Lesoto

Reino do Lesoto
Kingdom of Lesotho (inglês)
'Muso oa Lesotho (soto do sul)
Lema: "Khotso, Pula, Nala"
(em português: Paz, Chuva, Prosperidade)
Hino: Lesotho Fatse La Bontat'a Rona
Localização Lesoto
Capital
e maior cidade
Maseru
29° 18' S 27° 28' E
Língua oficial Soto e Inglês
Gentílico lesotiano;[1]
lesotense;[2]
lesoto[2]
Governo Monarquia constitucional
 • Monarca Letsie III
 • Primeiro-ministro Sam Matekane
Independência do Reino Unido
 • Unificação 1822
 • Protetorado Britânico 1868
 • Independência 4 de outubro de 1966
Área
 • Total 30 355 km² (137.º)
Fronteira África do Sul (enclave)
População
 • Estimativa para 2016 2 170 974 [3] hab. (142.º)
 • Densidade 68,1 hab./km²
 • Total US$ 5,106 bilhões(147.º)
 • Per capita US$ 2 700
IDH (2021) 0,514 (168.º) – baixo[4]
Moeda Loti (LSL) e rand (ZAR)
Fuso horário (UTC+2)
Cód. Internet .ls
Cód. telef. +266

Lesoto ou Lessoto[5][6] (oficialmente Reino do Lesoto; em inglês Kingdom of Lesotho) é um pequeno país da África Austral. Um enclave incrustado na África do Sul, montanhoso e sem saída para o mar, o país é o antigo reino da Bassutolândia, um dos países etnicamente mais homogêneos da África: 99% de sua população é da etnia basoto. O país vive da agricultura e criação de ovelhas na cordilheira do Drakensberg, que domina a maior parte do território e atingem mais de 3 mil metros de altitude. É bastante dependente da África do Sul; o dinheiro enviado por seus cidadãos empregados nas minas e fábricas sul-africanas representa 26% do PIB.

História

Ver artigo principal: História do Lesoto

No século XVI os basothos se estabeleciam na região da Transvaal (hoje África do Sul), em decorrência de conflitos com a etnia zulu.

No século XIX, os habitantes da Bassutolândia travam guerras contra os bôeres. Em 1869 o Lesoto passa a ser protetorado do Reino Unido, e se converte em colônia em 1884.

Em 1966 o país se torna independente, sob o nome de Reino do Lesoto. O chefe Moshoeshoe II assume seu reinado. A partir da década de 1970, o Lesoto dá asilo político a muitos sul-africanos contrários ao regime de segregação racial do país, o Apartheid. O general Justin Lekhanya dá um golpe em 1986, assumindo a chefia do governo e, quatro anos depois, depõe o rei Moshoeshoe II e o substitui por seu filho, o príncipe Letsie. O general é deposto em 1991 e, em 1995, Letsie renuncia, levando Moshoeshoe a reassumir o trono. Com a morte do rei, em 1996, seu filho volta ao poder, agora como Letsie III. Eleições gerais realizadas em maio de 1998 dão vitória ao partido governista Congresso para a Democracia de Lesoto (LCD), que obtém 78 das 80 cadeiras da Assembleia Nacional, e elege seu líder Bethuel Pakalitha Mosisili para primeiro-ministro. A oposição alega fraude e protesta. A escalada de manifestações, nos meses seguintes, leva, em setembro, à intervenção militar da África do Sul, que envia 600 soldados ao país, e de Botsuana, que participa com 300 soldados. A ação militar, requisitada por Mosisili sem conhecimento do rei Letsie III — que é impedido pelo primeiro-ministro de falar à população -, deixa aproximadamente 110 mortos e prejuízo de US$ 10 milhões.

Geografia

Ver artigo principal: Geografia do Lesoto
Neve na localidade de Moteng Pass, no distrito de Mokhotlong.

O Lesoto tem cerca de 30 355 km² e caracteriza-se, geograficamente, pela sua meseta montanhosa, com os cumes formados por lava basáltica. A meseta é cortada por diversos vales e rios. Lesoto possui cerca de 80% do seu território acima dos 1 800 m de altitude, sendo o único país do mundo a ter toda a sua área acima da altitude de 1 000 m.[7][8] O ponto mais baixo do país possui exatos 1 400 m de altitude e está localizado na confluência entre o rio Makhaleng e o rio Orange, próximo à vila de Mahuleng, no distrito de Mohale's Hoek. Dessa forma, o Lesoto é o país que possui a maior altitude mínima do mundo, que é superior à altitude máxima (ponto culminante) de 56 países (ver lista de países por ponto mais alto).[7][8]

Tem um clima temperado, com invernos frescos e secos e verões quentes e úmidos, nas partes mais baixas, e clima frio e com neve nas partes mais elevadas, com precipitações mais elevadas nestas áreas. O seu ponto mais elevado é o monte Thabana-Ntlenyana, com cerca de 3 482 m. O limite a leste é a cordilheira Drakensberg, fazendo fronteira com a província sul-africana de KwaZulu-Natal. Apenas uma faixa da fronteira noroeste tem suaves colinas, com uma pequena área de planícies.

Rios principais

Os rios principais são o Orange e o Caledom, nascendo em um planalto entre 2 750 e 3 350 metros de altura; e o Makhaleng, um importante afluente para o Orange.

Demografia

Ver artigo principal: Demografia do Lesoto

De acordo com o censo de 2016, o Lesoto tem uma população total de 2 007 201. Da população, 34,17% viviam em áreas urbanas e 65,83% em áreas rurais. A capital do país, Maseru, corresponde por cerca de metade da população urbana total. A distribuição por sexo é de 982 133 homens e 1 025 068 mulheres.[9]

Relatório da ONU de 2004 apontou que 18% da população do país era portadora do vírus HIV e em 2005, outra informação alarmante: mais de 25% das mulheres grávidas possuíam o vírus da doença. Esta situação assustadora levou o governo a oferecer testes gratuitos de AIDS para toda a população.


Religião

Cerca de 90% da população do Lesoto é cristã. Os protestantes representam 45% da população do país, sendo 26% evangélicos e outros grupos protestantes, como os anglicanos, e 19% de outros ramos do protestantismo. Os católicos representam 45% da população religiosa, formando o maior grupo cristão do Estado. Outras religiões, tais como o muçulmanos, hindus, budistas, bahá'ís e membros de religiões tradicionais africanas compreendem os restantes 10% da população.[10]

Política

Ver artigo principal: Política do Lesoto

O Lesoto é um país governado por uma Monarquia constitucional, com dois órgãos legislativos: o Senado e a Assembleia Nacional. No entanto, o rei não tem poderes executivos, nem legislativos.

País marcado por violentos confrontos em 1998, no seguimento de eleições controversas, em 2002 foram de novo realizadas eleições parlamentares, mas de forma pacífica.

Vista panorâmica de Maseru, capital do país.

Relações exteriores

A sua localização geográfica faz o país ter maiores laços econômicos e políticos com a África do Sul. Lesoto faz parte de várias organizações regionais como a Comunidade Sul Africano de Desenvolvimento (SADC), da União Aduaneira Sul Africano (SACU) e a União Africana (UA).

Lesoto também é membro ativo da ONU e Commonwealth ( países com laços britânicos) tendo também relações internacionais significativas com os EUA, Reino Unido, Alemanha e China. Na esfera internacional, Lesoto reconhece o Estado da Palestina e do Kosovo.

Subdivisões

Ver artigo principal: Subdivisões do Lesoto

O reino do Lesoto se encontra dividido em 10 distritos:

Distritos do Lesoto.
Divisiões administrativas do país
Distrito Capital Área
(km²)
População
(censo 2006)
1 Berea Teyateyaneng 2 222 250 006
2 Butha-Buthe Butha-Buthe 1 767 110 320
3 Leribe Hlotse 2 828 293 369
4 Mafeteng Mafeteng 2 119 192 621
5 Maseru Maseru 4 279 431 998
6 Mohale's Hoek Mahale's Hoek 3 530 176 928
7 Mokhotlong Mokholong 4 075 97 713
8 Qacha's Nek Qacha's Nek 2 349 69 749
9 Quthing Quthing 2 916 124 048
10 Thaba-Tseka Thaba-Tseka 4 270 129 881

Economia

Ver artigo principal: Economia do Lesoto

A sua economia tem por base a agricultura, em particular a de subsistência, como culturas de milho, sorgo, trigo e feijão. Nas zonas mais altas é criado gado caprino e ovino, extraindo-se e mohair, como sub produtos. Tem como principal recurso natural a água, que em boa parte é exportada para a África do Sul.

O Lesoto depende da África do Sul para grande parte de sua atividade econômica; O Lesoto importa 85% dos bens que consome da África do Sul, incluindo a maioria dos insumos agrícolas. As famílias dependem muito das remessas de membros da família que trabalham na África do Sul em minas, fazendas e como empregadas domésticas, embora o emprego na mineração tenha diminuído substancialmente desde os anos 90. O Lesoto é membro da União Aduaneira da África Austral (SACU) e as receitas da SACU representaram aproximadamente 26% do PIB total em 2016. O Lesoto também ganha royalties do governo sul-africano pela água transferida para a África do Sul a partir de um sistema de barragens e reservatórios no Lesoto.

Infraestrutura

Educação

Segundo estimativas de 2014, 85% das mulheres e 68% dos homens com mais de 15 anos eram alfabetizados.[11] Em 2018, este número passou a cerca de 79,4% da população total, sendo que 88,3% das mulheres e 70,1% dos homens detinham alfabetização.[12] Como tal, o Lesoto detém uma das taxas de alfabetização mais altas da África, em parte porque Lesoto investe mais de 12% do seu PIB em educação.[13] Ao contrário da maioria de outros países africanos, no Lesoto, a alfabetização feminina (84,93%) excede a alfabetização masculina (67,75%) em 17,18%. De acordo com um estudo realizado pelo Consórcio da África Austral e Oriental para Monitoramento da Qualidade Educacional, cerca de 37% dos alunos da sexta série no Lesoto (idade média de 14 anos) estão no nível quatro ou acima, no quesito leitura, sendo que um aluno neste nível de alfabetização vincula e interpreta as informações de um texto com mais facilidade. Embora a educação não seja obrigatória, o Governo do Lesoto está implementando gradativamente um programa de educação primária gratuito.[14]

O ensino superior no país é ofertado especialmente pela Universidade Nacional do Lesoto, a principal e mais antiga instituição acadêmica do país, tendo sido fundada em 1945.[15]

A expectativa de vida escolar, do ensino primário ao ensino superior, era de 12 anos de estudos em 2018. Os homens estudam, em média, 12 anos de suas vidas, enquanto a média feminina de estudo é de 13 anos. Em 2019, a despesa total com educação, pelo país, foi de 7% de seu Produto Interno Bruto (PIB), sendo a 14ª maior taxa de investimento no setor educacional entre os países do mundo.[12]

Cultura

Entre os instrumentos musicais tradicionais, estão o lekolulo, uma espécie de flauta usada por meninos de pastoreio; o Setolo-Tolo, tocado por homens usando a boca; e o Thomo, com cordas musicais. O hino nacional do Lesoto é "Lesotho Fatše La Bo-ntata Rona", que, literalmente, se traduz em "Lesotho, terra de nossos pais".

O estilo tradicional de habitação em Lesoto é chamado de mokhoro. Muitas casas mais antigas, especialmente em pequenas cidades e aldeias, são deste tipo, com paredes geralmente construídas a partir de grandes pedras coladas. Tijolos de barro e blocos de concreto especialmente também são usados, com telhados de colmo, embora muitas vezes sejam substituídos por telhas onduladas.

O traje tradicional gira em torno da manta Basotho, uma espessa cobertura feita principalmente de lã. Os cobertores são onipresentes em todo o país durante todas as estações, e usado de forma diferente para homens e mulheres.

O Festival Morija Arts & Cultural é um festival de artes e música de origem Sesoto. Ele é realizado anualmente na cidade histórica de Morija, onde os primeiros missionários chegaram em 1833.[16]

Referências

  1. «Portal da Língua Portuguesa - Dicionário de Gentílicos e Topónimos». Portaldalinguaportuguesa.org 
  2. a b «Ciberdúvidas da Língua Portuguesa - Lesotiano, lesotense e lesoto». Ciberduvidas.sapo.pt 
  3. http://www.worldometers.info/world-population/lesotho-population/
  4. «Relatório de Desenvolvimento Humano 2021/2022» 🔗 (PDF). Programa de Desenvolvimento das Nações Unida. Consultado em 8 de setembro de 2022 
  5. Correia, Paulo (Verão de 2018). «Bassutolândia, Bechuanalândia e Suazilândia» (PDF). a folha — Boletim da língua portuguesa nas instituições europeias. N.º 57. pp. 17–20. Consultado em 26 de setembro de 2018. Nota 14: "As grafias Bassutolândia e Lessoto parecem preferíveis a Basutolândia e Lesoto, pois designam a terra dos sotos e não dos zotos." 
  6. Correia, Paulo (Outono de 2019). «Um década de nova toponímia» (PDF). a folha - Boletim da língua portuguesa nas instituições europeias. N.º 61. pp. 7–13. Consultado em 17 de janeiro de 2020 
  7. a b «The World Factbook»  CIA, vista em 31 de dezembro de 2017.
  8. a b «LESOTHO»  Southern African Development Community, vista em 31 de dezembro de 2017.
  9. https://www.cia.gov/library/publications/the-world-factbook/geos/lt.html
  10. «International Religious Freedom Report 2007: Lesotho (em português: Relatório de Liberdade Religiosa Internacional 2007: Lesotho)» (em inglês). U.S Department of State. Consultado em 11 de maio de 2014 
  11. «Lesotho» (em inglês). UNESCO. 4 de novembro de 2014. Consultado em 11 de abril de 2021 
  12. a b The World Factbook (2018). «Lesoto: People and Society» (em inglês). CIA. Consultado em 11 de abril de 2021 
  13. «Unesco Institute for Statistics: Date Centre». 14 de setembro de 2007. Consultado em 28 de fevereiro de 2011. Cópia arquivada em 30 de janeiro de 2011 
  14. «Lesotho Ministry of Education and Training – Basic Education» (em inglês). Education.gov.ls. 5 de outubro de 2005. Consultado em 11 de abril de 2021. Cópia arquivada em 20 de julho de 2010 
  15. «History» (em inglês). Universidade Nacional do Lesoto. Consultado em 11 de abril de 2021. Cópia arquivada em 19 de julho de 2011 
  16. «Welcome to Morija, Lesotho» (em inglês). Morija. Consultado em 30 de agosto de 2014 

Ver também

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