As eleições gerais no Reino Unido em 2017 foi a votação popular que elegeu o 57.º Parlamento do Reino Unido, em 8 de junho de 2017. Cada um dos 650 distritos eleitorais elegeu um parlamentar (MP) à Câmara dos Comuns, a câmara baixa do Parlamento Britânico. A eleição deveria acontecer somente em maio de 2020, contudo, Theresa May, a então primeira-ministra e líder dos Conservadores, estava confiante que uma eleição antecipada iria fortalecer sua posição no início das negociações do Brexit, contando com uma vantagem significativa sobre os Trabalhistas nas pesquisas de opinião. Porém a aposta de May acabaria dando errado.[1]
O Partido Conservador, que governava controlando a maioria do Parlamento desde as eleições de 2015 (e antes, por cinco anos, governaram com uma coalizão com os Liberais Democratas), defendia uma vantagem de quase 100 assentos sobre o Partido Trabalhista, a oposição oficial, na Câmara dos Comuns, tendo cinco parlamentares a mais do que o mínimo de 324 necessários para formar um governo. Theresa May tinha esperanças de conseguir para o seu partido uma maioria absoluta ainda maior na Câmara a fim de "fortalecer sua posição nas negociações do Brexit".[2] Na época em que a eleição foi convocada, em abril de 2017, várias pesquisas de opinião mostravam Theresa May a frente do líder trabalhista, Jeremy Corbyn, por uma margem de 20 pontos percentuais, mas tal vantagem foi erodindo (assim como a popularidade da primeira-ministra). Ao contrário do que May pretendia, os Conservadores perderam a maioria absoluta (apesar de continuar como o maior partido em total de votos), resultando num "Parlamento Pendurado" (com nenhum partido, sozinho, capaz de formar um governo de maioria).[3]
Com o resultado desapontador nas urnas, os Conservadores entraram em negociações com o Partido Unionista Democrático (DUP, na sigla em inglês) da Irlanda do Norte, cujos 10 assentos conquistados no Parlamento poderiam garantir uma coalizão Tory-DUP para formar um governo de maioria.[4] Enquanto isso, o Partido Trabalhista viu sua posição na Câmara se fortalecer consideravelmente, ganhando mais de 30 assentos e conquistando muitos votos, particularmente entre a população mais jovem. Já o Partido Nacional Escocês, que havia conquistado 56 dos 59 assentos que a Escócia tem direito na Câmara do Reino Unido em 2015, perdeu força consideravelmente. Acabou acontecendo que foi em solo escocês que os Conservadores registraram mais avanços, algo bem incomum em um país de tendências mais progressistas. Os Liberal Democratas e o DUP continuaram como o quarto e o quinto maiores partidos no Parlamento Britânico, respectivamente, com ambos conquistando mais assentos para si. Já o Partido de Independência do Reino Unido (conhecido como UKIP), que havia conquistado uma boa fatia dos votos populares em 2015, acabou sendo arrasado nas urnas e não conquistou um assento sequer no Parlamento.[5]
As posições políticas sobre as negociações na sequência da invocação britânica do artigo 50 do Tratado da União Europeia em Março de 2017, para deixar formalmente a UE, dominaram a campanha eleitoral. Contudo, outras questões, como imigração, saúde, educação e combate ao terrorismo acabaram ganhando bastante destaque.
Sistema eleitoral
Cada distrito eleitoral do Reino Unido elege um MP para a Câmara dos Comuns usando o sistema "First Past The Post". Se um partido obtiver a maioria dos assentos, então esse partido tem o direito de formar o Governo, com o seu líder como primeiro-ministro. Se nenhum único partido ter uma maioria nos resultados da eleição, então há um parlamento pendente. Neste caso, as opções para formar o Governo são um governo minoritário ou um governo de coalizão.[6]
Devido à postergação da Sexta Revisão Periódica dos Distritos de Westminster, não se deve usá-la até 2018,[7] as eleições gerais acontecerão sob os limites já existentes, permitindo comparações com os resultados em 2015 por parte do eleitorado. Em 3 de maio de 2017, a Rainha dissolverá a atual parlamento.
ser residente num endereço no Reino Unido (ou um cidadão britânico residente no estrangeiro que tenha sido registado para votar no Reino Unido nos últimos 15 anos)
não estar legalmente excluído da votação (Por exemplo, uma pessoa condenada na prisão ou num hospital psiquiátrico[10]).
Os indivíduos devem estar registados para votar até à meia-noite de doze dias úteis antes do dia da votação (22 de maio de 2017).[11][12] Qualquer pessoa que se qualificar como eleitor anônimo tem até à meia-noite de 31 de Maio de 2017 para se registar.[13] Uma pessoa que tem dois lares (como um estudante universitário que tem um endereço no semestre e vive em casa durante as férias) pode se registrar para votar em ambos os endereços, desde que não estejam na mesma área eleitoral, mas pode votar em apenas um eleitorado na eleição geral.[14]
Data da eleição
A Lei de Parlamentos de Prazo Fixo de 2011 introduziu parlamentos de duração determinada no Reino Unido, com eleições programadas de cinco em cinco anos, na sequência das eleições gerais de 7 de Maio de 2015.[15] Isso removeu o poder do primeiro-ministro, usando a prerrogativa real, de dissolver o parlamento antes de seu comprimento máximo de cinco anos. A lei permite a dissolução antecipada se a Câmara dos Comuns vota por uma maioria qualificada de dois terços.
Em 18 de abril de 2017, a primeira-ministra Theresa May anunciou que iria buscar uma eleição em 8 de junho de 2017.[16] May tinha indicado previamente que não tinha nenhum plano para convocar uma eleição instantânea.[17][18] Uma proposta da Câmara dos Comuns permitiu que a ideia fosse aprovada em 19 de abril, com 522 votos a favor e 13 contra, uma maioria de 509, reunindo a maioria necessária de dois terços.[19] A moção foi apoiada pelos Conservadores, pelo Partido Trabalhista, pelos Liberais Democratas e pelos Verdes, enquanto o SNP se absteve. Nove parlamentares trabalhistas, um SDLP e três independentes (Sylvia Hermon e dois ex-PMs do SNP, Natalie McGarry e Michelle Thomson) votaram contra a proposta.[20]
O líder trabalhista Jeremy Corbyn apoiou a eleição antecipada,[21] assim como o líder liberal democrata Tim Farron e o Partido Verde.[22][23] O SNP declarou que era favorável aos parlamentos de duração determinada, mas se abstiveram na votação na Câmara dos Comuns.[24] O líder do UKIP, Paul Nuttall, e o primeiro-ministro do País de Gales, Carwyn Jones, criticaram May pelo calendário da eleição como oportunista, motivado pela aparente fraqueza do Partido Trabalhista na oposição.[25][26]
Nas eleições gerais de 2015, as pesquisas de opinião subestimaram os votos do Partido Conservador e superestimaram os votos do Partido Trabalhista[27] e, portanto, não conseguiram prever o resultado com precisão.[28] Depois começaram a fazer mudanças nas práticas de votação; As recomendações de uma revisão pelo British Polling Council são susceptíveis de resultar em novas mudanças.[29]
Resultado por distrito eleitoral
Os resultados completos nos Distritos eleitorais nas Eleições gerais no Reino Unido em 2017 foram os seguintes[30][31]:
↑The deadline for the receipt and determination of anonymous electoral registration applications is one working day before the publication date of the notice of alteration to the Electoral Register (that is the sixth working day before polling day). cf «Guidance for Electoral Registration Officers (Part 4 – Maintaining the register throughout the year)»(PDF). Cabinet Office and Electoral Commission (United Kingdom). Julho de 2016. p. 114 (para 7.128). Consultado em 23 de abril de 2017