Volt Portugal Nota: Este artigo é sobre o partido português. Para o partido europeu, veja Volt Europa.
Volt Portugal (VP) é um partido português, capítulo nacional do partido pan-europeu Volt Europa. Descreve-se como progressista, alegando ser livre de ideologias de esquerda e de direita, mas como um partido pragmático que procura basear as suas decisões na evidência científica,[1] rejeitando populismos e radicalismos.[6][7] O Volt defende a criação de uma Federação Europeia, com presidente e governo eleitos, que aprofunde a integração europeia a nível político, social e económico.[1] A organização segue uma abordagem pan-europeia em muitos temas políticos como a crise climática, migração, desigualdade económica, conflitos internacionais, terrorismo e o impacto da revolução tecnológica no mercado de trabalho. O Volt Europa tem cerca de 20 000 membros espalhados por 31 países europeus, contando com mais de 130 membros eleitos por toda a Europa.[1] IdeologiaEm 2018, o Volt identificou "os desafios fundamentais 5+1", que identificou como cruciais para uma melhoria da União Europeia:[8]
Política europeiaO Volt Portugal é um partido europeísta apoiante do federalismo europeu.[1] Defende que uma União Europeia federal seria capaz de atuar mais eficazmente face a desafios comuns como as alterações climáticas, crises pandémicas ou migratórias, concorrência económica mundial ou violações da lei internacional. Quer também que Portugal tenha uma voz mais ativa na Europa e política da União Europeia.[9] Assim, o partido propõe convocar uma Convenção Europeia que reforme os tratados da União de forma a:[10][11]
Política ambientalO Volt Portugal descreve-se como um partido ecologista.[1] O partido europeu ao qual pertence, Volt Europa, integra por votação entre os membros do partido, o grupo dos Verdes/Aliança Livre Europeia no Parlamento Europeu.[12] De forma a combater as alterações climáticas, o partido compromete-se em alcançar uma economia de neutralidade climática até 2040, dez anos antes do compromisso da União Europeia firmado no Pacto Ecológico Europeu, com o setor energético a atingir a neutralidade até 2035. Defende que estes objetivos devem ser conjugados com os esforços para atingir a autossuficiência energética através das energias renováveis e nuclear. O partido propõe ainda acabar com os subsídios aos combustíveis fósseis e introduzir um imposto sobre o carbono destinado a ajudar os mais afetados pela transição energética. Defende ainda a promoção de mobilidade ativa e investimentos em ferrovia urbana, suburbana e de alta-velocidade de forma a substituir o tráfego aéreo e rodoviário. Finalmente, o partido defende medidas de proteção ambiental e bem-estar animal como o apoio a programas de restauração de biodiversidade e a proibição de animais a longa distância e do enjaulamento individual em explorações agrícolas.[10][11] Propõe ainda medidas para gerir melhor a florestas e promover um sistema alimentar mais sustentável.[9] Política económicaO Volt defende uma política de «renascimento económico» para Portugal e a União Europeia.[13] Defende maiores incentivos à inovação, apostando tanto na redução da burocracia, como no aumento do investimento em ciência e inovação, defendendo a simplificação do acesso e implementação dos fundos europeus, em particular a startups e pequenas empresas, e a triplicação do financiamento de programas como Horizonte Europa. Defende ainda que a burocracia pode ser agilizada através de regras comuns como reconhecimentos a nível europeu de qualificações e competências e uma maior aposta na digitalização[14] e a introdução de programs de literacia financeiras nas escolas de toda a União Europeia.[9][11] O partido propõe o estabelecimento de uma União Social Europeia e a criação de um Ministério das Finanças europeu com o objetivo de coordenar investimentos europeus, resolver desiquilíbrios sociais e proteger os cidadãos europeus durante recessões económicas. Propõe ainda neste sentido, políticas de harmonização a nível europeu de sistemas de segurança social, contratos de trabalho e tributação. De forma a combater desigualdades económicas, defende o estabelecimento de um Rendimento Básico Europeu (diferente de um Rendimento Básico Incondicional) em que pessoas que ganham abaixo de um limiar receberiam subsídios em vez de pagarem impostos.[10] HistóriaO Volt foi fundado a 29 de março de 2017 por Andrea Venzon, Colombe Cahen-Salvador e Damian Boeselager, no mesmo dia em que o Reino Unido anunciou formalmente a sua intenção de abandonar a União Europeia. Segundo o trio, a fundação do Volt foi uma reação ao crescente populismo no mundo, incluindo o Brexit.[1][15][16] Em março de 2018, a primeira secção nacional foi fundada em Hamburgo, na Alemanha. Desde então, o Volt criou equipas nacionais em todos os Estados-Membros da UE e está registado legalmente como partido em vários desses países. Nas eleições europeias de 2019 o Volt candidatou-se em oito estados-membros do Volt sobre um programa eleitoral comum, sendo o primeiro partido a fazê-lo e elegendo o eurodeputado Damian Boeselager, na Alemanha.[17] A 9 de outubro de 2019, foram entregues 9000 assinaturas no Tribunal Constitucional, necessárias à formalização do Volt Portugal como partido político em Portugal. No dia 25 de junho de 2020,[18] o Tribunal Constitucional aceitou a inscrição do Volt Portugal como partido formal, tornando-se, assim, na 25.ª força política no país.[19] Autárquicas de 2021A estreia do Volt Portugal em eleições deu-se com as eleições autárquicas de 2021. Concorreu sozinho às câmaras de Lisboa, Porto e Tomar. Integrou ainda duas coligações, em Coimbra e Oeiras. Em Oeiras, o Volt Portugal integrou a Coligação Evoluir Oeiras, juntamente com o Bloco de Esquerda e o LIVRE.[20] Em Coimbra, fez parte da coligação Juntos Somos Coimbra, juntamente com o PSD, CDS-PP, PPM, Aliança e Nós, Cidadãos e RIR.[21] Nesta eleição, Inês Reis dos Santos do Volt Portugal foi eleita pela freguesia de Almalaguês. Legislativas de 2022 e repetição de eleições no círculo da EuropaNas eleições legislativas de 2022, o Volt obteve 6 245 votos, falhando a representação parlamentar.[22] Nestas legislativas, na sequência de um protesto por um delegado do PSD, mais de 80% dos votos do círculo da Europa foram anulados, por não estarem acompanhados pelo documento de identificação.[23] O Volt e outros quatro partidos, Chega, PAN, Livre e MAS, apresentaram recursos de impugnação desta anulação de votos. O recurso do Volt foi elaborado Mateus Carvalho, um dos fundadores do partido, com a colaboração Duarte Costa, atual copresidente do partido, e dos membros Francisca Rey e David Pereira.[24] O Tribunal Constitucional deu provimento apenas ao recurso apresentado pelo Volt Portugal, determinando que eleição pelo círculo da Europa se deveria repetir, sendo esta uma decisão inédita na política portuguesa.[25][26] A 24 de maio de 2022, Tiago Matos Gomes, primeiro presidente e um dos fundadores do Volt Portugal, demitiu-se do cargo e desfiliou-se do partido, alegando divergências ideológicas com as direções do Volt Portugal e Volt Europa.[27] Em particular, considerou um erro a entrada do único eurodeputado do Volt, Damian Boeselager no grupo dos Verdes/Aliança Livre Europeia.[28] Damian defendeu a decisão, tomada em votação por todos os membros do Volt Europa em 2019, argumentando que teria mais liberdade para trabalhar nos seus tópicos de interesse neste grupo do que no Renew Europe ou se permanecesse não-inscrito.[29] No II Congresso Nacional do Volt Portugal, que decorreu em Setúbal a 25 e 26 de junho, Ana Carvalho foi eleita presidente do Volt e Duarte Costa vice-presidente. O par concorreu às eleições do partido sob uma plataforma de coliderança que viria a ser formalizada nos estatutos do partido no ano seguinte.[27] Com 26 anos à data da eleição, Ana Carvalho tornou-se na mais nova líder partidária em Portugal. Terceiro congresso à atualidadeNo III Congresso Nacional do Volt Portugal, a 21 janeiro de 2023, o partido adotou oficialmente nos seus estatutos o modelo de coliderança por pessoas de géneros não-coincidentes, testado já noutros capítulos do Volt noutros países, tornando-se no primeiro partido português a formalizar tal modelo.[30] No seguimento da dissolução do governo, os Volt participou nas eleições legislativas antecipadas convocadas para 10 de março de 2024, aumentando o número e percentagem de voto, mas sem atingir representação parlamentar.[31] Inês Bravo Figueiredo e Luís Almeida Fernandes, cabeças-de-lista pelo círculo de Lisboa, foram os rostos do partido durante a campanha, tendo Inês Bravo Figueiredo, chefe de política do Volt Europa e responsável pelo programa eleitoral transnacional para as eleições europeias de 2024, representado o partido nos debate dos partidos sem assento parlamentar.[6][32] A 29 de abril de 2024, o Volt Portugal solicitou junto do Tribunal Constitucional a extinção do partido ADN devido às declarações do seu líder, Bruno Fialho, em relação à reabertura e envio de oposição política para o Campo de Concentração do Tarrafal.[33] O Volt Portugal foi um dos dezassete partidos e coligações a concorrer às eleições europeias de 2024. No período pré-campanha, o Volt encetou conversações com o Livre e PAN para avaliar a possibilidade de concorrer com uma única frente ecologista que incluísse os três partidos que se agrupam nos Verdes/Aliança Livre Europeia, no entanto o Livre rejeitou coligações nas eleições, enquanto que o PAN não emitiu qualquer resposta.[34] Os cabeças-de-lista para estas eleições, Duarte Costa e Rhia Lopes, foram escolhidos em maio de 2023.[35] Não elegeu nas suas primeiras eleições europeis mas, apesar de ter diminuído o número de votos face às legislativas de 2024, viu a sua percentagem de voto aumentar para 0,24%.[36] Estrutura e composição do Volt PortugalO Volt Portugal tem como órgão executivo a Comissão Política Nacional, na qual se insere também a Direção Nacional. A Direção Nacional é composta pelos Copresidentes (Presidente e Vice-Presidente em regime de copresidência), pelo Tesoureiro, Secretário-Geral e três vogais da Comissão Política Nacional. Os seus copresidentes são Ana Carvalho e Duarte Costa. Para além dos seus copresidentes, é composta pelo Secretário-Geral Yannick Schade, o Tesoureiro André Eira e os vogais Cátia Geraldes, Inês Reis dos Santos, Pedro Malheiro, Ralf Madernach, Silke Jellen, Susana Carneiro, Tânia Girão, Tiago Silva e Vítor Moreira.[37]
Resultados eleitoraisEleições legislativas
Eleições europeias
Eleições autárquicasNota: Os resultados apresentados excluem os resultados de coligações que envolvem o partido.
Referências
Ligações Externas |
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