Taíno ou taino[2] é uma língua extinta e ainda mal atestada como sendo uma língua aruaque que foi falada pelos taínos do Caribe. Na época do primeiro contato espanhol com as Américas, era o idioma principal em todo o Caribe. O Taíno Clássico (Taíno propriamente dito) era o idioma nativo das Ilhas de Barlavento do norte, Porto Rico, Ilhas Turcos e Caicos, da maioria de Hispaniola, e estava se expandindo em Cuba. Fontes coloniais sugerem que o cibonei era um dialeto do Taíno e era falado na Hispaniola, nas Bahamas, na Jamaica e na maior parte de Cuba.
No final do século XV, o Taíno havia desalojado idiomas anteriores, exceto no oeste de Cuba e em bolsões de Hispaniola. Como a cultura Taíno declinou durante a colonização espanhola, a língua foi substituída pelo espanhol e outros idiomas europeus. Acredita-se que tenha sido extinta depois de cerca de 100 anos de contato com europeus[1] mas possivelmente continuou a ser falada em bolsões isolados do Caribe até as décadas finais do século XIX.[3] Como foi a primeira língua nativa encontrada pelos europeus nas Américas, foi uma fonte importante de novas palavras tomadas por línguas europeias.
Granberry & Vescelius (2004) distinguem dois dialetos, um em Hispaniola e mais a leste, e o outro em Hispaniola e mais a oeste.
Taíno Clássico (oriental), falado nas áreas culturais Taíno Clássico e Taíno Oriental. Estas foram as Ilhas de Barlavento ao norte de Guadalupe, Porto Rico, Hispaniola central e as Ilhas Turcas e Caicos (de uma expansão em cerca de 1200). O Taíno clássico estava se expandindo para o leste e mesmo para o centro de Cuba na época da conquista espanhola, talvez das pessoas que fugiam dos espanhóis em Hispaniola.
Taíno Cibonei (ocidental), falado nas áreas culturais Cibonei e Lucaiana. Estas eram a maior parte de Cuba, Jamaica, Hispaniola ocidental e Bahamas.
Outros autores como C.S. Rafinesque (1836) distinguem um maior número de dialetos, incluindo:
O Taíno é escrito com o alfabeto latino sem as letras C, H, Q, V, porém usa a forma Ny.
Fonologia
O subdialeto de Lucayo (Bahamas) (ou talvez o dialeto de Ciboney) tinha /n/ onde outros dialetos (talvez o Taíno Clássico) tinham /r/. Há uma variação nas presenças entre "e" ~ "i" e "o" ~ "u", talvez refletindo a transcrição das três vogais estáveis das línguas Aruaques nas cinco vogais do espanhol.
A língua Taíno não foi escrita. Os Taínos usavam petroglifos, que podem ser interpretados como "pré-escrita" ou protoescrita,
[5] mas tem havido pouca pesquisa na área. Os seguintes fonemas são reconstruídos a partir de registros espanhóis:[6]
Uma distinção entre /ɛ/ e /e/ é sugerida por transcrições espanholas de eversusei/ey, como em ceiba, "ceiba". /e/ é escrita ei ou é nas modernas reconstruções. Houve, também, uma vogal alta posterior [u], que foi, muitas vezes, intercambiável com /o/ e pode ter sido um alofone.
Havia um conjunto paralelo de vogais nasais. A única no final de uma sílaba de uma palavra era /s/.
Amostras de texto
Apúshua aránagu jemeíwa táshi óta wánawa ábo japúlima óta pansawánagu. Najak'agáma ekixíjira óta goízbaná óta toká kojutá ábo wanéya aránagu alú goíz oría ro'naboríkajat.
(Artíkulo 1 oría Banajíyaluwát Atabaríju oría Ará Pansawánagu)
Traduçãoː
Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. Eles são dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros em espírito de fraternidade.
(Artigo 1 da Declaração Universal dos Direitos Humanos)
Hino Nacional de Porto Rico (La Borinqueña/Borikén'ât Areytoarát)
Como foi a primeira língua com a qual os espanhóis tomaram contato na América, a língua taina legou, à língua espanhola, muitas palavras descrevendo plantas, animais e práticas culturais tipicamente americanas que os espanhóis desconheciam. Do espanhol, esses termos passaram a outras línguas europeias como a inglesa, a portuguesa e francesa. A língua taina também legou muitas palavras ao dialeto jibaro do espanhol de Porto Rico,[7] e também influenciou na formação do crioulo haitiano.[2]
Lista de palavras
Lista de palavras taino:(Ramirez 2019: 647-648; 2020: 132):[8][9]
Payne D.L., "A classification of Maipuran (Arawakan) languages based on shared lexical retentions", in: Derbyshire D.C., Pullum G.K. (eds.), Handbook of Amazonian Languages, vol. 3, Berlin, 1991.
Derbyshire D.C., "Arawakan languages", in: Bright, William (ed.), International Encyclopedia of Linguistics, vol. 1, New York, 1992.
Notas
↑ abAlexandra Aikhenvald (2012) Languages of the Amazon, Oxford University Press
↑ abFERREIRA, A. B. H. Novo dicionário da língua portuguesa. 2ª edição. Rio de Janeiro. Nova Fronteira. 1986. p. 1 641.
↑Rafinesque, C. S. THE AMERICAN NATIONS; OR, Outlines of A National History; OF THE ANCIENT AND MODERN NATIONS OF NORTH AND SOUTH AMERICA. Vol. 1, C. S. Rafinesque, 1836, ia800202.us.archive.org/2/items/nationsamerica01rafirich/nationsamerica01rafirich.pdf