Dalila Rocha
Dalila Ferreira de Sousa Rocha Medalha da Cidade do Porto - Grau Ouro (Peso da Régua, 23 de agosto de 1920 — Porto, 28 de julho de 2009) foi uma atriz e encenadora portuguesa. Figura indissociável da História do Teatro Nacional, o seu trabalho distinguiu-se pela procura de novas formas de representar e a sua carreira esteve relacionada com o início de companhias como o Teatro Experimental do Porto (TEP), no Porto, ao lado de António Pedro e João Guedes, e a Companhia de Teatro da Cornucópia, em Lisboa, ao lado de Luís Miguel Cintra e Jorge Silva Melo, ambas as companhias portadoras de novos conceitos teatrais. No livro de homenagem dos 45 anos [1] de carreira de Dalila Rocha, os seus pares reconhecem-na como uma pessoa integra, defensora da arte e da liberdade e é lembrada pela sua postura política frente ao Regime Salazarista. BiografiaDalila Rocha nasceu em São Pedro de Loureiro, Peso da Régua, Filha de Manuel Ferreira e Alice dos Anjos. Por volta de 1930 foi viver para o Porto com os seus pais e os dois irmãos. A sua mãe foi colocada como professora na Escola Primária de S. Félix da Marinha (Vila Nova de Gaia) e Dalila frequentou o Liceu Carolina Michaelis, onde concluiu o 5º ano. Aos 20 anos começou a trabalhar como telefonista nos Correios (CTT), no Porto. Em 1944, nasce Raul, filho do primeiro casamento. Envolvida nas atividades culturais do Circulo de Cultura e Teatro, frequentou o primeiro curso de teatro aí administrado e decorrido no Clube dos Fenianos do Porto. Aos 33 anos de idade, começou a sua carreira de atriz simultaneamente ao nascimento do Teatro Experimental do Porto (TEP), primeiro como amadora (entre 1953 e 1957) e depois, de deixar os CTT, como profissional (de 1957 até 1964). O jornalista e escritor Manuel Dias, descreve desta forma o papel das instituições culturais na mudança das vivências das pessoas e em particular em Dalila:
Em 1964 deixou o TEP e a cidade do Porto e passou a residir em Lisboa. Até 1973 trabalhou para a televisão, cinema e teatro mas a intervalos longos, devido a doença prolongada do seu companheiro, o arquiteto Mário Bonito e às suas posições políticas contra o Regime. A partir deste ano e até à data da sua reforma faz parte do elenco do Teatro da Cornucópia. Após o 25 de Abril de 1974 participou em movimentos de rua em prol da liberdade. Em 1976 morreu o Arquiteto Mário Bonito. Transtornada com a perda, Dalila representou esporadicamente até 1980. Em 1985 reformou-se do teatro. Voltou ao Porto onde passou a residir com o filho, a nora e os netos. Morreu aos 88 anos, no Hospital da Ordem Terceira, no Porto. CarreiraA sua carreira como atriz iniciou-se com o primeiro espetáculo levado a cena pelo TEP no dia 18 de Junho de 1953, no Teatro Sá da Bandeira. A estreia foi composta pelas peças “A Gota de Mel” de Léon Chancerel, "A Nau Catrineta" de Egito Gonçalves (onde fez o papel de primeira menina) e a peça "Um Pedido de Casamento" de Anton Tchekhov (onde fez o papel de noiva), com encenação de António Pedro. Como atriz do TEP, representou papéis do teatro mundial, entre eles: Lady Macbeth de Shakespeare, Mary Cavan Tyrone de "Longa Jornada para a Noite", de Eugene O'Neill, ou Mariana de "Mar", de Miguel Torga. Contracenou regularmente com João Guedes e o par ficou conhecido pelas suas atuações em palco. Em 1960 começaram as suas presenças na Rádio e Televisão de Portugal (RTP) que inaugurou as instalações do Porto, em várias peças de teatro difundidas bem como no programa “Conversas Sobre Teatro” apresentado por António Pedro. Em 1963 estreou-se na encenação. No ano anterior tinha já assistido à encenação João Guedes da peça “O Responsável Senhor e os seus Hóspedes” de Max Frisch. Desta vez, a encenação foi para o espetáculo constituido pelas peças “A Sombra da Ravina” de J.M. Synge e “Falar Verdade a Mentir” de Almeida Garrett, em cena no Teatro de Bolso, no Porto. Em 1964 quebrou os laços com o TEP por divergências com a direção. Deixou o Porto e estabeleceu-se em Lisboa. Foi convidada por Amélia Rey Colaço para integrar o Teatro Nacional. Contudo, tal não aconteceu por imposição do Regime, através do SNI - o Serviço Nacional de Informação, organismo de propaganda que controlava a gestão do teatro nacional entre outras instituições culturais do país. Esta mudança do Porto para Lisboa é vista desta forma pelo ator, encenador e diretor do Teatro da Cornucópia, Luís Miguel Cintra:
O período entre 1965 e 1973 foi feito de peças gravadas e apresentadas pela RTP, pela passagem pelo Teatro do Nosso Tempo, com Jacinto Ramos e pela participação no filme “Fragmentos de um Filme-Esmola” (1972) de João César Monteiro e, posteriormente, no filme “Brandos Costumes” (1974) de Alberto Seixas Santos. Luís Miguel Cintra e Jorge Silva Melo, criam, em 1973, a Companhia de Teatro da Cornucópia. Dalila retorna aos palcos, aos aplausos e às notícias nos jornais com a peça que abre as actividades da Companhia, “O Misantropo” de Moliére (Arsinoê), encenada por Luís Miguel Cintra e levada a cena no Teatro Laura Alves. Passou então a integrar o elenco do Teatro da Cornucópia. Esta colaboração, embora com períodos de ausência, prolongou-se por mais de uma década. Em 1985, com o espetáculo “Ricardo III” de William Shakespeare (Duquesa de York), com encenação de Luís Miguel Cintra, despede-se de uma carreira de longos anos, retirou-se dos palcos, aposentamdo-se para voltar ao Porto. TeatroCompanhias com as quais trabalhou
Participação como atriz
Peças encenadas
Texto escrito para teatro
Textos traduzidos para teatro
Filmografia
Condecorações e homenagens
Referências
Ligações Externas |
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