Assassinato de Antônio Vinicius Gritzbach

Assassinato de Antônio Vinicius Gritzbach

Antônio Vinicius Gritzbach
Local do crime Aeroporto Internacional de São Paulo-Guarulhos,  São Paulo
 Brasil
Data 8 de novembro de 2024
Tipo de crime Homicídio
Vítimas Antônio Vinicius Gritzbach

O Assassinato de Antônio Vinicius Gritzbach ocorreu no dia 8 de novembro de 2024, no terminal 2 do Aeroporto internacional de Guarulhos quando ele foi alvejado a tiros, outras três pessoas se feriram no ataque.[1]

A diretora do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), da Polícia Civil de São Paulo, delegada Ivalda Aleixo, disse que a motivação do assassinato do delator do PCC foi a sua delação sobre policiais e membros da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).[2]

Crime

Imagem do momento do assassinato captada por uma câmera de segurança do Aeroporto Internacional de Guarulhos

Gritzbach era alvo de investigação que ele seria ligado ao Primeiro Comando da Capital (PCC),[3] porém, ele teria rompido com a facção e teria mandado assassinar dois integrantes do grupo em 2021[1] e estava negociando um acordo de delação premiada com o Ministério Publico.[4]

No dia 8 de novembro de 2024, Gritzbach foi baleado no terminal 2 do Aeroporto internacional de Guarulhos e outras três pessoas também se feriram no ataque.[1] No mesmo dia, um carro Volkswagen Gol da cor preta usado na cena do crime foi encontrado abandonado em uma favela próxima, em Guarulhos, mas munições de fuzil e um colete balístico também foram encontradas dentro de carro.[5][6]

Investigação

2024

Quatro policiais militares que faziam a escolta do empresário foram identificados e afastados logo após o crime.[7][8]

Segundo o boletim de ocorrência do caso, registrado pela delegacia de Cumbica, Gritzbach levava uma bagagem da viagem a Maceió contendo ao menos 38 itens de joias e objetos de alto valor, uma equivalente a mais de um milhão de reais, e passou a bagagem para a namorada, que fugiu do local durante o tiroteio. Posteriormente, a namorada de Gritzbach entregou a mala de joias à polícia.[9][10]

Em 9 de novembro de 2024, o motorista de aplicativo Celso Araujo Sampaio de Novais, de 41 anos de idade, morreu após também ter sido atingido por tiros.[11]

Na madrugada do dia 9 de novembro, a namorada de Vinicius Gritzbach disse em depoimento à polícia que o casal jantava em São Miguel dos Milagres, em Alagoas, na noite do dia 6 do mesmo mês, quando o delator do PCC contou que viu um homem no restaurante que era parecido com um indivíduo que o ameaçava.[12]

Em 11 de novembro, uma equipe da Polícia Federal do Brasil reuniu-se com os investigadores da Polícia Civil do Estado de São Paulo para ajudar na investigação sobre a execução de Gritzbach.[13] Na tarde do mesmo dia, o secretário da Segurança Pública de São Paulo (SSP), Guilherme Derrite, assinou uma resolução que institui uma força-tarefa com a participação de seis membros das forças de segurança do estado de São Paulo para investigar o caso da execução no aeroporto de Guarulhos.[14] O secretário da Segurança Pública do estado de São Paulo, Guilherme Derrite, disse em coletiva de imprensa que Gritzbach denunciou seis policiais civis do Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) por corrupção e extorsão à Corregedoria da Polícia Civil no dia 31 de outubro, oito dias antes de ser executado no aeroporto de Guarulhos.[15][16] De acordo com o documento, no dia 31 de outubro, Gritzbach acusou policiais civis do DHPP de cobrarem 40 milhões de reais para deixar de investigá-lo como suspeito de ser o mandante dos assassinatos de dois membros da facção criminosa.[16]

Em 12 de novembro, em depoimento à polícia, um dos seguranças de Gritzbach, contou que, durante a viagem a Alagoas, um funcionário dele pegou uma sacola pequena de um homem desconhecido em quiosque da praia em Maceió.[17] No mesmo dia, a força-tarefa da Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou que afastou preventivamente oito agentes da Polícia Militar investigados por suspeita de envolvimento na execução de Gritzbach, delator do PCC.[18] No dia seguinte, a força-tarefa da Secretaria da Segurança Pública (SSP) afastou mais os policiais civis que Gritzbach havia denunciado por corrupção oito dias antes de ser executado a tiros no aeroporto em Guarulhos.[19]

Em 19 de novembro, a força-tarefa da SSP identificou o primeiro suspeito, flagrado pelas câmeras de segurança do aeroporto no dia do crime, como Kauê do Amaral Coelho, e anunciou uma recompensa de 50 mil reais para localizar o suspeito de ser o informante da facção criminosa no caso do delator do PCC morto.[20] Em 22 de novembro, a força-tarefa da SSP identificou o segundo suspeito de participar da execução de Vinicius Gritzbach como Matheus Augusto de Castro Mota. A polícia disse que ele pagou 5 mil reais a Kauê do Amaral Coelho que avisou atiradores sobre a chegada de Gritzbach em aeroporto.[21] Em 26 de novembro, o policial civil e o dono do banco 2 Go Bank, Cyllas Elia, acusado de corrupção por Vinicius Gritzbach, foi preso na operação da Polícia Federal contra crimes financeiros que movimentaram 6 bilhões de reais na capital do estado de São Paulo. De acordo com a delação de Gritzbach, o 2 Go Bank de Elia era usado por seu dono para lavar dinheiro do PCC.[22]

Em 4 de dezembro, a Polícia Civil do Estado de São Paulo apreendeu um celular, um computador, um cofre e documentos no apartamento de Vinicius Gritzbach para ajudar na investigação.[23] Em 6 de dezembro, os policiais da Rota prenderam Marcos Henrique Soares, o primeiro suspeito de envolvimento no assassinato de Vinicius Gritzbach. É a primeira prisão desde a morte do delator do PCC em novembro de 2024.[24] Em 8 de dezembro, a reportagem do Fantástico da Globo revelou que um carro suspeito da polícia com a placa adulterada foi flagrado por imagens de câmeras de vigilância do aeroporto de Guarulhos no local do ataque, que ocorreu horas antes do crime.[25] Em 9 de dezembro, a Polícia Civil de São Paulo prendeu Matheus Augusto de Castro Mota, o segundo suspeito de participar do assassinato de Vinicius Gritzbach. Mateus Mota é acusado de emprestar os dois carros usados na fuga dos criminosos depois do crime.[26]

Em 17 de dezembro, a Operação Tacitus, realizada pela Polícia Federal do Brasil (PF) e promotores do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público de São Paulo (MP-SP), prendeu sete pessoas, incluindo um delegado e mais três policiais civis suspeitos de atuar para o PCC. Um dos presos, identificado como o delegado Fabio Baena, foi acusado por Gritzbach, em sua delação premiada. Rogério de Almeida Felício, que trabalhava como segurança do cantor sertanejo Gusttavo Lima e apareceu nas redes sociais com um dos relógios de luxo, foi procurado pela PF e pelo MP até o dia 23 do mesmo mês.[27][28]

Em 18 de dezembro, o Tribunal Regional Federal (TRF3) concedeu um habeas corpus e mandou soltar dois militares, incluindo o agente da Polícia Civil de São Paulo, Cyllas Salerno Elia Junior, que foi mencionado por Vinícius Gritzbach na delação premiada assinado com o Ministério Público.[29]

Em 20 de dezembro, a Polícia Federal do Brasil (PF) apreendeu o dinheiro estrangeiro e brasileiro, armas, munições, bens do alto valor, uma lancha e outros objetos em imóveis dos investigados do estado de São Paulo que foram denunciados por Vinicius Gritzbach antes de ele ser morto. Após a denunciar o grupo, a PF e o MP fizeram a operação na capital do estado e nas cidades de Bragança Paulista, Igaratá e Ubatuba, no interior do estado.[30] No mesmo dia, Fabio Pinheiro Lopes, diretor do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), e Murilo Fonseca Roque, de uma delegacia de São Bernardo do Campo, foram afastados preventivamente pelo governo de São Paulo após serem citados na delação de Vinicius Gritzbach sobre a corrupção policial ligada ao PCC. O afastamento ocorreu um dia depois das informações sobre os delegados citados na delação que foram divulgadas pelo SBT.[31] Em 23 de dezembro, o policial civil Rogério de Almeida Felício, que era procurado pela PF e pelo MP por suspeita de corrupção e envolvimento com o PCC, foi preso após se entregar para numa delegacia em Santos, no litoral do estado de São Paulo. Ele é entre todos os cinco policiais denunciados por Vinicius Gritzbach.[32]

2025

Em 16 de janeiro de 2025, a operação da Corregedoria da Polícia Militar do Estado de São Paulo prendeu 15 policiais militares, suspeitos de envolvimento na morte de Vinícius Gritzbach. Um dos presos, o cabo da ativa Denis Antonio Martins é apontado como o suspeito de ter feito os disparos contra o delator do PCC.[33][34] O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, disse que a polícia localizou o sinal de celular de Denis Antonio Martins que estava no local do crime no dia da execução.[35]

Em 18 de janeiro, a Polícia Civil do Estado de São Paulo prendeu um policial militar, identificado como o 1º tenente Fernando Genauro da Silva, de 33 anos, suspeito de dirigir o carro usado pelos atiradores na execução de Vinícius Gritzbach, no dia do crime. A prisão ocorreu em Osasco, onde o suspeito mora.[36]

Referências

  1. a b c «Empresário que delatou PCC é morto no Aeroporto de Guarulhos». Estadão. Consultado em 9 de novembro de 2024 
  2. Bruno Bocchini (16 de janeiro de 2025). «Motivação do assassinato de Gritzbach foi sua delação, diz DHPP». Agência Brasil. Consultado em 17 de janeiro de 2025 
  3. Guedes, Marcos. «Assassinato de empresário no aeroporto revela traição e acerto de contas com o PCC». CNN Brasil. Consultado em 9 de novembro de 2024 
  4. «Trunfo para investigação, empresário do PCC prometia entregar "hierarquia da propina" | Blogs». CNN Brasil. Consultado em 9 de novembro de 2024 
  5. Bruno Tavares e César Tralli (8 de novembro de 2024). «Carro usado em tiroteio que matou empresário no Aeroporto de Cumbica é localizado em Guarulhos, com munições de fuzil». G1. Consultado em 9 de novembro de 2024 
  6. Kleber Tomaz e Walace Lara (16 de novembro de 2024). «Delator do PCC: novo vídeo mostra carro de atiradores dando voltas no aeroporto perto de ônibus da GCM onde depois ocorreu execução». G1. Consultado em 18 de novembro de 2024 
  7. Oliveira, Dayres Vitoria, Yasmin. «PMs que atuavam como seguranças de empresário morto em aeroporto são afastados». CNN Brasil. Consultado em 9 de novembro de 2024 
  8. Lucas Jozino (9 de novembro de 2024). «PMs que escoltavam empresário morto em aeroporto são identificados e afastados; celulares foram apreendidos». G1. Consultado em 10 de novembro de 2024 
  9. Lucas Jozino e Rodrigo Rodrigues (10 de novembro de 2024). «Delator do PCC executado no Aeroporto Internacional de SP trazia mala com joias que somam mais de R$ 1 milhão». G1. Consultado em 12 de novembro de 2024 
  10. «FOTO: Veja as joias avaliadas em R$ 1 milhão que delator do PCC trazia em mala de viagem». G1. 11 de novembro de 2024. Consultado em 12 de novembro de 2024 
  11. Sousa, Bruno Laforé, Thomaz. «Morre motorista atingido por disparo durante ataque no aeroporto de Guarulhos». CNN Brasil. Consultado em 10 de novembro de 2024 
  12. Abraão Cruz (12 de novembro de 2024). «Delator do PCC desconfiou estar sendo seguido durante viagem a Alagoas, diz namorada». G1. Consultado em 30 de novembro de 2024 
  13. Nilson Klava (11 de novembro de 2024). «Execução em aeroporto: PF e Polícia Civil de SP devem se reunir nesta segunda». G1. Consultado em 12 de novembro de 2024 
  14. Patrícia Marques (11 de novembro de 2024). «Secretaria da Segurança cria força-tarefa com seis integrantes das polícias para investigar execução de delator do PCC em aeroporto». G1. Consultado em 12 de novembro de 2024 
  15. «Delator do PCC denunciou policiais civis por extorsão à Corregedoria oito dias antes de ser executado em Guarulhos». G1. 11 de novembro de 2024. Consultado em 12 de novembro de 2024 
  16. a b Lucas Jozino, Pedro Henrique Moreira, Anselmo Caparica e Kleber Tomaz (13 de novembro de 2024). «Antes de ser executado, delator do PCC falou à Corregedoria da Polícia Civil que agentes cobraram R$ 40 milhões para deixar de investigá-lo». G1. Consultado em 14 de novembro de 2024 
  17. Patrícia Marques (12 de novembro de 2024). «Funcionário de delator do PCC pegou sacola em quiosque da praia em Maceió, diz segurança». G1. Consultado em 13 de novembro de 2024 
  18. «Força-tarefa afasta oito PMs investigados por suspeita de envolvimento no caso da execução de delator do PCC em aeroporto». G1. 12 de novembro de 2024. Consultado em 13 de novembro de 2024 
  19. Walace Lara, Léo Arcoverde e Kleber Tomaz (13 de novembro de 2024). «Força-tarefa afasta policiais civis que delator do PCC havia denunciado por corrupção antes de ser executado em aeroporto». G1. Consultado em 13 de novembro de 2024 
  20. «Força-tarefa oferece R$ 50 mil de recompensa para localizar suspeito de ser informante no caso do delator morto em aeroporto». G1. 19 de novembro de 2024. Consultado em 20 de novembro de 2024 
  21. Bruno Tavares, Patrícia Marques e Kleber Tomaz (22 de novembro de 2024). «Força-tarefa identifica e procura segundo suspeito de participar da execução de delator do PCC». G1. Consultado em 23 de novembro de 2024 
  22. Isabela Leite, Léo Arcoverde, Bruno Tavares e Kleber Tomaz (26 de novembro de 2024). «Dono de banco preso em operação da PF contra lavagem de dinheiro é policial civil e foi acusado de corrupção por delator do PCC». G1. Consultado em 26 de novembro de 2024 
  23. «Polícia faz nova busca em apartamento de delator do PCC executado no Aeroporto Internacional de SP». G1. 4 de dezembro de 2024. Consultado em 4 de dezembro de 2024 
  24. Lucas Jozino (6 de dezembro de 2024). «Polícia prende 1º suspeito de envolvimento na execução de delator do PCC no aeroporto em Guarulhos». G1. Consultado em 6 de dezembro de 2024 
  25. «Exclusivo: carro da polícia com placa adulterada estava no local da morte de delator do PCC, horas antes do crime». G1. 8 de dezembro de 2024. Consultado em 9 de dezembro de 2024 
  26. Lucas Jozino (9 de dezembro de 2024). «Segundo suspeito de envolvimento na execução de delator do PCC é detido em SP». G1. Consultado em 10 de dezembro de 2024 
  27. César Tralli, Léo Arcoverde, Isabela Leite e Bruno Tavares (17 de dezembro de 2024). «PF prende delegado e mais 3 policiais civis de São Paulo suspeitos de atuar para o PCC». G1. Consultado em 17 de dezembro de 2024 
  28. Léo Arcoverde e Kleber Tomaz (18 de dezembro de 2024). «Seis policiais civis de SP já foram presos após serem delatados por empresário que os acusou de corrupção e elo com PCC». G1. Consultado em 18 de dezembro de 2024 
  29. Isabela Leite e Bruno Tavares (4 de janeiro de 2025). «Justiça Federal manda soltar capitão da PM preso em operação contra grupo acusado de praticar crimes financeiros e movimentar R$ 6 bilhões». G1. Consultado em 5 de janeiro de 2025 
  30. Léo Arcoverde e Kleber Tomaz (20 de dezembro de 2024). «PF apreende dólares, euros, joias, fuzis, carros de luxo e lancha com policiais, advogado e empresários presos por elo com PCC; veja fotos». G1. Consultado em 20 de dezembro de 2024 
  31. Rodrigo Bocardi, Léo Arcoverde, Kleber Tomaz e Bruno Tavares (20 de dezembro de 2024). «Diretor do Deic e delegado de SP são afastados após serem citados em delação sobre corrupção policial; deputado também foi mencionado». G1. Consultado em 21 de dezembro de 2024 
  32. Lucas Jozino, Léo Arcoverde e Kleber Tomaz (23 de dezembro de 2024). «Policial civil de SP que fazia segurança para Gusttavo Lima é preso; ele era procurado por corrupção e elo com o PCC». G1. Consultado em 23 de dezembro de 2024 
  33. Bruno Tavares, Léo Arcoverde e Patrícia Marques (16 de janeiro de 2025). «Corregedoria prende PM acusado de executar delator do PCC em aeroporto de SP». G1. Consultado em 16 de janeiro de 2025 
  34. Lucas Jozino e Patrícia Marques (16 de janeiro de 2025). «Veja quem são os 15 policiais presos em operação que investiga assassinato de delator do PCC». G1. Consultado em 16 de janeiro de 2025 
  35. «Acusado de executar delator do PCC foi localizado pelo sinal do celular; veja como funciona o rastreamento». G1. 16 de janeiro de 2025. Consultado em 17 de janeiro de 2025 
  36. Patrícia Marques e Bruno Tavares (18 de janeiro de 2025). «Polícia prende PM suspeito de dirigir carro usado na execução de delator do PCC no aeroporto». G1. Consultado em 19 de janeiro de 2025 

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