Into the Crevasse

"Into the Crevasse"
2.º episódio da 4.ª temporada de 30 Rock
Informação geral
Direção Beth McCarthy-Miller
Escritor(es) Robert Carlock
Cinematografia Matthew Clark
Edição Meg Reticker
Código(s) de produção 402
Transmissão original 22 de Outubro de 2009
Convidados
Episódios da 4.ª temporada
30 Rock (4.ª temporada)
Lista de episódios

"Into the Crevasse" é o segundo episódio da quarta temporada da série de televisão de comédia de situação norte-americana 30 Rock, e o sexagésimo da série em geral. Foi realizado por Beth McCarthy-Miller e teve o seu enredo escrito por Robert Carlock, que também assumia a função de produtor executivo do seriado e era co-showrunner. Diversos atores fizeram uma participação especial no episódio, incluindo Seth Kirschner, Sue Galloway, Aalok Mehta, Caitlin Fowler, Shawn Gianella, Jon Glaser e Subhas Ramsaywack. O ator Will Arnett fez um regresso no seu papel recorrente como Devon Banks, e recebeu uma nomeação ao Prémio Emmy pelo seu desempenho. A atriz de pornografia Savanna Samson também fez uma participação numa cena do episódio.

Nos Estados Unidos, a transmissão original de "Into the Crevasse" ocorreu através da rede de televisão National Broadcasting Company (NBC) na noite de 22 de Outubro de 2009. De acordo com o sistema de mediação de audiências Nielsen Ratings, aquela emissão foi assistida por uma média de 6 milhões e 684 mil agregados familiares durante a sua transmissão original norte-americana, uma melhoria em comparação com o episódio transmitido na semana anterior, e foi-lhe atribuída a classificação de 3,2 e oito de share entre os telespectadores pertencentes ao perfil demográfico dos 18 aos 49 anos de idade. Naquela noite, o episódio destacou-se especialmente entre os jovens adultos entre os 18 aos 34 anos de idade, e ainda entre os telespetadores masculinos desta faixa etária.

No episódio, Liz Lemon (interpretada por Tina Fey) lida com as consequências do seu livro Dealbreakers, especialmente depois de, sem saber, ferir os sentimentos dos homens da sua equipa de argumentistas e de Tracy Jordan (Tracy Morgan), astro do TGS with Tracy Jordan (TGS). Entretanto, Jack Donaghy (Alec Baldwin) vai a Washington, D.C., para participar numa reunião acerca da produção de microondas da General Electric (GE), mas dá por si a entrar em conflito com o seu arqui-inimigo Devon Banks (Arnett), que detém agora uma posição política poderosa. Paralelamente, Kenneth Parcell (Jack McBrayer) faz trabalho voluntariado num abrigo para animais, onde se afeiçoa emocionalmente a cada animal. Ao mesmo tempo, a revolta de Jenna Maroney contra Liz aumenta à medida que esta assume um novo papel num filme independente, o que leva a uma maior tensão entre elas.

Em geral, a crítica especialista em televisão do horário nobre expressou uma mistura de desapontamento e satisfação em relação a "Into the Crevasse", elogiando as piadas afiadas, as atuações de destaque e os momentos cómicos, especialmente as travessuras de Tracy e o retorno de Arnett. No entanto, muitos sentiram que o episódio careceu de coesão, declarando que a sátira política sobre bailouts financeiros e a cena no Congresso dos Estados Unidos pareceram forçadas, e notando que os enredos equiparando-se a reciclagens de episódios anteriores e mais fortes. Mesmo assim, apesar de alguns críticos expressarem que alguns momentos destacaram o humor característico da série, o episódio foi criticado por se assemelhar a uma série de esquetes desconexos ao invés de uma narrativa coesa, deixando os críticos a questionarem se 30 Rock ainda estava a manter o seu talento cómico.

Produção e desenvolvimento

O comediante Jon Glaser (esquerda) e a atriz pornográfica Savanna Samson (direita) fizeram participações em "Into the Crevasse".

"Into the Crevasse" é o segundo episódio da quarta temporada de 30 Rock.[1] Foi realizado por Beth McCarthy-Miller e teve o seu enredo redigido por Robert Carlock.[2] Para McCarthy-Miller, esta foi a sua sétima vez a trabalhar na realização de um episódio de 30 Rock, enquanto para Carlock, que era também responsável pela produção executiva e era co-showrunner da série, foi a 13.ª vez a redigir um guião.[3][4] McCarthy-Miller é uma antiga membro da equipa de realizadores do Saturday Night Live (SNL), um programa de televisão humorístico norte-americano transmitido pela NBC no qual Tina Fey — argumentista-chefe, criadora, produtora executiva e atriz principal de 30 Rock — foi argumentista-chefe entre 1999 e 2006.[3] 30 Rock é muitas vezes visto como um reflexo cómico do SNL, e Liz Lemon como uma versão ficcionada de Fey, encarnando as dificuldades de liderar um programa cómico num ambiente dominado por homens, tal como o seu papel na vida real no SNL. Vários antigos integrantes do elenco do SNL já desempenharam papéis importantes ou fizeram participações especiais em 30 Rock,[5][6][7] inclusive Tracy Morgan e a própria Fey, que foi a primeira apresentadora feminina do segmento Weekend Update. Além de McCarthy-Miller, outros membros da equipa do SNL que já trabalharam em 30 Rock são: John Lutz, argumentista do SNL entre 2003 a 2010 e membro do elenco de 30 Rock; e Steve Higgins, argumentista e produtor do SNL de 1995 a 2009 que fez participações na sétima temporada de 30 Rock.[8][9] Alec Baldwin, apesar de nunca ter sido membro do elenco do SNL, detém o recorde de ser o anfitrião do programa por mais vezes, com dezassete vezes.[10]

Embora o seu nome tenha sido listado na sequência de créditos de encerramento do episódio, a atriz Katrina Bowden, intérprete da personagem Cerie Xerox em 30 Rock, não participou de "Into the Crevasse".[2] O episódio viu o retorno de Will Arnett a 30 Rock, no seu papel como Devon Banks, arqui-inimigo de Jack Donaghy que agora trabalha para a Presidência de Barack Obama, depois de ter feito uma amizade com as filhas do presidente, Sasha e Malia, para fofocar e bisbilhotar as suas vidas.[11] O título do episódio deriva de uma metáfora utilizada por Jack, que reflecte os desafios do entretenimento e da vida.[12] Como parte desta trama de Devon, no episódio, Jack conta uma história a Liz Lemon sobre ir "para dentro da crevasse," explicando uma situação na qual se escapa indo mais fundo no problema, como Jack fez em 1994 depois de ter caído numa crevasse e magoado a perna enquanto escalava no gelo. Quando finalmente voltou ao acampamento, ele disse à noticiarista Connie Chung, a alegada pessoa que lhe cortou a corda de escalada, que ela tinha feito a coisa certa. No presente, Jack entra metaforicamente na crevasse ao aceitar o dinheiro de bailout e a posição subserviente a Devon na qual isso o coloca. Carlock comparou esta trama com o "czar dos automóveis" da administração Obama na altura, que ajudou a conduzir a indústria automóvel durante a Grande Recessão, afirmando que Banks era isso, mas para a televisão.[11][13]

"Into the Crevasse" dá continuidade a uma trama de Liz, na qual ela lançou o livro Dealbreakers para abordar situações que as mulheres não deveriam tolerar nos seus relacionamentos amorosos com homens. Ela enfrenta uma reação negativa dos diferentes tipos de homens sobre os quais avisou as mulheres para se manterem afastadas. Uma das primeiras reações vem de Subhas, um contínuo da NBC que tira o lixo do caixote do escritório de Liz e atira-o no chão. Este contínuo foi interpretado por Subhas Ramsaywack, um contínuo verdadeiro dos Estúdios Silvercup, local onde 30 Rock era gravada. Várias pessoas fizeram audições para aquela cena, mas a equipa do seriado acabou por escolher Ramsaywack após uma sugestão de Fey e Carlock, que o acharam "muito natural e engraçado."[11][14] Em uma outra cena, enquanto olha Liz nos olhos, um empregado de uma livraria chamado Mike rasga uma imagem em papelão de Liz depois de apontar ao conselho "se o teu homem tem mais de trinta anos e ainda usa um crachá para trabalhar, isso é um dealbreaker," presente no livro dela.[15][11] Mike foi interpretado pelo comediante Jon Glaser,[16] um antigo aluno do The Second City, um empreendimento de comédia baseado em Chicago do qual Tina Fey e Jack McBrayer, ambos membros do elenco de 30 Rock, são antigos alunos. Scott Adsit, intérprete de Pete Hornberger, foi colega de Glaser no The Second City.[17][18] A biografia de Jimmy Carter escrita por Milton Greene (Alan Alda) e referenciada em "Kidney Now!", pode ser vista em exposição na livraria, assim como o livro The Cigarrete Diet, de autoria do Dr. Leo Spaceman.[19][14]

Para compensar o facto de ter causado problemas conjugais a Tracy, Liz tenta vender os direitos da sua vida a ele, e permite que ele produza um filme pornográfico sobre ela. Esta foi uma alusão à paródia pornográfica de 30 Rock, lançada em Agosto de 2009 pela produtora New Sensations.[11][20] Os atores Caitlin Fowler e Shawn Gianella participaram de "Into the Crevasse" como as respetivas versões pornográficas de Jenna Maroney e Jack, enquanto a atriz pornográfica Savanna Samson interpretou a versão pornográfica de Liz.[21] Samson expressou sentir-se honrada pela oportunidade pois era uma grande admiradora de Fey "e do que ela fez com a série."[22] No final do episódio, Gianella e Samson recriam uma cena anterior na qual Jack dá a Liz o seu aparelho, porém, ao receber o retentor, Samson questiona a Gianella acerca de como poderia agradecê-lo pelo feito, levando Tracy a interromper a produção abruptamente.[21] Contrariamente a diversos rumores na altura,[15][23][24] os atores que interpretaram as versões pornográficas das personagens de 30 Rock não foram os mesmos que estrelaram na paródia original.[25]

À medida que foi progredindo com a suas temporadas, 30 Rock inclinou-se cada vez mais para o humor surreal, particularmente com a personagem Kenneth Parcell, que se tornou a mais excêntrica. Enquanto outras personagens experimentavam desenvolvimentos loucos, como Jack a trabalhar para a administração Bush ou Tracy a vencer um prémio Óscar, o arco de Kenneth tornou-se mais bizarro, com indícios de que poderia ser imortal. Este arco iniciou subtilmente na primeira temporada com o episódio "The Baby Show", no qual há um panfleto na secretária do Dr. Leo Spaceman que lê "Nunca Morre" com uma foto do estagiário no pano de fundo. A partir da terceira temporada, a série foi deixando cair inúmeras pistas sobre a natureza eterna de Kenneth, desde referências vagas à sua idade até momentos mais evidentes em temporadas posteriores. Ele lembra-se de ter tido um papagaio por 60 anos, reage fortemente a sons agudos que só os maiores de 40 anos conseguem ouvir, e possui conhecimento enciclopédico sobre a história da televisão norte-americana. O auge desta estranha história acontece quando a mãe de Kenneth revela que, à nascença, Kenneth lhe disse que não era humano, mas sim um ser imortal.[26][27] Em "Into the Crevasse", durante o segmento em preto e branco de "Do The Microwave", Kenneth pode ser visto a dançar em primeiro plano.[19][23]

Judah Friedlander, intérprete do argumentista Frank Rossitano em 30 Rock, é conhecido pela sua coleção de chapéus de camionista adornados com vários slogans, frases e palavras. Esta caraterística não é apenas um adereço aleatório, mas sim uma parte integrante da personalidade de Frank e do humor da série. Segundo Friedlander, ele desenha e cria estes chapéus pessoalmente, tendo originado chapéus suficientes para usar um diferente em cada cena de 30 Rock, o que se traduz em cerca de três chapéus por episódio. O conteúdo dos chapéus de Frank reflete frequentemente a sua personalidade sarcástica, interesses peculiares ou referências à cultura popular. Alguns exemplos notáveis incluem erros ortográficos, frases nostálgicas e afirmações bizarras que dão uma ideia do carácter de Frank antes mesmo de ele falar. Ocasionalmente, os chapéus são incorporados no enredo, acrescentando uma camada extra de comédia. A personalidade de Friedlander na vida real também envolve o uso de chapéus semelhantes durante as suas atuações de comédia stand-up. Muitas vezes, ostenta nesses chapéus títulos ou capacidades ultrajantes, como "Campeão do Mundo" em diversas línguas, o que contrasta humoristicamente com o seu comportamento descontraído.[28][29][30] Em "Into the Crevasse", Frank usa bonés que leem "Spaceship Owner" e "Not Guilty."[19][31]

Enredo

Liz Lemon (Tina Fey) fica animada ao ver diversas cópias do seu livro e um recorte de papelão de si mesma na montra de uma livraria. Ela revela a Mike (Jon Glaser), um funcionário da livraria que usa um crachá, que ela é a autora, mas ele fica zangado com ela devido a uma frase do livro que afirma que um homem com mais de trinta anos que ainda usa um crachá para trabalhar é um dealbreaker. Como resultado, ele rasga o recorte dela agressivamente e arranca a cabeça do mesmo. Vários outros homens na vida de Liz, incluindo Frank Rossitano (Judah Friedlander), J.D. Lutz (John Lutz), Pete Hornberger (Scott Adsit), Tracy Jordan (Tracy Morgan) e o zelador Subhas gritam com ela por dar conselhos que, segundo eles, prejudicaram os seus relacionamentos amorosos. A esposa de Tracy expulsa-o de casa, e ele vai viver com Liz como castigo por ter prejudicado o seu casamento. Uma vez lá, lê detalhadamente o livro dela e descobre que grande parte do mesmo foi escrito com base na vida dele, criticando as suas várias peculiaridades por serem deal breakers. Além disso, Jenna Maroney (Jane Krakowski), zangada com Liz por causa da procura de um novo membro para o elenco do TGS with Tracy Jordan (TGS), viaja para a Islândia para filmar um filme de baixo orçamento de lobisomens.[19]

Entretanto, na sua posição de Vice-Presidente da Televisão da Costa Leste e da Programação de Fornos Microondas da General Electric (GE), Jack Donaghy (Alec Baldwin) viaja para Washington, D.C., para participar num grupo de trabalho sobre microondas, uma vez que a indústria está em dificuldades, mas diz que se recusa a aceitar qualquer dinheiro de bailout do governo. Ele acredita que a reunião será bastante simples e rápida mas, uma vez lá, é confrontado por Devon Banks (Will Arnett), que começou a trabalhar com o governo federal. Devon revela que passou o último ano, desde que foi despedido da GE, a tentar vingar-se de Jack, fazendo contactos na administração de Barack Obama através da sua amizade com as filhas do presidente, Sasha e Malia. Devon divulga o testemunho controverso de Jack na audiência, acreditando que a pressão pública obrigará Jack a renunciar a sua posição em três dias. Jack passa esse tempo a pedir aos argumentistas do TGS — Frank, Lutz e James “Toofer” Spurlock (Keith Powell) — que apresentem uma ideia "tão boa como a lâmpada incandescente" para melhorar o micro-ondas. Baseando as suas ideias na indústria automóvel norte-americana, tentam incorporar sugestões como aumentar o tamanho dos microondas ou fazer com que se avariem mais frequentemente para serem substituídos, mas Jack acaba por abandonar o projeto como um fracasso quando o resultado é simplesmente um carro.[19]

O estagiário Kenneth Parcell (Jack McBrayer) distancia-se das suas tarefas na NBC para fazer trabalho voluntariado num abrigo para animais. Segundo ele, o tempo que passou numa quinta de porcos permite-lhe não se relacionar emocionalmente com os cães que lá estão, mas rapidamente dá nomes a todos os cães e adopta os que serão submetidos a eutanásia nesse dia. Kenneth pede a alguém do TGS para adotar os cães, e Tracy leva-os rapidamente para o apartamento de Liz para continuar a irritá-la. Liz e Tracy vão ter com Jack para finalmente resolverem o seu conflito. Jack decide que, pelo facto de Liz ter arruinado a vida de Tracy com o seu livro, Tracy deve ter o direito de arruinar a vida dela, ordenando a Liz que entregue os seus direitos de vida a Tracy. Jack conta a Liz uma história sobre um acidente que teve numa escalada no gelo, caindo numa crevasse. Partiu uma perna e não conseguiu subir para escapar, mas ao descer mais fundo na crevasse encontrou um caminho para sair. Jack traça um paralelo com a sua situação com Devon e encontra uma solução: aceitar o dinheiro de bailout do governo (que tinha recusado anteriormente), tornando Devon efetivamente o patrão de Jack. Liz também aplica esta história à sua situação com Tracy e deixa de resistir, sugerindo a Tracy que faça um filme pornográfico baseado na sua vida. Tracy concorda e muda-se do apartamento de Liz. Além disso, Jenna e Liz resolvem os seus problemas quando vêem duas estrelas adultas a representarem uma cena na qual as versões de si mesmas pedem desculpa uma à outra. Tracy encerra a produção quando as filmagens se tornam demasiado desagradáveis para ele.[19]

Referências culturais

"Into the Crevasse" faz várias menções a Barack Obama (centro) e suas filhas Malia (esquerda) e Sasha (direita).

"Into the Crevasse" faz várias referências à crise da indústria automóvel de 2008-09 e à crise financeira de 2007-10.[11] Na sua tentativa de conceber um novo microondas, Jack, Frank e Toofer alteram as caraterísticas do microondas, acrescentando quatro portas e colocando rodas, levando Jack a interromper o projeto após se aperceber que eles inventaram acidentalmente o Pontiac Aztek.[32][33] Quando Liz questiona o motivo de Jack ter de viajar a Washington, D.C., de autocarro, ele responde que "desde que estes palhaços de Detroit começaram a apanhar aviões privados, o resto de nós tem de dar um espetáculo," uma referência ao método de viagem controverso adotado pelos diretores executivos das empresas General Motors (GM), Ford e Chrysler na sua viagem a uma audiência no Congresso a 19 de Novembro de 2008.[34] O dilema acerca do dinheiro de bailout também tem semelhanças com os bailouts federais da General Motors e da Chrysler. Ainda nessa conversa, ele argumenta que "agora, o vosso Presidente, que por sinal é queniano e fuma cigarros, criou um grupo de trabalho da indústria para micro-ondas e pequenos electrodomésticos," uma referência às teorias conspiratórias sobre a cidadania de Barack Obama.[35][12][23][15] Devon declara que o seu plano para destruir a imagem de Jack virá Jack a fazer a American International Group parecer o Lehman Brothers dos microondas, uma referência a duas empresas notáveis da crise financeira. Devon também afirma que, na sua busca por uma organização mais poderosa do que a GE, no final, escolheu o governo dos Estados Unidos porque "American Idol só começa em Janeiro."[35][23] Em uma conversa ao telefone com Don Geiss, informa que apenas estará em D.C. por um dia mas, caso arranje tempo, irá visitar o casaco de Fonzie, uma personagem da série de televisão Happy Days.[19]

Ao longo da sua transmissão, 30 Rock desenvolveu a tradição de incorporar numerosas referências à franquia de ficção científica Star Wars, começando com o episódio piloto, no qual Tracy é visto a proclamar ser um cavaleiro espacial Jedi.[36] Este tema recorrente surgiu organicamente devido a uma paixão partilhada pela equipa de argumentistas e os membros do elenco da série, em particular Tina Fey e o produtor executivo Robert Carlock. À medida que a série foi avançando, estas referências tornaram-se cada vez mais frequentes e foram sendo habilmente introduzidas em vários episódios. Ao invés de se basearem em citações óbvias ou em nomes de personagens, os argumentistas incorporam elementos mais subtis, como paralelismos de enredo, piadas visuais ou até mesmo pistas musicais que fazem lembrar a banda sonora de John Williams. Assim, criam oportunidades para um diálogo inteligente e humor situacional, uma vez que as analogias são frequentemente utilizadas para descrever situações no local de trabalho ou relações pessoais.[37] Fey, como criadora e estrela de 30 Rock, incorporou o seu gosto pessoal por Star Wars na série através de Liz, que é retratada como uma grande fã da franquia, usando frequentemente acontecimentos da trilogia original para explicar os seus sentimentos e ações na vida quotidiana, chegando ao ponto de vestir-se de Princesa Leia no Halloween por quatro anos consecutivos e ainda ao tentar se livrar do dever de jurado em Chicago e Nova Iorque.[38] Ela usou o vestido novamente para o seu próprio casamento, alegando este ser o único vestido branco no seu guarda-fato. A atriz Carrie Fisher, intérprete da Princesa Leia na trilogia original da franquia, já participou de um episódio de 30 Rock.[36] Em "Into the Crevasse", Frank confronta Liz por criticar homens colecionadores de bonecos de ação no livro Dealbreakers, e argumenta ter engatado uma rapariga no fim de semana passado depois de praticar movimentos Jedi no Parque Prospect. Conforme o narrado por ele, depois que a rapariga viu a estatueta de Hellboy "em perfeitas condições" no quarto dele, começou a citar o livro.[19] A opinião de Liz sobre a franquia reflete também alguns sentimentos comuns dos fãs, como ela considera Ataque dos Clones (2002) o seu menos favorito.[39] Foi estimado que as alusões à Star Wars aparecem em pelo menos metade do total de episódios de 30 Rock, com algumas temporadas a apresentarem várias referências por episódio. Alguns exemplos particularmente memoráveis incluem a comparação de Jack das suas lutas empresariais com a luta da Aliança Rebelde contra o Império Galáctico, a tentativa desajeitada de Liz de explicar o enredo de Star Wars a um grupo de crianças, e a má interpretação de Tracy da sintaxe de Yoda.[37][40]

Enquanto vive no apartamento de Liz, Tracy encomenda vários filmes pornográficos em pay-per-view, incluindo The Curious Case of Benjamin Butt e I'm-A-Do-Us, trocadilhos com os filmes The Curious Case of Benjamin Button (2008) e Amadeus (1984).[21] A história que Jack conta a Liz sobre a altura na qual caiu numa crevasse e teve de descer para a escuridão é inspirada no livro Touching the Void (1988), que narra a história de Joe Simpson.[33] Jenna argumenta que o filme que irá filmar na Islândia, segundo o informado pela revista TV Guide, segue "a veia de Crepúsculo e True Blood."[23] Mais tarde, numa discussão com ela sobre lobisomens, Liz menciona o vídeo musical de "Thriller" (1984), uma canção de Michael Jackson, ao que Tracy responde afirmando ser "demasiado cedo." Esta é uma referência à morte de Jackson a 25 de Junho de 2009.[15]

Kenneth afirma dedicar o seu tempo a várias organizações de caridade, entre elas o Big Brother. Liz assume que ele se refere à metade masculina de Big Brothers Big Sisters, um programa caritativo de orientação de jovens, mas ele corrige-a dizendo que essa "é uma organização que vigia secretamente as pessoas e se certifica de que se estão a comportar corretamente," confirmando assim a referência ao Grande Irmão (em inglês: Big Brother), uma personagem de Nineteen Eighty-Four (1949), um romance distópico e um conto de advertência do escritor inglês Eric Arthur Blair, que o escreveu sob o pseudónimo George Orwell.[35][23] O episódio também fez referência ao executivo Ben Silverman que, em 2009, anunciou que ia deixar a NBC para formar uma nova empresa, a Electus, em parceria com a IAC/InterActiveCorp de Barry Diller.[41] Foi sugerido por Mike Roe, autor do livro The 30 Rock Book (2021), que o livro Dealbreakers é uma paródia de livros de encontros como The Rules (1995) e He's Just Not That Into You (2004). Tracy queixa-se de Dealbreakers relatando que um livro não lhe dava tantos problemas "desde que o Where's Waldo? [1987] foi para aquela fábrica de postes de barbearia."[11][42][35][23][15] De modo a solucionar o problema enfrentado por Tracy e Liz acerca do apartamento de Liz, Jack aconselha-os a "cortarem o bebé ao meio," uma referência ao Rei Salomão, o quarto monarca do Reino de Israel e Judá.[15]

Transmissão e repercussão

Audiência

Nos Estados Unidos, "Into the Crevasse" foi transmitido pela primeira vez na noite de 22 de Outubro de 2009 através da NBC como o sexagésimo episódio de 30 Rock.[1] De acordo com as estatísticas publicadas pelo serviço de mediação de audiências Nielsen Ratings, a transmissão original norte-americana do episódio foi assistida em 6 milhões e 684 mil agregados familiares. Além disso, foi-lhe atribuída a classificação de 3,2 e oito de share no perfil demográfico dos telespectadores entre os dezoito aos 49 anos de idade, o que significa que 3,2 por cento de todas as pessoas dos 18 aos 49 anos de idade de todos os lares com televisão nos Estados Unidos estavam sintonizados ao episódio, e dentre todas as famílias que estavam ativamente a ver televisão no momento da transmissão, oito por cento estavam a ver este episódio. O enfoque no grupo demográfico 18-49 é significativo porque este grupo etário é considerado o mais valioso para os anunciantes, representando um público-alvo fundamental para muitas redes. Uma classificação ou quota mais elevada neste grupo indica frequentemente um maior potencial de receitas publicitárias.[43][44]

Em termos de desempenho no perfil demográfico dos aultos com idades compreendidas entre os 18 e os 49 anos, em comparação com "Season 4", episódio de estreia da temporada transmitido na semana anterior, a transmissão de "Into the Crevasse" apresentou um crescimento de dez por cento, refletindo um aumento no seu apelo em relação ao episódio anterior. O desempenho foi ainda mais detalhado com base em subgrupos deste público, incluindo homens e mulheres entre os 18 e 34 anos. Durante a sua faixa horária, 30 Rock foi o programa mais visto tanto entre os telespetadores adultos masculinos dos 18 aos 34 anos, o que significa que superou todos os outros programas transmitidos naquele horário em todas as demais quatro grandes emissoras de televisão dos Estados Unidos, atraindo telespectadores dentro do grupo demográfico mais visado pelos anunciantes. Entre os adultos dos 18 aos 34 anos, assim como nas mulheres entre as mesmas idades, foi o segundo mais assistido. Em termos de número total de telespetadores, "Into the Crevasse" registou um aumento de sete por cento em relação a "Season 4", subindo de 6,4 milhões para 6,8 milhões de telespetadores.[45]

Uma métrica importante em termos de audiência é a classificação "ao vivo mais sete dias." As redes de televisão e os anunciantes não consideram apenas quem viu um programa em direto ou no mesmo dia em que foi para o ar (conhecido como "em direto mais o mesmo dia"), mas também as pessoas que o assistiram no espaço de uma semana ("em direto mais sete dias"). Esta janela alargada capta os telespectadores que gravam programas para ver mais tarde, o que é mais comum nos programas com seguidores fiéis, mas com audiências mais baixas em direto. Para 30 Rock, até à transmissão de "Into the Crevasse", a adição desses espectadores atrasados aumentou a sua audiência no perfil demográfico 18-49 em 21 por cento, em média. Isso indica que, embora muitos fãs não assistissem ao vivo, ainda procuravam o programa mais tarde. Estes telespectadores em atraso ajudam as redes a avaliar com maior exatidão a popularidade geral de um programa, mesmo que não atinja o topo das audiências em direto.[45]

Análises da crítica

Críticas profissionais
Avaliações da crítica
Fonte Avaliação
A.V. Club C+[46]
IGN 10/10[32]

Em geral, "Into the Crevasse" deixou os críticos especialistas em televisão do horário nobre divididos. Houve várias opiniões divergentes acerca do seu humor, a execução da narrativa e a forma como lidou com a sátira. Do lado positivo, o episódio foi elogiado pelas suas piadas afiadas, momentos cómicos de destaque e atuações do elenco, especialmente as palhaçadas exageradas de Morgan como Tracy Jordan, que foram consideraras um ponto alto. O regresso de Arnett foi enaltecido por acrescentar energia ao episódio, enquanto o talento de 30 Rock para o humor em camadas também foi merecedor de louvor. No entanto, vários críticos encontraram falhas na estrutura e na abordagem temática do episódio. A sátira política foi criticada por não ter nuances e parecer pesada, enquanto as histórias foram observadas como reciclagens menos inventivas de temporadas anteriores da série. O consenso geral foi de que embora "Into the Crevasse" tenha mostrado a sagacidade e a excentricidade caraterísticas de 30 Rock, a sua narrativa irregular e a sátira excessivamente ampla deixaram alguns críticos a questionar se o seriado ainda estava no topo do seu jogo. Apesar disso, as atuações e os lampejos ocasionais de brilhantismo recordaram aos espectadores o potencial cómico da série.[47]

Tracy Morgan (esquerda) e Will Arnett (direita) foram enaltecidos pela crítica pelos seus desempenhos em "Into the Crevasse", com Arnett recebendo ainda uma nomeação a um Prémio Emmy.

O crítico Robert Canning, na sua opinião para o portal IGN, expressou muito apreço pelo episódio "repleto de gargalhadas, caótico e inteligentemente ridículo," ficando impressionado com a variedade e grande volume de humor contido nele, achando até os momentos sem sentido deliciosos. Canning descreveu o episódio como "uma aula magistral na mistura de enredos disparatados com comédia mordaz, o que faz dele um destaque na série," concluindo a sua redação atribuindo ao episódio a avaliação máxima de dez pontos, um recorde único para a série.[32] O colunista Michael Anthony, na sua recapitulação para o portal TV Guide, expressou satisfação pelo "humor implacável e narrativa criativa" do episódio, elogiando a sua capacidade de manter "um tom leve e divertido," apesar de incorporar humor politicamente carregado sobre a crise económica.[12] A jornalista Liz Lent, na sua crítica para o website Den of Geek, expressou que "a despeito da presença de muitas gargalhadas, alguns espectadores podem achar os temas políticos pesados em comparação com a sagacidade habitual."[48]

O crítico Mark Graham, na sua apreciação para o portal Vulture, analisou como "quando 30 Rock começou a sua quarta temporada, enfrentou o ceticismo dos críticos preocupados com um declínio na qualidade, com alguns a compararem-no a um 'Will & Grace ligeiramente mais engraçado.' Apesar de a estreia da temporada ter suscitado reacções mistas, o segundo episódio [...] tranquilizou os fãs com o seu humor afiado e meta-comentário. ... Estes momentos, combinados com referências culturais e uma narrativa inventiva, demonstraram que 30 Rock ainda tem muito para contar."[41] O publicista Myles McNutt, escritor do blogue Cultural Learnings, exteriorizou um sentimento similar, afirmando que "a crítica dividiu-se quanto à quarta temporada de 30 Rock, com alguns a questionarem os seus padrões, um sentimento que 'Into the Crevasse' pode ter reforçado. Embora não seja necessariamente pior do que o episódio de abertura da temporada, este episódio parece desarticulado, assemelhando-se mais a uma coleção de esquetes do Saturday Night Live do que a uma comédia coesa. A sua dependência de histórias familiares [...] realça as suas dificuldades em recapturar a execução mais nítida de episódios anteriores semelhantes. Apesar de o episódio ter momentos de humor, o facto de não conseguir capitalizar o que deveria ser um cenário fiável levanta preocupações sobre a trajetória criativa da série."[49] O periodiqueiro Stephen Deusner elaborou uma análise similar para o jornal The Washington Post, expressando que "os dois primeiros episódios da quarta temporada equilibram habilmente vários enredos... A temporada também se inclina para a sátira oportuna, com o bónus enorme de Jack e a manipulação dos fundos de bailout por parte de Devon a servirem como críticas incisivas à ganância empresarial. Estes elementos apontam para uma trajetória promissora se a série conseguir manter o equilíbrio entre o humor e o comentário incisivo."[50]

Embora tenha sentido que a subtrama de Tracy pareceu forçada, na sua dissertação para o segmento TV Squad do serviço AOL, o diarista Bob Sassone constatou que a piada meta sobre o filme pornográfico destacou o humor afiado do seriado. Ele comentou ainda que prefere "Into the Crevasse" a "season 4",[23] enquanto a gazetista Meredith Blake, no seu julgamento para o jornal Los Angeles Times, argumentou sobre como o episódio "prova que a série ainda está a funcionar a todo o vapor, misturando o absurdo com o comentário cultural."[15] O plumitivo Sean Gandert, no seu ponto de vista para a revista Paste, considerou "Into the Crevasse" um episódio no qual faltou a nitidez e a inovação esperadas de 30 Rock. Ele apreciou a tentativa do seriado de construir a continuidade, mas sentiu que o humor e a narrativa ficaram aquém do brilhantismo habitual, criticando o facto de o episódio se basear em cenários previsíveis de comédias de situação e piadas menos impactantes, levando-o a questionar uma potencial estagnação da série.[42] O repórter Kevin Aeh, na sua perspetiva para o periódico Time Out, viu "Into the Crevasse" como "agradável, mas não extraordinário, não correspondeu totalmente ao potencial da série." Aeh apreciou o regresso de Arnett, mas desejou ver interações entre a personagem dele e Kenneth.[35]

O redator Nathan Rabin, contribuinte do jornal de entretenimento A.V. Club, exteriorizou desapontamento com o episódio, notando um declínio significativo na escrita e no ritmo outrora brilhantes do seriado. Segundo ele, o episódio baseia-se em histórias cansativas, personagens demasiado familiares e humor previsível, criticando em particular a profundidade reduzida de Jenna e o uso excessivo de piadas catchphrase. Embora o crítico tenha encontrado algum humor nas lutas empresariais de Jack e na subtrama da paródia pornográfica, sentiu que o episódio careceu da nitidez e do núcleo emocional, como a dinâmica Jack-Liz, que definiu as temporadas anteriores, considerando "Into the Crevasse" um exemplo da irregularidade crescente da série.[46] O especialista em televisão Alan Sepinwall, no seu julgamento para o seu blogue independente, também expressou insatisfação, criticando a dependência do episódio em de personagens de uma só nota e enredos repetidos, e expressando uma frustração particular com Devon, cujas piadas recorrentes pareceram obsoletas para si, e Jenna, cujo narcisismo se tornou cansativo após várias temporadas, questionando se a personagem sequer deveria continuar a existir. Apesar de ter reconhecido alguns momentos engraçados, Sepinwall concluiu que não foram suficientes para elevar o episódio que, segundo ele, careceu da inteligência e originalidade que normalmente definem 30 Rock.[33]

Reconhecimento

A Penn State CommRadio, uma publicação da Universidade Estadual da Pensilvânia, considerou "Into the Crevasse" o 119.° melhor episódio da série, criticando a sua "mediocridade."[51] Na lista dos melhores episódios de 30 Rock publicada pelo blogue Film School Rejects, o repórter Jacob Trussell posicionou "Into the Crevasse" no 107.° lugar, comentando que "Embora o episódio possa não ser o mais forte da saga Dealbreakers, o facto de Jenna ter filmado um filme de lobisomens na Islândia (onde é noite durante cerca de cinco minutos por dia) como castigo por o TGS ter procurado um novo membro para o elenco é inspirador!"[52]

Não obstante, o portal BuzzFeed considerou a citação "I have a betting system based on horse penis size.," dita por Jack em "Into the Crevasse", como a 25.ª melhor de 30 Rock,[53] enquanto a frase "I did Big Sister in college. That little girl taught me how to use tampons," dita por Liz, foi reputada como a oitava melhor da série pela revista Rolling Stone.[54]

Prémios e nomeações

Na 62.ª cerimónia anual dos prémios Emmy de arte criativa, decorrida na noite de 21 de Agosto de 2010, o desempenho de Will Forte rendeu-lhe uma nomeação na categoria Melhor Ator Convidado em Série Comédia, a sua segunda pela interpretação de Devon Banks. No entanto, foi o ator Neil Patrick Harris que saíu vencedor pela sua performance como Bryan Ryan no episódio "Dream On" da série de televisão Glee.[55]

Referências

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