Paulo Leão nasceu em 1962 no bairro de Botafogo, cidade do Rio de Janeiro. Filho do projetista de hidrelétricas Daltro dos Santos Ribeiro e de Georgette Saraiva Leão.
Como presente de nascimento, Paulo recebeu um berço dado pela atriz Ilka Soares. Na época Ilka era uma estrela do cinema brasileiro e fazia parte do elenco da agência de modelos Socila, onde a mãe de Paulo também trabalhava e assim as duas acabaram tornando-se amigas. Este acontecimento em sua primeira infância despertou no futuro artista a admiração pela famosa atriz e o interesse pelo mundo artístico.[2]
Ainda durante a infância, as artes foram se tornando cada vez mais presentes na vida de Paulo Leão. No início com as aulas de desenho que seu pai mesmo lhe dava e, posteriormente, com a descoberta do teatro, ao atuar em uma apresentação escolar.[3]
Já adulto, Paulo desenvolveu seu trabalho artístico em segmentos diversos.[1][4][5]
Ascendência, parentesco e filhos
De ascendênciajudaica por parte de pai, alguns dos seus ancestrais, ao longo de vários séculos, migraram de Israel, permanecendo na Europa até virem para o Brasil.[6]
Tem três filhos: Laura Leão, Mariana Leão e Vitor Leão. Vitor, o mais jovem, segue na atividade artística como guitarrista, compositor e cantor, sendo também conhecido como Vitor Levenhagen.[12][13]
Carreira
O início - anos 70
Paulo Leão estreou quase simultaneamente no teatro e na TV, aos onze anos atuando em uma peça de teatro amador no Rio de Janeiro e aos doze fazendo uma pequena participação no programa humorístico Azambuja & Cia de Chico Anysio na TV Globo.[14] Dos quatorze aos quinze anos frequentou curso livre de teatro no Sesc RJ e aos dezesseis teve seu primeiro contato com o cinema, no curta-metragemUm Lugar de Paz (de J. Thiengo), o que lhe rendeu um Prêmio de Ator Revelação no Festival de Curtas do Rio de Janeiro.[12] Aos dezessete anos foi premiado com bolsa de estudos quando obteve o primeiro lugar na prova de seleção do Curso de Teatro Jayme Barcellos, onde frequentou aulas de voz, corpo e interpretação com vários professores, inclusive com o próprio Jayme Barcellos.[15] Na prova final do curso, em apresentação de um trecho da peça Um Grito Parado No Ar de Gianfrancesco Guarnieri, Paulo foi bastante elogiado pela atriz Ruth de Souza, que era a convidada de honra para o evento.[16] Em decorrência do bom desempenho neste período, foi convidado a atuar na peça teatral Papai Noel Em Família, voltada ao público infantil.[17]
Devido ao sucesso no início da carreira e com a sequência de convites para novos trabalhos como ator e roteirista, interrompeu seus estudos na faculdade de Economia, para dedicar-se integralmente às artes cênicas.[18]
Neste período Paulo Leão realizou dezenas de trabalhos em Teatro, TV e Cinema, como ator, autor, produtor e diretor. Alguns destes trabalhos, para a TV Globo, foram: novela Vereda Tropical (participação especial); novelaCambalacho (participação especial); seriado Juba & Lula nos episódios O Projeto Nojento e O Gargalhofa no Parque.
Ainda no Manhas de Cabaré, em 1984, atuou no auto de Natal Céu Azul,[24] com direção de Gilda Guilhon[25] e Buza Ferraz. E no ano seguinte atuou no espetáculo Sapomorfose[26] (Prêmio Inacen de Melhor Espetáculo de 1985),[27] com texto de Cora Rónai, direção de Antônio Grassi, figurino e cenário de Millôr Fernandes. 'Sapomorfose ou O Príncipe Que Coaxava' foi adaptado para o teatro pela própria autora do livro que tem ilustrações do Millôr Fernandes. A peça 'Sapomorfose' foi um grande sucesso de público e de crítica, permanecendo muitos meses em cartaz no Teatro Gláucio Gill sempre com casa lotada.[28]
O Projeto Manhas de Cabaré foi a junção dos grupos O Pessoal do Cabaré com o Manhas e Manias para a ocupação do Teatro Glaucio Gill. Ao mesmo tempo o grupo O Pessoal do Despertar ocupava outro teatro da rede estadual, o Villa-Lobos, também no bairro de Copacabana. Esta época é importante para o teatro no Rio de Janeiro, e marca, de certa forma, o fim da era dos grupos surgidos na década de 70, tais como o Asdrúbal Trouxe o Trombone dirigido por Hamilton Vaz Pereira, O Pessoal do Despertar dirigido por Paulo Reis, O Pessoal do Cabaré dirigido por Buza Ferraz, o Grupo Manhas e Manias dirigido por José Lavigne, etc.[21]
Em 1985, Paulo Leão encenou Os Filhos de Vega, sendo com este trabalho o precursor do Teatro dos Sentidos - método que criou para que a plateia perceba o espetáculo não só pela visão e audição, mas também pelo olfato, tato e paladar - no Teatro Cândido Mendes, Ipanema, Rio de Janeiro.[18][29]
No ano seguinte, retornou ao Teatro Glaucio Gill, desta vez atuando em Um, Dois, Três e Já![30] (Prêmio Mambembe 1986),[31] adaptação de Le Petit Nicolas para o teatro, com direção de Claudio Baltar.[32]
Também em 1986 recebeu Moção da Câmara dos Vereadores Pelo Relevante Desempenho e Serviços Prestados Ao Teatro no Rio de Janeiro.[33]
Em 1988 escreveu, produziu e foi assistente de direção de Antônio Grassi em Quando Caem os Relógios. Neste texto para crianças e adultos, Paulo Leão desenvolveu temática sobre o Tempo.[34]
No início dos anos 90 criou a Companhia de Teatro Errante - realizando inúmeras apresentações no Rio de Janeiro, com a sua peça A Incrível História do Nobre Cavaleiro Errante e da Pobre Moça Caída,[35] inspirada na Commedia dell'arte, obtendo grande sucesso junto ao público.
Em 1995 montou a dupla humorísticaJerry & Adriani, com o ator Arildo Figueiredo.[36] Os dois apresentavam o show Jerry & Adriani, com textos da própria dupla, fora do circuito convencional de teatros, ou seja, em casas de shows, pubs e até mesmo em teatro a domicílio.[37]
Seguindo a trajetória de teatro itinerante, Paulo levou para Minas Gerais, entre 1998 e 1999, o seu espetáculo A Incrível História do Nobre Cavaleiro Errante.[46]
Década de 2000
No ano de 2000 escreveu, dirigiu e atuou na peça infantil Um Dia A Água Vai, também em Minas Gerais.[47]
Em temporada na Europa no ano de 2001, participou de leitura de texto e ministrou workshop para atores portugueses na Escola de Televisão e Cinema de Lisboa, Portugal. E em Sevilla, Espanha, realizou pesquisa sobre a música flamenca.[15]
De volta ao Brasil, atuou em 2004 na minissérie Um Só Coração, da TV Globo, interpretando o papel de Lasar Segall. A minissérie mostrou um importante período da História do Brasil, incluindo a Semana de Arte Moderna de 1922. Com duração de três meses, Um Só Coração foi veiculado na televisão brasileira em homenagem aos 450 anos da cidade de São Paulo.
Em 2005, para viabilizar a produção e veiculação de suas próprias criações, Paulo montou a produtora de cinema OlharFilmes/Samsara Film, com a qual lançou vários de seus futuros trabalhos. O primeiro deles foi o documentário Por Que Você Veio Morar Aqui? na Mostra CineBH2009 Brasil-França.[48][49] As filmagens aconteceram em diversas cidades, entre os anos de 2006 e 2009, com a intenção de mostrar os motivos que levam pessoas a saírem de suas cidades de origem e se mudarem para outras localidades.[50]
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Ampliando o espaço para as cidades, Paulo Leão coloca em pauta, através da pergunta que dá título a 'Por Que Você Veio Morar Aqui?', outra questão de foro absolutamente íntimo... cujas respostas serão sempre incomuns, pois pessoais e intransferíveis. Longas e Médias Contemporâneos, Eduardo Valente - cineasta e crítico de cinema, outubro de 2009.[51]
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Década de 2010
Durante parte da década de 2010, Paulo Leão criou e dirigiu clipes de música, tendo sido indicado a prêmios por três anos consecutivos, no Festival Clipes e Bandas, com trabalhos para os artistas Arnaldo Antunes, Marina Lima e Jards Macalé. No clipe para Arnaldo Antunes, Paulo também foi indicado ao Prêmio de Melhor Clipe do Ano.[52][53][54]
Eu acho que o ponto-chave do meu clipe foi não ter colocado uma mulher como sendo a 'extranha'. Se um cantor diz 'você é tão estranha assim nesse jeito de ser...' por que que a estranha tem que ser uma mulher? Tanta coisa pode ser estranha... O fato de eu ter só criado um 'clima' com as imagens do clipe abre a possibilidade de o espectador imaginar qualquer coisa estranha (e não uma mulher).
Paulo Leão concorrendo ao prêmio de melhor clipe para Jards Macalé no Festival Clipes e Bandas 2016.[55]
Com o filme A Hora, foi indicado em 2013 nas categorias do júri e de votação popular ao Prêmio Avon de melhor filme para a campanha nacional Em Briga de Marido e Mulher se Mete a Colher, ficando entre os mais bem votados pelo público.[56]
No ano de 2016, Paulo Leão foi premiado como Melhor Diretor, no North American Film Awards - (NAFA 2016), por Happy Birthday. Neste filme, além de dirigir, Paulo também atuou como o protagonista da trama, cuja temática é a solidão. Happy Birthday também teve várias indicações e obteve outros prêmios neste mesmo ano e em anos posteriores, constando na Seleção Oficial de mais de cinquenta festivais internacionais de cinema, tendo sido apresentado nos cinco continentes em mais de vinte países, e entrado em circuito de salas de cinema em algumas cidades dos Estados Unidos, por distribuição da Ozark Film.[58][59][60]
Também neste ano participou como jurado do Meters International Film Festival 2016 - Nova York.[47]
Década de 2020
No início deste período, Paulo concluiu o roteiro e começou os trabalhos de pré-produção para o seu longa-metragemHendrix!.[61]
Em 2021, durante a pandemia de COVID-19, depois de avistarem um ovni em Minas Gerais, Paulo e seu filho Vitor Leão iniciaram em parceria a criação de músicas instrumentais inspirados pela possibilidade de viagens no espaço sideral. Esta ideia viria a resultar no álbum autoral Nas Estrelas. Os dois compuseram e gravaram entre 2021 e 2023 mais de quinze músicas instrumentais e filmaram três clipes de músicas para este projeto.[62][63]
No ano de 2023, completando cinquenta anos de carreira artística, Paulo Leão recebeu mais um prêmio internacional, desta vez na India - o Great Talent (CWIFF 2023), pelo seu filme Happy Birthday, no festival Cinema Of The World Film Festival.[64]
Também neste ano iniciou a edição do seu documentário sobre o cantor Serguei, com título provisório de Serguei, O Rock Sou Eu. Filmado em Saquarema, no Templo do Rock,[65] entre os anos de 2017 e 2018, este documentário contém a última entrevista concedida aos meios de comunicação pelo lendário cantor.[66]
Em 2024 lançou Good Night, seu primeiro filme de terror, todo produzido em preto e branco e sem falas. O filme foi premiado em sua estreia como 'Melhor Filme de Terror', no Black & White Film Festival - Toronto, Canadá. E no mesmo ano, também no Canadá, Good Night foi premiado como 'The Best of South American Films', no Toronto SCI-FI/Fantasy Festival.[67][68]
No mesmo ano, Paulo teve o seu álbum musical Nas Estrelas lançado internacionalmente nas plataformas digitais pela distribuidora Freshtunes, em versão final com doze músicas. O álbum criado por Paulo e seu filho Vitor é inspirado nas viagens interestelares[69][70] e o seu clipe para a música-tema foi premiado com o 'Honorable Mention' no WideScreen Film & Music Video Festival, também no Canadá.[71] Neste mesmo festival foi premiado pelo filme Happy Birthday nas categorias filme e trailer.
No ano de 2025 foi indicado como Melhor Diretor ao Public Choice Award no Hollywood North International Film Festival, pelo seu trabalho de direção no filme Good Night.[73]
↑ ab«1984 - Céu Azul». CBTIJ - Centro Brasileiro de Teatro para a Infância e Juventude. Consultado em 20 de julho de 2020
↑«Gilda Guilhon». Enciclopédia Itaú Cultural. Consultado em 20 de julho de 2020
↑Sheila Kaplan (23 de fevereiro de 1985). «'A Estréia de Hoje'/'Sapomorfose'». Jornal O Globo, Segundo Caderno,página 3. Consultado em 30 de junho de 2022
↑ ab«1985 - Prêmio Inacen». CBTIJ - Centro Brasileiro de Teatro para a Infância e Juventude. Consultado em 20 de julho de 2020
↑Sapomorfose ou O Príncipe Que Coaxava, de Cora Rónai, 2ª Edição, Salamandra, 1983, Ficha Técnica e Elenco (p.66)
↑«Mostra CineBH 2009 - Filmes Selecionados». web archive.com, arquivado do original de universoproducao.com.br/admin/arquivos/releases/23_artigo_listageraldosfilmes.doc, Médias metragens, página 2. Consultado em 9 de junho de 2023