A Copa do Mundo FIFA de Futebol Feminino de 2027 será a décima edição do quadrienal campeonato internacional de futebol feminino disputado pelas seleções nacionais das federações-membro da FIFA. As datas escolhidas são o período entre 24 de junho e 25 de julho. As competições acontecerão no Brasil, sendo a primeira vez em que um país da América do Sul recebe um torneio mundial de futebol feminino e marca também o retorno da competição às Américas desde a edição de 2015 no Canadá.[1] Além disso, o país se junta ao México como a região que recebe pela terceira vez uma Copa do Mundo, depois de ter sido sede em 1950 e 2014, e se torna o sexto a receber as duas versões de um mundial de futebol profissional, depois de Suécia, Estados Unidos, Alemanha, Canadá e França. A definição aconteceu no dia 17 de maio de 2024 em um novo formato de votação, se igualando ao mundial masculino.[2]
Ampliação e mudanças no formato
Em 5 de julho de 2019, algumas horas antes da final da Copa do Mundo Feminina daquele ano, o presidente da FIFA, o suíço-italiano Gianni Infantino, declarou em uma coletiva de imprensa que aquela edição era uma edição sem precedentes na história do torneio, com um interesse de mídia nunca visto, o que levou as maiores audiências de televisão jamais registradas na história do futebol feminino. Ao final desta declaração, ele anunciou que a entidade havia elaborado uma lista com cinco metas a serem atingidas pelo futebol feminino nos próximos anos. Faziam parte desta lista:
Com o aumento do nível dos jogos registrado nas duas edições anteriores, a entidade decidiu aumentar o número de seleções participantes de 24 para 32, a fim de igualar o formato do torneio masculino, vigente desde 1998
Dobrar as premiações para a Copa de 2023, também igualando estes valores aos dos homens
Dobrar os investimentos no desenvolvimento do esporte para 1 bilhão de dólares[3][4]
Em 31 de julho do mesmo ano, o quadro executivo da entidade ratificou a primeira meta, que era a equiparação do formato dos dois torneios. No entanto, alguns meses mais tarde, a entidade decidiu que ele seria vigente no masculino até 2022, já que a partir de 2026 passaria a ser 48 seleções.[5]
Em 2021, foi anunciado que o sistema de votações seria semelhante ao sistema de votações da copa masculina, através de colégio eleitoral, com 211 votantes.[6] A definição da sede ocorreu no dia 17 de maio de 2024, mesmo ano que seria da escolha das sedes da versão masculina de 2030. Tal anúncio foi feito no dia 19 de dezembro de 2022, que também definiu a votação da Copa de 2031 para 2025.[7] As partes interessadas tinham até o final de março de 2023 para confirmar as suas intenções de participar das licitações.[8]
Quatorze países manifestaram interesse em receber esta versão da Copa do Mundo, superando o recorde da edição anterior com oito países interessados. Em 8 de dezembro de 2023, a FIFA confirmou os países candidatos a receber esta competição: Brasil e as candidaturas conjuntas de Alemanha-Bélgica-Países Baixos e Estados Unidos-México.[9] Inicialmente confirmada como uma das candidatas, a África do Sul acabou renunciando em 24 de novembro de 2023, visando focar no projeto para 2031.[10][11] Em 29 de abril de 2024, a candidatura conjunta de Estados Unidos e México anunciou desistência do processo, alegando pedir mais tempo para se preparar e focar na próxima Copa.[12]
Com a desistência da candidatura EUA-México, vários veículos de comunicação do mundo apontavam o Brasil como um dos favoritos a receber o evento, especialmente pela fato de poder se tornar o primeiro país da América do Sul a receber um mundial feminino de seleções profissionais, além de manter as estruturas deixadas pela Copa Masculina de 2014 e pelos Jogos Olímpicos de Verão de 2016, o qual algumas cidades brasileiras, além do próprio Rio de Janeiro, que era a sede, recebiam partidas do torneio feminino de futebol. Além disso, o país se destacava pelo crescimento da popularidade do futebol feminino e por ser uma zona livre de conflitos com impacto mundial.[13]
O favoritismo se confirmou tanto pela avaliação do relatório de inspeção in-loco da FIFA, onde o país tirou a nota 4/5 contra 3,7/5 do trio formado por Alemanha, Bélgica e Países Baixos,[14] quanto na eleição, onde foi aclamada vencedora do processo seletivo tendo 119 votos contra 78 do lado europeu.
No projeto final, divulgado em 28 de setembro de 2023, ficou definido que as dez cidades que já foram sedes da Copa do Mundo masculina de 2014 seriam as candidatas a receber os jogos, mas com a exclusão de Curitiba e Natal.[16] A ideia é que o jogo de abertura e a decisão aconteçam no Estádio Jornalista Mário Filho, popularmente conhecido como Maracanã. Inicialmente, a inauguração ocorreria no Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha.[17]
Em 22 de agosto de 2024 foi confirmado pela CBF que Belém também seria uma das sub-sedes.[19] A capital paraense chegou a ser uma das pré-candidatas no projeto divulgado em março de 2023.[20] No entanto, a cidade ficou de fora do projeto final de setembro devido ao fato de que o Mangueirão ainda estava em reta final de sua reforma. Em 30 de agosto de 2024, foi anunciada a inclusão de Natal como uma das possíveis subsedes.[21]
A previsão do anúncio para as 8 ou 10 cidades-sede escolhidas para a Copa do Mundo está previsto para janeiro de 2025.[22]
Para essa Copa do Mundo, a Confederação Asiática de Futebol (AFC) usa pela última vez a Copa Asiática (através da edição 2026) para definir as seis vagas das seleções do continente, uma vez que a partir da Copa do Mundo de 2031, as vagas serão ofertadas pelo esquema de eliminatórias, semelhante ao modelo masculino adotado para o mundial. A novidade foi anunciada em 13 de setembro de 2024.[23]
Já a Confederação Sul-Americana de Futebol (CONMEBOL) anunciou em 12 de dezembro de 2024 a adoção do modelo de eliminatórias, substituindo a Copa América, que passa a valer a partir de 2025 como classificatórias somente para os Jogos Pan-Americanos de 2027 e os Jogos Olímpicos de Verão de 2028. Com a novidade, as nove seleções não classificadas se enfrentam no modelo todos contra todos, através de pontos corridos, idêntico ao esquema masculino, valendo as duas vagas diretas para o primeiro e segundo colocado, enquanto que o terceiro e o quarto colocado disputam a repescagem internacional, contendo quatro duelos como mandante e quatro como visitante em cidades definidas pela confederação. O Brasil, por ser o país-sede, não participa dessa competição por já ter conquistado a vaga direta. Tal sistema já é usado pela União das Associações Europeias de Futebol (UEFA) nos torneios femininos.[24]
Pela repescagem internacional, foram ofertadas três vagas para serem disputadas entre dez seleções, sendo divididas em duas fases. A primeira fase acontece entre os meses de novembro e dezembro de 2026 em um local centralizado com as seis equipes classificadas pelo ranking mundial antes do sorteio do play-off. As duas melhores equipes se classificam para a segunda fase, realizada em fevereiro de 2027, onde esses dois times terão como rivais as duas equipes da CONCACAF (a definir o sistema de classificação), uma da CONMEBOL (através do terceiro colocado nas eliminatórias) e uma da UEFA (através das colocações nas eliminatórias)
Os países concorrentes foram divididos em oito grupos de quatro equipes (grupos A a H). As equipes em cada grupo jogam entre si em um todos contra todos, com as duas primeiras equipes avançando para a fase eliminatória.
A relação dos jogos foi publicada no livro da candidatura brasileira.[17]
Critérios de desempate
A classificação das equipas na fase de grupos é determinada da seguinte forma:
Pontos obtidos em todos os jogos do grupo (três pontos por vitória, um por empate, nenhum por derrota);
Diferença de gols em todos os jogos do grupo;
Número de gols marcados em todas as partidas da fase de grupos;
Pontos obtidos nas partidas disputadas entre as equipes em questão;
Diferença de gols nas partidas disputadas entre as equipes em questão;
Número de gols marcados nas partidas disputadas entre as equipes em questão;
Pontos de fair play em todas as partidas do grupo (apenas uma dedução pode ser aplicada a um jogador em uma única partida):
As primeiras licitações foram anunciadas em novembro de 2024. Entre os grupos de comunicação consultados, a Globo e a LiveMode foram convidadas a apresentar as suas propostas de cobertura, com prazo final até o dia 10 de dezembro. A definição foi marcada para janeiro de 2025.[25] Além da Globo e da LiveMode (CazéTV), a ESPN também apresentou um projeto de cobertura.[26]
Em 20 de dezembro de 2024, a Netflix adquiriu esta edição e a de 2031 com exclusividade para os Estados Unidos. Além das transmissões, a plataforma de streaming anunciou também a produção de documentários sobre o futebol feminino e as edições anteriores da Copa do Mundo em conjunto com a FIFA.[27]
Controvérsias
Entrevista de Rodolfo Landim
Durante uma entrevista ao jornal O Globo publicada em 2 de novembro de 2024, o então presidente do Clube de Regatas do Flamengo e candidato a vice-presidente na chapa de Rodrigo Dunshee pelas eleições do clube realizadas em 9 de dezembro do mesmo ano, Rodolfo Landim, se manifestou contrário à paralização do calendário da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) durante o período da Copa Feminina, o que é uma das determinações da FIFA ao país-sede escolhido, acusando as paralisações pelo rendimento aquém do esperado pelo Flamengo no Campeonato Brasileiro, Copa do Brasil e Copa Libertadores da América. Além disso, Landim proferiu declarações machistas na matéria, alegando que o futebol feminino no Brasil não atrai público (tanto aos estádios como na televisão) e que o Maracanã (palco da abertura e do encerramento da competição) nem poderia ser usado no torneio, sugerindo o uso de estádios na região do Bangu.[28] A fala repercutiu negativamente nas mídias brasileiras e foi repudiada por jornalistas esportivos e pelo técnico da seleção, Arthur Elias.[29][30][31]