Igreja Católica no Barém
A Igreja Católica no Barém,[6][7][nota 1] é parte da Igreja Católica universal, em comunhão com a liderança espiritual do Papa, em Roma, e da Santa Sé. A população do país é de maioria muçulmana xiita.[10] A maior parte dos cristãos bareinitas são estrangeiros, que vivem no país a trabalho, além de uma pequena quantidade de nativos. A fé cristã pode ser praticada em locais privados, e não pode haver proselitismo aos muçulmanos e nem insultos ao islã. A lista mundial da perseguição de 2023, elaborada pela Fundação Portas Abertas, classificou o país como o 65.º que mais persegue os cristãos.[11] HistóriaAs tradições cristãs afirmam que a Arábia foi primeiramente evangelizada pelo Apóstolo Bartolomeu. No século III a região já era território de uma diocese árabe. No século seguinte, o número de cristãos vinha em crescimento, aliado também à perseguição que os mesmos vinham sofrendo na Pérsia, no ano 339, de modo que o Barém era considerado um refúgio seguro.[11] Parte das ações da Igreja foram prejudicadas pelo crescimento da heresia nestoriana. Ruínas de um mosteiro desse período foram encontradas em Samaheej, e de outro em Al-Dair, já que essa é a palavra em aramaico para mosteiro. Registros do período nestoriano evidenciam que a presença cristã entre os séculos V e VII estava bem enraizada. Há registros da participação regular de bispos bareinitas em concílios, como no Primeiro Concílio de Niceia, em 325. Exércitos árabes conquistaram a região, em 633, introduzindo o islã no Barém. As duas dioceses que as ilhas possuíam perduraram até 835.[11] Quando Maomé morreu, muitas das tribos que haviam se convertido ao islã regressaram ao cristianismo, mas foram punidos pelo califa. O segundo califa, Omar II, considerou que "duas religiões não podiam coexistir na Arábia". Ainda hoje em dia, este slogan é popular na região. O governante deu às tribos cristãs as opções de retornar ao islã, tributação pesada ou deixarem a região. A terceira opção foi a escolhida pela maioria, que migrou para a Anatólia e para a Síria. As tribos árabes cristãs da Península Arábica perduraram até o século IX.[12] Em 1521, exploradores portugueses chegam à região, trazendo consigo missionários católicos. Seu domínio perdurou até a invasão dos árabes da Pérsia em 1602, apagando toda a influência católica construída. Em 1782, uma família kuwaitiana tomou o controle, apoiada pelos britânicos, assim permanecendo entre os anos de 1820 até 1971. Enquanto a Grã-Bretanha se preparava para se desligar da região, o Barém desenvolveu um governo de transição em 1970, quatro décadas depois de a descoberta de jazidas de petróleo ter impulsionado a sua economia. O país permaneceu quase inteiramente muçulmano e o Islã era a religião oficial, embora houvesse liberdade religiosa garantida dentro de certos limites.[13] Milhares de cristãos expatriados viajaram ao Barém, iniciando a formação de uma nova e florescente comunidade cristã.[11] AtualmenteAs mulheres etnicamente barenitas são proibidas de se casar com um não muçulmano. Uma cristã casada com um muçulmano terá negados seus direitos a custódia dos filhos e herança. Elas também sofrem pressão da família ao se converter, são agredidas, casadas à força com muçulmanos, ou até ser ameaçadas de morte. Mesmo as trabalhadoras estrangeiras está vulneráveis, especialmente com a possibilidade de estupro, e têm de usar roupas típicas do islã para tentar evitar situações de abuso. Enquanto isso, os homens que se convertem normalmente são demitidos do trabalho, expulsos de casa e da família e ameaçados.[11] A construção de novas igrejas depende da aprovação do governo, e dificilmente é permitida; em razão disso, normalmente as igrejas ficam superlotadas.[11] Os católicos têm três opções de igrejas: a Catedral de Nossa Senhora da Arábia, situada em Awali, a Igreja do Sagrado Coração em Manama, construída em 1939 após o terreno ser doado pelo então rei, Hamad ibn Isa Al-Khalifa, e uma casa de culto pequena, que é partilhada com os anglicanos em Awali.[10][14] Atualmente, a catedral recebe cerca de mil visitantes por dia.[15] A grande maioria dos católicos que vivem na região são trabalhadores estrangeiros, especialmente oriundos das Filipinas, os quais formavam uma única paróquia em 2000, liderada por três padres e auxiliada por menos de 100 religiosos. Os líderes da Igreja não tem permissão de falar sobre questões políticas, e nem de fazer proselitismo. Em janeiro de 2000, o emir bareinita Hamad bin Isa al-Khalifa, reuniu-se com o Papa João Paulo II antes mesmo de o Barém ter estabelecido relações diplomáticas formais com a Santa Sé.[13] A Igreja gerencia no país duas escolas primárias, que atendem 987 estudantes, e uma escola média, que atende 328 estudantes.[16] Em 10 de dezembro de 2021, foi consagrada a Catedral de Nossa Senhora da Arábia em Awali, sendo ela a maior igreja católica da Península Arábica, com capacidade para 2.300 pessoas, e a primeira catedral a ser inaugurada na região em 60 anos. O terreno em que ela foi construída foi doado Rei do Barém, Hamad ibn Isa Al Khalifa, e também foram feitos uma área residencial para a cúria episcopal, uma casa de hóspedes e instalações educativas. É a igreja mais importante do Vicariato Apostólico da Arábia Setentrional. No mesmo mês, o governo barenita atribuiu um novo terreno para um cemitério cristão em Salmabad. No fim de 2021, o município de Awali ainda não havia aprovado a construção de outras três igrejas cristãs propostas, evidenciando a lentidão do governo em permitir a construção de templos cristãos.[10] Em 19 de maio de 2014, o Rei barenita havia visitado o Papa Francisco no Vaticano e deu-lhe de presente uma maquete da catedral que ainda estava em construção. A pedra fundamental do templo foi doada pelo Papa.[17][18] Organização territorialO catolicismo está presente no país com uma circunscrição eclesiástica de rito romano, o Vicariato Apostólico da Arábia Setentrional, que, além de incluir todo o território bareinita, também inclui a Arábia Saudita, o Catar e o Kuwait.[19] Conferência EpiscopalA reunião de bispos de vários países do Chifre da África e Oriente Médio, incluindo o Barém, forma a Conferência dos Bispos Latinos das Regiões Árabes, que foi criada em 31 de março de 1967.[4] Nunciatura ApostólicaA Nunciatura Apostólica do Barém foi criada em 2001, e sua sede fica localizada na Cidade do Kuwait.[5] Visitas papaisO país foi visitado uma vez pelo Papa Francisco, entre os dias 3 e 6 de novembro de 2022,[20] e foi considerada histórica, por dar um importante passo para o diálogo inter-religioso; o Santo Padre também frisou a importância de a liberdade religiosa ser posta em prática.[10][14][21]
Ver também
Notas e referênciasNotasReferências
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