Evangelho Grego dos EgípciosO Evangelho Grego dos Egípcios é um texto religioso Gnóstico que não sobreviveu até nossos dias. Quase tudo o que se conhece é através de citações dos Padres da Igreja, Clemente de Alexandria, Hipólito de Roma e Epifânio de Salamis. O título é derivado de uma citação de Clemente em sua obra Stromata (iii. 13. 92)[1][2]. Não confundir com o Evangelho Copta dos Egípcios, texto também gnóstico, mas posterior. Fontes e dataçãoO perdido Evangelho Grego dos Egípcios, provavelmente escrito no segundo quarto do século II dC, foi citado por Clemente na sua "Miscelâneas" (Stromata), que é a fonte de quase todos os trechos que chegaram até nossos dias. O texto também foi mencionado por Hipólito de Roma, em seu Refutação de todas as heresias, que alude à "...estas várias mudanças da alma apresentadas no Evangelho intitulado 'de acordo com os egípcios'" e o conecta com a seita gnóstica Naassena[3]. Muito depois, o colecionador de heresias do século IV, Epifânio de Salamis (Panarion) afirma que o sabelianismo utilizou este evangelho, embora seja improvável que ele tenha tido alguma informação em primeira mão sobre Sabélio, que ensinou em Roma na metade do século II dC. Esta conexão com o Evangelho dos Egípcios poderia confirmar uma data no início do século II dC, enquanto que a utilização da palavra "Verbo" (Logos) como uma forma de se referir ao Salvador, que aparece também no Evangelho, entrega uma influência do Evangelho de João, portanto sugerindo uma data entre cerca de 120 e 150 dC. Não há outras fontes além destas citadas. ConteúdoDestes poucos fragmentos, não é possível inferir o tamanho da obra como um todo, ou que outros assuntos ela discutiu ou ainda se os fragmentos conhecidos apresentam essencialmente o conteúdo da obra toda, que seria aparentemente uma tradição de "ditos" (ou provérbios) trabalhada numa fórmula mais familiar de um diálogo. Também, dada a sua natureza fragmentária, não sabemos se ela é uma versão de algum outro texto. Pelas fontes conhecidas, o Evangelho dos Egípcios foi aparentemente lido nas igrejas egípcias nos séculos II e III dC. O texto tem a forma de um diálogo entre a discípula Salomé e Jesus; sendo polêmico em sua leitura, podendo surgir interpretações que enxergam uma advocação do celibato ou, propriamente, "cada fragmento respalda o ascetismo sexual como meio de quebrar o ciclo mortal de nascimentos e de superar as supostas diferenças pecaminosas entre macho e fêmea, permitindo a todas as pessoas retornarem ao que era entendido como sendo seu estado primordial e andrógino [4], mas que pode ser inexata ao levar em conta o contexto histórico, onde os termos utilizados podem ter uma significação simbólica. Para uma outra interpretação mais ampla, é recomendável também levar este trecho escrito por Theodotus, uma das fontes do texto do Evangelho: "Excerpts from Theodotus, 67. And when the Saviour says to Salome that there shall be death as long as women bear children, he did not say it as abusing birth, for that is necessary for the salvation of believers. " [5] Comparação com outras obrasA conhecida questão de Salomé: "Quanto tempo a morte prevalecerá?", que provocou a famosa resposta de Jesus "Tanto quanto as mulheres gerarem filhos" teve ecos em diversas outras obras apócrifas dos séculos seguintes, sendo copiada em muitas delas[6]. Este "dito" deve ter tido uma ampla circulação, embora não tenha servido aos propósitos de nenhum Evangelho canônico. Outro verso comparável, um dito acrescentado posteriormente ao Evangelho de Tomé provavelmente no Egito, diz:
Ainda na mesma obra, no verso 37:
A passagem também foi citada por Clemente (Stromata, iii):
Clemente adiciona:
Uma interpretação radicalmente diferente da divisão dos sexos é contada no livro do Gênesis e um retorno à unidade primordial através do batismo foi um dos temas do Cristianismo Paulino, explicitado na Gálatas 3:26–28 e em I Coríntios 12:13. Esta visão do corpo como uma prisão da alma é uma crença essencial do Gnosticismo. A rejeição ao casamento era também apoiada pelos Encratistas e muitos outros grupos Cristãos primitivos louvavam o celibato e, portanto, é difícil de atribuir o texto a qualquer um deles. Veja também
Referências
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