Igreja Católica no Tajiquistão
A Igreja Católica no Tajiquistão,[5][6] ou Tadjiquistão,[5][7] é parte da Igreja Católica universal, em comunhão com a liderança espiritual do Papa, em Roma, e da Santa Sé.[8] O relatório de perseguição religiosa de 2024 da fundação Portas Abertas considerou o Tajiquistão como o 46.º país que mais persegue os cristãos no mundo. A guerra no vizinho Afeganistão e a tomada do poder pelo Talibã, gerou ainda mais instabilidade no Tajiquistão, especialmente pelo aumento da atividade de grupos terroristas.[9] HistóriaO cristianismo chegou ao atual território tajique por missionários nestorianos no século VI. No século seguinte, os cristãos passam a conviver na região com os muçulmanos e o islamismo chegou cerca de um século depois. A convivência teve um ponto final durante o governo de Tamerlão, que erradicou os cristãos, no século XIV.[9] No século XIX, parte do território do Tajiquistão é invadido e conquistado pelo Império Russo. Após 1885, todo o atual território tajique era parte da Rússia. Seus governantes eram russos ortodoxos, embora a população tajique permanecia sendo completamente muçulmana. Durante o governo soviético de Stalin, nos anos 1930, uma grande quantidade de russos, alemães, ucranianos, bielorrussos e poloneses foram enviados ao Tajiquisão, o que levou a um grande crescimento no número de cristãos no país. Entretanto, muitos voltaram a seus países de origem após a morte de Stalin, fazendo o total de cristãos decrescer novamente. Durante todo o período de domínio soviético, o Estado era oficialmente ateu.[9] No final da década de 1970, a própria intolerância do regime à prática da religião favoreceu o seu aparecimento: os primeiros padres e leigos católicos foram enviados ao Tajiquistão como deportados,[10][11] em sua maioria alemães, poloneses e lituanos.[12][13] A independência da União Soviética só veio em 1991, acompanhada de uma violenta guerra civil.[9] Com a emancipação política do país, muitos católicos prisioneiros políticos que residiam no Tajiquistão, puderam retornar a seus países de origem, restado uma pequena comunidade de duas igrejas, administradas pelas irmãs de Santa Teresa de Calcutá. Esta foi a única presença católica tajique até a chegada de um sacerdote do Verbo Encarnado, em 1997.[11] Em 29 de setembro de 1997, o Papa João Paulo II erigiu a Missão sui iuris do Tajiquistão, cobrindo todo o território do país.[12] AtualmenteApesar de o islamismo hanafi ser a religião do Estado, o Tajiquistão não é propriamente um estado muçulmano, já que as entidades religiosas são rigorosamente controladas pelo governo: tanto o islã, quanto as outras religiões, que são consideradas "não tradicionais". A população também é secularizada, e segue o islã muito mais por enlace cultural do que propriamente religioso. As atividades religiosas de todas as denominações são controladas pelo governo.[9] Os cidadãos tajiques de origem muçulmana que se convertem ao cristianismo sofrem pressão familiar e social. As mulheres podem sofrer violência doméstica, sexual, e casamentos forçados com muçulmanos. Os homens convertidos também sofrem pressão no trabalho e nas Forças Armadas.[9] A legislação antiterrorismo aprovada no início dos anos 2000, foi utilizada pelo governo para cercear a liberdade religiosa.[8] Em 2007, um projeto de lei enviado ao Parlamento e ao presidente, Emomali Rahmon, causou preocupação entre as lideranças das religiões minoritárias. O texto previa que uma comunidade religiosa deveria contar com ao menos 400 membros, sendo que a legislação do país prevê que eram apenas 10 o número mínimo. A comunidade católica seria muito afetada se a proposta fosse aprovada, já que o número de fiéis da época era de 250. O padre Carlos Ávila, chefe da Missão sui iuris do Tajiquistão, disse em entrevista à Rádio Vaticano: "A nossa comunidade é muito pequena e não sabemos como será possível registrá-la se essa lei for aprovada". Como se não bastasse, outra consequência do projeto de lei é de que cidadãos estrangeiros ficariam proibidos de administrar e constituir comunidades e organizações religiosas, o que colocaria em xeque toda a atuação católica em território tajique, já que todos os padres do país naquela época eram missionários argentinos, membros do Instituto do Verbo Encarnado.[14] Em 2012, "Ano da Fé", proclamado pelo Papa Bento XVI, houve celebrações pelos 15 anos da ereção da Missão sui iuris do Tajiquistão.[13] Em 2018, foi aprovada a Lei da Religião de 2009, igualmente prejudicial ao projeto de 2007, e proibiu no país a atividade religiosa não registrada, o ensino religioso privado e o proselitismo, além disso, dá ao governo o direito de intervir em questões religiosas, a nomeação de líderes religiosos, especialmente dos muçulmanos, de aprovar ou não o conteúdo de homilias e sermões, e a censura de material religioso, como bíblias. Uma lei de 2011 desautorizou os menores de 18 anos de participar de atividades religiosas.[8] Em 25 de junho de 2016, foi ordenado sacerdote o primeiro cidadão tajique da história: Orzú Saidshoev, de 25 anos, recebeu o sacramento da ordem em Montefiascone, na Itália.[15] Relatos sobre a participação religiosa dos católicos do país, mostram uma comunidade muito ligada à fé, como na Vigília Pascal de 2018, que contava com a presença de cerca de 120 pessoas na Paróquia São José, em Dushambe, incluindo 25 a 30 estrangeiros, entre eles, diplomatas ocidentais e o embaixador dos Estados Unidos que reside no país. O padre Pedro Ramiro López, chefe da missão sui iuris, conta que toda a comunidade católica tajique se reúne nas maiores solenidades da Igreja: a Vigília Pascal, o Natal, além da festa de Nossa Senhora de Luján.[16]
Em julho de 2021, surge um motivo de alegria para a pequena comunidade católica tajique: a fundação do primeiro mosteiro católico em seu território, e que foi dedicado a São João Paulo II. Gerido pelos missionários argentinos do Instituto do Verbo Encarnado, o mosteiro conta com quatro religiosas de clausura, em constante oração, vindas do Uzbequistão, Argentina e Paraguai. A inauguração do local contou ainda com um fato raro: uma procissão pública com uma imagem de Nossa Senhora de Luján num país de maioria islâmica.[10][11] Organização territorialO catolicismo está presente no país por uma circunscrição eclesiástica de rito romano, a Missão sui iuris do Tajiquistão, que cobre todo o território do país,[17] e possui três paróquias: Santa Teresinha do Menino Jesus, em Chkalovsk; São José, em Dushambe; e Qurghonteppa.[18] Há também a Administração Apostólica do Cazaquistão e Ásia Central, sediada no Cazaquistão, que abrange todos os países da Ásia Central, e é voltado aos fiéis católicos de rito bizantino.[17] Conferência EpiscopalA Conferência dos Bispos da Ásia Central reúne os bispos de diversos países: Afeganistão, Azerbaijão, Cazaquistão, Mongólia, Quirguistão, Tajiquistão, Turcomenistão e Uzbequistão, e foi criada em 8 de setembro de 2021. Sua sede fica em Astana, no Cazaquistão.[3] Nunciatura ApostólicaA Nunciatura Apostólica do Tajiquistão foi criada em 1996, e sua sede fica localizada em Astana, no Cazaquistão.[4] Ver também
Referências
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