Caprimulgidae Nota: "Bacurau" redireciona para este artigo. Para o filme de 2019, veja Bacurau (filme).
Os bacuraus e noitibós são aves noturnas pertencentes à família Caprimulgidae e ordem Caprimulgiformes, caracterizadas por asas longas, pernas curtas e bicos muito curtos. São distribuídos por todo o globo, com exceção da Antártida. O nome latim caprimulgus significa chupa-cabras, devido ao antigo conto popular de que eles chupavam o leite de cabras.[1] Essas aves são principalmente insetívoras. As espécies nativas dos Neotrópicos são chamadas de bacuraus e curiangos, enquanto as espécies nativas do Velho Mundo e norte-americanas são chamadas de noitibós.[2] Os caprimulgídeos são distribuídos por quase todo o mundo, tendem a ser encontrados em uma variedade de habitats, mais comumente em campos abertos com alguma vegetação e próximos a pastos. Costumam nidificar no chão. Possuem hábitos noturnos e crepusculares, e de dia usam de suas plumagens crípticas para se camuflarem com galhos e folhas secas.[3][4] São aves pouco conhecidas, sobretudo devido aos seus hábitos noturnos. Também são conhecidos como "engole-ventos" por causa de seus hábitos de alimentação, no qual voam baixo com o bico aberto tentando apanhar insetos.[3][4] SistemáticaCaprimulgiformesAnteriormente, todos os membros das ordens Apodiformes, Aegotheliformes, Nyctibiiformes, Podargiformes e Steatornithiformes eram agrupados em Caprimulgiformes. Em 2021, o Congresso Ornitológico Internacional redefiniu os Caprimulgiformes como aplicáveis apenas para os bacuraus (Caprimulgidae), com urutaus (Nyctibiidae), bocas-de-sapo (Podargidae), guácharos (Steatornithidae) e egotelos (Aegothelidae), todos sendo reclassificados em suas próprias ordens.[5] Uma análise filogenética descobriu que a extinta família Archaeotrogonidae, conhecida do Eoceno e Oligoceno da Europa, são os parentes mais próximos conhecidos da família Caprimulgidae.[6] CaprimulgidaeTradicionalmente, foram divididos em duas subfamílias - os Caprimulginae com 79 espécies reconhecidas, e os Chordeilinae com 10 espécies reconhecidas. Posteriormente uma terceira subfamília foi reconhecida, os Eurostopodinae com 9 espécies reconhecidas. Os grupos são semelhantes em muitos aspectos, mas os Caprimulginae têm cerdas rictais, bicos mais longos e plumagem mais clara. A plumagem macia é cripticamente colorida para se assemelhar a cascas ou folhas. As subfamílias de caprimulgídeos compartilham características semelhantes, incluindo pés pequenos, pouco úteis para caminhar, e asas longas e pontiagudas. O noitibó-de-garganta-branca, Phalaenoptilus nuttallii, é a única ave que passa por uma forma de hibernação, tornando-se ausente e com uma temperatura corporal muito reduzida por semanas ou meses, embora outros caprimulgídeos possam entrar em estado de torpor por períodos mais curtos.[7] Em seu trabalho pioneiro de hibridização DNA-DNA, Sibley e Ahlquist descobriram que a diferença genética entre os Eurostopodinae e os Caprimulginae era, de fato, maior do que entre os Chordeilinae e Caprimulginae. Assim, eles colocaram os Eurostopodinae em uma família separada chamada Eurostopodidae, mas essa família não foi amplamente adotada.[8] Trabalhos posteriores, tanto morfológicos como genéticos, forneceram suporte para a separação das subfamílias, e algumas autoridades adotaram esta recomendação de Sibley-Ahlquist, e também sugeriram agrupar todas as corujas (tradicionalmente Strigiformes) juntos aos Caprimulgiformes.[8]
DistribuiçãoEssas aves habitam todos os continentes, exceto a Antártida. Também habitam algumas ilhas como Madagáscar, Seicheles, Nova Caledônia e as ilhas do Caribe.[10] Não são conhecidos por viver em regiões desérticas extremamente áridas. Podem ocupar todas as elevações do nível do mar até 4.200 m, e várias espécies são restritas à montanhas e serras. Ocupam uma ampla gama de habitats, desde desertos a florestas tropicais densas, porém são mais comuns em campos abertos.[10] Os Chordeilinae estão confinados ao Novo Mundo, e os Eurostopodinae à Ásia e Oceania.[10] Várias espécies realizam migrações, embora seus hábitos migratórios possuam uma compreensão incompleta, graças aos comportamentos da família. Espécies que vivem no extremo norte, como o bacurau-norte-americano (Chordeiles minor) e o noitibó-europeu (Caprimulgus europaeus), migram para o sul com o início do inverno. Geolocalizadores colocados em noitibós-europeus no sul da Inglaterra descobriram que as aves passavam o inverno no sul da República Democrática do Congo.[11] Outras espécies fazem migrações mais curtas, como as migrações realizadas pelo bacurau-chintã (Setopagis parvula), movendo-se localmente na América do Sul, desaparecendo completamente em certas épocas do ano em algumas áreas.[10] Estado de conservaçãoAlgumas espécies estão ameaçadas de extinção. Acredita-se que atropelamentos por carros sejam uma das principais causas de mortalidade para muitos membros da família por causa do hábito de dormirem em estradas.[12] Também costumam nidificar no chão, colocando um ou dois ovos padronizados diretamente no solo. Possivelmente movem seus ovos e filhotes do local de nidificação em caso de perigo, carregando-os na boca. Essa ideia é referida várias vezes em muitos livros de ornitologia, porém pesquisas recentes mostram que existe muita pouca evidência para apoiar essa tese.[13][14] O desenvolvimento de programas para a conservação de algumas espécies apresenta um desafio particular, pois os cientistas não possuem dados suficientes para determinar se uma espécie está ou não ameaçada devido à dificuldade em localizá-los, identificá-los e categorizar a quantidade conhecida de uma população, um bom exemplo é o noitibó-de-vaurie (Caprimulgus centralasicus) nativo da província de Xinjiang, sudoeste da China, que é conhecido por apenas um indivíduo coletado em 1929.[15] Pesquisas entre as décadas de 1970 e 1990 não conseguiram encontrar a espécie, o que implica que a espécie foi extinta, está criticamente ameaçada de extinção ou encontrada apenas em áreas restritas.[10] Na cultura popular
GaleriaReferências
Ligações externas
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