Elemento neutroEm matemática, um elemento neutro (ou identidade), é qualquer elemento cuja utilização numa operação binária bem definida não causa alteração de identidade no outro elemento com o qual entra em operação — por essa razão simples a justificar a sua neutralidade operacional. Também pode ser chamado simplesmente — quando não houver possibilidade de confusão ou pelo uso estrito em domínio específico, inambíguo ou unívoco — de neutro ou ainda de identidade (menos frequente).[1] Esta, contudo, é uma definição simples ou ingênua da ideia de elemento neutro. A sua conceituação ou definição formal passará a ser apresentada logo a seguir. Trata-se de conceito universal, cuja generalização lógica integra o conjunto de ideias que conduzem ao alcance — ou melhor, projetam o alcance — da extraordinária estrutura de unidade da Matemática. NomenclaturaElemento neutro também costuma ser chamado de elemento identidade, embora a primeira forma seja quase unânime entre as culturas. Com efeito, como um elemento com tal propriedade não causa alteração na identidade (natureza ou valor) do elemento com o qual é operado binariamente, é compreensível chamá-lo também "elemento identidade", no sentido de "elemento [que, doutro envolvido operando, preserva a] identidade". Essa nomenclatura, porém, é minoritariamente utilizada. Basta observar que a quase totalidade das culturas prefere o equivalente vernáculo de "elemento neutro". Definição formalDado um grupóide S, ou seja, um conjunto C munido de uma operação binária * (representa-se por S = (C, *)), dado um elemento tem-se que, se para todo a:
Propriedades
A ideia de elemento neutro, em matemática — lato sensu, para incluir as lógicas, as lógicas matemáticas, a semiologia etc. — conecta-se logicamente com a ideia de elemento inverso, nos seguintes termos:
Para fixação imediata e simples de ideias, ao se tratar de conjuntos numéricos unidimensionais (aqueles definidos sobre um espaço vetorial Rn = R1 = R, em que "R" figura como o conjunto dos números reais e "n" = 1 figura como a dimensão linear do espaço vetorial em exame), por exemplo, qualquer dos conjuntos numéricos que são subconjuntos amplos de R, fala-se mais comumente em:
Contudo, é preciso ter em mente que os exemplos relacionados às leis de composição "adição" e "multiplicação", conforme definidas sobre conjuntos numéricos sobre "Rn", não são os únicos, tampouco necessariamente os mais importantes irrestritamente — embora seja certo reconhecer que são muito importantes na prática do dia-a-dia. Com efeito, não apenas o matemático abstrato (o cientista, o pesquisador, o profissional...) lida com muitíssimos outros exemplos de inversos e de neutros, mas, também, o cidadão comum, frequentemente sem o saber sequer. Apenas para fixar ideias nesse domínio, suponha-se o seguinte exemplo simples: (1) alguém dá um passo adiante; (2) a seguir, esse alguém dá um passo atrás, retornando à posição originária; (3) é certo, pois, conhecer o par ("passo adiante" e "passo atrás") como par conjugado de "inversos de passo" (vetores unidimensionais?...) e o resultado (retorno ao ponto de partida) como o "elemento neutro de passo". Este exemplo — extremamente simples — foi citado para salientar a absoluta generalidade da presença de tais estruturas na lida abstrata e também na prática do dia-a-dia. Alguns exemplosComo se nota do último exemplo, é possível para um dado sistema (S,*) haver vários elementos neutros à esquerda. De fato, cada elemento pode ser um neutro à esquerda. De modo semelhante, pode haver vários elementos neutros à direita. Quando houver ambos os elementos neutros, o neutro à esquerda e o neutro à direita e se eles forem iguais entre si, então dir-se-á haver um elemento neutro bilateral simples ou — por simplicidade, quando não houver possibilidade de confusão, ou pelo emprego do termo em domínio específico, inambíguo, unívoco — apenas elemento neutro. Isso pode ser expresso pela seguinte sentença lógica:
Não pode haver mais que dois elementos neutros unilaterais. Quando houver dois, e e f, então e * f será necessariamente igual ou a e ou a f. Sob o aspecto amplo matemático, todo-inclusivo e todo-exclusivo, são certamente possíveis álgebras que não tenham elemento neutro (ou, se se preferir, que tenham nenhum elemento neutro). Podem-se citar como exemplos triviais as operações binárias vetoriais produto escalar e produto vetorial, construídas sobre espaços vetoriais Rn (R = conjunto dos números reais e n (número natural) ≥ 1). No primeiro caso (o do produto escalar), a inexistência do elemento neutro deve-se ao fato de que, se os dois operandos são grandezas vetoriais, o seu resultado-produto, todavia, é uma quantidade escalar (um número real, lato sensu). Já no segundo caso, a inexistência do elemento neutro deve-se ao fato de que a direção de qualquer produto vetorial não-nulo é sempre ortogonal aos operandos, de modo que não é possível, por definição, obter um vetor-resultado com a mesma direção que a de qualquer dos operando. Referências
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