Concorreu, sem sucesso, ao cargo de prefeito de Caxias do Sul em 1992 e 2000.[5] Em 2002, elegeu-se deputado federal com quase cem mil votos.[4] Em 2004, elegeu-se prefeito de Caxias no segundo turno com 52,4% dos votos.[5] Quatro anos depois, reelegeu-se no primeiro turno com 54,3% dos votos, vencendo seu antecessor, Pepe Vargas.[4]
Em 29 de junho de 2014, foi oficializada sua candidatura ao Palácio Piratini.[6] Em uma reviravolta na reta final da campanha, classificou-se para o segundo turno juntamente com o governador Tarso Genro.[7] Em 26 de outubro, venceu a eleição com 61,2% dos votos, sendo empossado o trigésimo oitavo governador do Rio Grande do Sul em 1º de janeiro de 2015.[8][9] Em 2018, concorreu à reeleição, mas foi derrotado por Eduardo Leite.[10]
Família, educação e movimento estudantil
José Ivo Sartori nasceu na Capela de São Valentin, uma pequena localidade do interior de Farroupilha, Rio Grande do Sul, em 25 de fevereiro de 1948.[11] Descendente de italianos, é o filho mais velho de Antônio Silva Sartori, que trabalhava como borracheiro, e de Elza Josefina Dengo Sartori, uma dona de casa.[11] Além dele, o casal teve outros cinco filhos: Neuza, Janete, Luiz, Maria de Lourdes e Olmar.[12] Durante a infância, trabalhou no campo ao lado do pai e de seus irmãos.[11] Segundo relatou mais tarde, "Nós, as crianças, tínhamos de ajudar os adultos que estavam trabalhando na roça. Uma das nossas principais tarefas era levar a sporta onde eram carregados os mantimentos que seriam consumidos ao meio-dia, já que não era costume retornar para casa em meio ao trabalho."[12][nota 1]
Em 1959, a família Sartori mudou-se para um bairro mais próximo do centro de Farroupilha.[12] Em 1961, foi estudar na cidade de Antônio Prado, onde cursou o antigo ginásio na Escola São José.[11][12] Lá permaneceu durante cinco anos, época em que foi tesoureiro da primeira diretoria do Grêmio Estudantil daquela escola e participou da Juventude Estudantil Católica (JEC).[11][12] Logo após completar dezoito anos, começou a estudar para ser padre no Colégio do Carmo, em Caxias do Sul, e no Seminário Maior, de Viamão, onde iniciou o curso de filosofia em 1969.[13][14][15] Posteriormente, deixou o seminário e voltou para Caxias, onde concluiu os estudos na Universidade de Caxias do Sul (UCS).[11][15] Neste período, fez parte do movimento estudantil e presidiu o Diretório acadêmico (DCE) daquela universidade entre 1972 a 1975.[15] Como presidente do DCE, organizou eventos culturais, como uma palestra de Teotônio Vilela, e recepcionou os cantores Chico Buarque e Milton Nascimento.[15]
Após graduar-se em filosofia em 1975, passou a dar aulas desta disciplina, além de história, moral e cívica, Organização Social e Política Brasileira e educação religiosa em universidades, escolas particulares e cursos preparatórios de vestibular.[11][15] Foi sócio de Germano Rigotto, futuro governador do Rio Grande do Sul (2003-2007), de um curso pré-vestibular, chamado de "Cursão".[15][16]
Em 9 de julho de 1976, casou-se com Maria Helena, sua ex-colega no curso de filosofia da UCS.[12] Segundo José Ivo Sartori relatou, "tem gente que acha que foi a Maria Helena que me tirou do seminário. Não continuei porque foi uma opção. Eu achava que tinha uma propensão para casar e constituir família."[12] O casal teve dois filhos: Marcos, nascido em 11 de novembro de 1982, e Carolina, nascida em 2 de outubro de 1986.[12]
É associado ao Rotary Club de Caxias do Sul, RS, desde 2013, em que apoia ações humanitárias. [17]
Em 1980, com a abertura partidária, filiou-se ao Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), o sucessor do MDB.[11] Sartori foi eleito deputado estadual em 1982, e reeleito em 1986, 1990, 1994 e 1998.[11] Durante o governo de Pedro Simon, também do PMDB, foi Secretário estadual de Trabalho e Bem-Estar Social entre 1987 a 1988.[11] Como deputado estadual, criou o Conselho Estadual do Idoso, a Casa do Artesão Gaúcho e foi autor da lei que permitiu o parcelamento do ICMS na importação de máquinas e equipamentos sem similar de fabricação nacional.[19]
Entre 2001 a 2002, foi vice-presidente da União Nacional dos Legisladores e Legislativos Estaduais (UNALE).[22] Nas eleições de 2002, elegeu-se deputado federal com 98.903 votos (1,68%).[23] Na Câmara dos Deputados, atuou como membro titular das comissões de Constituição e Justiça e na de Educação e Cultura.[22]
Eleições para prefeito de Caxias do Sul
Derrotas: 1992 e 2000
Em 1992, candidatou-se a prefeito de Caxias do Sul pela primeira vez. Sua coligação foi formada pelo Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) e pelo Partido Popular Socialista (PPS). Sartori terminou em terceiro lugar com 34.631 votos (23,44%), sendo superado pelo prefeito eleito, Mario David Vanin (29,01%) e Pepe Vargas (26,97%).[24] Não foi realizado um segundo turno entre Vanin e Pepe porque na época Caxias não tinha duzentos mil eleitores, número necessário para que o segundo turno seja disputado.[24]
Em 2000, candidatou-se pela segunda vez ao executivo sul-caxiense. Desta vez, conseguiu o apoio do Partido Progressista Brasileiro (PPB). No primeiro turno, totalizou 43,11% dos votos válidos, classificando-se para o segundo turno com o então prefeito Pepe Vargas, do Partido dos Trabalhadores (PT), que ficou com 48,15%. Em um segundo turno disputado, Pepe venceu com 103.015 votos (50,20%), contra os 102.191 votos de Sartori (49,80%).[25]
Em 2004, voltou a ser candidato a prefeito de Caxias. Sua coligação, denominada Caxias para Todos, foi composta por cinco partidos e o candidato a vice foi Alceu Barbosa Velho.[26][27] Segundo as pesquisas de opinião, Sartori iniciou a campanha do primeiro turno na frente.[28] No entanto, a campanha governista da deputada estadual Marisa Formolo conseguiu um crescimento nas últimas pesquisas do primeiro turno, garantindo um empate técnico.[28] Em 3 de outubro, foi confirmado que seria realizado um segundo turno com Formolo, que conquistou 41% dos votos válidos, e Sartori, com 35%.[29][30] O terceiro colocado, Ruy Pauletti, obteve pouco menos de 20% dos votos e declarou apoio a Sartori no segundo turno.[27] Em 31 de outubro, foi eleito prefeito com 52,67% dos votos válidos.[26]
Em 7 de julho de 2008, iniciou sua campanha à reeleição.[31] Alceu Barbosa Velho foi novamente escolhido como seu candidato a vice-prefeito.[32] A coligação liderada por Sartori recebeu o mesmo nome da de 2004 e contou com o apoio formal de catorze partidos.[31] O único candidato de oposição foi Pepe Vargas, ex-prefeito que concorreu pela coligação Frente Popular, formada por quatro partidos.[33][34]
Em julho de 2008, a coligação Frente Popular ingressou na justiça com um pedido para igualar o tempo na propaganda eleitoral de rádio e televisão.[35] A coligação argumentou que o tempo da propaganda deveria ser distribuído de forma igualitária por haver apenas dois candidatos.[35] Uma liminar negou o pedido, mantendo o tempo de vinte e um minutos para Sartori e nove para Pepe.[36] Durante a campanha, um dos principais debates entre os candidatos foi a falta de água, que atingiu diversos bairros naquele ano.[32][37] Todas as pesquisas de opinião pública indicaram proximidade entre Sartori e Pepe.[35] Em 5 de outubro, foi reeleito com 54,35% dos votos válidos.[32][38]
Prefeito de Caxias do Sul
Em 1º de janeiro de 2005, foi empossado o trigésimo quarto prefeito de Caxias do Sul.[39] Sua reeleição em 2008 garantiu-lhe o direito a um segundo mandato, de 1º de janeiro de 2009 até 1º de janeiro de 2013.[39] Na eleição municipal de 2012, conseguiu eleger o sucessor, seu ex vice-prefeito e então deputado estadual Alceu Barbosa Velho, que foi eleito em primeiro turno.[40]
Principais iniciativas
Em agosto de 2007, a coleta seletiva de lixo, que existia desde 1991, foi mecanizada.[41] Com isso, Caxias do Sul tornou-se a primeira cidade do país a implantar este tipo de coleta.[42] Até maio de 2012, a coleta mecanizada atingia 35% da cidade e a quantidade de lixo reciclável coletado foi triplicado, chegando a um quarto do lixo produzido.[41] Em parceria com associações de reciclagem, a prefeitura oferecia um incentivo para quem colaborasse.[42] Neste sentido, foi criado em 2006 o programa "Troca Solidária", que troca lixo reciclável por alimentos.[43][44] Estas iniciativas ajudaram a reduzir a quantidade de lixo nas ruas.[45]
Ainda em 2007, foi criado a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes e Violência Escolar (CIPAVE), que abrangia todas as escolas municipais.[46] Entre os objetivos do CIPAVE, estão a conservação do patrimônio público, a atuação permanente em campanhas educativas, a prevenção de acidentes e primeiros socorros e a diminuição da violência escolar.[47]
Com o objetivo de ligar as comunidades rurais com a área urbana, foi criado o Programa de Asfaltamento do Interior (PAI).[48] Durante suas duas gestões, foram entregues 170 quilômetros de asfalto.[48] O PAI foi financiado com recursos próprios da prefeitura e empréstimos com a Corporação Andina de Fomento (CAF) e o Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES).[48]
Sistema Marrecas
Em 2009, as obras do Sistema de Abastecimento de Água Marrecas foram iniciadas. O Marrecas é considerada a maior obra do governo Sartori e tem como objetivo garantir o abastecimento de água para 250 000 habitantes pelos próximos vinte anos.[49] Os estudos para a construção deste sistema iniciaram em 1966 e sua capacidade foi estimada em 33 bilhões de litros de água.[50] Os gastos totais foram orçados inicialmente em R$ 130 milhões, mas as obras acabaram custando R$ 250 milhões.[51][52] Segundo dados de dezembro de 2012, o governo federal arcou com R$ 150 milhões e o município destinou R$ 100 milhões de recursos próprios.[53][54]
Em 22 de dezembro de 2012, o Sistema Marrecas foi inaugurado com a presença da presidente Dilma Rousseff e do governador Tarso Genro.[55] No entanto, começou a funcionar apenas em setembro de 2014, já na administração do prefeito Alceu Barbosa Velho.[51] O Sistema Marrecas é uma das obras mais polêmicas dos últimos anos na cidade, uma vez que já foi inaugurada várias vezes em solenidades oficiais, mas ainda apresenta dificuldades para funcionar adequadamente.[56][57]
Greve dos médicos
Um movimento grevista de médicos ligados ao Sistema Único de Saúde (SUS) iniciou em abril de 2010. Três dias após o início desta paralisação, a prefeitura conseguiu uma liminar na Justiça, suspendendo a interrupção dos trabalhos.[58] Em setembro de 2010, iniciou-se uma nova paralisação, que afetou pouco mais de vinte mil pessoas naquele mês.[59] Os médicos reivindicavam a adoção do piso nacional da categoria, a discussão do plano de carreira e da jornada de trabalho.[60][61] A prefeitura considerava o aumento salarial, a principal reivindicação, um "absurdo e fora de contexto".[62]
Em 3 de outubro de 2011, o Movimento Vivo em Defesa da Saúde Pública encaminhou a Câmara de Vereadores um pedido de impeachment de Sartori. O pedido baseou-se na acusação de crime de responsabilidade e improbidade devido a sua atuação na greve dos médicos.[63] Um dia depois de protocolado, o pedido foi rejeitado pelos vereadores por unanimidade.[64] Em dezembro de 2011, um acordo com o Sindicato dos Médicos garantiu a suspensão da paralisação até o final de seu governo.[58]
Opinião pública
Em agosto de 2008, um levantamento da Fato Pesquisa Social, realizado com oitocentos eleitores, indicou que 89,8% consideravam sua gestão como "ótimo ou boa" e 3,9% como "ruim ou péssima".[65] Em setembro de 2012, uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (IBOPE) revelou que 75% dos entrevistados aprovaram a gestão, 18% desaprovaram e 7% não sabiam ou não responderam.[66] Ainda de acordo com o IBOPE, 62% consideraram o governo Sartori como "ótimo ou bom", 27% como "regular" e 7% como "ruim ou péssimo".[66]
Sartori estava sendo cotado para concorrer ao governo do Rio Grande do Sul nas eleições de 2014 desde outubro de 2012.[67] Em 29 de junho de 2014, foi oficializado candidato do PMDB ao governo do Estado pela coligação O Novo Caminho para o Rio Grande, composta também por outros sete partidos.[68] O ex-presidente da Federasul, José Paulo Cairoli, foi escolhido candidato a vice-governador.[69] Na disputa presidencial, a coligação de Sartori declarou apoio ao candidato Eduardo Campos (PSB). Com a morte deste, e a ascensão de Marina Silva, a coligação manteve o apoio ao PSB, apesar de divergências entre Marina e a coligação.[70]
Nas primeiras pesquisas de opinião, tinha menos de 6% da preferência do eleitorado.[71] Nas últimas semanas do primeiro turno passou a crescer nas pesquisas, empatando com a senadora Ana Amélia Lemos (PP) na última pesquisa realizada pelo IBOPE.[72] De acordo com analistas, o crescimento de Sartori ocorreu devido a soma de alguns fatores, entre os quais estão: Ana Amélia sofreu diversos ataques de seus adversários e não conseguiu respondê-los, enquanto Sartori passou a campanha do primeiro turno praticamente sem ser atacado;[73] a grande estrutura partidária do PMDB-RS; a mobilização da militância; a ideia de se apresentar como uma alternativa menos belicosa que Tarso Genro (PT) e Ana Amélia; uma opção ao chamado voto antipetista; o uso das redes sociais;[74] além de outros motivos.[75]
Em 6 de outubro, foi o candidato mais votado com 40,4% dos votos válidos, classificando-se para o segundo turno com Tarso, que ficou com 32,5%.[76] No segundo turno, recebeu o apoio da terceira colocada, Ana Amélia, e declarou apoio formal ao candidato a presidente Aécio Neves (PSDB).[77][78] Em 20 de outubro, uma declaração sobre o piso do magistério causou polêmica e se tornou destaque nacional, sendo criticada por professores e por Tarso na propaganda eleitoral.[79][80] No entanto, Sartori manteve uma liderança de 15-20% em relação a Tarso nas pesquisas de intenção de votos.[81][82] Em 26 de outubro, foi eleito governador com 3.859.611 votos (61,79%), vencendo em mais de 90% dos municípios.[83][84] A votação de Sartori foi a mais expressiva de um candidato a governador do Rio Grande do Sul desde que o segundo turno foi instituído, em 1990.[85]
Sartori foi empossado como o 38º governador do Rio Grande do Sul em 1º de janeiro de 2015.[86] Após afirmar em seu discurso de posse que faria medidas "duras" e "difíceis" para resolver a situação financeira do Estado,[87][88] assinou alguns decretos que cortaram despesas, o que incluiu a suspensão de concursos públicos e nomeações durante seis meses.[89][90][91] A nomeação da primeira-dama e deputada estadual Maria Helena como secretária estadual foi polêmica, especialmente por gerar acusações de nepotismo.[92][93]
Com uma base governista composta por 60% dos deputados, inicialmente composta desde o PDT ao PSDB,[94] conseguiu ao longo do primeiro ano de governo a aprovação de quase todos os projetos de leis formulados pelo executivo e que visavam reorganizar a estrutura do estado e cortar gastos.[95][96] Entretanto, alguns projetos de lei, como os de aumentos de impostos, obtiveram votações apertadas, sendo que a do aumento do ICMS foi aprovado por 27 a 26.[97][98] Até julho de 2018, o governo conseguiu a aprovação de 86% dos projetos submetidos ao legislativo, com apenas dois sendo rejeitados.[99] Ao final do governo, o vice-governador Cairoli criticou a relação do governo com os deputados, alegando que, para a aprovação das iniciativas de Sartori, "se negociava estágios."[100]
O governo parcelou os salários de seus servidores pela primeira vez em julho de 2015, causando greves dos servidores.[101][102][103] Os parcelamentos continuaram ocorrendo até o final do governo,[104][105][106] contrariando decisões judiciais do Tribunal de Justiça e do Supremo Tribunal Federal.[107][108] O CPERS, sindicato dos professores, protocolou um pedido de impeachment contra o governador, alegando que o executivo estava reiteradamente descumprindo as decisões judiciais que proibiam o parcelamento dos salários;[109] o pedido foi arquivado por Silvana Covatti, presidente da Assembleia Legislativa.[110] Outro sindicato, o Sintergs, demandou uma intervenção federal para garantir o pagamento dos salários, mas o pedido foi rejeitado, por unanimidade, pelo TJ-RS, que concluiu que o governador não incorreu em "recusa deliberada em cumprir as decisões judiciais", bem como que o parcelamento era resultado de uma "crise financeira notória."[111] Como resposta, Sartori afirmou que o parcelamento ocorria pois faltava dinheiro, mas que buscava contornar a situação.[112]
Também devido a crise financeira, o estado deixou de pagar em dia parcelas de sua dívida com a União no ano de 2015, gerando ao longo daquele ano bloqueios de suas contas pelo Tesouro Nacional.[113] Ainda em 2015, sancionou a criação da previdência complementar, estabelecendo o teto do INSS para o pagamento de aposentadorias e pensões, e a Lei de Responsabilidade Fiscal Estadual, que impôs regras para o crescimento do gasto público, tornando o Rio Grande do Sul o primeiro estado a aprovar uma legislação própria de responsabilidade fiscal.[114][115][116] No final de 2016, Sartori enviou à Assembleia um pacote de ajuste fiscal propondo a extinção de onze órgãos, a demissão de pouco mais de mil servidores e a diminuição do número de secretarias para 17, prevendo a extinção de órgãos como a Fundação Zoobotânica e a privatização da CEEE e a Sulgás.[117] O projeto recebeu oposição de servidores e partidos de esquerda e,[118][119] embora em sua maior parte tenha sido aprovado,[120] medidas judiciais (mais tarde revistas) impediram a extinção de algumas fundações.[121][122] Sartori não conseguiu, ainda, o aval para a realização de plebiscito, que ocorreria juntamente com as eleições de 2018, para a privatização de estatais (como a CEEE, CRM e Sulgás), uma exigência constitucional.[123]
A contenção dos gastos atingiu a segurança pública, que entrou em colapso nos primeiros anos do governo Sartori.[124][125][126] As ocorrências incluíam desde latrocínios em bairros nobres de Porto Alegre a ataques contra ônibus. O latrocínio de uma mulher em um bairro nobre da capital foi considerada a "gota d'água", levando o governador a rever a política para a segurança pública: demitiu Wantuir Jacini, trocando-o por Cezar Schirmer, que ganhou a autorização de Sartori para se sobrepor à equipe econômica e destinar mais verbas para a área, além da convocação da Força Nacional de Segurança Pública e a contratação mais de três mil policiais militares, apesar de o efetivo da Brigada Militar ter registrado seu menor efetivo em décadas.[127][128][129][130][131] As ações do governo resultaram na diminuição da criminalidade no estado; posteriormente, Sartori classificou a crise da segurança como o ponto mais difícil de seu governo e a "superação na segurança" como a melhor parte.[127][132][133][134]
Sartori iniciou 2017 negociando com o governo federal o ingresso do estado no Regime de Recuperação Fiscal, que permitiria o congelamento do pagamento da dívida com a União por três anos e a obtenção de empréstimos. O acordo previa que o governo estadual deveria realizar cortes nos gastos com a máquina pública.[135] As negociações não avançaram por conta das dificuldades do governo Sartori em comprovar que o estado comprometia 70% da receita com o pagamento dos servidores e a privatização do Banrisul, uma exigência do governo federal não admitida pelo governador.[136][137][138] O governo estadual não pagava as parcelas da dívida desde agosto de 2017, usando o dinheiro para pagar os salários dos servidores. O Supremo Tribunal Federal concedeu liminar suspendendo os pagamentos, a qual foi parcialmente revogada em dezembro de 2018, autorizando a União a executar contragarantias de empréstimos, mas impedindo-a de bloquear as contas do estado.[139][140][141] O Rio Grande do Sul terminou 2018 com um déficit de R$ 2,7 bilhões, inferior ao déficit de R$ 5,6 bilhões quando Sartori assumiu o governo.[142]
Sartori não queria concorrer à reeleição na eleição de 2018, mas acabou disputando novamente o governo estadual a pedido do MDB.[143][144][145][146] O governador contava, segundo pesquisa do instituto Paraná Pesquisas em junho de 2018, com uma avaliação negativa de 55,8% dos eleitores, contra 39,6% de aprovação, e tinha em Eduardo Leite (PSDB), Miguel Rossetto (PT) e Jairo Jorge (PDT) seus concorrentes mais fortes.[147] Sartori desejava montar uma chapa que tivesse Leite como seu candidato a vice-governador, com as duas vagas ao Senado sendo preenchidas por Ana Amélia (PP) e Beto Albuquerque (PSB).[148][149] Leite decidiu pela candidatura própria e Ana Amélia foi candidata a vice-presidente de Geraldo Alckmin (PSDB), levando o PP a apoiar Leite.[150][151] Ainda assim, Sartori garantiu a maior coligação da eleição estadual, com apoio de nove partidos (incluindo PSD, PSB e PR); Cairoli voltou a ser candidato a vice-governador, enquanto Albuquerque e José Fogaça foram os candidatos ao Senado pela coligação do governador.[152][153][154][155] Na eleição presidencial, apoiou seu partidário Henrique Meirelles.[156][157]
Em 7 de outubro, Leite e Sartori avançaram para o segundo turno; Leite recebeu 35,9% e Sartori, 31,1%.[158] Um dia depois, Sartori declarou apoio à candidatura de Jair Bolsonaro (PSL), também apoiado por Leite que, embora inicialmente hesitante, decidiu por um apoio crítico.[159][160] Sartori recebeu e explorou o apoio do candidato a vice de Bolsonaro, Hamilton Mourão, e do PSL, adotando a expressão "Sartonaro."[161][162][163] Apresentando propostas semelhantes, Sartori pregou dar continuidade às mudanças implementadas, usando como slogan "o gringo tá certo", enquanto Leite defendia dar um ritmo mais acelerado para a resolução dos problemas do estado.[164][165][166] As pesquisas no início do segundo turno indicavam o tucano com uma vantagem folgada, mas, à medida que o dia da eleição se aproximava, a diferença entre ambos diminuiu, chegando a estarem em empate técnico na boca de urna do Ibope.[167][168][169] Em 28 de outubro, Leite foi eleito governador com 53,62% dos votos válidos.[170] De acordo com o GaúchaZH, o apoio irrestrito de Sartori a Bolsonaro foi um fator que beneficiou Leite, que derrotou o governador nos redutos petistas. O jornal também acrescentou como motivos para a derrota de Sartori a má relação com os servidores e os desgastes sofridos com a crise financeira.[171][172] O Rio Grande do Sul manteve, assim, seu histórico de não reeleger governadores.[173]
Pós-governo gaúcho
Após deixar o governo gaúcho, Sartori decidiu viver um ano sabático, afastando-se de eventos públicos e adotando uma postura discreta, além de usar seu tempo livre para ficar com a família e cuidar da saúde.[174] Durante a eleição de 2020 para a prefeitura de Caxias do Sul, lideranças partidárias acreditavam que pudesse concorrer novamente,[175] o que contudo não se concretizou.[176] Seu apoiado, Carlos Búrigo, cuja campanha exaltou a imagem de Sartori, perdeu ainda no primeiro turno.[177]
Histórico eleitoral
A tabela abaixo revela o desempenho de Sartori em todas as eleições que disputou. De 1976 a 2018, Sartori concorreu em treze eleições, ganhando dez e perdendo duas eleições à prefeitura de Caxias do Sul (1992 e 2000) e uma ao governo do Rio Grande do Sul (2018).
↑Brasil, CPDOC-Centro de Pesquisa e Documentação História Contemporânea do. «SARTORI, José Ivo». CPDOC - Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil. Consultado em 3 de dezembro de 2021
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