Garganta de Samariá
A garganta de Samariá (em grego: Φαράγγι Σαμαριάς; romaniz.: Farángi Samariás ou simplesmente Φάραγγας; Fárangas) é um desfiladeiro situado na costa sul da ilha de Creta que, com 16 km de extensão, é frequentemente referido como sendo o mais longo da Europa.[1] Grande parte dele faz parte do Parque Nacional de Samariá, o maior parque nacional da Grécia.[2] A região está classificada como reserva da biosfera, integra a Rede Natura 2000,[3] e é uma das principais atrações turísticas da ilha.[4] DescriçãoA garganta situa-se na parte sudoeste de Creta, na unidade regional de Chania. Foi criada por um pequeno rio que corre desde as Montanhas Brancas (Lefká Óri) e o monte Volakias. Há várias outras gargantas nas Montanhas Brancas, mas a de Samariá é a mais comprida. Usualmente diz-se que tem 18 km, a distância que vai da aldeia de Omalos, a norte, no interior, até à aldeia costeira de Agia Ruméli, mas extensão do desfiladeiro propriamente dito é de 16 km. A altitude varia entre 1 250 metros no planalto de Xiloskalo, a norte, onde se situa a entrada, e o nível do mar, na costa do mar da Líbia, onde termina. O percurso de caminhada através do Parque Nacional de Samariá tem 13 km, mas há que percorrer mais três quilómetros desde a saída do parque até Agia Ruméli. A parte mais famosa da garganta é o trecho conhecido como "Portões" (ou, embora incorretamente, "Portões de Ferro"), onde a largura é de apenas quatro metros entre os dois lados a pique do desfiladeiro, cujas escarpas se erguem até 500 metros acima do leito do rio. A garganta tornou-se um parque nacional em 1962, particularmente como refúgio da rara kri-kri (Capra aegagrus creticus), a cabra selvagem cretense.[2] Na garganta e áreas em redor há muitas espécies de e aves e plantas, algumas delas endémicas. A aldeia de Samariá situa-se dentro do desfiladeiro. Foi abandonada de vez pelos seus últimos habitantes em 1962, quando foi criado o parque nacional. A aldeia e a garganta devem o seu nome à antiga igreja da aldeia, Ossia Maria, construída pelos venezianos em 1379, que tinham algum interesse na exploração da madeira do vale. O nome foi sucessivamente corrompido para "Sia Maria", "Sa Maria" e finalmente Samariá.[5] Parque nacional, fauna e floraQuase todo o desfiladeiro (13 de 16 km), bem como a área em volta constituem o Parque Nacional de Samariá, o parque mais extenso e que acumulou mais distinções na Grécia:[3]
FaunaEntre as espécies presentes no parque, algumas delas endémicas, destacam-se:
FloraEstão catalogadas cerca de 450 espécies de plantas no parque, nomeadamente a tulipa-de-Creta (Tulipa cretica), Berberis cretica, sanfeno-de-Sfakiá (Onobrychis sphaciotica), Anchusa caespitosa, abelícea (Zelkova abelicea), etc.[6] Entre as flores são relativamente abundants a Tulipa saxatilis, as aubrietas, saxifragas e anémonas. Também se encontram iris e orquídeas silvestres.[7] Ainda há muitas árvores, embora sejam menos abundantes do que no passado, quando a região foi famosa pelas suas vastas florestas de onde era extraída madeira para construção naval. Entre elas destacam-se o pinheiro Pinus brutia e o cipreste-mediterrânico Cupressus sempervirens var. horizontalis. Outras espécies presentes são o carrasco (Quercus coccifera), bordo-cretense Acer sempervirens), alfarrobeira (Ceratonia siliqua), lentisco (Pistacia lentiscus) e murta.[6] Há várias plantas aromáticas, como a ladania ou angisaros, manjerona, tomilho, malotera ou "chá da montanha", salva,[6] alecrim (Rosmarinus officinalis) e orégão, além de meia dúzia de espécies que só se encontram em Samariá.[7] No desfiladeiro crescem várias plantas medicinais, algumas usadas por Dioscórides: além da alfarrobeira e do lentisco, há agarathus (Phlomis triloba), árvore-da-castidade (Vitex agnus-castus), aloendro (Nerium oleander), Centaurea redempta e dictamno-de-Creta (Origanum dictamnus).[6] Este último só se encontra em locais praticamente inacessíveis e foi mencionado por Aristóteles e Hipócrates. Antigamente era usado pelas mulheres para abortar e recentemente provou-se cientificamente que pode realmente causar aborto se ingerido em grandes quantidades durante os primeiros tempos da gravidez.[7] TurismoA descida a pé do desfiladeiro, desde o planalto de Omalós e Agia Ruméli é uma das principais atrações de turismo da natureza de Creta. Agia Ruméli não é acessível por estrada, pelo que os visitantes usam barcos para irem dali para Sougia ou Chóra Sfakíon. A caminhada dura entre cinco e sete horas e pode ser árdua, principalmente no pico do verão, quando as temperaturas são muito altas. Uma versão mais curta da caminhada é a ida e volta entre Agia Ruméli e aos "Portões". Além do desfiladeiro principal, há vários desfiladeiros transversais, que no entanto para serem percorridos é ncessário equipamento de canyoning[8] e a obtenção prévia de uma autorização especial.[6] Os operadores turísticos locais organizam excursões à garganta, que incluem transporte de autocarro até à entrada do desfiladeiro, perto da aldeia de Omalós, a passagem marítima entre Agia Ruméli e Sougia ou Chóra Sfakíon e autocarro de volta aos locais de origem. Há também carreiras regulares de autocarros para Omalós desde Chania, Sougia e Palaiochora.[4] Notas e fontes
Ligações externas
|
Portal di Ensiklopedia Dunia