O Bofe
O Bofe é uma telenovela brasileira produzida pela TV Globo e exibida de 17 de julho de 1972 a 23 de janeiro de 1973, em 143 capítulos,[2][5] substituindo Bandeira 2 e sendo substituída por O Bem-Amado. Foi a 16ª "novela das dez" exibida pela emissora. Escrita por Bráulio Pedroso e dirigida por Daniel Filho e Lima Duarte,[2] foi a última novela produzida em preto-e-branco no horário.[1] Teve Jardel Filho, Cláudio Marzo, Betty Faria, José Wilker, Cláudio Cavalcanti, Ilka Soares, Eloísa Mafalda, Paulo Gonçalves, Susana Vieira, Nilson Condé, Renée de Vielmond, Zilka Salaberry e Ziembinski nos papéis principais. SinopseA trama apresentava vários personagens e tipos caricatos e excêntricos que lutam por ascensão social e, em contato uns com os outros, transformavam a novela numa imensa crônica social: Guiomar, uma bela viúva suburbana, era uma mulher tão insegura que saía de peruca loira para procurar emprego em Copacabana. Extremamente sensível, Guiomar vivia com a mãe, a velha polaca Stanislava Grotowiska, que se embebedava de xarope e sonhava com um príncipe trapezista.[6][7] Dorival e Demetrius são mecânicos. Grandes amigos e parceiros na oficina de Sérgio Marreta no subúrbio, os dois são perfeitas encarnações da gíria “bofe”: broncos, mal-educados e com uma queda para a pilantragem. Nos finais de semana, Dorival se veste impecavelmente, com terno e gravata, para impressionar as moças ricas, que tenta conquistar nos seus passeios pela Zona Sul. Num desses passeios, acaba impressionando e se apaixonando por Guiomar, julgando-a rica. Já Demetrius, conhecido como O Grego, é especialista em reformar carros destruídos para revendê-los como novos. Seu “talento” é recompensado quando ele é descoberto pelo marchand Bianco e se torna famoso como artista plástico.[6] Bandeira, personificação da crítica ao mundo de aparências e aos falsos artistas, é um hippie subversivo e decorador de interiores. Arranca dinheiro dos ricos deslumbrados que buscam o que há de mais moderno e "artístico" em decoração. O decorador aplica no apartamento dos clientes o seu peculiar estilo, que consiste em destruir a mobília e pintar, toscamente, as paredes de preto-e-branco.[6] Outro personagem é Manoel Carlos, conhecido como Maneco, herdeiro da abastada tia Carlota. Para apressar a morte da tia e se apoderar da fortuna, Maneco conta com a ajuda do amigo Bandeira para arquitetar várias armadilhas contra a velha que sempre escapa ilesa na última hora. Carlota é uma senhora simpática, abnegada e extremamente religiosa que era apaixonada pelo Padre Inocêncio, na verdade outro picareta de olho na sua fortuna.[7] O único personagem disposto a ajudar Tia Carlota é o Dr. Paulo Munhoz, médico da senhora que não aceitou ser comprado por Maneco e Bandeira. Suzana Leopoldina era uma nova-rica noiva do francês Sávio Chatellié e que fazia de tudo para se adequar à alta sociedade. Dublê de socialite, era conhecida pela seu comportamento cafona e espevitado. Fazia parte do júri no programa Buzina do Chacrinha. Gonzaguinha era uma grotesca macumbeira, que lembrava uma desajeitada bruxa.[7] Na verdade, uma maneira imoral que encontrou para ganhar dinheiro. Vivia com os três filhos: o sedutor Caíto que, para enriquecer, queria dar o golpe do baú na rica e mimada Débora, filha do falido empresário José Pistola e da dondoca Consuelo, casal que faz de tudo para manter a alta posição social; a caçula Sandra, menina esperta e companheira da mãe na imoralidade; e Marilene, o oposto de todos: simples e extremamente honesta. Vendedora de livros e melhor amiga de Guiomar, Marilene era apaixonada por Demetrius, mas vivia em atrito com ele constantemente. ProduçãoO Bofe é uma comédia que debocha dos conflitos entre a classe média do subúrbio e a alta sociedade da Zona Sul do Rio de Janeiro. A novela é repleta de personagens excêntricos com comportamento insensato, no limite da caricatura, quase todos empenhados em ascender social e financeiramente, chegando a situações que beiram o absurdo. O tom crítico e sarcástico da história já ficava evidente nas chamadas que antecederam a estreia: “O Bofe: uma sátira de Bráulio Pedroso ao nosso meio ambiente, contra a poluição social”.[6] A palavra "bofe" era gíria da época que designava homem feio ou desengonçado, mesma caracterização dos mecânicos Dorival e Demetrius, interpretados por Jardel Filho e Cláudio Marzo, respectivamente. Há alguns anos, a gíria passou a ser utilizada pelas comunidades gays e pelo público feminino com denotação contrária: homem atraente, másculo e bonito.[8] Foi a primeira e última telenovela dirigida por Lima Duarte na Rede Globo. Já tinha tido a experiência com o sucesso Beto Rockfeller (1968), na Tupi, dentre outras novelas. Bráulio Pedroso precisou se afastar da novela por conta de uma hepatite e foi substituído pelo estreante Lauro César Muniz, que havia sido contratado pela TV Globo para escrever o seriado Shazan, Xerife e Cia O novo autor procurou manter o tom irônico do texto, mas em uma linha menos fantasiosa, a fim de reforçar a identidade do público com os personagens, já que a novela não ia bem em termos de audiência. Mesmo ganhando um viés mais realista, a novela manteve seu apelo fantástico no capítulo final, que teve três desfechos diferentes, dando ao telespectador a oportunidade de escolher o seu favorito. A última cena reuniu todos os personagens da novela, vivos e mortos.[5] José Wilker, inconformado com a saída de Bráulio Pedroso, pediu para deixar o elenco da telenovela.[8] Autor e diretores se reuniram a fim de discutir um final coerente ao personagem de Wilker, optando pela morte dele. E assim se fez: Bandeira, seu personagem, ao ouvir uma piada do amigo Maneco, morreu de tanto rir![9]. Daniel Filho narra em seu livro Antes que me Esqueçam:
O Bofe marcou a estreia de José Lewgoy,[5] Marilu Bueno e Jorge Dória na TV Globo. Stanislava Grotowiska, brilhantemente interpretada por Ziembinski, foi a primeira personagem travestida da história da telenovela brasileira, uma ideia do próprio ator.[8][9]. Cláudio Marzo, pela primeira vez, deixou de interpretar um galã para encarnar a caótica figura do artista plástico Demetrius, um desiludido, com uma imensa barba e um jeito sujo de ser - embora um elemento poético da história, citando trechos de poesias de Mário de Sá Carneiro.[8] Suzana Leopoldina, a personagem de Ilka Soares, foi inspirada na socialite Sílvia Amélia de Waldner.[5] No papel de Inocêncio, um picareta, o ator Paulo Gonçalves dava um golpe fazendo passar-se por padre. Quando a Censura percebeu a "jogada" (depois de todo mundo), obrigaram o autor a manter o personagem como padre, punindo-o devidamente no final.[8] A trilha sonora da novela foi toda composta pela dupla Roberto Carlos e Erasmo Carlos.[4] Todos os capítulos de O Bofe foram perdidos no incêndio ocorrido nos estúdios da TV Globo no Rio de Janeiro, em 1976, restando apenas chamadas de estreia e fotos de bastidores.[carece de fontes] Elenco
Participações especiais
Trilha Sonora
Capa: Logotipo da Novela com Jardel Filho, Ilka Soares e Cláudio Marzo em miniatura
Capa: Logotipo da Novela com Jardel Filho, Ilka Soares e Cláudio Marzo em miniatura
Referências
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