Copa do Mundo FIFA de 2006
A Copa do Mundo FIFA de 2006(pt-BR) ou Campeonato do Mundo de Futebol da FIFA de 2006(pt-PT?) realizou-se na Alemanha.[1] Foi a décima oitava edição da Copa do Mundo FIFA de Futebol, tendo como campeã a Itália. Pela segunda vez a Alemanha foi o país-sede (a primeira vez foi no ano de 1974, como Alemanha Ocidental), e o único pré-classificado. Pela primeira vez na história do campeonato, o campeão do torneio anterior – no caso, o Brasil – precisou disputar as eliminatórias para poder defender o direito de participar no torneio. Trinta e dois países participaram na Copa de 2006, cuja final foi no dia 9 de julho.[2] A decisão de confiar à Alemanha a organização do torneio foi controversa,[3] já que se esperava que o campeonato ocorresse na África do Sul. Os outros países candidatos à organização eram Inglaterra, Marrocos e Brasil. Desde que a escolha foi feita, o órgão que controla mundialmente o esporte, a Federação Internacional de Futebol, afirmou publicamente sua intenção de rotacionar o país sede entre suas confederações integrantes. A sede para a Copa seguinte foi escolhida logo em seguida: à África do Sul atribuíram-se os jogos da Copa do Mundo FIFA de 2010.[4] Como preparação para a competição, a Federação Internacional de Futebol organizou a Copa das Confederações FIFA de 2005 na Alemanha, torneio ganho pelo Brasil. Pela primeira vez na história da Copa do Mundo, três países lusófonos estiveram presentes (Portugal, Angola e Brasil). E foi a primeira vez, também, que a Confederação de Futebol da América do Norte, Central e Caribe teve quatro representantes (Estados Unidos, México, Costa Rica e Trindade e Tobago), o mesmo número de América do Sul e Ásia.[5] De acordo com os resultados obtidos nas eliminatórias, os 32 países classificados foram: Alemanha (previamente classificada como país sede), Argentina, Brasil, Paraguai, Equador, México, Estados Unidos da América, Trinidad e Tobago, Costa Rica, Portugal, Espanha, Inglaterra, França, Itália, Suíça, Suécia, República Tcheca, Ucrânia, Sérvia e Montenegro, Países Baixos, Croácia, Polônia, Togo, Gana, Angola, Costa do Marfim, Tunísia, Japão, Arábia Saudita, Irã, Coreia do Sul e Austrália.[6] A copa contou com grandes jogadores, como Michael Ballack, Miroslav Klose, Bastian Schweinsteiger e Philipp Lahm da Alemanha, Luís Figo, Cristiano Ronaldo e Deco de Portugal, Andriy Shevchenko da Ucrânia, Pavel Nedvěd da República Tcheca, David Beckham, Wayne Rooney, Steven Gerrard, Michael Owen e Frank Lampard da Inglaterra, Juan Román Riquelme, Carlos Tévez, Hernán Crespo e o jovem Lionel Messi da Argentina, Ruud van Nistelrooy, Robin van Persie e Arjen Robben da Holanda, Iker Casillas, Xavi, Raúl e David Villa da Espanha, Ronaldo, Ronaldinho Gaúcho, Kaká, Adriano e Roberto Carlos do Brasil, Zinédine Zidane, Patrick Vieira, Lilian Thuram, Franck Ribéry e Thierry Henry da França, além de Gianluigi Buffon, Francesco Totti, Andrea Pirlo, Alessandro Del Piero e Fabio Cannavaro da Itália.[7] HistóricoExpectativas antes do torneioA Seleção Brasileira era a grande favorita do torneio, em parte por ter ganhado a Copa do Mundo anterior e a Copa das Confederações FIFA um ano antes.[8][9] Equipes como a Argentina, a Inglaterra e a Itália também eram consideradas grandes favoritas. Apesar de ter sido a vice-campeã na última Copa e jogar em casa, a Alemanha não era favorita. Uma pesquisa publicada em 16 de março de 2006 [carece de fontes] apontava que somente 3% do povo alemão acreditava na vitória. Para essas baixas expectativas germânicas, contou a derrota contra a Seleção da Itália por 4 a 1 no dia 1 de março num amistoso preparatório para o torneio.[10] O ceticismo da população refletia-se nos próprios jogadores alemães. O capitão e principal jogador da Seleção, Michael Ballack, deu uma entrevista ao seminário esportivo alemão "Sport-Bild" no dia 9 de maio afirmando que a equipe era jovem e inexperiente, e que não seria uma surpresa se fosse eliminada logo na primeira fase.[11]
Pelé, quando interrogado sobre qual seria o favorito na sua opinião, preferiu não dizer, por ter errado de todas as vezes em que se pronunciou sobre a Seleção favorita: em 1994, disse que seria a Colômbia; em 1998, disse que a Espanha era melhor equipe, e o Brasil tinha problemas na defesa; e em 2002, devido a má campanha do Brasil nas eliminatórias, Seleções como Inglaterra, Portugal, Suécia e Argentina eram as preferidas. A menos de um mês do torneio, contudo, Pelé acabou admitindo que não acreditava na vitória da Seleção Brasileira. Para Pelé, os favoritos sempre perdem.[13] O ex-jogador foi muito criticado em seu país por tal declaração. Contudo, ele acabaria acertando suas previsões, já que o Brasil seria eliminado pela França nas quartas-de-final.[14] Por sua vez, a revista semanal alemã Stern indicou, em uma sondagem realizada pelo instituto Forsa, que entrevistou 1000 alemães, que 17% dos entrevistados não acreditavam que a sua seleção passasse da primeira fase, sendo que o grupo da seleção anfitriã era considerado um grupo "leve". Apesar de tudo, o povo alemão apoiava o técnico Jürgen Klinsmann, pois, de acordo com a mesma sondagem, 66% achavam que ele devia permanecer no cargo mesmo que a equipe perdesse o jogo de preparação contra a seleção dos EUA, em 22 de março, na cidade de Dortmund, uma das sedes da Copa.[15] Em um inquérito de dezembro de 2004, a revista "Sport Bild" indicou que apenas 10,4% dos alemães acreditavam no título. A mesma sondagem foi feita em Abril tendo a percentagem diminuído para somente 5%, acreditando 29,1% que a seleção seria eliminada nas oitavas-de-final e 10,8% não acreditando que passasse da primeira fase do torneio. O técnico Klinsmann era bem aceito, com 60% dos entrevistados com uma opinião favorável sobre o seu trabalho.[16] Já entre os brasileiros, a expectativa era de que a seleção trouxesse o título novamente. Pesquisa divulgada no dia 25 de maio pelo Instituto CNT/Sensus apontou que 79,8% dos brasileiros acreditam no hexacampeonato mundial.[17] Na Itália, a menos de um mês do torneio explodiu um escândalo de compra de árbitros no futebol italiano.[18] As denúncias acabaram sendo dirigidas ao também técnico da seleção italiana, Marcello Lippi, que teria sido influenciado nas escalações por Luciano Moggi, ex-cartola da Juventus.[19] Moggi estaria obtendo com a escalação de seus jogadores a valorização dos mesmos. Após uma semana de intensas pressões da mídia por sua saída, Lippi foi confirmado na Copa pela Federação Italiana.[20] SedesUm total de 12 cidades alemãs foram selecionadas para receber a fase final da Copa do Mundo de 2006 dentre um total de 20 candidaturas, tendo sido descartadas, designadamente, as postulações de Bremen, Düsseldorf (a única cidade-sede da edição de 1974 a não ser reaproveitada em 2006), Mönchengladbach, Bochum e Duisburgo.[carece de fontes] Os estádios começaram a ser preparados pouco tempo depois de selecionadas as cidades que os abrigam. Enquanto alguns foram apenas submetidos a pequenas adaptações, muitos tiveram que ser completamente reformados e outros foram construídos especialmente para o torneio. Cada estádio modernizado necessitou de um investimento entre 48 e 280 milhões de euros; além disso, mais de 1,38 bilhões de euros foram gastos para os novos estádios. Como comparação, para o torneio de 1974, foram gastos 242 milhões de marcos (aproximadamente 121 milhões de euros) para a habilitação de todos os centros esportivos.[carece de fontes] A capacidade efetiva de alguns dos estádios na Copa do Mundo, em particular no Westfalenstadion, foi mais baixa que os números citados, já que o regulamento da Bundesliga permite que se mantenham partes onde o público não tem a necessidade de se sentar, enquanto que as regras da Federação Internacional de Futebol não permitem isso, pelo que foram instalados assentos nas áreas com essas características para a Copa do Mundo, reduzindo, assim, um pouco a sua capacidade. Também, durante a Copa do Mundo, muitos dos estádios foram oficialmente conhecidos por nomes diferentes, já que a FIFA proíbe patrocínio no nome dos estádios. Por exemplo, o Allianz Arena foi conhecido durante a competição como "FIFA WM-Stadion München" (Estádio da Copa do Mundo da FIFA Munique), enquanto o Veltins-Arena foi revertido para seu nome original de "Arena AufSchalke".[21] Das doze cidades-sede, apenas duas não pertenciam completamente à antiga Alemanha Ocidental, Leipzig e Berlim,[22] enquanto das oito que também sediaram jogos em 1974, apenas Munique e Gelsenkirchen não utilizaram os mesmos estádios de 32 anos antes. Países classificadosApós as partidas da rodada de classificação de 16 de novembro de 2005, os seguintes países asseguraram a classificação (mostrados aqui separados por associação regional):
a. ^ A República Socialista Federativa da Iugoslávia (1930, 1950, 1954, 1958, 1962, 1974, 1982, 1990 e 1998) se classificou nove vezes para a Copa do Mundo. A partir de 2003, passou a se chamar Sérvia e Montenegro. América do Sul (Confederação Sul-Americana de Futebol)
América Central, do Norte e Caribe (Confederação de Futebol da América do Norte, Central e Caribe)
Ásia (AFC)
África (CAF)
Oceania (Confederação de Futebol da Oceania)
SorteioFoi realizado em 9 de dezembro de 2005, em Leipzig, Alemanha. As 32 seleções classificadas para o estágio final da Copa do Mundo foram divididas em 8 grupos (A, B, C, D, E, F, G e H) de 4 países cada. As seleções do Brasil, Inglaterra, Espanha, México, França, Argentina, Itália e Alemanha foram escolhidas como cabeças de chave de cada um deles.[29]
Após os sorteios muitos comentaristas afirmaram que os grupos C e E são os chamados grupos da morte, por terem fortes seleções disputando entre si uma vaga.[31][32] ConvocaçõesCada seleção nacional convocou 23 jogadores. Cada jogador mantém o mesmo número de camisa durante todos os jogos da Copa. No caso de lesão, a seleção tem o direito da substituição até 24 horas antes do primeiro jogo no torneio.[33][34][35] Árbitros
• Trio reserva Fase de gruposO sistema de disputa na fase de grupos é de todos contra todos dentro de seus grupos em turno único. As duas seleções de melhor desempenho passam para as oitavas-de-final, realocadas segundo chaveamento previamente determinado. A partir dessa fase, as partidas acontecem em eliminatória simples até à final. Os perdedores das semifinais disputam o terceiro lugar no dia anterior ao da final.[36]
Fase finalEsquema
Oitavas de final
Quartas de final
Semifinais
Disputa pelo terceiro lugar
Final
EstatísticasArtilhariaNo final da Copa, o artilheiro Miroslav Klose recebeu a "Chuteira de Ouro" Adidas (Golden Shoe Award).[37] O brasileiro Ronaldo havia sido o último vencedor do prêmio na Copa de 2002, com oito gols marcados. Já Just Fontaine é o maior artilheiro de uma única edição do torneio, com 13 gols marcados na Copa do Mundo FIFA de 1958.
Classificação finalA classificação final das seleções levou em conta a fase em que a seleção chegou e depois a sua pontuação assim como os outros critérios de desempate.
Premiações
Individuais
Fonte:[38] Seleção da CopaFonte:[39] PublicidadeBolaEm 9 de dezembro de 2005, a Adidas apresentou a Teamgeist, bola oficial da Copa do Mundo FIFA. O nome Teamgeist, que em alemão quer dizer "espírito de equipe", foi escolhido em alusão à característica que uma equipe necessita para ganhar o torneio.[40] A bola tem 14 gomos, uma redução de três em relação às anteriores.[41] Na bola aparecem hélices negras sobre fundo branco, rodeadas por uma linha dourada, uma referência ao troféu de ouro da Copa do Mundo.[40] Transmissão televisivaEm AngolaEm Angola, todas as 64 partidas foram transmitidas pela TPA.[42] Em PortugalEm Portugal, 14 jogos foram transmitidos em sinal aberto na SIC. A RTP teve os direitos para a transmissão dos resumos alargados no canal RTP1 ao final do dia. O canal premium Sport TV transmitiu todas as 64 partidas.[43] Nos Açores e na Madeira, como o acesso à SIC em sinal aberto por via hertziana era reduzido, a RTP Madeira e RTP Açores emitiram todos os jogos comprados pela SIC à SportTV.[44] No BrasilPela segunda vez consecutiva, a TV Globo transmitiu sozinha a Copa do Mundo, obtendo exclusividade na TV aberta.[45] Controvérsias
Crimes e racismoAlguns grupos internacionais de direitos humanos (como a Amnesty International) expressaram preocupação com o aumento do tráfico de mulheres durante a Copa. De acordo com a Anistia Internacional, 30 000 mulheres e garotas aproximadamente foram levadas à Alemanha com o próposito de prostituição durante o torneio. Tais organizações agiram em conjunto com o comitê organizador para monitorar a prostituição no país e dar apoio as vítimas do tráfico.[46] Houve também uma grande preocupação no país quanto à segurança devido aos fatos da existência de terroristas e do crescimento de grupos neo-nazistas na Alemanha. Relatório divulgado pelo Ministério do Interior alemão no dia 22 de maio apontava crescimento de 27% da violência da extrema-direita no país em comparação ao ano anterior. Para tentar minimizar os possíveis acidentes, o governo já antes da Copa divulgou para os estrangeiros lugares não aconselháveis a se andar sozinho (a maioria nas cidades do leste da Alemanha, onde a influência nazista é grande). Algumas confederações, como a Africana, divulgaram um mapa de áreas onde os visitantes não devem ir. Uma campanha entre a Federação Internacional de Futebol e o comitê organizador exibiram uma faixa nos doze estádios do torneio antes das 64 partidas com a frase "Say no to racism" (diga não ao racismo).[47] Em 2008, o jornalista inglês Declan Hill alegou que quatro partidas do mundial foram vendidas para casa de apostas asiáticas. Os jogos seriam Brasil 3 x 0 Gana, Itália 2 x 0 Gana, Inglaterra 1 x 0 Equador e Itália 3 x 0 Ucrânia. O meia Stephen Appiah confirmou que houve, sim, proposta para que os ganenses entregassem um jogo, mas não contra Brasil e Itália, e garantiu que a proposta não foi aceita.[48] Ver tambémReferências
Ligações externas
|
Portal di Ensiklopedia Dunia