Bete Mendes
Bete Mendes, nome artístico de Elizabeth Mendes de Oliveira (Santos, 11 de maio de 1949), é uma atriz e política brasileira. Iniciou a carreira artística na TV Tupi, até ir para a Rede Globo, onde atuou em diversos papéis de destaque como em O Rebu (1974), O Casarão (1976) e Sinhazinha Flô (1977). Em 2007, interpretou a personagem Dona Benta na última temporada do seriado infantil Sítio do Picapau Amarelo. BiografiaFilha do suboficial da Aeronáutica Osmar Pires de Oliveira e de Maria Mendes de Oliveira, não concluiu o curso de Sociologia na Universidade de São Paulo (USP) pois foi proibida de frequentar qualquer universidade durante três anos (conforme o Decreto-lei 477 então vigente), em razão do seu envolvimento com a organização de extrema esquerda Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR-Palmares).[1] Posteriormente formou-se em artes cênicas, também pela USP.[2] Apresentou-se pela primeira vez no teatro em 1968, na peça A Cozinha, de Arnold Wesker, com tradução do Millôr Fernandes e direção de Antunes Filho.[3][4] Já foi casada com o ator e diretor Dennis Carvalho. Militância políticaEm 1970 foi presa pela primeira vez, pelo DOI-CODI (Departamento de Operações Internas - Centro de Operações para Defesa Interna, órgão encarregado, durante a ditadura militar, de proceder o combate aos grupos de esquerda), ficando quatro dias detida. Entre setembro e outubro foi novamente presa, ocasião em que foi torturada pelo coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra,[5] o qual negou as acusações.[6] Absolvida pelo Superior Tribunal Militar, foi solta após trinta dias de cárcere - mas foi obrigada a abandonar o curso de Sociologia.[2] Participou ativamente de diversos movimentos sociais e sindicais, como a campanha pela regulamentação profissional de artistas e técnicos em espetáculos de diversões (conquistada em 1978), o apoio às greves dos Metalúrgicos do ABC paulista e o movimento pela Anistia.[2] É associada ao Movimento Humanos Direitos.[7] Carreira política e atuação parlamentarAo longo da carreira artística, voltada principalmente para a televisão, Bete Mendes teve também uma relevante atuação na política. Foi uma das fundadoras do Partido dos Trabalhadores, pelo qual se elegeu deputada federal pela primeira vez, na legislatura 1983-1987.[2] Na Câmara dos Deputados foi terceira suplente do Secretário da Mesa Diretora. Foi titular na Comissão de Transportes e suplente em várias outras comissões. Em 1985, foi autora de projeto que criava uma comissão encarregada da elaboração de projeto de Constituição - arquivado por prejudicialidade, pois foi decidido posteriormente que a Constituição seria elaborada pelos deputados eleitos.[8] Foi expulsa do partido por haver votado, ainda no regime de eleições indiretas, em Tancredo Neves para presidente da República.[4] Elegeu-se novamente, desta feita pelo PMDB, para a legislatura seguinte (1987-1991), tendo participado da Constituinte de 1987. Além do mandato eletivo, foi Secretária Estadual de Cultura de São Paulo, no período de 15 de março de 1987 a 21 de dezembro de 1988. Presidiu a Fundação de Artes do Estado do Rio de Janeiro, Funarj, em 1999, durante o governo Anthony Garotinho.[2] O rompimento com o PT não a impediu de apoiar as candidaturas presidenciais de Luiz Inácio Lula da Silva, inclusive a de 2006, quando muitos artistas retiraram seu apoio a ele, após o desgaste que o partido sofrera com o escândalo do mensalão.[9][10] Em setembro de 2007, Bete Mendes foi homenageada em Santos, sua cidade natal, onde teve seu nome inscrito na "calçada da fama" - criada em frente ao Cine Roxy, no bairro do Gonzaga - ao lado de Pelé e do compositor Gilberto Mendes.[11] O caso Brilhante UstraQuando exercia o seu segundo mandato, sendo presidente José Sarney, Bete Mendes integrou a comitiva presidencial em visita oficial ao Uruguai. No dia 17 de agosto de 1985 Bete reconheceu o adido militar da embaixada brasileira em Montevidéu, o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, como sendo o seu antigo torturador, na prisão do Doi-Codi. O episódio ganhou ampla repercussão no país, reacendendo os debates sobre a amplitude da Lei da anistia, promulgada em 1979, discutindo-se se tal anistia de fato atingiria os envolvidos em crimes de tortura. Em resposta à acusação de Bete Mendes, Ustra publicou um livro intitulado Rompendo o Silêncio, onde nega que a atriz tenha sofrido qualquer tipo de tortura e a acusa de ter montado um "teatro" para promover sua reeleição.[12] Contra o coronel Ustra pesavam diversas outras acusações de ex-presos políticos, por prática de tortura, assassinatos e desaparecimentos de presos que estavam sob a guarda do DOI-Codi paulistano, além de ações judiciais movidas por familiares de ex-presos e pelo Ministério Público Federal.[13] Em 2008, a família de Luiz Eduardo da Rocha Merlino moveu uma ação para que a Justiça reconhecesse o papel de Ustra na morte do ex-preso, em decorrência de tortura, ocorrida no mês de julho de 1971. Em 2012, Ustra foi condenado a indenizar a família Merlino por danos morais. Ele recorreu da decisão. Morreu em 2015, antes do novo julgamento.[14] CarreiraTelevisão
CinemaFonte: Coleção Aplauso[18]
TeatroFonte: Coleção Aplauso[18]
Referências
Ligações externas
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