Estação Ferroviária de Macedo de Cavaleiros

Macedo de Cavaleiros
Estação Ferroviária de Macedo de Cavaleiros
a estação de Macedo de Cavaleiros em 2023
Administração: Infraestruturas de Portugal (norte)[1]
Linha(s): Linha do Tua (PK 82+774)
Altitude: 553 m (a.n.m)
Coordenadas: 41°31′59.65″N × 6°57′17.43″W

(=+41.53324;−6.95484)

Mapa

(mais mapas: 41° 31′ 59,65″ N, 6° 57′ 17,43″ O; IGeoE)
Município: Macedo de CavaleirosMacedo de Cavaleiros
Serviços: sem serviços
Inauguração: 16 de outubro de 1905 (há 119 anos)
Encerramento: 15 de dezembro de 1991 (há 33 anos)
 Nota: Para outras interfaces ferroviárias com nomes semelhantes ou relacionados, veja Apeadeiro de Carvalheira - Maceda.

A estação ferroviária de Macedo de Cavaleiros (palavra anteriormente grafada como "Cavalleiros")[2] foi uma gare da Linha do Tua, que servia a cidade de Macedo de Cavaleiros, no Distrito de Bragança, em Portugal.

A estação de Macedo de Cavaleiros, em 1923.

Descrição

Localização e acessos

Esta estação situa-se cerca de um quilómetro a sudeste do centro (Fonte do Paço) da localidade nominal, no Largo da Estação, na Rua Fernão Lopes, e na Avenida Dom Nuno Álvares Pereira (=EN216).[3]

Infraestrutura

Na década de 1980, esta estação apresentava três vias de circulação (I, II, e III) e uma via de resguardo (IV).[4] O edifício de passageiros situa-se do lado norte da via (lado esquerdo do sentido ascendente, a Bragança).[5][6][4]

História

Ver artigo principal: Linha do Tua § História

Planeamento e construção

Em 19 de Abril de 1902, foi assinado o contrato com o empresário João Lopes da Cruz para a construção do troço de Mirandela a Bragança, tendo sido estipulado que este caminho de ferro teria de passar por Macedo de Cavaleiros.[7] Em 30 de Junho de 1903, foi autorizado o trespasse da concessão para a Companhia Nacional de Caminhos de Ferro.[8]

Estação de Macedo de Cavaleiros, em postal de 1923.

Em Junho de 1905, previa-se que no mês seguinte se inaugurasse o lanço entre Mirandela e Quintela, contando desde logo com uma estação em Macedo de Cavaleiros.[9] No entanto, no mês seguinte já se esperava que o troço de Grijó a Macedo de Cavaleiros entrasse ao serviço nos finais de Agosto.[10] Em Setembro ainda não se tinha concluído o assentamento da via entre Romeu e Macedo, esperando-se que aquela secção fosse aberta até ao final de Outubro, enquanto que o troço seguinte, até Quintela, devia abrir entre os finais de Setembro ou princípios de Outubro.[11]

Inauguração e continuação até Sendas

Como previsto, a linha entre Romeu e Macedo de Cavaleiros entrou ao serviço em 15 de Outubro de 1905.[12] No entanto, só no dia seguinte, durante a cerimónia de inauguração, é que partiu o primeiro comboio, que saiu com destino a Mirandela entre lançamento de foguetes e animação musical.[13]

Uma portaria de 16 de Dezembro desse ano autorizou a abertura do troço seguinte, até Quintela[13] (mais tarde renomeada Sendas), mas este só abriu no dia 18 de Dezembro.[12]

Macedo
Mogadouro
Plano da Rede de 1930
Plano da Rede de 1930: Um dos projectos retratados é a Transversal de Chacim, de Macedo () a Mogadouro ().

Primeiros anos

Nos primeiros anos do Século XX, a Companhia Nacional instituiu um serviço rápido de Bragança a Tua, com paragens em várias estações, incluindo Macedo de Cavaleiros; o propósito era dar ligação ao Comboio Porto-Medina, que percorria a Linha do Douro no seu trajecto entre São Bento e a cidade espanhola de Medina del Campo.[14]

Em 1913, a estação de Macedo de Cavaleiros estava ligada por carreiras de diligências até Chacim, Alfândega da Fé e Mogadouro.[15]

Em Janeiro de 1914, ocorreu uma greve geral dos ferroviários, que provocou graves distúrbios na circulação dos caminhos de ferro; por exemplo, os grevistas impediram que saísse de Lisboa uma carruagem, que tinha sido alugada para transportar os restos mortais do professor Abel Aníbal de Azevedo, que tinha como destino Macedo de Cavaleiros.[16]

O Decreto n.º 18:190, de 28 de Março de 1930, introduziu o Plano Geral da Rede Ferroviária, que tinha como objectivo regular os projectos das linhas férreas em território nacional, tendo uma das ligações programadas sido a Transversal de Chacim, de Macedo de Cavaleiros a Mogadouro, na Linha do Sabor.[17] Este troço, que teria cerca de 50 km de extensão,[18] faria parte da Transversal de Trás-os-Montes, que ligaria entre si as linhas de via estreita a norte do Doure: Sabor, Tua, Corgo, Tâmega, e Guimarães.[19] Esta ligação transversal nunca viria a ser construída.[carece de fontes?]

Em 1939, a Companhia Nacional de Caminhos de Ferro executou obras de restauro nesta estação.[20]

Transição para a C.P.

Em 1946, foi assinada a escritura da transferência da concessão da Companhia Nacional para a Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses, que iniciou a exploração da Linha do Tua em 1 de Janeiro do ano seguinte.[21]

No dia 3 de Setembro de 1955, a Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses organizou uma viagem experimental ao longo da Linha do Tua, para testar uma nova automotora; no regresso a Tua, a automotora parou na estação de Macedo de Cavaleiros, onde os passageiros desembarcaram para um almoço na Estalagem do Caçador, oferecida pelo chefe do distrito.[22] Nessa altura, o director geral da C.P., Roberto de Espregueira Mendes, declarou que em breve iriam ser feitas obras de reparação e ampliação na estação de Macedo de Cavaleiros.[22]

Encerramento

O lanço da Linha do Tua entre Mirandela e Bragança foi encerrado em 15 de Dezembro de 1991.[23]

Em 2022 entrou ao serviço o primeiro lanço da Ecopista do Tua, entre a antiga Passagem de Nível ao Km 80,333 e o Apeadeiro de Castelãos. No âmbito deste programa, foi recuperada a estação de Macedo de Cavaleiros, no sentido de se tornar na nova sede do Geopark Terras de Cavaleiros.[24]

Ver também

Referências

  1. Diretório da Rede 2025. I.P.: 2023.11.29
  2. Postal de 1923, legendado com a ortografia anterior
  3. «Cálculo de distância pedonal (41,5334; −6,9553 → 41,5385; −6,9620)». OpenStreetMaps / GraphHopper. Consultado em 5 de outubro de 2023 : 946 m: desnível acumulado de +14−10 m
  4. a b Sinalização da Estação de Macedo de Cavaleiros” («Diagrama do Anexo n.º 95 à I.T. n.º 28»)
  5. (anónimo): Mapa 20 : Diagrama das Linhas Férreas Portuguesas com as estações (Edição de 1985), CP: Departamento de Transportes: Serviço de Estudos: Sala de Desenho / Fergráfica — Artes Gráficas L.da: Lisboa, 1985
  6. Diagrama das Linhas Férreas Portuguesas com as estações (Edição de 1988), C.P.: Direcção de Transportes: Serviço de Regulamentação e Segurança, 1988
  7. «Parte Official» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 15 (348). 16 de Junho de 1902. p. 181-18. Consultado em 5 de Janeiro de 2015 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  8. «Parte Official» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 16 (374). 16 de Julho de 1903. p. 237-240. Consultado em 5 de Janeiro de 2015 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  9. «Há 50 anos» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 68 (1620). 16 de Junho de 1955. p. 197. Consultado em 10 de Dezembro de 2016 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  10. «Linhas Portuguezas» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 18 (423). 1 de Agosto de 1905. p. 234-235. Consultado em 5 de Janeiro de 2015 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  11. «Linhas Portuguezas» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 18 (427). 1 de Outubro de 1905. p. 298-299. Consultado em 5 de Janeiro de 2015 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  12. a b «Troços de linhas férreas portuguesas abertas à exploração desde 1856, e a sua extensão» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 69 (1652). 16 de Outubro de 1956. p. 528-530. Consultado em 5 de Janeiro de 2015 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  13. a b JACOB e ALVES, 2010:23
  14. MAIO, José da Guerra (1 de Maio de 1951). «O «Porto-Medina»» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 64 (1521). p. 87-88. Consultado em 5 de Janeiro de 2015 
  15. «Serviço de Diligencias». Guia official dos caminhos de ferro de Portugal. Ano 39 (168). Outubro de 1913. p. 152-155. Consultado em 19 de Março de 2018 – via Biblioteca Digital de Portugal 
  16. MARQUES, 2014:120
  17. PORTUGAL. Decreto n.º 18:190, de 28 de Março de 1930. Ministério do Comércio e Comunicações - Direcção Geral de Caminhos de Ferro - Divisão Central e de Estudos - Secção de Expediente, Publicado no Diário do Governo n.º 83, Série I, de 10 de Abril de 1930.
  18. SOUSA, José Fernando de (1 de Junho de 1935). «A Crise Actual de Viação e os nossos Caminhos de Ferro de Via Estreita» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 47 (1139). p. 235-237. Consultado em 5 de Janeiro de 2015 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  19. SOUSA, José Fernando de (16 de Junho de 1935). «Caminhos de Ferro em Trás-os-Montes: o que a lei manda» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 47 (1140). p. 262-272. Consultado em 5 de Janeiro de 2015 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  20. «O que se fez em caminhos de ferro no ano de 1939» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 52 (1249). 1 de Janeiro de 1940. p. 35-40. Consultado em 5 de Janeiro de 2015 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  21. REIS et al, 2006:62-63
  22. a b «Linhas Portuguesas» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 68 (1627). 1 de Outubro de 1955. p. 353. Consultado em 10 de Dezembro de 2016 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  23. «CP retira automotoras de Bragança». Público. Ano 3 (955). Lisboa: Público, Comunicação Social, S. A. 15 de Outubro de 1992. p. 56 
  24. «Aberta ao público a Ecopista do Tua». Infraestruturas de Portugal. 12 de Abril de 2022. Consultado em 6 de Outubro de 2023 

Bibliografia

  • JACOB, João; ALVES, Vítor, S. A. e Comissão Nacional para as Comemorações do Centenário da República (2010). Bragança: Roteiros Republicanos. Col: Colecção Roteiros Republicanos. Volume 15. Matosinhos: Quidnovi, Edição e Conteúdos. 127 páginas. ISBN 978-989-554-722-7 
  • MARQUES, Ricardo (2014). 1914: Portugal no ano da Grande Guerra 1.ª ed. Alfragide: Oficina do Livro - Sociedade Editora, Lda. 302 páginas. ISBN 978-989-741-128-1 
  • REIS, Francisco; GOMES, Rosa; GOMES, Gilberto; et al. (2006). Os Caminhos de Ferro Portugueses 1856-2006. Lisboa: CP-Comboios de Portugal e Público-Comunicação Social S. A. 238 páginas. ISBN 989-619-078-X 
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Ligações externas