Os Mutantes (álbum)
Os Mutantes é o álbum de estreia da banda homônima brasileira de rock psicodélico. Foi lançado em LP em junho de 1968 e reeditado em CD em 1992 e 2006 pela gravadora Polydor Records, sendo lançado nos EUA pela Omplatten Records e depois (em 2006) pela Universal Records. É considerado um dos mais importantes álbuns da história da música brasileira, por conter um som inovador para a época, misturando elementos da música brasileira com o rock psicodélico e experimental e usando de diversas técnicas de estúdio, fazendo parte do movimento tropicalista. Foi classificado em 9° lugar na lista da revista Rolling Stone dos 100 maiores discos da música brasileira.[1] AntecedentesOs Mutantes estrearam em um programa da TV Record que passava no horário anterior ao programa da Jovem Guarda, chamado O Pequeno Mundo de Ronnie Von. O grupo fazia a trilha sonora, tocando muitas vezes composições eruditas em versões adaptadas para o rock e também sucessos dos Beatles e outras bandas do momento. Após essa estreia, o grupo foi convidado para participar de diversos programas, inclusive a Jovem Guarda, que teve a proposta recusada por não aceitarem em cena a quantidade de equipamento utilizada pela banda. Em 1967, por indicação do maestro Rogério Duprat, conhecem Gilberto Gil. A partir disso gravaram duas canções junto com Gil: "Bom Dia" e "Domingo no Parque" com a qual participaram, junto do compositor baiano, da estreia tropicalista no III Festival de Música Popular Brasileira, ficando com o segundo lugar. Logo então começaram a se envolver cada vez mais com o movimento tropicalista, participando de momentos memoráveis com a apresentação sob vaias de "É Proibido Proibir" no III Festival Internacional da Canção e também do programa Divino, Maravilhoso, última grande manifestação tropicalista. A banda também participou do "disco manifesto" Tropicalia ou Panis et Circencis, um dos mais importantes da música brasileira, participaram nas gravações de discos de Gilberto Gil e Caetano Veloso e fizeram comerciais televisivos e jingles para a Shell. MúsicaO álbum foi gravado no início do ano de 1968, com a produção de Manoel Barenbein e arranjos de Rogério Duprat. É marcado pelo experimentalismo e pela utilização de várias técnicas de estúdio, como mudanças de ritmo, guitarras distorcidas, uso de ruídos, sonoplastia, e de objetos não convencionais para simular o som dos instrumentos, como uma bomba de inseticida em "Le Premier Bonheur do Jour". Nota-se uma forte influência da banda inglesa The Beatles e do rock psicodélico, misturando esse elementos com gêneros musicais brasileiros com o samba em "A Minha Menina", o candomblé em "Bat Macumba" e o baião em "Maria Fulô". Faixas
Informações das faixasPanis et CircensesO LP abre com a faixa "Panis et Circenses" ("pão e circo", em latim) composta por Gilberto Gil e Caetano Veloso. Segundo Rita Lee, Gil e Veloso compuseram a canção "em apenas quinze minutos".[2] A Minha MeninaRita Lee conta, em sua autobiografia, que a canção foi composta a seu pedido. Ela foi até o apartamento de Jorge Ben, onde o encontrou com uma cantora. O compositor rapidamente criou o esboço da composição, "com olhares de torpedo" para a mulher que o acompanhava.[2] O RelógioRita Lee afirma que a faixa é uma "homenagem ao [seu] próprio" relógio.[3] Maria Fulô"Maria Fulô" (também conhecida por "Adeus, Maria Fulô") é uma canção composta em parceria por Sivuca e Humberto Teixeira, gravada originalmente em 1951. Rita Lee sugeriu a gravação desta faixa para "abrasileirar" a sonoridade do grupo. A mãe da cantora tocava a faixa no piano, e por isso Rita já conhecia a letra.[2] Senhor FDe acordo com Rita Lee, a canção foi "chupada", ou seja, fortemente inspirada, em "Being for the Benefit of Mr. Kite!", dos Beatles.[3] Le Premier Bonheur du Jour"Le Premier Bonheur du Jour" é uma canção dos compositores franceses Frank Gérald e Jean Renard, gravada originalmente por Françoise Hardy no álbum Le Premier Bonheur du jour.[4] Antes d'Os Mutantes, a canção era cantada por Rita Lee no seu grupo Teenage Singers.[2] Fortuna crítica
O álbum Os Mutantes foi considerado uma obra de vanguarda, graças à influência sofrida do Tropicalismo, que fez com que os Mutantes misturassem o rock psicodélico com elementos brasileiros, criando um tipo de música inédita no Brasil, que ainda sofria muita influência da fase mais pop dos Beatles, que recebia o nome de iê-iê-iê. O álbum recebeu várias críticas positivas ao redor do mundo. John Bush, do Allmusic, disse que "o álbum de estreia da banda Os Mutantes é de longe o melhor, uma viagem incrivelmente criativa que assimila pop orquestral, psicodelismo lunático, música concreta, encontro de sons ambientes; e isso é apenas a primeira música!" e conclui dizendo que o álbum é "Muito mais experimental do que qualquer um dos álbuns produzidos pela bandas da Grã-Bretanha ou América da era psicodélica". Ficha técnicaOs Mutantes
Participações especiais
Produção musical
CapaA capa do disco é uma foto de Olivier Perroy. Sérgio veste uma capa preta de veludo; Arnaldo, um quimono; e Rita, um vestido-poncho feito com uma toalha indiana. A direção artística foi de Wesley Duke Lee, convidado por Guilherme Araújo. A contracapa traz desenhos feitos pelos próprios Mutantes[5]. Curiosidades
Referências
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