Campeonato Mundial de Atletismo de 2009 foi a 12ª edição do campeonato mundial do esporte, realizada em Berlim, na Alemanha, entre 15 e 23 de agosto, com organização da Associação Internacional de Federações de Atletismo e da Associação Alemã de Federações de Atletismo (Deutscher Leichtathletik-Verband). A capital alemã foi escolhida como sede do evento cinco anos antes, no congresso da IAAF, derrotando outras sete cidades postulantes: Split, Valência, Brisbane, Bruxelas, Nova Delhi, Casablanca e Daegu.[1] O evento teve a participação de 2101 atletas representando 202 nações, que competiram em 47 modalidades esportivas.
Disputado em quase toda sua totalidade no Estádio Olímpico de Berlim (Olympiastadion Berlin) completamente modernizado, apenas com a largada e chegada da marcha atlética e da maratona no simbólico Portão de Brandeburgo, a grande atração do evento em popularidade e nível técnico foi o velocista jamaicano Usain Bolt, que quebrou novamente os dois recordes mundiais que havia estabelecido nos Jogos Olímpicos do ano anterior em Pequim 2008. A também velocista jamaicana Shelly-Ann Fraser conquistou ali as duas primeiras das sete medalhas de ouro que ganharia em campeonatos mundiais. Outra das grandes estrelas do Mundial eleita pelos jornalistas foi o mascote "Berlino", um ursoantropomórfico notado por sua hiperatividade no estádio; suas comemorações junto com Bolt, ajoelhados em contrição pelas vitórias e fazendo a pose do raio, rodaram o mundo.[2][3]
No total, três recordes mundiais e seis recordes do campeonato foram quebrados. Dois atletas foram suspensos e um banido do esporte por testarem positivo no mais abrangente programa de antidopagem já utilizado pela IAAF, com a coleta de mais de mil amostras de sangue e urina e estocagem destas amostras para o futuro, quando novas técnicas poderão descobrir estimulantes ainda não detectados na época.[4]
Local
O centro das competições foi o Estádio Olímpico, o Olympiastadion Berlin, com seus 74.800 lugares, construído inicialmente para os Jogos Olímpicos de Berlim em 1936, na Era Nazista, que recebeu uma modernização completa ao custo de €242 milhões de euros para a Copa do Mundo de 2006 que teve a final disputada ali.[5] Equipado com o mais moderno sistema tecnológico de som e iluminação artificial, sua pista azul de corrida feita com um material composto de borracha porosa permitia velocidades extremamente rápidas combinado com a melhor tração para os atletas.
Organização
Organizado pela IAAF, pela Associação Alemã de Atletismo e pela prefeitura de Berlim, o evento teve a supervisão e coordenação-geral operacional feita pelo Comitê Organizador de Berlim 2009 GmbH, sociedade comercial criada em 2005 especialmente para o evento.[6] Com um orçamento de €49,8 milhões de euros, ele cobria passagens e hospedagens para os atletas.[7] Nove mil quartos de hotel foram reservados na cidade exclusivamente para o campeonato, com os organizadores acreditando que a reserva integral do Hotel Estrel (950 quartos) e do Hotel Berlin (650 quartos) pudesse criar um ambiente de "Vila Olímpica" para os atletas.[8] Cerca de 400 mil ingressos foram vendidos – e cada um deles dava direito a usar o transporte público de graça – proporcionando um retorno de €17 milhões de euros além de €7 milhões em investimentos de marketing. A presença de turistas e atletas na cidade trouxe para Berlim um movimento de €120 milhões de euros, o que fez a prefeitura se candidatar a sede de eventos de atletismo futuros.[9]
Um moeda comemorativa no valor de €10 euros foi cunhada especialmente para a ocasião pelo governo e o nome do urso mascote, "Belino", foi escolhido por votação popular. Como parte do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, 47 árvores, uma para cada modalidade disputada, forma plantadas na "Avenida dos Campeões", no centro de Berlim. Os direitos de televisionamento foram vendidos para 213 países, recorde neste tipo de evento,[10] e mais de 3500 jornalistas de todo mundo estiveram presentes às competições. De maneira a ter uma maior interação com o público, uma corrida de 10 km foi programada para acontecer em parte do percurso do maratona, passando pelos pontos mais históricos da capital, aberta ao público em geral e que contou com 10 mil participantes.[11]
Pelo lado simbólico e histórico, o Comitê Organizador organizou um encontro público entre as famílias de Jesse Owens e Luz Long. Em Berlim 1936, nas Olimpíadas realizadas naquele mesmo estádio numa nação dominada pelo nazismo, que tinha no racismo e na supremacia da raça ariana um de seus pontos ideológicos mais fortes, a amizade e companheirismo demonstrada pelo alemão Long – hexacampeão alemão do salto em distância e favorito ao ouro – a seu rival Owens, um negro americano, que o derrotou na prova com a ajuda de seus conselhos técnicos, é considerado um dos grandes momentos de esportividade e fairplay mundiais.[12]
Prêmios
O Comitê Organizador ofereceu um prêmio de US$100.000 dólares para o atleta que estabelecesse um novo recorde mundial. Os premiados foram (duas vezes) Usain Bolt (100 m e 200 m ) e a polonesa Anita Włodarczyk (lançamento do martelo). Além disto, os seguintes prêmios por vitórias individuais e por equipes foram oferecidos:[13]
(*) - A alemã Betty Heidler quebrou o antigo recorde do Campeonato Mundial nas eliminatórias com um lançamento de 75,27 m. Seu recorde durou apenas 48 horas, sendo superado na final pela polonesa Anita Wlodarczyk, que, com a marca de 77,96 m, quebrou não apenas o recorde do campeonato como o recorde mundial. Detentora do recorde do campeonato por dois dias, Heidler faria um lançamento mais longo na final – 77,12 m – suficiente para a medalha de prata e o novo recorde alemão.
(*) - Todos os medalhistas do salto em altura saltaram a mesma marca. A colocação foi definida pelo número menor de saltos para atingi-la, incluindo as tentativas em alturas inferiores. Bednarek e Spank tiveram exatamente o mesmo resultado e dividiram a medalha de bronze.