Romário era filho único de José Antônio Martins e de Florência Severina Ferreira Martins[nota 1]. Iniciou seus estudos no Colégio Curitibano, onde foi colega do historiador Ermelino Agostinho de Leão e da professora Júlia Wanderley, a primeira mulher nomeada para exercer o Magistério Público no Paraná.[4] Aos 10 anos, com o falecimento de seu pai, precisou abandonar os estudos para se dedicar a aprender o ofício de tipógrafo, pois as condições financeiras da família haviam sido afetadas.[5] Após um tempo, retornou ao Colégio e concluiu o Segundo Grau. Com 15 anos, começou a trabalhar como tipógrafo no jornal 19 de Dezembro, onde rapidamente se tornou redator e iniciou sua carreira jornalística. Aos 21 anos, se tornou secretário de redação do Diário do Paraná. Durante sua trajetória, também trabalhou nos periódicos Diário do Comércio e A Tribuna.[5]
Se casou em 1898 com Benedita Menezes Alves, sobrinha do poeta Emílio de Menezes. Teve 8 filhos: Sidéria, Azurita, Ruy, Neo, Ivay, Romarito, Loreto e Ivo.[6]
Em 1900, foi um dos fundadores do Instituto Histórico, Geográfico e Etnográfico Paranaense, além de ter sido nomeado sócio correspondente do Instituto Histórico Brasileiro. Em seu mandato no IHGE, foi autor de uma pesquisa que auxiliou na reunião de documentos relacionados à questão dos limites entre Paraná e Santa Catarina. Isso envolveu viagens para buscar arquivos no Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul.[7] Essa pesquisa foi de grande importância para que o Paraná vencesse o quesito envolvido na Guerra do Contestado.[3]
Como representante do Paraná, participou de diversos congressos, incluindo os de Geografia em São Paulo, Belo Horizonte e Salvador, bem como os de História no Rio de Janeiro. Em 1902, foi escolhido pelo governador Xavier da Silva como presidente do Museu Paranaense, estando no cargo até 1927 quando foi nomeado diretor do Departamento de Agricultura do Estado.[5][8]
Política
Romário foi deputado estadual por 8 mandatos[nota 2], pelo Partido Republicano Paranaense.[9] Como legislador, atuou na criação de diversas leis que buscavam criar uma identidade paranaense, incluindo a criação do Brasão e da Bandeira do Paraná. Além disso, também atuou na preservação das florestas, com leis de reflorestamento e de regulação ao corte da madeira, reformulou limites de municípios baseados em acidentes naturais, dentre outros.[5][9]
Em 1905, na época suplente de deputado, se elegeu camarista (antiga denominação para vereador) em Curitiba, onde foi presidente da Câmara Municipal e prefeito interino. Como camarista, instituiu o Brasão e a data do aniversário da fundação de Curitiba, no dia 29 de março de 1693.[9]
Nas décadas de 20 e 30, intelectuais se reuniram para criar uma identidade de orgulho pelo estado do Paraná, reforçando símbolos naturais conhecidos como a araucária, o pinhão, a gralha-azul e a erva-mate. Um dos intelectuais, que foi um dos principais representantes do movimento foi Romário, que entre suas colaborações, cunhou o termo "Paranista" no manifesto do movimento.[nota 3] O movimento possuía uma revista (Ilustração Paranaense), que circulou até 1930 quando o movimento perdeu força.[10] As contribuições de Romário nos símbolos de Curitiba e do Paraná são exemplos de seus esforços pelo orgulho paranaense, mesmo que nesta época o movimento não fosse de fato existente. Romário definiu o movimento como:
Paranista é todo aquele que tem pelo Paraná uma afeição sincera e que notavelmente a demonstra em qualquer manifestação de atividade digna, útil à coletividade paranaense. [...] Paranista é aquele que em terras do Paraná lavrou um campo, cadeou uma floresta, lançou uma ponte, construiu uma máquina, dirigiu uma fábrica, compôs uma estrofe, pintou um quadro, esculpiu uma estátua, redigiu uma lei liberal, praticou a bondade, iluminou um cérebro, evitou uma injustiça, educou um sentimento, reformou um perverso, escreveu um livro, plantou uma árvore
— Romário Martins em: Paranística. In: A Divulgação. Curitiba 1946, p. 91).
Romário Martins foi o autor do projeto de lei que criou a precursora da atual bandeira do Paraná.[11] Durante alguns anos, realizou uma pesquisa que resultou na criação da lei n.º 592, de 24 de março de 1905, onde a principal mudança foi a troca da barra diagonal por uma circular, e a inserção do nome "Paraná" substituindo o antigo "Ordem e Progresso".[12][13] O projeto de lei dispunha que:
Art. 2.º. A bandeira será a até aqui adoptada, consistindo num quadrilongo de cor verde, cortado transversalmente, de alto para baixo e do ângulo direito superior para o oposto, por uma larga faixa, em arco de cor branca, e ocupando o centro desta faixa e da bandeira uma esfera azul contendo na zona equatorial e em sentido oblíquo na ordem descendente, uma faixa branca com a inscripção “Paraná”. No hemisfério inferior, as cinco estrelas do Cruzeiro do Sul, e circundando a esfera pelo hemisfério inferior, uma grinalda formada de dois ramos de pinho e mate.
A bandeira figurou apenas por 18 anos, quando foi suprimida na gestão do governador Caetano Munhoz em 1923, pela lei 2182/1923. Após esse tempo, o estado ficou sem bandeira até a instalação da atual em 1947.[nota 4][12][13]
↑Romário possuía 4 meio irmãos, pois seus pais eram ambos viúvos e tinham os filhos dos casamentos anteriores. Entre eles estão Júlia Cartaxo Martins e Mariquinha Cartaxo Martins.[1]
↑Eleito para as legislaturas: 1904/05, 1908/09, 1910/11, 1912/14, 1919/20, 1921/22, 1923/24 e 1924/28.
↑Antes dessa utilização, o termo Paranista era associado a paranaenses moradores do norte do Estado. Devido à influência paulista, ganharam essa nomenclatura que é uma junção de 'paranaense' e 'paulista'.
↑Até 1930, sem bandeira devido à lei 2182. Após 1930, por ordem de Getúlio Vargas, que queimou todas as bandeiras estaduais e ordenou que somente a bandeira do Brasil fosse utilizada em território nacional.