio", "valores" etc., relativo aos produtos retirados da ilha, como o peixe ou os pequenos búzios (cauris) ali apanhados, normalmente conhecidos como njimbo ou zimbo e que eram a moeda corrente do Reino do Congo.[4] Segundo este estudo, a ilha teria o nome de Luando por ser um local de comércio situado num areal. Uma outra versão refere que o nome deriva de "axiluandas" (homens do mar), nome supostamente dado pelos portugueses aos habitantes da ilha, porque, quando ali chegaram e lhes perguntaram o que estavam a fazer, estes teriam respondido uwanda, um vocábulo que, em quimbundo, significa "trabalhar com redes de pesca".[5] HistóriaNo século XVI, Duarte Lopes e Filippo Pigafetta descreviam a ilha desta maneira:
Cerca de 1844, Arsénio Pompílio Pompeu de Carpo, madeirense exilado em Angola, onde se dedicava ao comércio de escravos, morador na Ilha de Luanda, doou a sua casa e quinta nessa ilha para a construção do Hospital da Estação Naval, oferta que foi recusada pelo Governador Geral de Angola, com os devidos agradecimentos, por já estar estabelecido o Hospital Flutuante em Luanda.[6] A ilha de Luanda era uma imensa barreira natural de separação do oceano Atlântico, que se estendia até a Corimba, nas proximidades do rio Vala da Samba, até a primeira metade do século XX, quando o canal natural que formava a grande baía de Luanda foi terraplanado para a construção de uma passagem da avenida 4 de Fevereiro. Assim, a avenida separou a porção norte da porção sul da baía de Luanda, formando um novo acidente geográfico, que recebeu o nome de baía da Samba, mas com características de estuário. A porção sul da ilha de Luanda ainda fraturou-se em duas novas penínsulas, virando a ponta da Chicala (norte) e a ponta da Corimba (sul).[7] HabitantesOs habitantes originais da ilha são os axiluanda (ou axilwanda), um subgrupo dos ambundos, em tempos súbditos do rei do Congo.[8] Os seus descendentes, os "pescadores da ilha", guardam até hoje alguns hábitos tradicionais. CulturaMuitas mulheres usam penteados trançados, missangas nos pulsos e ao pescoço e as bessanganas, traje tradicional feito com tecidos coloridos. No mês de novembro comemora-se a Festa da Quianda (ou Kianda), ritual de veneração à divindade das águas, protectora dos pescadores, bem como a Procissão à Nossa Senhora do Cabo.[9] São também típicos da ilha os pratos mufete e muzongué (um tipo de caldo).[10] O grupo de carnaval União Mundo da Ilha,[11] foi fundado em 1968 pelos habitantes indígenas e é um dos grupos de Carnaval mais antigos de Luanda.[12] O grupo possui na sua galeria 12 títulos[12] e usa nos seus numero danças populares como a Varina e o Semba[13] e canções em língua quimbundo.[12] Tem na sua constituição mais de duas mil pessoas, entre pescadores, quitandeiras e peixeiras.[12] Na ilha também se encontram dois clubes náuticos históricos, o Clube Náutico da Ilha de Luanda e o Clube Naval de Luanda. É um dos centros de difusão e ensino da arte marcial tradicional angolana bassula. Referências
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