Canibais de Garanhuns
Canibais de Garanhuns foi como ficou conhecido o trio formado por Jorge Negromonte, Isabel Cristina e Bruna Cristina, condenados por assassinar, esquartejar, consumir e vender salgadinhos de carne humana em Garanhuns, Pernambuco, Brasil. Eles faziam parte de uma seita chamada Cartel, cujo objetivo era a purificação do mundo e o controle populacional. A ingestão de carne humana fazia parte desse processo de purificação. O trio planejava realizar uma quarta morte, que encerraria o ciclo da seita e abriria um "portal para o acesso ao paraíso." No entanto, eles foram presos antes de completar esse objetivo. As vítimas do trio foram Jéssica Camila da Silva Pereira, assassinada em 26 de maio de 2008, e Giselly Helena da Silva e Alexandra da Silva Falcão em 2012. A carne das vítimas foi utilizada para fabricar salgados, como empadas e coxinhas, que foram vendidas para a população de Garanhuns, e alguns moradores relataram tê-los comido, sem saber de que eram feitos. Afetado por uma doença mental, Jorge publicou em cartório no mesmo ano o livro Revelações de um Esquizofrênico, no qual narra as alucinações de que padecia desde a infância, bem como o consumo de carne humana e a confecção dos salgados. Em 2012 foram deferidos mandados de prisão preventiva contra eles, após desaparecimento de Giselly e Alexandra. Os corpos foram encontrados enterrados no quintal da casa onde o trio morava. Em 2014, eles foram condenados pelo assassinato de Jéssica . Em 2018, pela morte de Giselly e Alexandra. As penas foram aumentadas em 2019. AssassinatosContextoMorando em Garanhuns, Jorge Beltrão Negromonte da Silveira, Isabel Cristina Pires da Silveira e Bruna Cristina Oliveira da Silva formavam um triângulo amoroso e, ao mesmo tempo, uma seita. A ingestão da carne humana faria parte de um "processo de purificação". Jorge disse que cada morte equivaleria a um aspecto: ar, terra, água e fogo. Uma quarta morte, portanto, encerraria o ciclo da seita, pois "seria aberto o portal para o acesso ao paraíso". A vítima já teria sido escolhida, mas o trio foi preso antes que o crime ocorresse.[1] Jéssica (2008)Jéssica Camila da Silva Pereira foi assassinada em 26 de maio de 2008 no município de Olinda. Moradora de rua, foi convidada para morar com o trio. Na época, tinha 17 anos e uma filha de um ano. O casal, que não tinha filhos, planejou ficar com a criança depois de matar sua mãe, o que foi feito. Jessica foi imobilizada no banheiro da casa, e em seguida levou um corte de faca na jugular. Todo o seu sangue foi retirado com a ajuda de um garrote. Depois, seu corpo foi esquartejado e a pele retirada. A carne foi fatiada e guardada na geladeira. No dia seguinte, foi ingerida grelhada, depois de temperada com sal e cominho. A criança também comeu da carne da mãe. O resto foi enterrado em forma de cruz no quintal. Alguns fragmentos do corpo foram encontrados no chão e emparedados. Antes de se mudarem para a cidade de Conde, na Paraíba, eles jogaram no lixo o que havia sido enterrado.[1] Giselly e Alexandra (2012)Giselly Helena da Silva, com 31 anos, desapareceu em fevereiro de 2012, e Alexandra da Silva Falcão, com 20 anos, no dia 15 de março.[2][3] A carne de ambas, possivelmente das nádegas e coxas, foi utilizada para fabricar salgados, como empadas, que eram vendidas para a população de Garanhuns.[4][5] Ao G1, moradores da cidade relataram que poderiam ter comido os salgados; enquanto alguns disseram que o gosto estava normal, outros alegaram que a empada parecia muito salgada ou pastosa.[6] DescobertaNo dia 9 de abril de 2012, foram deferidos mandados de prisão preventiva contra o trio, além de mandados de busca e apreensão em sua residência, pois havia a suspeita de que Giselly e Alexandra pudessem estar lá. Conforme explicou o delegado Wesley Fernando, responsável pelo caso:[2]
Na manhã de 11 de abril de 2012, os corpos foram encontrados enterrados no quintal da casa. A filha de Jéssica, então com 5 anos de idade e ainda morando com o trio, foi a "peça-chave" para a descoberta dos corpos. Ela procurou o delegado no local e falou que o pai (ela o identificava como pai) teria matado as duas mulheres, descrevendo o crime. Depois disso, já na delegacia, uma das indiciadas confessou e apontou onde os corpos estavam. Foi descoberto que as mulheres desaparecidas haviam sido esquartejadas, e o rosto da primeira desaparecida estava desfigurado.[2] Um dia depois, a casa foi vandalizada e depois incendiada por moradores de Garanhuns, revoltados com o caso. O fato não afetou significativamente as investigações.[7] A polícia também encontrou a certidão de nascimento da criança. Uma das suspeitas assumiu que usava o nome da mãe da criança e dizia que a menina era sua filha. A criança ficou sob os cuidados do conselho tutelar.[1] CondenaçãoNo dia 14 de novembro de 2014, em júri popular, o trio foi condenado pela morte de Jéssica em 2008. Jorge Beltrão recebeu a pena de 21 anos e seis meses de reclusão e um ano e seis meses de detenção, e Isabel da Silveira e Bruna da Silva receberam a pena de 19 anos de reclusão e um ano de detenção.[8] Pelas outras duas mortes, o júri popular determinou no dia 15 de dezembro de 2018 a reclusão de Jorge Beltrão, por 71 anos; Isabel da Silveira, por 68 anos; e Bruna da Silva, por 71 anos e 10 meses.[3] Em 2019, a Justiça determinou o aumento das penas do trio quanto ao assassinato cometido em 2008. Jorge passou a cumprir 27 anos de cadeia, bem como um ano e meio de detenção, e Isabel Cristina Pires e Bruna Oliveira receberam a pena de 24 anos na prisão, além de ter que cumprir um ano de detenção.[9] Revelações de um EsquizofrênicoJorge Negromonte sofria de esquizofrenia. Com ajuda dos funcionários do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) que o atendiam, escreveu um livro intitulado Revelações de um Esquizofrênico,[10] Nele há 34 capítulos curtos, nos quais o autor relata suas alucinações desde a infância, passando pela adolescência e vida adulta:[11]
No livro há também um relato sobre a execução da primeira vítima, Jéssica. Além de Revelações de um Esquizofrênico, Jorge também já escreveu outros três livros.[11] Ver também
Referências
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