Grande Prêmio de Mônaco de 1988
Resultados do Grande Prêmio de Mônaco de Fórmula 1 realizado em Montecarlo em 15 de maio de 1988.[2] Terceira etapa do campeonato, foi vencido pelo francês Alain Prost, da McLaren-Honda, que subiu ao pódio ladeado por Gerhard Berger e Michele Alboreto, pilotos da Ferrari.[3][4] ResumoUm começo avassaladorQuem primeiro chegou em Mônaco foi a chuva, pois a mesma tornou ainda mais desafiador o traçado do circuito homônimo, mas para a McLaren nada mudou, pois os seus pilotos marcaram os melhores tempos na quinta-feira, com Ayrton Senna quase dois segundos na frente de Alain Prost.[5] "Sem dúvida, Mônaco é a pista mais importante da temporada para você largar na frente". "Os riscos de acidente são menores e você tem pista livre para fazer seu próprio ritmo de corrida, fazer o seu jogo. Quem vem atrás tem um trabalho gigantesco e se desgasta muito mais, pois os pontos de ultrapassagem praticamente não existem",[6] disse o brasileiro, vice-líder do certame. O caminho de Ayrton Senna em busca do melhor tempo foi antecedido pelo desempenho de Nigel Mansell, dono da melhor marca com sua Williams até a batida entre a Ferrari de Gerhard Berger e a Rial de Andrea de Cesaris no túnel do principado. Retomada a sessão, os motores Honda falaram mais alto com a Lotus de Nelson Piquet (relegado ao décimo terceiro posto no curso do treino) e com a McLaren de Alain Prost até cinco minutos do fim quando a sua marca foi pulverizada graças ao tempo marcado por Ayrton Senna já com pneus slicks.[7] Mesmo reclamando da aderência da pista, Senna foi resoluto quanto ao treino de sábado onde os tempos cronometrados serão mais baixosː "Isso se não chover. Com o tempo bom, vai dar para melhorar".[8] Dono do melhor tempo até então, Ayrton Senna demorou a ir para a pista no sábado, preferindo aguardar nos boxes até que o asfalto estivesse mais emborrachado. "Com quase dois segundo de vantagem sobre o Prost, não há o menor sentido em arriscar o pescoço numa pista com 30 carros. Vou ficar aqui e ver o que acontece",[9] afirmou Senna enquanto os minutos passavam e os competidores lançavam-se em busca da melhor marca. Somente quando a Ferrari de Gerhard Berger aproximou-se de seu tempo marcado na sexta e a McLaren de Alain Prost ameaçou superá-lo, o brasileiro resolveu competir e com isso girou abaixo de um minuto e vinte e quatro deixando Alain Prost a quase um segundo e meio de distância. De volta aos boxes, ele retornaria à pista nos momentos finais do treino, mas apenas a fim de evitar dissabores de última hora.[9] Eufórico, Creighton Brown, um dos diretores da McLaren, não conteve as palavrasː "Nunca vi nada parecido com aquela volta de Ayrton em toda a minha vida. Incrível".[10] Examinando as principais posições do grid vemos que a McLaren assegurou a primeira fila com Ayrton Senna adiante de Alain Prost (fiel ao seu estilo, o francês reclamou do tráfego, do equilíbrio do carro e até da válvula limitadora do turbo, a qual estaria abrindo cedo demais e o fez perder potência) com Gerhard Berger e Michele Alboreto vindo a seguir nas duas máquinas da Ferrari. Mas se para o austríaco o terceiro lugar representa um prêmio por sua regularidade, para Alboreto o quarto lugar é uma resposta às especulações de que o time carmesim negocia com Alessandro Nanini para 1989.[11] Dentre os bólidos com motor aspirado, os melhores foram a Williams de Nigel Mansell e a Benetton de Alessandro Nanini.[12] Tempos depois, ao comentar o desempenho que garantiu-lhe a décima nona pole position da carreira, Ayrton Senna descreveu os fatos de maneira incomum, metafísica e intransferívelː "Entrei em outra dimensão. Não vi mais a pista, tinha virado um túnel. A distinção entre o homem e a máquina deixou de existir, eu me fundi com o carro, éramos uma coisa só. Depois de cinco voltas tive um estalo, uma agulhada, e acordei para a situação de extremo perigo em que estava. Meu corpo começou a tremer, e fui para os boxes".[13][14] O maior erro de Ayrton SennaAyrton Senna manteve a liderança após a largada enquanto Gerhard Berger assumiu a segunda posição graças à melhor tração de sua Ferrari na curva do Cassino e deixou Alain Prost em terceiro lugar. No fundo do grid, porém, a confusão foi inevitávelː embora a AGS de Philippe Streiff tenha parado por falha mecânica, a Scuderia Italia de Alex Caffi (sob o chassis Dallara) bateu na Sainte Dévote pouco antes de Nelson Piquet abandonar a corrida quando o bico de sua Lotus foi danificado ao tocar a Arrows de Eddie Cheever.[15] Com Berger servindo de anteparo, Senna distanciou-se tanto do austríaco quanto de Prost sempre girando entre um e dois segundos mais rápido que seus perseguidores imediatos.[16] Com as três primeiras posições inalteradas, a esperança seria torcer por um entrevero, no entanto traçado monegasco forçou os contendores a respeitar os limites estreitos da pista e assim o domingo tornou-se modorrento com Nigel Mansell, Michele Alboreto e Alessandro Nanini completando a zona de pontuação. O ritmo letárgico da prova foi quebrado por Michele Alboreto na volta 32, momento em que o piloto italiano forçou pela parte de dentro da pista e confrontou Nigel Mansell para ficar com a quarta posição, mas a execução da manobra resultou num acidente entre ambos na curva da Piscina quando o britânico da Williams fechou a porta para defender sua posição, mas a proximidade entre os carros os fez baterem e com isso Mansell saiu da pista e abandonou a disputa, enquanto Alboreto seguiu adiante. Curiosamente, o infortúnio da Williams foi compensado pela ascensão de Riccardo Patrese ao sexto lugar.[15] Algumas voltas depois, a Benetton de Alessandro Nanini parou por falhas no câmbio. Na volta cinquenta e dois aconteceu um novo lance de emoção quando Patrese, que caíra para oitavo, foi bloqueado na Curva Mirabeau pelo retardatário Philippe Alliot, mas o italiano valeu-se de sua experiência e evitou o choque. Pior para Alliot, cuja Larrousse (sob o chassis Lola) ficou pelo caminho.[15] Alain Prost manteve-se na perseguição a Gerhard Berger e na volta cinquenta e quatro e ultrapassou o austríaco na Sainte Dévote. Embora estivesse a 50 segundos de Ayrton Senna, o francês aproveitou o espaço à sua frente e acelerou descontando quatro segundos, no que foi respondido por Senna.[4] Temendo uma pane seca ante a decisão de Senna em forçar (desnecessariamente) o ritmo extendendo sua vantagem para cinquenta e cinco segundos na volta sessenta e dois,[4] Ron Dennis informou ao líder da prova que Prost não o ameaçaria e a partir de então Senna reduziu sua velocidade. A partir deste momento a sorte da prova mudou, pois tão logo completou sessenta e seis voltas o carro de Senna surgiu destroçado no guard rail da curva Portier, pouco antes do túnel.[17] Um amargo fim de prova para quem estava com a vitória ao alcance das mãosǃ[3] "Quando o boxe mandou reduzir a velocidade e eu soube que o Prost também tinha reduzido, perdi a concentração e cometi um erro",[17] disse o brasileiro no calor da hora. Pouco depois ele seguiu para o seu apartamento no Houston Palace e manteve-se incomunicável por algum tempo.[18] Ao ser localizado por Reginaldo Leme, Senna manteve a "perda de concentração" como diagnose,[4] mas logo surgiu uma versão na qual um pneu murcho o fizera resvalar na mureta, perder o controle do carro, rodar e bater, embora um anônimo integrante da McLaren tenha resumido o fato de maneira distintaː "Senna cometeu três erros. Aumentou a velocidade sem necessidade, demorou a atender a ordem do boxe e e cometeu um erro de cálculo".[17] Beneficiado pelas circunstâncias, Alain Prost manteve sua McLaren na liderança e não assumiu qualquer risco até vencer a corrida, deixando Gerhard Berger em segundo e Michele Alboreto em terceiro lugar, num bom resultado para o dueto da Ferrari. Derek Warwick terminou em quarto com a Arrows, Jonathan Palmer foi o quinto ao volante da Tyrrell e Riccardo Patrese marcou o primeiro ponto da Williams no campeonato ao garantir o sexto lugar.[12] Ao todo, a França soma agora dez vitórias em quarenta e seis edições do Grande Prêmio de Mônaco, quatro das quais obtidas por Alain Prost, líder do campeonato com 24 pontos em 27 possíveis (um aproveitamento de 89%), tendo Gerhard Berger na vice-liderança com 14 pontos.[nota 1] Entre os construtores, a liderança pertence à McLaren com 33 pontos enquanto a Ferrari soma 20.[1] Quanto a Ayrton Senna, este saiu do principado menor do que entrou, pois a expectativa gerada por seu desempenho esvaiu-se ante o erro por ele cometido. Classificação da provaTreinos oficiais
CorridaTabela do campeonato após a corrida
Notas
Referências
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