Bom Jesus (Rio Grande do Norte)
Bom Jesus, município no estado do Rio Grande do Norte (Brasil). De acordo com o IBGE sua população estimada em 2021 era de 10.323 habitantes. Área territorial de 122 km². O município foi emancipado de Senador Elói de Souza através da Lei nº 2.794, de 11 de maio de 1962.[1] Limita-se com os municípios São Pedro (norte), Macaíba e Vera Cruz (leste), Boa Saúde (sul) e Senador Elói de Souza (oeste). A sede do município está a 5° 59’ 02” de latitude sul e 35° 34’ 53” de longitude oeste. A altitude é de 98 m acima do nível do mar e a distância rodoviária até a capital é de 46 km. De acordo com o IDEMA, o solo da região apresenta características dos tipos podzólico vermelho amarelo abrúptico plínthico. O solo tem aptidão regular para lavouras, sendo apto para culturas especiais de ciclo longo (algodão arbóreo, sisal, caju e coco). HistóriaA narrativa da formação da região de Bom Jesus tem origem no século XVIII, especificamente em 04 de dezembro de 1754. Nesse período, uma vasta sesmaria, que se estendia desde Anta Esfolada, hoje conhecida como o município de Nova Cruz, até as imediações da Lagoa da Panela, foi concedida ao padre José Vieira Afonso. A partir desse momento, uma comunidade se estabeleceu nesse território, focada na pecuária e no cultivo de algodão, bem como na produção de culturas de subsistência, incluindo mandioca, milho e feijão. Em 7 de fevereiro de 1820, os direitos de posse da sesmaria foram transferidos para José Félix do Rego Barros, que os recebeu nas proximidades da Lagoa da Panela, que, segundo alguns relatos, ao longo do século XIX, passou a ser chamada de Panelas, no plural. O nome Panelas não se referia apenas à lagoa, mas também ao povoado, devido à presença de famílias que começaram a fabricar utensílios de barro nas redondezas da lagoa, utilizando a matéria-prima disponível, o que desempenhou um papel significativo na ocupação e no crescimento da área.[6] Em relação à denominação de Panelas para o povoado, existem relatos que confirmam essa conexão, como o de um morador antigo do município que afirmou em uma entrevista realizada em 1986 que:
O povoado de Panelas conseguiu se desenvolver economicamente, a ponto de, em 1877, já ser considerado um núcleo urbano com feira e policiamento, localizado a nove léguas de Natal. Posteriormente, o nome Panelas foi substituído por Capoeiras, embora a designação popular continuasse sendo Panelas. No século XX, alguns eventos impulsionaram ainda mais o crescimento do povoado. Em 1916, uma parada de automóveis foi estabelecida no local, estimulando o comércio e as interações sociais. O transporte que passava pelo povoado representou prosperidade e intensificou o crescimento. Em 1917, a Capela do Sagrado Coração de Jesus foi construída, tornando-se o padroeiro do município. Em 1923, a primeira escola foi fundada, desempenhando um papel crucial no desenvolvimento da comunidade. A primeira escola é hoje conhecida como Natália Fonseca, é uma escola estadual localizada na Rua Almir Freire, no centro da cidade de Bom Jesus.[6] Em 1936, a antiga povoação de Panelas passou por uma mudança de denominação, adotando o nome atual, Bom Jesus. Essa alteração teve origem em um evento peculiar de natureza religiosa: A mudança do nome de Panelas para Bom Jesus ocorreu devido à influência do Frei Damião de Bozzano. Durante uma missão que ele realizou, encontrando-se em frente à capela local, o Frei Damião expressou a convicção de que o nome do lugar deveria ser modificado, argumentando que o nome Panelas parecia conter uma conotação negativa, sugerindo fragmentação ou quebra. Dado que a capela era dedicada ao Coração de Jesus, ele propôs que a nova denominação fosse Bom Jesus. Essa sugestão foi encaminhada para aprovação da Assembleia Legislativa, por intermédio do Deputado Estadual Ezequiel Xavier Bezerra, natural da povoação. A proposta foi aprovada e promulgada como Lei em 10 de novembro de 1936. Essa mudança de nome, sob influência religiosa do Frei Damião, marcou um momento significativo na história da localidade, culminando na adoção do nome Bom Jesus, que continua até os dias atuais.[6][7][8] Insurreição ComunistaNo dia 25 de Novembro de 1935, Segunda-Feira, Bom Jesus foi ocupada pelos Revolucionários Comunistas, saíram para o interior os primeiros grupos de ocupação. O destacamento sul, liderado pelo tenente da Polícia Militar, Oscar Mateus Rangel, assumiu o controle dos municípios de São José de Mipibu, Arez, Goianinha, Canguaretama e Pedro Velho, substituindo os respectivos prefeitos e delegados. O grupo norte, sob o comando do estudante Benilde Dantas, membro do Partido Comunista Brasileiro, realizou os mesmos procedimentos em Ceará-Mirim e Baixa Verde. O grupo central, designado para o eixo trairi-seridó, partiu para Panelas, Hoje Bom Jesus, e Serra Caiada. E, às 10 horas da manhã, chegam à cidade de Santa Cruz. liderado pelo sargento do exército Oscar Wanderley, assumindo o controle da cidade e depois de Serra Caiada. Nesse momento, enfrentaram uma coluna formada por civis do Seridó, liderada por Dinarte Mariz e com a participação de alguns policiais militares, incluindo o capitão Severino Elias. Os leais, em menor número, recuaram até a serra do Doutor, onde aguardariam os rebeldes para o que seria a última batalha, no dia 26. De Serra Caiada, o destacamento dirigiu-se no dia seguinte a Santa Cruz, onde recebeu o apoio de parte da população, especialmente dos apoiadores locais da Aliança Social, determinou a substituição do prefeito e do delegado, e providenciou o reabastecimento necessário para prosseguir até o Seridó. Nesse momento, os rebeldes controlavam dezessete dos quarenta e um municípios, correspondendo a um terço da área geográfica do estado. Ainda hoje é possível ver marcas de bala na Ponte Velha, antiga entrada da cidade de Bom Jesus, Dinarte Mariz liderando uma coluna de sertanejos deficientemente armados e mal municiados, desceu de Caicó em direção a esta capital, travando o primeiro combate com os rebeldes em Serra Caiada, no qual foram eles fortemente derrotados e despedaçados, deixando um morto, três feridos, nove prisioneiros, algum material bélico e um caminhão. No dia seguinte, a coluna sertaneja ocupou o povoado de Panelas, capturando 4 rebeldes em Panelas, os sertanejos resistiram durante cinco horas de tiroteio, recuando no final para a serra do doutor por falta total de munição. Ali se fortificaram os sertanejos e travou-se o último e decisivo combate no qual, mais uma vez, foi evidente a coragem heroica e indomável dos filhos do sertão. Nesse combate os insurgentes sofreram várias baixas e recuaram abandonando armas e munições pelas estradas. No final de novembro de 1935, em Natal, Recife e Rio de Janeiro, ocorreu a Revolta Comunista, um levante promovido pela Aliança Nacional Libertadora (ANL), organização composta por comunistas, socialistas, social-democratas, antifascistas e setores militares descontentes, em nome do Partido Comunista Brasileiro, então conhecido como Partido Comunista do Brasil (PCB). Em Natal, os rebeldes estabeleceram em 23 de novembro um governo popular revolucionário, que durou quatro dias. Nessa ocasião, Dinarte Mariz, liderando uma coluna de sertanejos com cerca de 150 homens, apoiado por tropas do Exército e forças policiais dos estados vizinhos, participou da repressão ao movimento rebelde. No dia 27, com a derrota dos revoltosos, o poder voltou às mãos do governador Rafael Fernandes (1935-1943).[9][10][11] EmancipaçãoNo início, Bom Jesus fazia parte de outros municípios do Rio Grande do Norte. Primeiro, esteve sob a administração de Macaíba até o ano de 1953. Posteriormente, tornou-se parte do município de Serra Caiada, que foi criado nesse ano. Em 1958, o território de Serra Caiada foi dividido, dando origem ao município de Senador Elói de Souza, ao qual Bom Jesus passou a ser subordinado.[6] Essa situação de dependência de outros municípios não era satisfatória para as autoridades locais da época. Elas buscavam a autonomia para Bom Jesus, considerando seu crescimento e desenvolvimento mais rápido em comparação com os municípios aos quais estava vinculado, especialmente Senador Elói de Souza. Esse desejo de emancipação estava alinhado com o contexto político nacional da época, regido pela Constituição de 1946, que enfatizava e favorecia a autonomia municipal. Essa Constituição era conhecida como "Municipalista". Isso incentivou a criação de novos municípios em todo o Brasil, visando a expansão dos centros de consumo e o surgimento de novas lideranças políticas locais, estaduais e nacionais. No Rio Grande do Norte, de 1945 a 1964, foram criados 109 municípios, incluindo Bom Jesus. A emancipação de Bom Jesus foi oficializada em 11 de maio de 1962, por meio da Lei nº 2.794, tornando-o um novo município do Rio Grande do Norte. Em 3 de junho de 1962, uma cerimônia com a participação de autoridades estaduais e locais marcou a instalação do município de Bom Jesus. No entanto, houve contestações à criação do município, cuja origem não é conhecida. Isso está de acordo com a ideia de que a evolução socioespacial de uma região não é influenciada apenas pelos interesses internos da sociedade, mas também por forças sociais externas. Em 26 de março de 1963, a Lei nº 2.853 ratificou a criação do novo município.[6] Acontecimentos
PolíticaSempre houve uma hegemonia política no município, o atual prefeito Clécio Azevedo foi eleito com o apoio do ex-prefeito Edmundo Júnior (Júnior de Dona Lurdinha), que por sua vez foi eleito com o apoio do ex-prefeito Moacir Amaro e assim sucessivamente, conforme a Lista de prefeitos de Bom Jesus (Rio Grande do Norte), a seguir:
Durante o período da Administração do Prefeito João Ferreira da Silva (de 1969 a 1973), a Cidade de Bom Jesus sofreu duas interferências militares com a nomeação dos Interventores Coronel Abel e o Coronel Severino Bezerra. InterventoresDurante o período da administração do prefeito João Ferreira da Silva, que teve seu mandato cassado, o Regime Militar instalou interventores para ocupar seu lugar. Esses interventores eram Coronel Abel e Coronel Severino Bezerra, ambos Coronéis no Exército Brasileiro, exerceram suas funções de 15 de Setembro de 1971 a 31 de Janeiro de 1973.[6] EconomiaDe acordo com dados do IPEA do ano de 1996, o PIB era estimado em R$ 5,06 milhões, sendo que 42,7% correspondia às atividades baseadas na agricultura e na pecuária, 0,3% à indústria e 56,9% ao setor de serviços. O PIB per capita era de R$ 602,85. Em 2002, conforme estimativas do IBGE, o PIB havia evoluído para R$ 16,331 milhões e o PIB per capita para aproximadamente R$ 1.720,00. Produção agrícola
Pecuária
Finanças públicas2001
2003
Dados estatísticosEducação
Saneamento urbano
Saúde
Notas e bibliografia
Referências
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