Gestão Bruno Covas na prefeitura de São Paulo
Entre 2018 e 2021, a cidade de São Paulo foi governada pelo advogado e economista Bruno Covas, terceiro prefeito eleito pelo Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) na cidade. Neto do ex-prefeito e ex-governador Mário Covas, Bruno foi eleito vice-prefeito na chapa de João Doria em 2016. Com a renúncia de Doria, assumiu o comando do Executivo paulistano em 2018.[1] Em 2020 foi reeleito prefeito de São Paulo no segundo turno, com 59,38% os votos válidos. No primeiro turno, Covas venceu em todas as zonas eleitorais da cidade, feito inédito até então.[2] Com um estilo discreto comparado ao do antecessor, Covas era descrito como um gestor "moderado". Responsável por conduzir a cidade durante a Pandemia de COVID-19 no Brasil, foi um crítico da postura negacionista adotada pelo governo do presidente Jair Bolsonaro.[3] Em 16 de maio de 2021, Covas morre com 41 anos, devido à um câncer no aparelho digestivo. Foi o primeiro prefeito paulistano a falecer no exercício no mandato.[4] ObrasNovo Vale do AnhangabaúUma das principais obras da gestão Bruno Covas foi a de requalificação urbana do Vale do Anhangabaú. Bruno tirou do papel o projeto de reforma do vale, de autoria da gestão Fernando Haddad (PT), que previa transformar o local, até então degradado, em um ambiente de convivência da cidade, com quiosques e uma fonte interativa.[5] O projeto, assinado pelo renomado arquiteto dinamarquês Jan Gehl, foi finalizado em 2021 e custou mais de R$ 100 milhões aos cofres municipais. O prefeito justificou o alto custo da obra, dizendo que a recuperação do Centro teria um caráter fundamental para atrair novos investimentos.[6] Durante as eleições, o projeto foi alvo de críticas dos adversários de Covas, que chegaram a afirmar que a obra teria retirado árvores do local, o que foi desmentido pela Prefeitura. Segundo o Executivo paulistano, as árvores foram apenas remanejadas paras as laterais do próprio vale, para a criação da fonte.[7] O ex-prefeito Haddad, um dos adversários políticos de Covas, saiu em defesa da obra do Anhangabaú, dizendo que o local seria a "Nova Avenida Paulista".[8] Reforma do Largo do AroucheUma das apostas de Covas para a recuperação do Centro de São Paulo foi a revitalização do Largo do Arouche.[9] O projeto, pensando pelo antecessor João Doria, previa a reforma total do largo, que estava degradado e era ponto de prostituição. A ideia era transforma-lo numa espécie de boulevard francês, mas enfrentou forte resistência de coletivos LGBT e associações de moradores da região. Sendo assim, o projeto foi paralizado e teve sua concepção alterada.[9] Corredor de Ônibus Leste ItaqueraDurante a gestão Covas foi inaugurada a primeira fase do corredor de ônibus Leste Itaquera, entre as avenidas Itaquera e Líder, na zona leste.[10] 5 Novos ParquesA Prefeitura de São Paulo entregou 3 novos parques durante a gestão Covas: Chuvisco, em Santo Amaro; Nascentes do Ribeirão Colônia, primeiro parque urbano de Parelheiros; e o Nair Belo, em Itaquera.[11][12] Também deixou adiantadas as obras de 2 parques: Paraisópolis, o primeiro no bairro homônimo; e Augusta, localizado no antigo terreno do Colégio Des Oiseaux.[13] Educação12 Novos CEUsA gestão de Bruno Covas construiu 12 novos Centros Educacionais Unificados (CEUs), em continuidade ao programa lançado em 2001 pela ex-prefeita Marta Suplicy (PT). As unidades entregues foram: Cidade Tiradentes, José Bonifácio, Parque do Carmo, São Miguel, Tremembé, Vila Alpina, Artur Alvim, Carrão/Tatuapé, Coreto de Taipas, Freguesia do Ó, Parque Novo Mundo e Pinheirinho. Por um projeto de autoria de Covas, os novos CEUs foram nomeados exclusivamente com nomes de personalidades negras, como uma forma de combate ao racismo.[14] Fila de vaga em creches zeradaEm 2020, a gestão Covas afirmou que zerou a fila de espera por vaga em creches na cidade de São Paulo, fato inédito na história da cidade.[15][16][17] Cartão MerendaDurante a suspensão das aulas devido ao agravamento da Pandemia de COVID-19 no Brasil, a Prefeitura criou o Cartão Merenda, um benefício que garantiu a alimentação a mais de 1 milhão de alunos da rede municipal.[18] Saúde8 Novos HospitaisA gestão Bruno Covas construiu 8 novos hospitais municipais, sendo eles: Brasilândia, Brigadeiro, Bela Vista, Parelheiros, Guarapiranga, Capela do Socorro, Santo Amaro e Sorocabana, além da construção do anexo hospitalar no Hospital Municipal do M’Boi Mirim.[19] Combate à PandemiaCovas fez uma gestão da crise sanitária na cidade com uma visão pautada pela ciência, em certa medida, destoante do estilo negacionista do então presidente Jair Bolsonaro (sem partido).[20][21] Além de aumentar o número de UTIs na cidade, Covas incentivou o distanciamento social e o uso de máscaras como forma de combate à disseminação do vírus.[22] O prefeito também restringiu a circulação de pessoas na cidade, e seguiu a determinação estadual para o fechamento de comércios e escolas, o que lhe rendeu atritos com setores econômicos.[18] Em maio de 2020, com o índice de isolamento social diminuindo, a Prefeitura resolveu adotar medidas para reverter o cenário. Foi decretado então o bloqueio parcial de algumas das principais avenidas da cidade, ação que não teve o resultado desejado, pois restringiu o deslocamento de quem precisava utilizar o carro para atividades essenciais, como os profissionais da área de saúde.[23] O bloqueio de avenidas foi suspenso e, em seguida, o prefeito decretou um rodízio de veículos por final da placa, com abrangência em toda a cidade. Esta também foi bastante criticada, por ter feito aumentar a aglomeração de pessoas no transporte público.[23] Bruno Covas também chegou a viver por 70 dias dentro do Edifício Matarazzo, sede da Prefeitura, para facilitar a tomada de decisões de políticas públicas de urgência relacionadas à pandemia. Nessa época, o prefeito já fazia tratamento contra o câncer.[24] Assistência SocialRenda Básica EmergencialA partir de 2020, a Prefeitura criou um programa de transferência de renda, complementar ao Auxílio emergencial do Governo Federal.[25] Inicialmente, o benefício previa o repasse de 100 reais mensais à cidadãos de baixa renda inscritos no Cadastro Único, como uma forma de mitigar os impactos econômicos causados pela Pandemia de COVID-19 na cidade.[26] CulturaFestival Verão Sem CensuraNo ano de 2020, aconteceu o Festival Verão Sem Censura, um festival com manifestações culturais criticadas pelo Governo Federal, durante a gestão de Jair Bolsonaro.[27][28][29] Carnaval de RuaDurante a gestão Covas, aconteceu o maior carnaval de rua da história da cidade, com a participação de mais de 500 blocos e 15 milhões de pessoas.[30] Gestão AdministrativaConcessõesCovas continuou o programa de concessões de João Doria, e equipamentos como o Parque do Ibirapuera, o Vale do Anhangabaú e o Mercado Municipal de São Paulo foram concedidos à iniciativa privada.[31][32] Reforma da Previdência MunicipalDurante a gestão de Bruno Covas, em 2018, foi sancionada a Reforma da Previdência dos servidores municipais.[33] A reforma aumentou a alíquota de 11% para 14% para os servidores e estabeleceu um sistema de previdência complementar, o SampaPrev, para quem ganha acima do teto de aposentadoria do INSS (R$ 5.645,80).[34] O déficit da Previdência municipal na época era R$ 5,4 bilhões, segundo a Prefeitura.[35] ControvérsiasRepressão ao protesto de servidores na CâmaraDurante a votação da Reforma da Previdência Municipal em 2018, servidores organizaram um protesto em frente à Câmara Municipal, e tentaram invadir o prédio. Para dispersar os manifestantes, a Guarda Civil Metropolitana (GCM) usou bombas de gás lacrimogêneo, spray de pimenta e balas de borracha, ferindo manifestantes.[36] Gratuidade no transporte públicoNo final do ano de 2020, no mês de dezembro, Covas retirou a gratuidade de transporte público destinada a idosos de sessenta e a sessenta e cinco anos no município - lei que existia na legislação da cidade desde 2013.[37] A medida acompanhou a decisão do então governador de São Paulo, João Dória.[38] Aumento do salárioEm 2021, o prefeito autorizou o aumento do seu próprio salário, o que gerou críticas, já que o país estava sob efeito de uma recessão econômica. Covas justificou, dizendo que o aumento de seu salário era a forma de aumentar o teto municipal de salários da Prefeitura, que estava defasado, e assim, evitar perder os servidores para outras carreiras.[39][40] Pedras no viadutoEm 2021, a Prefeitura instalou pedras debaixo de um viaduto na Mooca, na zona leste da cidade, com o objetivo de afastar a população em situação de rua que ficava no local. Apesar de ser uma prática comum em gestões anteriores na cidade, o caso gerou repercussão negativa após um foto do padre Júlio Lancellotti destruindo as pedras viralizar na internet.[41][42] Após a repercussão, a Prefeitura retirou as pedras do local e exonerou o funcionário que ordenou a sua instalação.[43] Confusão entre ações de Doria e CovasPor ter assumido o mandato de João Doria, Bruno Covas é erroneamente associado à episódios da Gestão Doria na prefeitura de São Paulo, como o caso da Farinata, também conhecida como ração humana, ou a demolição de hotéis na Cracolândia - em que Covas era vice e não prefeito.[44][45] Ver tambémReferências
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